terça-feira, 21 de setembro de 2010

Poli/USP inaugura laboratório de sustentabilidade

Da Agência FAPESP 

A Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) inaugurou o Laboratório de Sustentabilidade em Tecnologia de Informação e Comunicação (Lassu), abrigado no Departamento de Engenharia, Computação e Sistemas Digitais.

O laboratório atuará nas áreas de ensino, pesquisa, cultura e extensão em engenharia de computação, visando ao desenvolvimento social, à proteção ambiental e ao crescimento econômico sustentável.

De acordo com Tereza Cristina Carvalho, professora de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Poli e diretora do laboratório, a proposta é promover pesquisas ligadas à reciclagem de eletroeletrônicos e incentivar a iniciativa privada na elaboração de projetos sustentáveis.

“O principal objetivo é desenvolver pesquisas tendo como meta a sustentabilidade em tecnologias da informação e comunicação, com foco no ensino e na extensão universitária”, disse à Agência FAPESP .

Segundo a diretora, o laboratório tratará de assuntos como o uso racional de recursos de tecnologias da informação, o tratamento de lixo eletrônico, a inclusão digital no mercado de reciclagem, eco-design e tecnologias para população de baixa renda.

“Queremos desenvolver, por exemplo, um computador que seja mais facilmente reciclável, projeto que envolverá não apenas os alunos da Poli, mas também da área de design de outras faculdades da USP, como a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, além de parcerias com a comunidade”, disse, ao salientar que a iniciativa envolverá parcerias com o setor privado.

O Lassu foi criado a partir da atuação do Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática (Cedir), inaugurado em dezembro de 2009, que recebe equipamentos de pessoas físicas para reciclagem.

“A indústria de reciclagem pode gerar empregos, abrindo caminho para projetos sociais como o treinamento de pessoas para ingressar nesta nova indústria”, disse Tereza.

Segundo ela, a Poli já tem um programa nessa área, Poli Cidadã, que são projetos de responsabilidade social. “O objetivo é que os alunos desenvolvam tecnologias apropriadas para comunidades carentes”, diz.

O Lassu está localizado na Av. Professor Lúcio Martins Rodrigues, travessa 5, nº 97 (ao lado do Cedir), na Cidade Universitária, em São Paulo.

Mais informações: www2.pcs.usp.br e (11) 3091-5262

Ecologia aplicada

Por Fábio de Castro, da  Agência FAPESP 

As atividades humanas, de modo geral, causam interferências na estrutura e no funcionamento dos ecossistemas. Para minimizar a degradação de recursos hídricos, do solo e do ar, é importante que profissionais de diversas áreas tenham acesso a um conhecimento fundamental sobre os ecossistemas naturais e antrópicos.


Livro apresenta fundamentos sobre ecologia e poluição a estudantes e profissionais que atuam em áreas tecnológicas, especialmente do setor sucroalcooleiro (foto: Wikimedia)

É o que pretende o recém-lançado livro Ciências do Ambiente: conceitos básicos em ecologia e poluição, organizado por Irineu Bianchini Júnior, professor do Departamento de Hidrobiologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e Marcela Bianchessi da Cunha-Santino, professora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UFSCar.

Segundo Bianchini, a publicação, desenvolvida para apoiar os cursos da modalidade a distância vinculados à Universidade Aberta do Brasil, oferecidos pela UFSCar, tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de um pensamento crítico e de alcance global sobre o desenvolvimento sustentável, o crescimento populacional, a interferência antrópica no ambiente e o papel da educação na preservação do planeta.

"O texto foi concebido para um curso a distância de Ciências do Ambiente voltado para tecnólogos do setor sucroalcooleiro. O curso, com foco em ecologia aplicada, é dividido em duas fases: a primeira apresenta os conceitos básicos das ciências do ambiente e a segunda discorre a respeito das diversas formas de poluição”, disse à Agência FAPESP.

Bianchini é responsável, desde 1992, pela disciplina de Ciências do Ambiente nos cursos de engenharia da UFSCar, ministrada atualmente por Marcela no curso a distância. O professor também coordenou dois projetos de pesquisa finalizados em maio, apoiados pela FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, e é um dos pesquisadores principais do Projeto Temático “Destino da matéria orgânica dissolvida liberada por cianobactérias em um reservatório eutrofizado do rio Tietê: estudo de processos”.

Segundo Bianchini, a proposta inicial do livro era levar aos alunos – especialmente técnicos e pesquisadores vinculados à produção de açúcar e álcool no Estado de São Paulo – um conhecimento básico sobre os efeitos da cadeia produtiva sucroalcooleira sobre o meio ambiente.

“A primeira parte do livro trata de conceitos ecológicos. A segunda parte aborda a poluição do solo, águas e ar. E a última parte fala dos efeitos da agroindústria, em particular na cadeia produtiva da cana-de-açúcar, sobre o meio ambiente”, explicou.

A abrangência da abordagem sobre o setor sucroalcooleiro, segundo ele, vai desde a manifestação da paisagem até os efluentes eliminados pela usina, com eventual contaminação dos corpos d’água, do solo e da atmosfera. “A ideia é que o trabalhador envolvido com essas usinas tenha consciência dos aspectos ambientais, além dos aspectos técnicos, químicos e físicos”, disse.

Apesar de o último capítulo ter foco específico sobre a indústria da cana-de-açúcar, o livro, segundo os organizadores, pode ser utilizado por estudantes em geral e profissionais de inúmeras áreas.

“Os capítulos que tratam dos conceitos ecológicos têm grande abrangência e abordam a ecologia com um viés prático. Esse foco foi estabelecido com base nos cursos que apresentei ao longo dos anos para os alunos de engenharia”, disse Bianchini.

Durante os cursos, segundo o professor, ficava evidente que muitas vezes os alunos de engenharia – e das áreas tecnológicas de modo geral – não tinham muita informação sobre questões ecológicas. “A intenção não era ensinar-lhes biologia, mas mostrar como o ambiente natural funciona, de maneira simples e prática”, explicou.

Outras áreas
Passar o conhecimento sobre ciências do ambiente a esses estudantes, segundo o professor da UFSCar, é uma tarefa coerente com as necessidades atuais da sociedade, que está mais sensível às preocupações ecológicas e mais exigente em relação aos impactos ambientais.

“É esse pessoal das áreas tecnológicas que vai colocar a mão na massa e alterar de fato o meio ambiente. É bom que os projetos deles contenham noção ambiental. Essa base de conhecimento ambiental pode mudar algo dentro de seus projetos que os tornem menos agressivos”, afirmou.

O livro está dividido em oito unidades, correspondentes às oito semanas de duração do curso a distância da UFSCar. Os capítulos foram feitos nos moldes de uma publicação científica e todos eles são referenciados.

“Como as disciplinas são apresentadas a alunos que não são de biologia – mas que atuam em outras áreas com interface com a ciência ambiental –, tivemos a preocupação de apresentar informação de qualidade, com formato de um banco de dados”, disse.

* Título: Ciências do Ambiente: conceitos básicos em ecologia e poluição
Autores: Irineu Bianchini Júnior e Marcela Bianchessi da Cunha-Santino
Lançamento: 2010
Preço: R$ 31
Páginas: 179
Mais informações: http://editora.ufscar.br/

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Laboratório atmosférico

Da Agência FAPESP

Um estudo publicado na edição desta sexta-feira (17/9) da revista Science, realizado na Amazônia, acaba de elucidar uma série de mecanismos de interação entre a floresta e o clima da região Amazônica, por meio da emissão de partículas de aerossóis – partículas sólidas ou líquidas suspensas na atmosfera.

Coordenado por Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, o trabalho teve a participação de pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, do Instituto Max Planck da Alemanha, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e de outras instituições.

A Amazônia é uma das poucas regiões continentais em que as partículas de aerossóis e seus efeitos climáticos não são dominados por fontes antropogênicas – derivadas da ação humana. Durante a estação chuvosa, as condições atmosféricas da Amazônia lembram as condições limpas pré-industriais do ponto de vista das partículas de aerossóis.

“Foram medidas concentrações ultrabaixas de partículas, de cerca de 200 partículas por centímetro cúbico, enquanto em área continentais no hemisfério Norte esta concentração é de cerca de 20 mil a 30 mil partículas por centímetro cúbico, por causa da poluição sempre presente”, explicou Artaxo.

O estudo mostra que a Amazônia é um forte reator biogeoquímico, no qual a biosfera e a atmosfera produzem núcleos para a formação de nuvens e sustentam o vigoroso ciclo hidrológico na região. “O regime de interações aerossóis-nuvens-precipitação nesse ambiente natural é muito distinto de regiões poluídas de nosso planeta”, disse.

