terça-feira, 25 de novembro de 2008

Escoamento das águas das encostas representa novos ricos de deslizamentos em Santa Catarina

A redução da quantidade de chuvas prevista para as próximas horas não significa o fim do risco de deslizamentos em Santa Catarina. O alerta é feito pela equipe de Ordenamento Ambiental da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/Ciram).

Períodos de abertura de sol

De acordo com o setor de previsão climatológica da Epagri/Ciram na terça-feira, assim como no restante da semana, são esperados períodos de melhoria com abertura de sol, mas ainda com chance de chuva. A equipe trabalha com a forte possibilidade de redução dos níveis dos rios que compõem a bacia do Itajaí em relação a tarde de ontem. Para quarta-feira pode-se esperar um tempo mais firme, mantendo a chance de chuvas isoladas, porém com prolongamento dos períodos de sol entre nuvens.

Novos movimentos do solo

Apesar das boas notícias da meteorologia, os catarinenses ainda devem permanecer atentos para a chance de deslizamentos nas encostas. Segundo os pesquisadores da Epagri/Ciram, as rochas de regiões tropicais como em Santa Catarina, são recobertas por mantos de alteração espessos, compostos por fragmentos de rocha e material inconsolidado, em sua maior parte argila que expande em contato com a água e contrai na sua ausência.

Quando recebe muita água esse manto de rocha podre “trabalha”, aumentando seu volume. Mas quando a água começa a escoar esse material passa a se contrair, o que pode gerar novos movimentos de massa e conseqüentes deslizamentos.

Além disso a maior parte dos solos de Santa Catarina é composto por uma camada superficial mais arenosa (de até 50 cm de profundidade), seguida de uma camada onde se concentra a argila. A água das chuvas acumula-se entre essas camadas, gerando uma pressão hidráulica que, em contraponto com a pressão gravitacional, pode provocar o colapso de toda a camada superior.

Reúnem-se a estes fatores outros aspectos que favorecem os desabamentos, entre eles a própria característica do relevo, bastante acidentado e com áreas de forte declive, sobretudo nas encostas e serras catarinenses próximas aos cortes de estrada. Contudo, o maior fator de risco ainda é a ocupação urbana sem planejamento e os desmatamentos.

Medidas de controle

Para os técnicos da Epagri/Ciram é indispensável que os governos (estadual e municipal) adotem com urgência algumas medidas de controle para evitar a repetição desta tragédia. A primeira delas é impedir a utilização dessas áreas para ocupação do homem. Também é fundamental providenciar a contenção de encostas em áreas mais suscetíveis a desbarrancamentos, assim como respeitar integralmente a legislação de uso e ocupação do solo em encostas, recuperar as áreas degradadas e, sobretudo, evitar incentivos à ocupação dessas áreas impedindo o fornecimento de serviços básicos como água, luz e telefone.

Fonte: Gisele Dias

Congresso abre inscrição para trabalhos científicos sobre conservação da natureza

Os textos podem ser enviados até 31 de março, pelo site do VI Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação. O evento acontece em setembro de 2009, em Curitiba.

Estão abertas as inscrições de trabalhos científicos para o VI Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC). O evento acontecerá entre os dias 20 e 24 de setembro, em Curitiba (PR) e terá com o tema “Conservação das áreas naturais num mundo em transformação”.

Os trabalhos científicos devem ser inscritos até 31 de março de 2009, pelo site www.fundacaoboticario.org.br/cbuc. Os eixos temáticos são biologia da conservação; administração, manejo e planejamento de unidades de conservação; e políticas públicas relacionadas ao tema. Os trabalhos que forem selecionados serão publicados integralmente nos anais do VI CBUC e apresentados durante o evento.

O Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação é um dos mais importantes eventos sobre conservação da natureza da América Latina. A Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, em parceria com a Rede Nacional Pró Unidades de Conservação, iniciou há mais de dez anos a realização dos CBUCs. “Oferecemos o CBUC a profissionais e a demais interessados em conservação da biodiversidade, como um fórum de discussão, aperfeiçoamento e inovação neste tema, que é tratado a partir das áreas protegidas e vai além delas. Criando esta oportunidade de contato e troca de informação entre diferentes experiências e países, viabilizamos soluções práticas para o dilema da sustentabilidade da vida em nosso planeta”, explica a diretora executiva da Fundação O Boticário, Maria de Lourdes Nunes.

Segundo Nunes, as discussões no VI CBUC prometem ser tão intensas e produtivas quanto nos anos anteriores. São esperados para esta sexta edição mais de 1.800 participantes, entre técnicos, cientistas e estudantes ligados a órgãos governamentais, instituições sem fins lucrativos, centros de estudos, universidades e empresas de vários países.
Além disso, entre os palestrantes estarão alguns dos principais especialistas em áreas naturais protegidas do Brasil e do mundo. Os nomes já confirmados são: Robert Constanza, da Universidade de Vermont (EUA); Philip M. Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); Paulo Moutinho, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia/WHRC; Jules Marcelo Rosa Soto (UNIVALI - UICN), curador do Museu Oceanográfico da Univali; Allen Pursel, Conservation basement (EUA); Clóvis Borges, diretor executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental; e Fábio Feldman, Secretário Executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas e Biodiversidade.

Paralelamente ao VI CBUC, acontece o II Simpósio Internacional de Conservação da Natureza e a III Mostra de Conservação da Natureza. Na Mostra, organizações governamentais e não-governamentais, empresas, universidades, entre outras instituições, poderão apresentar e disseminar suas ações voltadas à conservação da natureza. Para mais informações, acesse www.fundacaoboticario.org.br/cbuc.

Fonte: Fundação O Boticário

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Meu nome é crise

Por Frei Betto

Há tempos não se falava tanto de mim como agora. Tudo por causa de uma crise no sistema financeiro. A África anda, também há tempos, em crise crônica - de democracia, de alimentos, de recursos; quem fala disso? Existe ameaça de crise do petróleo; governantes e empresários parecem em pânico frente à possibilidade de não poder alimentar 800 milhões de veículos automotores que rodam sobre a face da Terra.
No último ano, devido ao aumento do preço dos alimentos, o número de famintos crônicos subiu de 840 milhões para 950 milhões, segundo a FAO; mas quem se preocupa em alimentar miseráveis?

Meu nome deriva do grego krísis, discernir, escolher, distinguir - enfim, ter olhos críticos. Trago também familiaridade com o verbo acrisolar, purificar. Ao contrário do que supõe o senso comum, não sou, em si, negativa. Faço parte da evolução da natureza.
Houve uma crise cósmica quando uma velha estrela, paradoxalmente chamada supernova, explodiu há 5 bilhões de anos; seus cacos, arremessados pelo espaço, deram origem ao sistema solar. O sol é um pedaço de supernova dotado de calor próprio. A Terra e os demais planetas, cacos incandescentes que, aos poucos, se resfriaram. Daqui a 5 bilhões de anos o sol, agonizante, também verá sua obesidade dilatada até se esfacelar nos abismos siderais.

Todos nós, leitores, passamos pela crise da puberdade. Doeu ver-nos expulsos do reino da fantasia, a infância, para abraçar o da realidade! Nem todos, entretanto, fazem essa travessia sem riscos. Há adolescentes de tal modo submersos na fantasia que, frente aos indícios da idade adulta, que consiste em encarar a realidade, preferem se refugiar nas drogas. E há adultos que, desprovidos do senso de ridículo, vivem em crise de adolescência. ..

Resulto da contradição inerente aos seres humanos. Não há quem não traga em si o seu oposto. Quantas vezes, no trânsito, o mais amável cidadão arremessa o carro sobre a faixa de pedestres; a gentil donzela enfia a mão na buzina; o aplicado estudante acelera além da conveniência! Não é fácil conciliar o modo de pensar com o modo de agir.

