Por Vanessa Barbosa, da Exame.com
Um grupo formado por nada menos do que 200 cientistas de 38 países alerta para os riscos que substâncias químicas encontradas em produtos comuns do cotidiano representam à saúde.
São os chamados compostos perfluorados, também conhecidos como PFCs (sigla em inglês para Perfluorinated chemicals). Frutos da moderna indústria química sintética, eles são usados para fabricar artigos com características impermeabilizantes e antiaderentes.
A lista inclui utensílios de cozinha, embalagens de pipoca para microondas, tecidos e tapetes tratados para ficarem impermeáveis a líquidos e resistentes à manchas, móveis, revestimentos de papel e de cosméticos, entre outros produtos do dia a dia.
O consenso científico a respeito do tema, que já rendeu mais de uma centena de pesquisas, deu origem à Declaração de Madrid, documento publicado na revista
.
Segundo os cientistas, toda a classe de produtos químicos altamente fluorados são extremamente persistentes no meio ambiente, potencialmente tóxicos e devem ser substituídos por "alternativas mais seguras".
O documento apela aos governos de todo o mundo para restringir a produção e o uso destes produtos químicos, além de recomendar que os consumidores evitem-nos.
Por sua capacidade de "imitar" hormônios e, até mesmo, interferir na síntese destes mensageiros químicos do corpo, substâncias perfluoradas fazem parte de um grupo chamado pelos pesquisadores de "disruptores endócrinos".
Há um grande e crescente corpo de evidências que associam estes produtos químicos a um gama variada de problemas de saúde, que incluem certos tipos de câncer, impactos no desenvolvimento dos sistemas imunológico e neurológico de seres em fases de desenvolvimento, diminuição na contagem de espermatozoides, baixo peso ao nascer, entre outros problemas graves.
A exposição ocorre de múltiplas formas: através da nossa dieta, de alimentos embalados ou cozidos em materiais que contenham PFCs, da água contaminada e até mesmo pelo ar (produtos domésticos, por exemplo, podem contaminar o ar interno).
Para piorar, tais substâncias podem persistir por milhares de anos no meio ambiente, o que significa que muitas gerações futuras continuarão expostas a elas.
Fabricantes do setor químico reagiram à publicação do documento. O FluoroCouncil, um grupo global que representa as principais empresas de "fluorotecnologia" insiste que alguns desses produtos químicos são seguros.
O grupo emitiu uma refutação ao comunicado de Madrid, dizendo que a "fluorotechnology" é uma tecnologia essencial para muitos aspectos da vida moderna e apontando para os esforços para eliminar progressivamente alguns dos produtos químicos fluorados mais prejudiciais.
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