O estudo revelou mecanismos em que a floresta emite diretamente partículas que são chave na nucleação de nuvens. As propriedades físico-químicas dessas partículas revelam mecanismos de formação de aerossóis secundários na atmosfera da Amazônia que são muito particulares.

"Cerca de 85% da massa de aerossóis da fração fina das partículas (aerossóis menores que 2,5 micrometros) é constituída de partículas orgânicas, em forte contraste com áreas oceânicas e áreas continentais poluídas, dominadas por compostos inorgânicos tais como sulfatos e nitratos”, disse Artaxo.

O estudo mostrou que a composição das partículas de aerossóis na Amazônia é muito particular e reflete como eram as condições atmosféricas nos ecossistemas terrestres há milhares de anos, antes da poluição generalizada que caracteriza a atmosfera continental atual, em particular no hemisfério Norte.

A Amazônia é uma das poucas regiões continentais (a outra é a Antártica) em que ainda é possível observar condições atmosféricas extremamente limpas durante a estação chuvosa, que foi quando o estudo foi realizado.

O estudo mostra que as partículas submicrométricas, que são a maior parte dos núcleos de condensação de nuvens, são predominantemente compostas de material orgânico secundário formado na atmosfera pela oxidação de compostos biogênicos gasosos emitidos pela vegetação.

“Compostos voláteis gasosos emitidos para a atmosfera pelas plantas são oxidados por reações com ozônio e radicais hidroxila que mudam sua estrutura química adicionando átomos de oxigênio. Isso faz com que estes compostos sejam menos voláteis e condensam formando novas partículas ou se condensando em partículas pré-existentes”, disse Artaxo.

Essas partículas servem como núcleos nos quais vapor de água atmosférico condensa e nuvens são formadas. Esses mecanismos são fundamentais para o ciclo hidrológico da Amazônia e no balanço radiativo atmosférico. Por outro lado, as partículas maiores que 1 micrometro são emitidas diretamente pela vegetação e constituem uma fração majoritária dos núcleos de condensação de gelo, que formam nuvens convectivas profundas e congeladas na Amazônia.

“Núcleos de gelo que são necessários para a formação de nuvens profundas na Amazônia foram observados como sendo originários majoritariamente de processos biológicos, emitidos pela vegetação como partículas primárias”, disse o pesquisador que coordena atualmente o Projeto Temático “Aeroclima – Efeitos diretos e indiretos de aerossóis no clima na Amazônia e no Pantanal”, apoiado pela FAPESP.

O estudo – que além da FAPESP teve apoio financeiro do CNPq, da National Science Foundation (Estados Unidos) e do Instituto Max Planck, entre outras agências de fomento – mostra também que o número e o tamanho de partículas de aerossóis é mais importante do que as propriedades das partículas de absorver líquidos. Isso tem implicações importantes nos mecanismos de produção de nuvens convectivas sobre a Amazônia.

“As implicações do estudo indicam que as atividades humanas estão definitivamente alterando de modo intenso as propriedades atmosféricas em amplas áreas de nosso planeta, e os mecanismos de formação e desenvolvimento de nuvens estão sendo modificados pela ação do homem”, afirmou Artaxo.

“A alta atividade biológica controlando processos atmosféricos da região Amazônica mostra que os seres vivos de nosso planeta de certo modo moldam o meio ambiente de acordo com suas necessidades. Mas, quando a poluição industrial domina, esses mecanismos são suprimidos. Para entender o futuro do clima de nosso planeta, precisamos compreender como o clima era formado antes do advento da revolução industrial e a contaminação atmosférica que ocorreu nos últimos séculos”, afirmou.

Segundo o pesquisador, o estudo adiciona mecanismos científicos mais sólidos para entender o papel da floresta amazônica no clima global, e como as alterações no uso do solo em curso na Amazônia podem influenciar o clima da região e do planeta como um todo.

Além de Artaxo, o artigo é assinado pelos brasileiros Theotonio Mendes Pauliquevis, da Universidade Federal de São Paulo, e Antônio Manzi, do Inpa.

Na mesma edição da Science, um artigo de Antony Clarke e Vladimir Kapustin, da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos, descreve estudo feito com aerossóis atmosféricos sobre várias regiões do oceano Pacífico. Os pesquisadores observaram que os tipos de partículas diferem bastante, dependendo de onde têm origem.

O estudo concluiu que a quantidade de aerossóis aumenta grandemente quando são originários de atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis e da biomassa, em comparação com as partículas atmosféricas suspensas observadas sobre as regiões mais remotas e limpas.

Segundo a Science, juntos, os dois estudos destacam diferenças importantes entre aerossóis originados de processos naturais e da ação antropogênica.

Como os aerossóis atmosféricos têm influência tanto no clima global como na saúde humana, os resultados das duas pesquisas deverão ajudar a compreender melhor o processo de formação de nuvens, as diferenças químicas específicas entre ambientais naturais e poluídos e, também, a criar modelos para avaliar como mudanças em regiões como a Bacia Amazônica podem afetar a atmosfera tanto regional como globalmente.

Os artigos Rainforest Aerosols as Biogenic Nuclei of Clouds and Precipitation in the Amazon (doi:10.1126/science.1191056), de Ulrich Pöschl, Paulo Artaxo e outros, e Hemispheric Aerosol Vertical Profiles: Anthropogenic Impacts on Optical Depth and Cloud Nuclei (doi:10.1126/science.1188838), de Clarke e Kapustin, podem ser lidos por assinantes da Science em http://www.sciencemag.org/.

Programa oficial pretende recuperar e proteger o que resta do Cerrado

Programa oficial pretende recuperar e proteger o que resta do Cerrado

WWF-Brasil participa da solenidade de apresentação do PP Cerrado, no Palácio do Planalto, e confere as novas políticas anunciadas pelo governo.

Foi detalhado ontem (15/9) o programa nacional para tentar reduzir o desmatamento, as queimadas e incêndios e as perdas de recursos naturais no Cerrado. Os planos do governo prevêem investimentos de 340 milhões de reais do orçamento federal para colher resultados até 2020, como a redução em 40% das emissões de gases que ampliam o efeito estufa e aquecem o planeta a partir da degradação do Cerrado. Mais de 65% dos recursos - ou 224 milhões de reais - serão direcionados ao fomento de atividades produtivas sustentáveis.

O leque de ações é voltado para as áreas com maior índice de desmatamento e as mais ricas em biodiversidade e recursos hídricos. A estratégia envolve a criação de mais 25 mil quilômetros quadrados (Km2) em parques nacionais e outras unidades federais de conservação, a homologação e demarcação de 5,8 milhões de hectares em terras indígenas e o zoneamento ecológico-econômico de todo o bioma, além de apoiar os oito estados que englobam o Cerrado a realizarem zoneamentos próprios.

Apenas 8,24% (168 mil Km2) do Cerrado estão hoje oficialmente protegidos. As terras indígenas homologadas ou regularizadas somam 4,39% (89,4 mil Km2) da área total do bioma. Como parte da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas, o Brasil se comprometeu a abrigar ao menos 10% do Cerrado em unidades de conservação até o fim deste ano.

O WWF-Brasil fará uma análise completa do programa governamental, mas a avaliação inicial da secretária-geral da entidade, Denise Hamú, é de que pela primeira vez o Cerrado ganha maior atenção em políticas públicas federais.

“O Cerrado era tradicionalmente visto como o ‘patinho feio’ entre outros biomas brasileiros, como uma área livre para a expansão de fronteiras econômicas em bases insustentáveis. Mas a região é uma das mais ricas no mundo em biodiversidade e fonte de recursos indispensáveis ao bom desenvolvimento do Brasil. Deixar o Cerrado morrer é perder patrimônio natural e prejudicará inclusive a proteção da Amazônia”, ressaltou Denise Hamú.

Cerca de um quarto do território brasileiro é ocupado pelo Cerrado, que faz uma espécie de “meio-de-campo” entre a maioria dos biomas terrestres do país. Ele é responsável por fornecer sete em cada dez litros da água que flui pelas bacias dos rios Araguaia, Tocantins, São Francisco, Paraná e Paraguai, essas últimas vitais para a sobrevivência do Pantanal. Estima-se que 5% da biodiversidade mundial esteja no Cerrado.

Os planos federais incluem a recuperação de oito milhões de hectares de pastagens degradadas a partir da oferta de linhas de crédito rural, da ampliação de fundos constitucionais do Centro-Oeste e Nordeste para financiar plantios voltados a sistemas agroflorestais e à produção de matéria-prima para a siderurgia. O governo espera ampliar em 3,2 milhões de hectares as plantações destinadas à produção de carvão vegetal.