Estou muito presente nas relações conjugais desprovidas de valores arraigados. Sobretudo quando a nudez de corpos não traduz a de espíritos e o não-dito prevalece sobre o dito. Felizmente muitos casais conseguem me superar através do diálogo, da terapia, da descoberta de que o amor é um exercício cotidiano de doação recíproca. O príncipe e a fada encantados habitam o ilusório castelo da imaginação.

Agora, assusto o cassino global da especulação financeira. Acreditou-se que o capitalismo fosse inabalável, sobretudo em sua versão neoliberal religiosamente apoiada em dogmas de fé: o livre mercado, a mão invisível, a capacidade de auto-regulação, a privatização do patrimônio público etc.
Dezenove anos após fazer estremecer o socialismo europeu, eis-me a gerar inquietação ao mercado. A lógica do bem-estar não lida com o imprevisto, o fracasso, o inusitado, essas coisas que decorrem de minha presença. Os governantes se apressam em tentar acalmar os ânimos como a tripulação do Titanic, enquanto a água inundava a quilha, ordenou à orquestra prosseguir a música...

Tenho duas faces. Uma, traz às minhas vítimas desespero, medo, inquietação. Atinge aquelas pessoas que não acreditavam em minha existência ou me encaravam como se eu fosse uma bruxa - figura mitológica do passado que já não representa nenhuma ameaça.
Minha outra face, a positiva, é a que a águia conhece aos 40 anos: as penas estão velhas, as garras desgastadas, o bico trincado. Então ela se isola durante 150 dias e arranca as penas, as garras, e quebra o bico. Espera, pacientemente, a renovação. Em seguida, voa saudável rumo a mais 30 anos de vida.

Sou presença frequente na experiência da fé. Muitos, ao passar de uma fé infantil à adulta, confundem o desmoronar da primeira com a inexistência da segunda; tornam-se ateus, indiferentes ou agnósticos. Não fazem a passagem do Deus "lá em cima" para o Deus "aqui dentro" do coração. Associam fé à culpa e não ao amor.

Acredito que este abalo na especulação financeira trará novos paradigmas à humanidade: menos consumismo e mais modéstia no padrão de vida; menos competição e mais solidariedade entre pessoas e empreendimentos; menos obsessão por dinheiro e mais por qualidade de vida.
Todas as vezes que irrompo na história ou na vida das pessoas, trago um recado: é hora de começar de novo. Quem puder entender, entenda.

Frei Betto é escritor, autor de "Cartas da Prisão" (Agir), entre outros livros

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pesquisadores encontram na Flona de Carajás mais de 20 ninhos de arara ameaçada de extinção

Márcia Neri

A Floresta Nacional (Flona) de Carajás, no sudeste do Pará, ainda é abrigo de uma das espécies mais ameaçadas de extinção no Brasil, a arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus). Para estudar a população da ave na região, um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) passou quinze dias em campo e descobriu que o número desse tipo de arara no local é considerável. Somente na borda da floresta foram encontrados mais de 20 ninhos.

A Flona de Carajás abrange terras dos municípios de Paraúpebas, Canaã do Carajás e Água Azul do Norte. O chefe da unidade, analista ambiental Frederico Martins, explica que a expedição delimitou uma zona prioritária para a conservação da arara-azul. “Os biólogos da USP trabalharam até a última terça-feira (4). Eles também colheram dados para estabelecer o grau de vulnerabilidade da população identificada, principalmente aquela que se encontra nos limites do maciço de Serra Sul”, revela Martins, que é biólogo.

Ele acrescenta que o estudo pretende, ainda, determinar a importância da Flona de Carajás para a manutenção e conservação da arara-azul. “Os pesquisadores constataram que a maioria dos ninhos foram construídos nas extremidades de fora da floresta, e não em seu interior. Essa informação é fundamental para lutarmos pela preservação da área do entorno, já que a reprodução está acontecendo justamente nela”, enfatiza Martins.

