Por Maria Cecília Abbud
Por meio do censo anual realizado no litoral do Paraná e litoral sul de São Paulo, é possível saber se a população de papagaios-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) está se reproduzindo e conseguindo se manter na região apesar das ainda existentes ameaças à espécie, como roubo de filhotes e pressão imobiliária.
Para que essa contagem – realizada pelo Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa, da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) – se concretize, é necessário o esforço de uma equipe de mais de 50 pessoas, a maioria voluntárias, e apoio financeiro para que os custos das contagens sejam cobertos.
A fim de arrecadar o valor necessário para a realização do 13º Censo anual do Paraná e do 3º de São Paulo, que acontece nos dias 29, 30 e 31 de maio deste ano, a SPVS promove esta campanha.
Sobre o Projeto e o Censo
O projeto existe desde 1998, e em 2013, passou por uma grande expansão, que foi a extensão do trabalho de monitoramento para além do litoral paranaense, acompanhando também os indivíduos do litoral sul paulista. Esse crescimento na pesquisa é o principal fator para que o projeto careça de mais recursos. “Fazer as contagens é um desafio, pois temos que organizar uma grande equipe de voluntários, que se deslocam por terra e mar desde Guaratuba até Itanhaém para fazer as contagens simultâneas, relata a coordenadora do projeto, a bióloga Elenise Sipinski.
O censo populacional é a contagem de todos os indivíduos que se deslocam para os dormitórios coletivos localizados no litoral do Paraná e no litoral sul de São Paulo. As contagens acontecem ao amanhecer, quando os papagaios saem dos dormitórios para buscar alimento, e ao entardecer, quando voltam para descansar. O censo é feito simultaneamente em São Paulo e Paraná, onde as equipes são posicionadas em pontos estratégicos. São feitas quatro contagens em cada um dos dormitórios.
A conclusão do censo realizado no ano passado foi de que a população de papagaios no Paraná não está crescendo, e sim se mantendo, o que mostra o resultado positivo do trabalho de conservação das áreas em que o animal vive. Em 2014, foram registrados 5.959 indivíduos – a população total atual de papagaios-de-cara-roxa é de cerca de 6.700 indivíduos – em seis dormitórios do Paraná: Guaratuba, Ilha Rasa da Cotinga, Ilha Rasa, Ariri, Ilha do Pinheiro e Ilha do Mel. As duas últimas apresentaram as maiores concentrações da espécie. As análises dos resultados do censo no Paraná estão disponíveis no artigo da revista de Ornithologia ( http://cemave.net/ornithologia/index.php/ornithologia/article/view/188/138 ).
No censo de 2014 realizado no litoral paulista, foram contados 1.492 indivíduos em sete dormitórios, localizados ao sul da Ilha Comprida, Cananéia, Ilha do Cardoso e Itanhaém.
A equipe do Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa, com apoio de moradores da região, estudantes, pesquisadores e amigos do projeto são os responsáveis por fazer o censo acontecer todo ano.
O projeto trabalha desde 1998 no litoral do Paraná, principalmente em Guaraqueçaba, com o objetivo de conhecer e proteger o papagaio, a floresta e também apoiar os moradores da região, por meio de atividades educativas, apoio à geração de renda e também contratação de moradores para auxílio nas ações do projeto.
No final de 2014, o papagaio-de-cara-roxa saiu da Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente. Sua situação passou de “vulnerável” para “quase ameaçada”. A saída da lista reflete a força do trabalho realizado com a espécie, mas também mostra que as atividades devem continuar.
Sobre a SPVS
Fundada em 1984, em Curitiba, Paraná, a SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental já desenvolveu centenas de projetos em vários estados do Brasil. É reconhecida como uma das mais importantes organizações não-governamentais brasileiras que trabalha pela conservação da natureza.
Entre as iniciativas desenvolvidas pela SPVS, estão ações de educação ambiental, trabalho para tirar o Papagaio-de-cara-roxa da lista de espécies ameaçadas de extinção, a manutenção das reservas naturais, o Programa E-CONS,o Desmatamento Evitado e o Condomínio da Biodiversidade.
Fonte: Começa AKI
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