Também está previsto o pagamento por serviços ambientais no Cerrado, após a aprovação e regulamentação de projeto de lei em tramitação no Congresso, mais fiscalização contra ilegalidades em rodovias e entroncamentos e o treinamento de 4,5 mil brigadistas no combate a queimadas e incêndios. E ainda, o monitoramento por satélite do bioma deverá se tornar permanente e fornecer informações em “tempo real”, assim como já ocorre para a Amazônia.

O governo também abriu espaço aos povos indígenas na Comissão Nacional do Programa Cerrado Sustentável (Conacer), que ganhou status executivo para se adequar ao plano nacional de combate às mudanças do clima.

PP Cerrado
Resumo executivo -

Texto na íntegra -

Contato:

Aldem Bourscheit – Comunicação WWF-Brasil
Fone: 61 – 3364.7483

Maristela Pessôa – Assistente de Comunicação – WWF-Brasil
Fone: 3364.7464

Reciclagem pode gerar R$ 8 bilhões em ganhos econômicos e ambientais

Por Murilo Souza, da Agência Brasil

Governo e empresas discutem regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada neste ano pelo Congresso.

Estimativas de coleta e destinação de resíduos sólidos urbanos no Brasil indicam que o País jogou no lixo em 2009 o equivalente a R$ 8 bilhões em materiais recicláveis. O montante decorre do fato de que apenas 13% de todo o lixo produzido no País - aproximadamente 56 milhões de toneladas por ano - é separado por coleta seletiva e consegue retornar para o sistema produtivo na forma de matéria-prima reutilizável. Os números fazem parte de um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea), que avaliou os principais benefícios econômicos e ambientais da reciclagem.

Mesmo com poucos estudos que quantifiquem, por tipo de material, o volume de resíduos reaproveitáveis disposto sem separação ou tratamento em vazadouros a céu aberto - os "lixões" -, o levantamento do Ipea não deixa dúvidas: por meio de coleta e disposição adequadas, boa parte desse material poderia se transformar em insumo, renda e ganhos ambientais.

"Os resíduos sólidos não são mais vistos como lixo. Hoje, esses resíduos são um negócio com enorme potencial econômico e de inserção social", afirma o diretor de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Sérgio Antônio Gonçalves. "O segmento já sinaliza para a criação de uma nova cadeia de produção, principalmente com a presença de pequenas empresas e de microindústrias de reciclagem."

Mas essa constatação não é nova. A percepção de que uma mudança de atitude em relação ao lixo poderia render benefícios já existe no País há pelo menos 19 anos, quando começou a tramitar no Congresso o projeto de uma nova Política Nacional de Resíduos Sólidos. Resultado de uma compilação de mais de 140 projetos, a proposta foi finalmente aprovada em março pela Câmara e em julho pelo Senado, vindo a ser sancionada em agosto deste ano na forma da Lei 12.305/10.

Regulamentação
"A grande conquista foi convencer a indústria e a maioria dos empresários a assumir o compromisso de não somente produzir, mas passar também a se preocupar com o pós-consumo", diz o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), que presidiu o grupo de trabalho que analisou a proposta. O recém-aprovado ordenamento jurídico brasileiro impõe obrigações a governos, empresários e cidadãos e abre caminho para a prática da retroalimentação do setor produtivo brasileiro.

Membro do grupo de trabalho responsável pelas propostas de regulamentação da nova política, Sérgio Gonçalves destaca que o sucesso depende de ações paralelas. "A nova política não prevê multa, mas já obriga o empresariado a recolher aquilo que ele coloca no mercado, sob pena de ser enquadrado em crime ambiental por descartar material de forma indevida", diz.

Por outro lado, segundo ele, além de ações empresariais, o efetivo cumprimento da política decorre também de acordos com o Poder Público e com cooperativas de catadores. "Alguns setores, como o de pneus e de óleos lubrificantes, já são orientados por resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e possuem sistemas de logística visando o recolhimento do material após o uso", diz. "O que se busca com a regulamentação é exatamente definir, por meio de acordos empresariais, como isso vai funcionar, por exemplo, no segmento de embalagens." A expectativa, segundo ele, é que o processo esteja esquematizado e vigorando até o fim do ano.

A nova lei, além de reafirmar a importância do conceito de coleta seletiva, inova ao estabelecer uma visão sistêmica de todo o processo, passando a tratar também de conceitos igualmente importantes como ecoeficiência, responsabilidade compartilhada e logística reversa.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Proposta cria agente comunitário de reflorestamento

Deputados avaliam nova profissão para recuperação de biomas

Do Globo Rural online

A Câmara analisa um projeto de lei que cria o agente comunitário de reflorestamento e meio ambiente. Segundo o texto, esses profissionais deverão executar atividades como: identificação de áreas degradadas; reconhecimento e catalogação de plantas; plantio em regiões degeneradas; transporte de espécies da flora local; organização de eventos de conscientização para a preservação do meio ambiente; e docência em cursos de capacitação.

O autor da proposta, deputado Hugo Leal (PSC-RJ), explica que a medida vai garantir o reconhecimento de profissionais que já atuam nessas áreas, mas não são organizados em uma carreira própria. "Esses profissionais são responsáveis pelas ações de reflorestamentos e recuperação dos biomas brasileiros, realizam operações de preservação e compensação ambiental, entre tantas outras. Eles, contudo, prestam serviços sem ter reconhecida a sua profissão e sem gozar de garantias para o melhor desempenho de suas atividades", afirma.

Requisitos
A proposta determina que, para exercer a profissão, será necessário, no mínimo, ter concluído o ensino fundamental. Além disso, será preciso residir na área da comunidade em que atuar ou próximo a ela, e haver concluído curso de qualificação básica, cujo conteúdo programático será definido pelo Ministério do Meio Ambiente.

Pelo projeto, os profissionais de qualquer outra carreira que já atuarem em atividades próprias dos agentes comunitários de reflorestamento na data da publicação da lei não precisão comprovar a conclusão do ensino fundamental para requerer o reconhecimento do cargo. Essas pessoas, porém, deverão comprovar os outros requisitos necessários.

A proposta, que tramita em caráter conclusivo, segue agora para análise das comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Água livre de arsênico

Da Revista Fapesp

Em vários países subdesenvolvidos, um importante problema de saúde pública é o consumo de água contaminada por arsênico, substância nociva ao organismo presente naturalmente no solo e em rochas. Duas novas tecnologias mostraram-se eficazes no processo de descontaminação.

A primeira delas, criada na Universidade de Ciência e Tecnologia de Pohang, na Coreia do Sul, é fruto da combinação de nanocristais magnéticos com materiais baseados em grafeno, formado apenas com átomos de carbono. O compósito resultante é adicionado na água e em apenas 10 minutos remove as partículas de arsênico. Em seguida, o líquido passa por um processo simples de filtragem e está pronto para o consumo humano.

O outro método emprega um sistema de tubos de vidro e plástico que, submetido à luz solar durante algumas horas, faz a purificação da água. A desinfecção é feita pela radiação solar. Desenvolvido pelas universidades de Tarapacá, do Chile, e Nacional de Engenharia, do Peru, o protótipo foi capaz de reduzir o nível de contaminação por arsênico de 500 partes por bilhão (ppb) para 30 ppb.

A tecnologia foi projetada para funcionar em áreas isoladas. A água tratada é própria para a irrigação, mas, dependendo do índice de purificação, pode tornar-se potável.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Implantação de fitoterapia no SUS é tema de seminário

Da UFJF

Nos dias 10 e 11 de setembro será realizado o “Seminário sobre fitoterapia na atenção básica à saúde”, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora (ICB/UFJF). O evento acontece no Anfiteatro A do ICB e é voltado para estudantes e profissionais da área de saúde de Juiz de Fora e região. A inscrição é gratuita e pode ser feita no primeiro dia do evento.


De acordo com o coordenador do seminário, professor Daniel Pimenta, o principal objetivo é promover a troca de experiência entre programas de fitoterapia já usados em algumas cidades do Brasil com o programa em fase de discussão em Juiz de Fora. A implantação da ‘Farmácia Viva’, voltada para a manipulação e distribuição de medicamentos produzidos a partir de plantas medicinais, no Sistema Único de Saúde (SUS), também será debatida.

A programação conta com palestras, mesas-redondas e debates. Entre os palestrantes convidados estão profissionais da área de saúde dos municípios de Fortaleza (CE), Betim (MG), Brasília (DF), Ipatinga (MG) e Belo Horizonte (MG). Eles irão apresentar o modelo do programa de fitoterapia implantado nessas cidades. Também estará presente no evento o representante do Departamento de Assistência Básica do Ministério da Saúde, Ângelo Giovani Rodrigues.