A Floresta Nacional de Carajás possui uma área de 411.948 hectares. É a primeira Unidade de Conservação do Brasil a abrigar uma reserva de recursos minerais em seu interior – a reserva de Carajás, uma das maiores do mundo. São concentrações gigantescas de ferro e manganês exploradas pela Companhia Vale do Rio Doce. “Nos locais onde os ninhos foram encontrados há projetos para a extração do minério. Essa pesquisa pode oferecer parâmetros para que coordenemos melhor o processo de mapeamento da área a ser minerada”, pondera.

De acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, publicação que acaba de ser lançada pelo Ministério do Meio Ambiente, a Anodorhynchus hyacinthinus é considerada a maior espécie de arara encontrada no País, podendo medir até um metro de comprimento. Segundo o livro, a espécie têm baixas taxas reprodutivas, com postura média de dois ovos, sendo que apenas um filhote sobrevive.

A arara-azul apresentava distribuição ampla e contínua em forma de semicírculo nas regiões amazônicas ao sul do rio Amazonas. Atualmente, ainda segundo o Livro Vermelho, a distribuição da espécie é fragmentada, com apenas três populações principais: uma no Pantanal Matogrossense, outra que engloba parte dos estados do Maranhão, Tocantins e Bahia, e a terceira e menor delas, na região amazônica paraense.

A principal ameaça à arara-azul é a captura para comércio ilegal. Atentos a esse fato, antes de iniciarem o trabalho de campo, os pesquisadores da USP percorreram instituições culturais e de ensino localizadas no entorno da Flona a fim de conscientizar as pessoas sobre o risco de extinção da espécie.

Fonte: Ascom/ICMBio

Operação apreende soja pirata em Parque Nacional na Bahia

Carlos Américo

Depois do boi, o Ministério do Meio Ambiente começou a apreender e destinar a leilão também a soja pirata. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, participou, na manhã da última quinta-feira (6), de uma ação de fiscalização no noroeste da Bahia que localizou 2.200 hectares de plantio de soja dentro dos limites do Parque Nacional Nascentes do Rio Parnaíba, no município Formosa de Rio Preto.

O fazendeiro Haroldo Uemura foi autuado em flagrante e multado em R$ 440 mil. Toda a produção e os tratores encontrados no local foram apreendidos e serão postos à venda. O dinheiro arrecadado será aplicado na recuperação das áreas degradadas.

Há quatro anos fiscais do Ibama já haviam flagrado e embargado a plantação de soja no mesmo local e multado Uemura em idênticos R$ 440 mil. Ele não cumpriu a ordem do Instituto e nem pagou a multa, alegando que as terras - que ele chama de Fazenda Mauá - eram suas e não haviam sido desapropriadas. Só que o fazendeiro não apresentou os documentos para comprovar a propriedade. Agora ele terá que pagar as duas multas, perdeu a safra e a produção estocada e responderá por prática de crimes ambientais.

Para o ministro, o direito da propriedade não é mais importante do que o direito de garantir água para três bacias hidrográficas, ameaçadas pelo plantio da soja próximo às nascentes que abastecem os rios São Francisco, Parnaíba e Tocantins. Com cerca de 700 mil hectares, correspondente a uma área superior à do Distrito Federal, o parque foi criado em 2002 para evitar a degradação ambiental da região. "Faço questão que isso seja exemplo porque se uma pessoa transforma o Parna que tem três bacias, em parque da soja, isso significa que vale tudo. O Brasil não pode ser um país de vale tudo!, enfatizou Minc, afirmando que não vai deixar o Parna das Nascentes virar "parque nacional da soja pirata". Minc estima que um quarto da água da bacia do Velho Chico nasce dentro do Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.

