A presidente Michelle Bachelet assinou na semana passada o projeto de lei que proíbe a venda de sacolas plásticas em mais de 100 cidades e vilarejos ao longo da costa do Chile. A medida torna o país o primeiro da América Latina a enfrentar de maneira séria o problema que o plástico vem causando ao meio ambiente, ao poluir os oceanos e matar milhares de animais marinhos.
“Precisamos cuidar de nossos ecossistemas marinhos”, disse Michelle Bachelet. “Nossos peixes e outras espécies estão morrendo pela ingestão de plástico ou estrangulados com estes resíduos. Esta é uma luta que todos temos que abraçar: comércio, consumidores e governos”.
Comerciantes chilenos que não obedecerem a nova lei poderão receber multas de até US$ 300 dólares.
Referência na produção de pescados, o Chile é o maior vendedor de salmão para o mercado brasileiro. Tanto através da pesca artesanal como da aquicultura (produção em fazendas marinhas), o país exporta ainda outras espécies, como mexilhão e a truta arco-íris.
Em 2016, os pescados representaram 7,6% das exportações chilenas, ficando em quarto lugar numa lista dos dez produtos mais comercializados para o exterior. O setor foi ainda o que mostrou o maior crescimento, 65,5% em relação a 2009.
Não é difícil entender então a preocupação do governo do Chile em proteger suas águas. Além da proibição do plástico, o país anunciou que irá criar uma área de proteção marinha de 1,6 milhão de km2 em 2018.
A Era do ‘Plasticídio”
Um estudo publicado pela revista Science, em 2015, revelou que oito milhões de toneladas de resíduos plásticos são jogadas nos oceanos por ano. Cientistas afirmam que no futuro, nossa época será conhecida como a do “Plasticídio”.
É por isto que medidas, como a tomada agora pelo Chile, são tão bem-vindas. Em sua conta no Twitter, a presidente Michelle Bachelet conclamou as pessoas a usarem a hashtag #chaobolsasplásticas(#tchausacolasplásticas, em português) nas redes sociais.
Em diversos países da Europa, a distribuição das sacolas plásticas já é proibida há anos. Quando não, ela é cobrada. Mostramos aqui, neste outro post, no ano passado, que entre outubro de 2015 e abril de 2016, os sete maiores supermercados da Inglaterra viram uma queda de 85% na entrega de sacolas, de 7,6 bilhões de unidades para 600 milhões, depois que elas deixaram de ser dadas gratuitamente nas lojas e uma taxa de apenas 5 centavos de libra foi imposta para cada unidade.
Irlanda, Escócia, Dinamarca, Alemanha, Portugal e Hungria são outros lugares onde, se você quer a sacola plástica, é obrigado a pagar por ela. Recentemente noticiamos aqui também que o Quênia proibiu a produção, venda e uso de sacolas plásticas com pena de multa e até prisão (leia mais aqui).
E o Brasil, quando vai tomar uma atitude?