Pimenta espera que o encontro possa ampliar a discussão do tema dentro da universidade e atrair mais parcerias. “A expectativa é de efetivarmos mais convênios, parcerias com empresas de Juiz de Fora para a implantação da fitoterapia responsável”, ressalta. O seminário faz parte da ação extensionista “Produção de Plantas Medicinais e Fitoterapia”, aprovada no Programa de Apoio à Extensão Universitária (Proext 2009).

Os interessados em participar devem se inscrever no local do evento, entre 17h e 18h, no dia da abertura do seminário. As vagas são limitadas. Todos os inscritos que tiverem 100% de frequência receberão certificados emitidos pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proexc).

Outras informações: (32) 2102-3207 – Departamento de Botânica/UFJF



Alex Salmond unveils plan to turn Scotland into 'world's first hydro-economy'

Proposed legislation would allow state-owned Scottish Water to use vast landbank and pipe network for renewable energy projects

From Severin Carrell, The Guardian


Alex Salmond told the Scottish parliament that he wanted to 'give Scottish Water room to grow'. Photograph: David Cheskin/PA

The state-owned utility Scottish Water is to be given new powers to build windfarms, hydro schemes and "green" power stations in partnership and competition with established energy companies.

The company, one of the country's last remaining state-owned firms, could generate £300m or more in extra revenues by using its 80,000 acres of land and vast pipe network for renewable energy projects.

The proposal was unveiled by Alex Salmond, Scotland's first minister and leader of the Scottish National Party, in his government's last legislative programme before next May's Scottish elections. He claimed it would turn Scotland into "the world's first hydro-economy – wisely exploiting our water to help drive our economy".

Salmond is resisting pressure to convert Scottish Water into a mutualised company under public ownership, similar to Welsh Water, to generate much-needed revenue and offset cuts of up to £3.7bn expected in next month's spending review.

The Conservatives and Salmond's own economic advisers believe mutualisation would immediately raise up to £3bn for the Treasury, with £1bn going to the Scottish government, and save the taxpayer £140m a year in loans.

Salmond, an enthusiast for renewable energy investment, said that the company would remain entirely in public ownership, while having much greater freedom to exploit commercial opportunities that would eventually allow it to become self-financing and self-sufficient.

"They have identified potential for new economic activity in other business areas of some hundreds of millions in the medium term," he told the Scottish parliament. "If we give Scottish Water room to grow, then we have the makings of a great Scottish company, in public ownership."

Scottish Water, which has annual revenues of about £1bn and assets worth £5.5bn, is the UK's fourth-largest water company. It owns about 80,000 acres, including high ground with great potential value for onshore wind and hydro schemes.

The company hopes the legislation proposed by Salmond will allow its fledgling commercial services division, called Harmony, to drive its new energy projects. The Tories hope to amend the water bill with Labour support, forcing the SNP to mutualise the company.

The utility is also in talks about joint projects with some of the largest players in renewables and potential competitors, which are thought to include Scottish and Southern Energy and ScottishPower.

Richard Ackroyd, the company's chief executive, said: "Our success in reducing our carbon footprint and expanding our work into renewables and recycling is helping to put Scottish Water in a position where it can make a real contribution to the environmental challenges facing Scotland."

Scottish and Southern Energy, the UK's largest hydro-electricity producer, would not comment directly on Scottish Water's entry into the energy market. "There are other people who are becoming players in the market all the time; we wouldn't have any comment to make on Scottish Water becoming part of that," a spokeswoman said.

A spokesman for ScottishPower's renewables arm welcomed Scottish Water's involvement, saying: "Scotland has a wealth of renewable energy opportunities and we are keen to see the country fulfil its renewables potential. Investment from both the public and private sector will be critical in achieving this."

Comunicação científica

Da Agência USP

A Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP realiza na sexta-feira (10) o evento Fator de Impacto – Seminário sobre o desempenho dos periódicos brasileiros no Journal Citation Reports.

O seminário tem como motivação os resultados da versão 2009 do Journal Citation Reports, publicado em junho deste ano, que conformam um novo cenário da inserção internacional da comunicação científica brasileira. O debate envolve as características e conseqüências que emergem deste novo contexto com a participação de especialistas em comunicação científica e cienciometria.

São esperadas a participação de autores, pesquisadores, editores de periódicos brasileiros, bibliotecários, profissionais de informação e demais interessados. Não há taxa de inscrição, que pode ser feita pelo site do evento.

O seminário ocorre no auditório João Yunes da FSP, que fica na Av. Dr. Arnaldo, 715, Cerqueira César, São Paulo, próximo ao metrô Clínicas.

Mais informações: site http://www.eventos.bvsalud.org/

Biorreator obtém vinhaça mais limpa para adubação do solo

Por Antonio Carlos Quinto, da Agência USP

Um biorreator aeróbio desenvolvido nos laboratórios do Centro de Energia Nuclear da Agricultura (Cena), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, possibilitou a degradação da vinhaça em mais de 80%, tornando o líquido apto a ser utilizado na adubação da cana-de-açúcar.

A vinhaça é um resíduo obtido após o processo de produção do etanol a partir da fermentação do mosto (o caldo proveniente da cana-de-açúcar prensada) e da destilação do vinho proveniente da cana. “O tratamento do líquido no equipamento é feito utilizando-se fungos da podridão branca. Alguns deles são classificados como comestíveis, como os pertencentes ao gênero Pleurotus”, explica o biólogo Luiz Fernando Romanholo Ferreira, que demonstrou a tecnologia em sua tese de doutorado.

De acordo com o pesquisador, o equipamento traz duas vantagens em relação aos métodos tradicionais de tratamento da vinhaça. Além de se obter um produto mais adequado para a adubação, os fungos poderão servir para a alimentação animal. “Estudos sobre tais aspectos ainda deverão ser feitos, mas ao que tudo indica, os fungos poderão ser reaproveitados para a alimentação animal”, adverte Romanholo. Ele é autor da pesquisa Biodegradação de vinhaça proveniente do processo industrial de cana-de-açúcar por fungos, apresentada na Esalq em 2009 sob orientação da professora Regina Teresa Rosim Monteiro, do Laboratório de Ecologia Aplicada do Cena. O estudo foi realizado no programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola da Esalq.

Contaminação do lençol
Romanholo explica que a vinhaça obtida no processo de produção do etanol é rica em potássio e, usada na fertirrigação, pode percolar no solo e contaminar o lençol freático quando aplicada de maneira inadequada. “Ao consumir a água contaminada, a pessoa poderá adquirir algumas doenças, como a hipercalemia, caracterizada pelo nível de potássio acima do normal na corrente sanguínea”, explica. 


Vinhaça "in natura" e vinhaça tratada com posterior filtração

Os experimentos com o biorreator também possibilitaram a obtenção de um líquido com um odor mais agradável. Normalmente, a vinhaça sem tratamento possui cheiro forte e ácido e uma coloração marrom escura. Como explica o biólogo, a melanoidina contida na vinhaça é um dos principais responsáveis pela sua cor. “Os fungos atuam na descoloração e o produto obtido após a degradação no biorreator apresenta uma cor clara, amarelada”, descreve Romanholo.

Ele explica que os fungos são capazes de produzir enzimas de interesse biotecnológico, como a lacase e a manganês peroxidase, que possuem a capacidade de degradar moléculas recalcitrantes, de difícil de degradação, presentes no resíduo.

Escala piloto
As pesquisas de Romanholo possibilitaram o desenvolvimento de um biorreator (do tipo Air-lift) em escala laboratorial que tem a capacidade de tratar 7 litros de vinhaça. Para se ter uma idéia, nas usinas que produzem etanol, para cada litro de álcool são obtidos entre 8 e 18 litros de vinhaça. “Em testes laboratoriais obtivemos sucesso. Pretendemos ainda este ano desenvolver um reator em escala piloto. Para tanto, esperamo contar com a cooperação de Usinas produtoras de etanol que tenham interesse em agregar valor a este importante resíduo”, avisa o biólogo.

Nos tratamentos convencionais do líquido, segundo o pesquisador, ainda não se obteve uma vinhaça tão limpa. “Testamos, inclusive, a toxicidade após o tratamento fúngico com organismos aquáticos de diferentes níveis tróficos e os resultados foram excelentes”, garante Romanholo. Além disso, segundo ele, as qualidades da vinhaça após o tratamento biológico visam atender a uma norma estabelecida pela Cetesb. A entidade recomenda o tratamento da vinhaça antes da mesma ser lançado ao solo para a fertirrigação.