Também foram encontrados na fazenda Mauá dezenas de galões de agrotóxicos. O uso de agrotóxicos naquela área influencia diretamente a qualidade da água das nascentes do três rios do Parna das Nascentes. "Hoje temos que defender a água. O senhor que trabalha com agricultura sabe que no dia que secar a água não terá agricultura", explicou Minc, lembrando ao agricultor que preservar o meio ambiente - como as nascentes e mananciais de rios - garante o futuro das plantações legais. Uemura vai responder pelos crimes ambientais.

Carvão ilegal

Numa segunda ação na mesma região, Minc presenciou o abate de aroeiras, angicos e pau d´arcos, entre outras árvores nativas e protegidas pelo Código Florestal, para a produção de carvão no município de Riachão das Neves. Numa área de cerrado desmatado de 1.534 ha, os fiscais encontraram 320 fornos de carvão que serão destruídos e apreenderam 1.110 m3 de carvão e 1.700 m3 de lenha, que também vão a leilão.

Além dos crimes ambientais, os proprietários são acusados de prática de trabalho análogo à escravatura. Os trabalhadores eram mantidos em condições sub-humanas e operavam os fornos sem equipamento de segurança adequados. Equipamentos mínimos, como botas e luvas, quando utilizados, eram descontados dos salários .

As duas ações fazem parte da Operação Vereda, realizada pelo Ibama desde o início do mês passado em cinco municípios do cerrado baiano, na região oeste do estado. Mais de 600 produtores já foram autuados por crimes ambientais. No município do Riachão das Neves, Paulo José Theófilo, dono de fazenda na região, vai responder a processo por crime ambiental e trabalho escravo. O proprietário responderá por queimada, desmatamento e transformação em carvão de madeiras protegidas por lei. Mesmo com autorização para desmatar, o trabalho na fazenda extrapola a permissão do Ibama ao utilizar espécies protegidas na produção do carvão.
O ministro Carlos Minc fez questão de subir no trator para iniciar a derrubada dos 320 fornos encontrados na fazenda. "Os donos terão que restituir todo mal que foi feito para a natureza", enfatizou o ministro. Todo o material apreendido no local será leiloado e o dinheiro usado na restauração da área.

Segundo o auditor fiscal do trabalho, Edvaldo Rocha, o Termo de Ajuste de Conduta, assinado no ano passado com os responsáveis pela propriedade, para melhores condições de trabalho no local foi desobedecido. Segundo ele, a situação encontrada hoje está pior que no ano de 2007. A maioria dos 37 trabalhadores da carvoaria foram encontrados sem botas, luvas e máscaras - equipamentos básicos necessários para o trabalho.

Eles também não têm a carteira de trabalho assinada. Segundo o auditor equipamentos mínimos, como botas e luvas, quando utilizados, eram descontados dos salários, o que caracteriza trabalho escravo. Os responsáveis pela propriedade serão encaminhados à Delegacia de Polícia de Barreiras, onde responderão por crime ambiental e trabalhista. "Duplo crime: trabalho escravo e crime ambiental. Aroeira, angico e pau d'arco. O Cerrado virando carvão ilegal. Isso dá prisão e o dono vai ter que reconstituir todo o crime que cometeu" , disse o ministro .

Fonte: MMA

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

RMA e Ministério do Meio Ambiente promovem semana dedicada a Mata Atlântica



Fabrício Ângelo

Entre os dias 16 e 18 de novembro, a Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA), juntamente com o Ministério de Meio Ambiente, realizam no Jardim Botânico do Rio de Janeiro a Semana Nacional da Mata Atlântica.

Serão três dias de debates sobre políticas públicas para a conservação e preservação do bioma. Um dos temas de destaque será a questão do clima e as ações prioritárias a serem colocadas em prática para a amenização dos efeitos das mudanças climáticas em curso.
Estarão presentes o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Roberto Messias Franco e a coordenadora geral da RMA, Elizete Siqueira.