Mais informações: (79) 8167-5511; email romanholobio@gmail.com

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Murici (AL) recebe exposição itinerante "A Mata Atlântica é aqui"

Os moradores de Murici, em Alagoas, já podem conhecer o caminhão adaptado pela SOS Mata Atlântica e aprender um pouco mais sobre desmatamento, preservação, hábitos sustentáveis e outros temas relacionados ao bioma. De quarta a domingo (08 a 12 de setembro), a exposição itinerante "A Mata Atlântica é Aqui" estaciona no Parque Padre Cícero, funcionando das 10h às 16h, exceto no primeiro dia, quando abre às 11h.

A programação inclui palestras e debates sobre a Mata Atlântica, oficinas, análise de água do Riacho Salgadinho, exibições de vídeos ambientais, maquetes interativas, jogos educativos, exposições, dentre outras atrações. As atividades são gratuitas e destinam-se ao público de todas as idades. Em Murici, está a Estação Ecológica que tem o mesmo nome da cidade e possui um dos principais remanescentes de Mata Atlântica do Nordeste.

A SOS Mata Atlântica e outras organizações fundaram o Pacto Murici, que deu origem à Associação para Proteção da Mata Atlântica do Nordeste (Amane) e desenvolve uma série de trabalhos na região. O caminhão, que já passou por diversas cidades brasileiras, tem o patrocínio de Bradesco Cartões, Natura e Volkswagen Caminhões & Ônibus e o apoio local da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, IMA – Instituto do Meio Ambiente de Alagoas, da Amane e da RPPN Osvaldo Timóteo.

Escolas e grupos interessados podem agendar visitas monitoradas ao projeto, através do email itinerante@sosma.org.br. A programação completa está disponível no portal www.sosma.org.br e os relatos da equipe itinerante podem ser acompanhados em www.sosma.org.br/blog.

Fonte: SOS Mata Atlântica

Tecnologias ajudam a evitar uso do fogo na agricultura

Por Diva Gonçalves , da Embrapa Acre

A época de maior estiagem em algumas regiões do Brasil acontece entre os meses de agosto e setembro. Este período é marcado pela intensificação das queimadas e pela espessa nuvem de fumaça que cobre as cidades.


Além dos danos causados à natureza, as queimadas prejudicam a saúde porque afetam a qualidade do ar e provocam doenças respiratórias. No início de agosto, o governo do Acre decretou estado de alerta ambiental, devido ao elevado número de queimadas no estado.

Encontrar alternativas ao uso do fogo na agropecuária tem sido um desafio para instituições de pesquisa e fomento do País. Com esta preocupação, há vários anos a Embrapa atua no desenvolvimento de soluções tecnológicas acessíveis ao pequeno produtor, para evitar o fogo nas atividades agrícolas e pecuárias da região.

O fogo é uma das mais antigas práticas incorporadas aos sistemas de produção, por facilitar a limpeza de área e porque, acredita-se, a prática torna a terra mais fértil, incorporando nutrientes da vegetação ao solo. Apesar dessa crença ser verdadeira, parte dos nutrientes incorporados com a queimada como cálcio, potássio e magnésio - promotores do efêmero fenômeno de fertilização do solo - se perde na atmosfera, fazendo com que o efeito dessa “fertilização” seja de rápida ação.

Pesquisas comprovam que a queima provoca a perda de 98% de carbono, 96% de nitrogênio, 76% de enxofre, 48% de potássio, 47% de fósforo, 40% de magnésio e 30% de sódio, provocando o empobrecimento do solo.

Em 2005, quando o Acre vivia uma das maiores secas de sua história, foram registrados 22.948 focos de calor e um recorde de incêndios florestais, com prejuízos para a biodiversidade, fertilidade dos solos, produtores, governo e a população em geral. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), este ano os satélites registram, em um único dia de agosto, 12.629 focos de queimadas em todo o País, a maioria nas regiões Norte e Centro-Oeste. Dados da fiscalização estadual revelam que a quantidade de focos de incêndio no Acre cresceu 123% em comparação a 2008 e 587% em relação ao ano passado.

Alternativas
Tecnologias simples e acessíveis, como o uso de leguminosas, podem substituir o sistema de derruba e queima. A mucuna preta está entre as alternativas utilizadas por agricultores de diversos municípios acrianos para evitar o uso do fogo na agricultura, ajudando na recuperação de áreas degradadas. De fácil cultivo, a planta proporciona benefícios ao solo e pode melhorar a produtividade agrícola.

Segundo o pesquisador da Embrapa Acre, Falberni Costa, o cultivo de plantas de cobertura de solo, como as leguminosas, ajuda na proteção contra os processos erosivos, causados pela ação da chuva, adiciona nitrogênio orgânico ao solo, para cultivos sucessores às leguminosas, auxilia no combate às ervas daninhas, com reflexos na limpeza das áreas para cultivo, e incorpora matéria orgânica ao solo, servindo de adubo natural.

O uso destas plantas, porém, deve ser associado a outras práticas agronômicas para garantir a recuperação e o aumento da fertilidade de solos empobrecidos com o sistema de derruba e queima. Para maior eficiência desta técnica é necessário, por exemplo, a associação a programas de correção e fertilização de solos, além da diversificação da produção e dos sistemas agrícolas que revolvam minimamente o solo, como é o caso do plantio direto”, explica Costa.

Outra alternativa para uma agricultura sem fogo é a trituração da capoeira, que serve de cobertura e adubo natural para o solo. Esta prática é possível com o equipamento conhecido como Tritucap, um trator de grande porte equipado com triturador de capoeira. A tecnologia desenvolvida pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), em parceria com duas Universidades alemãs, já é adotada em alguns estados da Amazônia e, em breve, será realidade também para produtores familiares do Acre.

Por meio de um programa de transferência de tecnologias voltado para o fortalecimento da agricultura familiar, a Embrapa Acre adquiriu dois destes equipamentos para uso em atividades de pesquisa em propriedades rurais nas regiões do Alto Acre, Baixo Acre e Purus, e para atendimento de demandas tecnológicas de comunidades rurais do Vale do Juruá. Segundo Francisco de Assis Silva, chefe adjunto de Comunicação e Negócios da Unidade, os tratores vão estimular a utilização de métodos de recuperação e conservação da fertilidade do solo, evitando a abertura de novas áreas de produção e a prática das queimadas.

As tecnologias alternativas ao uso do fogo, desenvolvidas pela Embrapa Acre, também contemplam a pecuária. Entre elas está o amendoim forrageiro, leguminosa bastante utilizada em consórcio com gramíneas. Suas folhas e talos secos servem para adubar o solo, aumentando a fertilidade e a capacidade produtiva, resultando em melhoria na qualidade das pastagens e aumento da longevidade dos capins e evitando a queima para renovação de pastagens.

We can in Cancún – former UN man has a plan

From The Guardian

Erstwhile UNFCCC chief Yvo de Boer explains how to overcome the obstacles preventing a global climate deal from being signed

The priority for the next big UN climate change meeting in Cancún, Mexico, is to set out exactly what a global climate deal would mean in practice, according to the man who was until July the head of the UN's climate body, the UNFCCC.

Yvo de Boer's prescription sounds rather a modest goal to me, but is perhaps a sign of how far ambition has fallen since the feverish days ahead of the Copenhagen climate change summit in December 2009.

But it would, de Boer says, overcome the obstacle that is preventing a global deal being signed – the countries simply don't know what they are signing up for.

They don't know what to expect in terms of the "rules and tools" that will govern measures to cut carbon emissions, to adapt to global warming and to pay for it all.

De Boer, now looking far more relaxed in his new role with accounting giant KPMG than he was in the fraught days of Copenhagen and Bali, remains adamant that Copenhagen was a success, but does acknowledge that views on that differ very widely.

Indeed they do: Low targets, goals dropped: Copenhagen ends in failure was our headline.  He also says that lots of the political momentum that was there in the runup to Copenhagen, attended by 130 or so world leaders, is still there. I think we can agree de Boer is an optimist, to say the very least.

He remains, as befits his new business-oriented job, certain that a global cap and trade scheme – a "market-based mechanism" – is the ultimate solution to cutting greenhouse gas emissions and limiting global warming.

And it is here that a glimpse of anxiety can be seen: "I just hope they hurry up and define what exactly those market-based mechanisms will mean, as they will need to continue after 2012 [when the current Kyoto agreement ends] ... 2012 is getting frighteningly close."

The US has abandoned efforts to introduce a cap and trade scheme and even de Boer thinks it is unlikely that Barack Obama will be able to try again before the next presidential election. He also used some colourful language when addressing the lobbying by certain fossil fuel interests. If I was a more ruthless kind of journalist, I could tell you de Boer said fossil fuel companies were living in the stone age. I'm not, but the full quote is still fun.

"I do not think oil, gas and coal companies are evil. They are selling products that we as consumers want. The question is how to balance that with the needs of the environment. There will always be winners and losers [during change]. When the massive economic transformation from the stone age to the bronze age took place, I am sure that stone spearhead makers were pretty upset."

Sisbiota-Brasil é lançado

Por Fabio Reynol, da Agência Fapesp

Uma rede nacional de pesquisa com a finalidade de aumentar o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira acaba de ser lançada com aporte inicial de R$ 51,7 milhões, que financiarão trabalhos científicos sobre o assunto.

O Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade (Sisbiota-Brasil) é uma iniciativa conjunta entre os ministérios da Ciência e Tecnologia, da Educação e do Meio Ambiente, do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e de 18 fundações de amparo à pesquisa estaduais: Fapeam, Fapema, Fapepi, Fapergs, Fapes, Fapesb, Fapespa, Fapitec, Fundect, Fapemig, Facepe, Fapemat, Fapeg, Fapesc, FAPDF, Fapern, Fundação Araucária e FAPESP.

“Ter um sistema nacional para reunir informação da biodiversidade brasileira era um anseio da comunidade científica que atua nessa grande área”, disse Carlos Alfredo Joly, coordenador do Programa Biota-FAPESP e professor da Universidade Estadual de Campinas, que ressaltou serem fundamentais essas informações para subsidiar políticas públicas de utilização sustentável dessa biodiversidade.

A experiência do programa paulista auxiliou na elaboração do Sisbiota-Brasil, que contou com a participação de membros do Biota-FAPESP e da diretoria científica da FAPESP nas reuniões que deram origem ao programa.

O texto do edital de lançamento também foi apresentado a membros da coordenação do Biota-FAPESP para sugestões e contribuições. Dois membros da coordenação do programa paulista participarão da gestão do sistema nacional: Roberto Berlinck, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, em São Carlos, que fará parte do conselho técnico, e Joly, que terá uma cadeira no conselho científico.

Joly espera que o Sisbiota reproduza nacionalmente o salto de qualidade que o Biota-FAPESP representou para o Estado de São Paulo. “Isso só ocorrerá se houver garantias de que o financiamento será mantido em médio e longo prazos, uma condição que a FAPESP sempre manteve”, disse.

No Sisbiota-Brasil as FAPs serão cofinanciadoras dos projetos de pesquisa desenvolvidos dentro de seus respectivos estados.

O edital 47/2010, lançado em 2 de setembro pelo CNPq, regulamenta o processo de financiamento do Sisbiota-Brasil. As propostas de trabalhos serão recebidas até o dia 18 de outubro, os resultados serão divulgados em novembro e a contratação dos aprovados terá início em dezembro.

Do valor total do edital, R$ 22,7 milhões virão das FAPs, sendo que a FAPESP participará com R$ 10 milhões. Os outros 29 milhões serão financiados pelo FNDCT (R$ 12 milhões), pelo CNPq (R$ 6 milhões), pelo MMA (R$ 6 milhões) e pela Capes (R$ 5 milhões).

O Sisbiota-Brasil será dividido em três chamadas. A primeira visa a preencher lacunas do conhecimento da biodiversidade brasileira financiando propostas de projetos individuais que elaborem sínteses das informações disponíveis de todos os grupos taxonômicos de vertebrados, invertebrados, plantas e microrganismos.

Na chamada, o valor máximo destinado a cada trabalho é estabelecido de acordo com o bioma a ser investigado. Amazônia e Zona Costeiro-Marinha são os biomas que envolvem os maiores valores individuais por proposta: R$ 600 mil. Pesquisas sobre o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica poderão ser financiadas com até R$ 300 mil cada uma; para o Pantanal e o Pampa, cada projeto terá o teto de R$ 150 mil.

A pesquisa em redes temáticas será o foco da segunda chamada. As propostas dessa fase deverão ser abrangentes e englobar vários grupos taxonômicos, funcionais ou ecológicos e envolver um ou mais biomas.

Estima-se que as propostas da segunda chamada tenham valor máximo de R$ 2 milhões de financiamento para pesquisas novas e de R$ 1 milhão para propostas que integrem programas já existentes e contem com financiamentos.

A terceira chamada visa a financiar projetos que objetivem o entendimento e a previsão de respostas da biodiversidade às mudanças climáticas e aos usos da terra. Essa fase terá o financiamento máximo de R$ 650 mil por proposta.

Biota-FAPESP
Iniciado em março de 1999, o Programa Biota-FAPESP de pesquisas em caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade do Estado de São Paulo englobou 94 projetos que descreveram mais de 1,8 mil novas espécies e levantaram informações sobre outras 12 mil.

Joly atribui o sucesso à capacidade de a FAPESP financiar projetos de longo prazo e ao fato de o programa ser totalmente gerenciado por cientistas, fatores que preservam o Biota de ingerências políticas,

Inspirado no Biota-FAPESP, Sistema Nacional de Pesquisa da Biodiversidade começa com R$ 51 milhões cofinanciados por órgãos federais e 18 FAPs (foto: Biota-FAPESP)

Além dos resultados científicos, o Biota-FAPESP serviu de modelo para a elaboração de programas como o Biota-MS, voltado ao estudo da biodiversidade do Estado do Mato Grosso do Sul.

Em junho deste ano, a revista científica Science publicou um balanço da primeira década do Biota-FAPESP, em artigo assinado por cientistas participantes do programa.
Após dez anos, o programa paulista foi reavaliado e novas fronteiras de investigação foram abertas. Entre elas estão pesquisas sobre o bioma marinho da costa paulista. A pesquisa oceânica contará com um workshop promovido pelo Biota-FAPESP nos dias 9 e 10 de setembro.

Caverna de Rondônia abriga novas espécies de carrapato

"Carios rondoniensis", "Nothoaspis amazoniensis" na parede da caverna e "Ornithodoros marinkellei" são exemplos de reversão de parasitismo

Por Valéria Dias, da Agência USP

Pesquisadores da USP encontraram novas espécies de carrapatos em uma caverna na selva amazônica, no Parque Natural Municipal de Porto Velho (conhecido como Parque Ecológico), em Rondônia. Das cinco espécies encontradas, duas são totalmente inéditas para a ciência: a Nothoaspis amazoniensis (descrita em 2010) e a Carios rondoniensis (descrita em 2008).

Das outras três espécies encontradas, duas foram descritas na caverna em 2008: Antricola guglielmonei e Antricola delacruzi, sendo que ambas já haviam sido relatadas em Sergipe. Já a outra espécie, Ornithodoros marinkellei, foi encontrada pela primeira vez no Brasil: anteriormente ela já havia sido descrita na Colômbia, no Panamá e na Venezuela.

De acordo com o professor Marcelo Bahia Labruna, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, nos últimos dez anos já foram coletadas cerca de 30 espécies de carrapatos em Rondônia. “Este número representa metade da fauna de carrapatos existente em todo o País. Em virtude das descobertas em Rondônia, já produzimos, ao longo desses anos, cerca de 15 artigos científicos sobre os carrapatos e as doenças relacionadas a eles”, completa. Esses dados mostram o potencial para pesquisa envolvendo a descoberta.

As pesquisas foram iniciadas no ano 2000 por meio de um Projeto de Auxílio-Pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Também participa da iniciativa o professor Luis Marcelo Aranha Camargo, do Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, coordenador do Centro de Pesquisa Avançada da USP, no município de Monte Negro, em Rondônia.

De acordo com Labruna, a caverna é habitada por uma grande quantidade de morcegos. É um local pequeno e escondido pela mata fechada da selva amazônica. A temperatura média anual gira em torno de 37 graus Celsius, tanto durante o dia como à noite. Para entrar nela, é necessário usar máscaras químicas, pois a grande quantidade excrementos de morcegos (guano) presentes no local deixa o ar ambiente cheio de amônia impedindo que se entre lá sem o uso devido de equipamentos.

“Estamos estudando a fisiologia desses carrapatos para entendermos como eles conseguem sobreviver em um ambiente tão hostil”, relata o pesquisador. O que já se sabe é que eles se alimentam do sangue dos morcegos apenas durante a fase de larva. Quando se transformam em adultos, eles não se alimentam de sangue e passam a viver no chão da caverna. “Apesar de esta característica já ter sido descrita em outros carrapatos, ela é bastante rara”, diz.

A caverna é um local bastante hostil, habitada por morcegos, e onde o ar é repleto de amônia, mas carrapatos se adaptaram ao lugar


Reversão de parasitismo
Segundo Labruna, essas novas espécies são bastante interessantes para a acarologia básica, pois são exemplos vivos de reversão de parasitismo. “A maioria dos carrapatos se alimenta em todas as fases da vida do sangue do animal hospedeiro”, explica. O professor cita a teoria da evolução das espécies para lembrar que os carrapatos nem sempre foram parasitas. Eles somente passaram a ter relações de parasitismo com hospedeiros a partir de um determinado momento da evolução: antes tinham uma vida livre do parasitismo.