Segundo a ex-coordenadora geral da RMA e membro da Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale do Itajaí (Apremavi) de Santa Catarina, Miriam Prochnow, a semana da Mata Atlântica tem sido um evento muito importante nos últimos anos. Em cada edição são colocados na pauta os assuntos mais atuais e que tem implicação direta com a conservação dos seus remanescentes. “A semana também sido uma oportunidade de intercâmbio entre os mais variados setores que atuam no Bioma”. Além deste intercâmbio o evento também tem sido uma oportunidade para o anúncio de medidas governamentais importantes. “Para esta edição a esperança é que se anuncie a publicação do decreto de regulamentação da Lei da Mata Atlântica e também algumas Unidades de Conservação que se encontram na Casa Civil já há algum tempo”, disse Miriam.

Mais de 70 ONGs estarão representando os 17 estados brasileiros inseridos no Bioma da Mata Atlântica. Para Tiago Sartori, diretor executivo da Associação Ambientalista Copaíba, de São Paulo, a Semana da Mata Atlântica tem grande importância como instrumento para fortalecer o movimento ambientalista em prol do bioma. “Nesses dias, a troca de experiências e conhecimentos é constante entre os representantes das ONGs de todo o país, tanto nos diálogos e reuniões oficiais quanto nos momentos informais.”

Para ele, participante pelo quarto ano consecutivo, a Semana da Mata Atlântica representou o fortalecimento da organização, “além de ser essencial para a formação de uma rede de contatos da ONG e o estabelecimento de apoio com diversas outras organizações do país”, afirmou.
Durante o lançamento do livro vermelho da fauna ameaçada, o ministro Carlos Minc ressaltou a preocupação com o bioma, alvo de grande pressão antrópica, “estaremos lançando diversos programas de proteção a Mata Atlântica durante estes dias, pois sem dúvida é o bioma mais ameaçado”, finalizou.

Mais informações :
Núcleo Mata Atlântica e Pampa – NAPMA/SBF/MMA
SEPN 505 – Bloco B Ed. Marie Prendi Cruz – Sala 401
Brasília – DF
(61) 3105-2072
elainebastos@mma.gov.br / dilmamenezes@mma.gov.br

Fonte: Ascom RMA

Fauna brasileira ameaçada de extinção triplica em menos de vinte anos


Fabrício Ângelo
Assessor de comunicação da Rede de ONGS da Mata Atlântica(RMA)
Moderador/coordenador nacional da Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia)

O Ministério do Meio Ambiente, com apoio da Fundação Biodiversitas, Conservação Internacional (CI) Brasil e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), lançou o “Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção”. A obra possui dois volumes totalizando 1.500 páginas e foi subdivido em classes animais (aves, répteis, mamíferos, invertebrados e peixes).

No total são 627 espécies de todos os biomas que tem o risco de desaparecer. A apresentação do livro foi feita pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a secretária de Biodiversidade e Florestas do MMA, Maria Cecília Brito, o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Rômulo Barreto e o coordenador de fauna do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), João Pessoa.

Segundo Minc, essa publicação servirá como instrumento para as políticas ambientais do ministério. “Percebemos que é necessário criar novos corredores ecológicos e defender as espécies. Temos o objetivo de criar mais unidades de conservação em todos os biomas. Esse trabalho (o livro) já vem sendo feito há bastante tempo por pesquisadores e técnicos dos órgãos ambientais e com certeza tem respaldo científico”, disse. De acordo com o ministro houve um aumento de quase 300% no número de espécies ameaçadas se comparado a lista divulgada em 1989. “A lista anterior tinha 218 espécies, já no livro são 627. Também podemos destacar que deixaram de estar ameaçadas 79 espécies, como o sagüi bigodeiro, o veado campeiro e o gavião real (harpia)”, destacou. Entre as espécies incluídas estão a baleia azul, o cachalote, a jararaca-ilhoa e o albatroz. Minc ressaltou que o aumento das espécies ameaçadas também se deu devido a inclusão dos peixes na pesquisa, o que não acontecia anteriormente.