Por este motivo, as espécies encontradas na caverna se tornam tão interessantes para pesquisadores de várias partes do mundo, do ponto de vista evolutivo, por se alimentarem do sangue dos morcegos apenas durante a fase larval. “A glândula salivar desses ácaros é atrofiada”, conta o pesquisador. Segundo ele, ainda não se sabe qual é a base da alimentação desses carrapatos. Também não foi possível criá-los em laboratório.

Desmatamento
Labruna observa que a descoberta desses carrapatos abrem grandes perspectivas para as pesquisa na área. Entretanto, ele faz um alerta: a destruição da floresta amazônica pode prejudicar essas descobertas. “Começamos a coleta de carrapatos em outras regiões de selva no ano 2000. Desde então, vários desses lugares foram totalmente desmatados, dando origem a pastagens para criação de gado e a ocupações ilegais”, alerta o pesquisador.

O professor conta que os morcegos se alimentam à noite de insetos da floresta. Quando ocorre o desmatamento, a população de insetos entra em desequilíbrio. Isso pode ocasionar a extinção desses insetos e, consequentemente, a extinção dos morcegos e de carrapatos. “Ainda existem muitas espécies para serem descobertas. O progresso é sempre bem vindo, mas é preciso destacar a importância da conservação das matas para a ciência”, finaliza.

*Imagens cedidas pelo pesquisador

Mais informações: (11) 3091-1394 / 7701 ou email labruna@usp.br

Manguezais apresentam diversidade genética e potencial biotecnológico

Análise envolveu áreas impactadas e não afetadas pela ação humana


Por Alícia Nascimento Aguiar, da Assessoria de Comunicação da Esalq

Pesquisa da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, mapeia a diversidade genética da comunidade de fungos endofíticos presentes em folhas e ramos das principais espécies arbóreas de manguezais de Cananéia (SP) e Bertioga (SP). O estudo também avalia o potencial biotecnológico desses fungos em relação à produção de antibióticos contra os patógenos humanos Staphylococcus aureus e Escherichia coli e contra o fitopatógeno Xanthomonas campestris citri.

O trabalho avaliou a comunidade fúngica presente nos manguezais brasileiros por meio do estudo da diversidade de fungos endofíticos associados aos ramos e às folhas de três espécies arbóreas dos manguezais (Rhizophora mangle, Laguncularia racemosa e Avicennia nítida). A pesquisa levou em consideração possíveis efeitos de diferentes fatores, como as espécies de plantas, o órgão vegetal (ramo e folha), a estação do ano (verão e inverno) e os locais de coleta (Cananéia e Bertioga, impactado e não impactado).

“A versatilidade bioquímica e a diversidade biológica de fungos endofíticos representam uma enorme variedade de genes que ainda são desconhecidos, os quais podem apresentar importantes aplicações biotecnológicas e agrícolas”, afirma Fernanda Luiza de Souza Sebastianes, autora do estudo. “Esses estudos são importantes pois alterações na comunidade fúngica podem estar relacionados com o equilíbrio do ecossistema, estabilidade, estabelecimento da planta e rendimento”, lembra a pesquisadora.

O estudo também realizou a caracterização química do antibiótico ácido 3-hidroxipropiônico produzido pelo fungo endofítico Diaporthe phaseolorum, seguindo a premissa da necessidade crescente da busca por microrganismos produtores de novos compostos bioativos mais efetivos, menos tóxicos e que causem menor impacto ambiental. “Este fungo foi selecionado por apresentar notável capacidade de produzir antibiótico inibidor do crescimento de patógenenos e por ser encontrado como gênero mais abundante dentre os fungos endofíticos isolados no trabalho”, destaca a estudiosa.

Potencial
A pesquisa revela que o grande potencial dos manguezais como fonte de novos agroquímicos e compostos medicinais tem sido muito relatado e que esse notável potencial biotecnológico das plantas de manguezais pode estar relacionado com a comunidade de fungos endofíticos que estabelece associação mutualística com a planta. “Por essa razão, cada vez mais a comunidade endofítica dessas plantas tem sido investigada. Esses estudos são importantes pois permitem o acesso a novas espécies de fungos e metabólitos produzidos pelos manguezais, bem como o estudo da interação entre planta hospedeira e fungo endofítico”, afirma Fernanda.

A pesquisadora assegura que há uma necessidade crescente com relação à descoberta de novos compostos antimicrobianos, devido à resistência dos microrganismos patogênicos como consequência do uso abusivo e indiscriminado de antibióticos. “A diversidade estrutural de compostos químicos provenientes de fungos endofíticos é grande, incluindo inúmeras atividades farmacológicas, tais como antitumoral, antioxidantes, antinflamatórias, antimicrobiana, dentre outras”, descreve.

O trabalho integra o Projeto Temático BIOTA, “Biodiversidade e Atividades Funcionais de Microrganismos de Manguezais do Estado de São Paulo”, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Parte da pesquisa aconteceu no Laboratório de Farmacognosia do Departamento de Farmacologia da Universidade de Valência (Espanha), sob supervisão do professor Diego Miguel Cortes Martinez, onde foram realizados estudos sobre a identificação do antibiótico ácido 3-hidroxipropiônico.

Outras moléculas vem sendo identificadas no Laboratório de Genética de Microrganismos, do Departamento de Genética da Esalq e, ainda, no setor de Microbiologia da Embrapa Meio Ambiente, Jaguariúna, (interior de São Paulo), sob supervisão dos doutores Itamar Soares de Melo, Angela Maria Montes Peral Valente, Paulo Teixeira Lacava, Aline Aparecida Pizzirani-Kleiner e João Lúcio de Azevedo. A pesquisa de Fernanda é descrita na tese de doutorado Diversidade genética e potencial biotecnológico de fungos endofíticos de manguezais do estado de São Paulo, apresentada na Esalq.

Mais informações: (19) 3429-4109

Fonte: Agência USP

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Publicadas restrições para agrotóxicos triclorfom e fosmete

A decisão da Anvisa é fundamentada em estudos toxicológicos que associam o uso das substâncias a efeitos adversos sobre a saúde humana.

Por Anvisa

O agrotóxico triclorfom não poderá mais ser utilizado no Brasil. É o que determina a Resolução RDC 37/2010 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada no último dia18. O produto deverá ser retirado do mercado nacional imediatamente. A decisão da Anvisa é fundamentada em estudos toxicológicos que associam o uso da a substância a problemas de hipoplasia cerebelar e efeitos adversos sobre a reprodução e o sistema hormonal humano (desregulação endócrina). O triclorfom era autorizado para o uso em mais de 45 culturas como: arroz, alface, feijão, tomate e milho. As importações do produto também estão proibidas.

Já o agrotóxico fosmete foi reclassifcado como extremamente tóxico. Este ingrediente ativo, autorizado para uso nas culturas de citros, maçã e pêssego, é considerado neurotóxico e é capaz de provocar a síndrome intermediária (caracterizada por fraqueza e insuficiência respiratória). Outras restrições indicadas para o produto são: a diminuição da ingestão diária aceitável de 0,01 para 0,005 mg para cada quilo de peso corpóreo e autorização da aplicação do agrotóxico apenas por meio de trator. Os agrotóxicos a base de fosmete só poderão ser comercializados em embalagens hidrossolúveis dispostas em sacos metalizados.

Além disso, nenhuma nova cultura poderá ser autorizada para o uso do referido agrotóxico. A Resolução RDC 36/2010, que apresenta as novas restrições de uso do fosmente, também foi publicada do Diário Oficial da União do dia 18.

Reavaliação
Essas ações são resultado do trabalho de reavaliação toxicológica dos agrotóxicos pela Anvisa. A Agência realiza esse trabalho sempre que existe algum alerta nacional ou internacional sobre o perigo dessas substâncias para a saúde humana. Em 2008, a Agência colocou em reavaliação 14 ingredientes ativos de agrotóxicos. Juntos, esses 14 ingredientes representam 1,4 % das 431 moléculas autorizadas para serem utilizadas como agrotóxicos no Brasil. Entretanto, uma série de decisões judiciais, também em 2008, impediram, por quase um ano, a Anvisa de realizar a reavaliação desses ingredientes ativo.

De lá pra cá, a Agência conseguiu publicar a conclusão da reavaliação dos ingredientes ativos cihexatina, endossulfan, fosmete e triclorfom. Para outras duas substâncias: acefato e metamidofós, a Anvisa já publicou as Consultas Públicas com indicação de banimento no país e está na fase final da reavaliação.

Acesse aqui as decisões da Agência sobre o uso dos ingredientes ativos triclorfom e fosmete no Brasil.

Fonte: Anvisa/EcoAgência

Projeto cria reserva financeira para reparar danos ambientais

Por Oscar Telles e Geórgia Moraes , da Agência Câmara

A Câmara analisa o Projeto de Lei 7525/10, da deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA), que prevê a formação de reserva financeira para cobrir custos da reparação de eventuais danos ambientais e socioeconômicos causados por vazamentos de petróleo ou gás natural. Segundo a proposta, a empresa que explorar esses recursos no mar precisará destinar 2% da sua receita líquida para essa reserva.

Segundo a autora, o acidente com a plataforma Deepwater Horizon, ocorrido em abril no Golfo do México, deixou claro que a exploração de hidrocarbonetos no mar, em grande profundidade, é atividade de grande risco e que não se pode deixar a cargo apenas das empresas petroleiras a iniciativa de reservar recursos para compensação dos danos.

"É melhor pecar por excesso do que por omissão. Temos de tomar determinadas atitudes antes que o acidente ocorra. Hoje falamos de petróleo do pré-sal, porém é preciso todo cuidado para que depois não sejamos surpreendidos com a mesma situação do Golfo do México", disse.

Elcione Barbalho explica que os contratos de concessão já deverão ter essa cláusula incluída com o objetivo de salvaguardar não só o meio ambiente, mas, sobretudo, toda a cadeia produtiva que sobrevive na área onde é feita a exploração.

Tramitação
O projeto será analisado em caráter conclusivo pelas comissões de Minas e Energia; de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta:

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Começa cobrança pelo uso da água

Recursos são arrecadados pela ANA e repassados integralmente ao  Comitê de Bacia do São Francisco, onde serão aplicados em ações de recuperação

Os usuários do rio São Francisco, e outros rios de domínio da União da bacia, começaram a pagar pelo uso da água, conforme prevê a Lei nº 9.433/97, conhecida como Lei das Águas . Os boletos de 2010 já foram distribuídos e a Agência Nacional de Águas (ANA) iniciou em agosto a arrecadação, estima em R$ 10 milhões até o fim do ano, tendo em vista que o valor cobrando corresponde ao período julho-dezembro.

Passam a pagar pelos recursos hídricos quem capta mais de quatro litros por segundo (14,4 metros cúbicos por hora) como, por exemplo, companhias de saneamento, indústrias, irrigantes e o Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF). Também estão sujeitos à cobrança os usuários que fazem lançamentos de efluentes nos rios federais da bacia.

É importante ressaltar que a cobrança pelo uso da água dos rios não é um imposto, mas um preço público definido em consenso pelo próprio comitê de bacia e quem paga são usuários do rio, como se faz em um condomínio, por exemplo , explica o diretor presidente da ANA, Vicente Andreu. O cálculo do valor da cobrança é baseado na outorga pelo uso da água concedida pela ANA aos usuários. O s valores do metro cúbico para as categorias de uso foram acordados no âmbito do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) em um amplo processo que contou com a participação de representantes dos setores usuários, da sociedade civil e do Poder Público, que integram o CBHSF.

Na avaliação de Andreu, o País está crescendo e a disponibilidade de água é um fator essencial para manter a atividade econômica. Além disso, a cobrança pelo uso das águas das bacias hidrográficas é um instrumento que induz ao uso racional. A cobrança é fundamental para melhor a gestão dos recursos hídricos, para garantir a manutenção da expansão econômica e assegurar a disponibilidade de água para as futuras gerações , disse o diretor-presidente da ANA.

Os recursos serão arrecadados pela ANA e repassados integralmente à bacia do São Francisco, onde vão ser aplicados em ações de recuperação da bacia pela Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas Peixe Vivo - AGB Peixe Vivo, entidade delegatária que passou a exercer funções de agência de água da bacia, conforme aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH).

As ações de recuperação da bacia serão definidas pelos membros do CBHSF, com base nos programas, projetos e obras previstos no Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do São Francisco. Estão inseridos na bacia do São Francisco os estados de Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Goiás e o Distrito Federal.

Histórico
Desde 2001, a ANA desenvolve ações para implementar a cobrança pelo uso da água no Brasil em parceria com gestores estaduais de recursos hídricos e comitês de bacias. Em rios de domínio da União - aqueles que cortam mais de uma unidade da Federação ou são compartilhados com outros países -, a cobrança já está em funcionamento na bacia do rio Paraíba do Sul (MG, RJ e SP) desde 2003 e na dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (MG e SP) desde2006.

A cobrança pelo uso da água é um dos instrumentos de gestão de recursos hídricos previstos pela Lei nº 9.433/97, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos. Para mais detalhes sobre cobrança pelo uso das águas consulte o site www.ana.gov.br/cobrancauso.

Informações
Agência Nacional de Águas (ANA)
(61) 2109-5103

Fonte: Agência Nacional de Águas

Posição internacional forte e mais atenção à biodiversidade no país

Por Ligia Paes de Barros, da WWF Brasil

Na 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 10/CDB), que acontece em outubro no Japão, a expectativa é que o Brasil influencie positivamente os países-membro para chegar a posicionamentos fortes sobre conservação da biodiversidade. No Brasil, é urgente a necessidade de diversos setores da sociedade brasileira se sensibilizarem para a importância do tema e apoiar a conservação da natureza.

Esse foi o tom do debate na primeira sessão do Seminário para Atualização para Jornalistas, organizado pelo WWF-Brasil, que teve como foco as metas nacionais de biodiversidade para 2010 e o Plano Estratégico da CDB para 2020.

Paulino de Carvalho Neto, chefe da divisão de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE), foi claro nas posições gerais que o Brasil vai defender na Conferência: para negociar um Plano Estratégico da CDB ambicioso o país irá exigir a regulamentação da transferência de recursos para países em desenvolvimento para investir no cumprimento dessas metas e ainda a assinatura de protocolo que garanta a repartição justa de benefícios e acesso aos recursos genéticos.

“Não podemos ter obrigações ambiciosas de redução da perda de biodiversidade no plano internacional sem compromisso dos países desenvolvidos de fornecer recursos adicionais para essa conservação”, aponta Paulino Carvalho Neto. “Nossa estratégia diplomática é que podemos cumprir metas ambiciosas se houver recursos financeiros para países em desenvolvimento. Queremos aumento do percentual da assistência aos países”, afirmou o representante do MRE.

Bráulio Dias, diretor de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), reforçou esta posição. “A transferência de recursos de países ricos para pobres tem se reduzido nos últimos anos e essa ajuda é fundamental”.

Os jornalistas, que não se esqueceram da decepção com os resultados da COP da Convenção de Clima em Copenhague no ano passado, questionaram os palestrantes sobre qual a expectativa de resultados concretos na Conferência de Biodiversidade.

“É preciso ter em mente que os problemas ambientais não serão resolvidos imediatamente com uma ‘canetada’ na COP 10”, foi a resposta de Bráulio Dias. “Os esforços de negociação da CDB são fundamentais por se entender que muitos aspectos dependem de acordo internacional, mas os resultados no campo tem uma defasagem de tempo, não são sentidos de imediato”, afirmou o diretor do MMA.

Envolvimento de diferentes setores da sociedade brasileira
Ao falar sobre a transferência de recursos internacionais, Dias chamou a atenção para um problema interno do país nesse sentido, afinal o Brasil, assim como todos os outros 192 países signatários da Convenção sobre Diversidade Biológica, chegarão à COP sem ter cumprido completamente as metas estabelecidas para 2010.

“A economia brasileira está crescendo e temos que começar a andar com as próprias pernas. Não se pode esperar que soluções venham apenas do dinheiro internacional. E nisso entra a responsabilidade da sociedade”.

Segundo o diretor de Biodiversidade, apesar de os recursos naturais prestarem um serviço enorme para a sociedade, os brasileiros parecem não ter noção disso. “É preciso que a questão ambiental deixe de ser tratada apenas pelo MMA ou ambientalistas. Todos os setores da sociedade se beneficiam da biodiversidade e têm que fazer a sua parte. Para conseguir acabar com a perda de biodiversidade é preciso ter uma mobilização geral da sociedade”, afirma Dias.

A cargo da mediação da mesa, Cláudio Maretti, superintende de conservação do WWF-Brasil, ressaltou a necessidade de o Brasil defender suas posições internacionalmente, pressionar os outros países a assumir compromissos, mas também ser um exemplo de conservação da biodiversidade.

“Quanto melhor for o exemplo dado pelo Brasil, que tem enorme potencial para liderar uma economia verde, mais legitimidade terá no momento de se posicionar na COP 10 da CDB”, concluiu Maretti.