Para Rômulo Barreto do ICMBio, o livro vermelho servirá como uma vitrine de informação importante para as ações do órgão. “Isso nos ajudará a ampliar o nosso conhecimento sobre a biodiversidade, além de ser uma forma de mostrar a sociedade que ela também faz parte desse trabalho e que ela pode e deve nos auxiliar a reparar os erros. Cada Unidade de Conservação (UC) do país terá uma edição do livro, que será mostrado aos visitantes e pesquisadores”, disse Barreto.

A secretaria de Biodiversidade e Florestas do ministério, Maria Cecília Brito, se disse satisfeita com o resultado da pesquisa, para ela é importante que o país possua uma obra dessa magnitude que servirá como um marco referencial para ações tanto em políticas ambientais como para novas pesquisas. “O livro possui informações técnico-científicas de pesquisadores renomados. Não é uma obra estática, esperamos estarmos sempre mantendo-a atualizada e que seja cada vez menor. É um registro único sobre a importância da conservação e recuperação da fauna brasileira”.

O ministro Carlos Minc afirmou que o livro terá inicialmente 2.500 edições a serem distribuídas aos órgãos públicos. “Além disso estaremos disponibilizando uma edição da publicação a todas as escolas públicas do país, pois entendemos que a sala de aula é a melhor forma de se apresentar para as crianças a fauna brasileira e como elas podem ajudar em sua preservação”.

João Pessoa, representante do Ibama, ressaltou que o instituto vem realizando diversas ações de proteção e reintrodução da fauna, como os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).

Conservação de aves de rapina

Junto com o livro vermelho, foi lançado pelo ICMBio o Plano de Ação Nacional para a Conservação de Aves de Rapina. Segundo a instituição, o propósito do plano é diminuir a ameaça de extinção de espécies da fauna brasileira. Por isso o governo brasileiro, por meio do MMA, lançou a série “espécies ameaçadas”, que é composta de planos de ação para a conservação da fauna. Esses planos apresentam informações sobre a biologia da espécie ou grupo de espécies envolvidas e propõem uma serem de medidas a serem implementadas em diversas áreas temáticas visando à conservação dessas espécies.

O quinto plano dessa série é dedicado as aves de rapina como gaviões, falcões, corujas, águias que ocupam o topo da cadeia alimentar caçando ativamente. Essa posição na cadeia alimentar faz essa espécie de aves, animais naturalmente raros. Rômulo Barreto, presidente do ICMBio, afirmou que as principais ações desse plano integram combate ao tráfico de animais e as perdas dos habitats por meio da degradação e fragmentação assim como programas de manejo em cativeiro. “O manejo e a reintrodução dessas espécies deve ser feita da melhor maneira possível, promovendo assim sua conservação e recuperação”, explicou.

Mata Atlântica é a que mais preocupa

Mais uma vez o Bioma da Mata Atlântica, assim como aconteceu com a lista da flora brasileira ameaçada de extinção, tem o maior número de espécies da fauna brasileira ameaçada. São 380 espécies o que significa 60,7%, dentre elas podemos destacar o lambari, o jacu, o tamanduá bandeira e o muriqui.

O ministro Carlos Minc afirmou que a situação do bioma é preocupante, principalmente devido às pressões urbanas que sofre. “As metrópoles brasileiras estão inseridas na Mata Atlântica, isso faz com que os impactos sejam inevitáveis, principalmente devido a ganância pelo desenvolvimento. Se a Amazônia ainda possui 83% de área florestal, a Mata Atlântica tem apenas 7%” , declarou. Ainda conforme o ministro, planos de ação efetiva para o bioma foram debatidos pela equipe técnica do MMA e serão apresentados durante a Semana da Mata Atlântica, que acontece entre os dias 15 a 18 de novembro no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

“Entendemos que esse livro é um grito, um basta. Não se pode , em nome do progresso, se extinguir a vida. O livro é vermelho, um vermelho de alerta, de defesa”, ressaltou.

Segundo a bióloga e mestre em Ciência Ambiental, Karla Beatriz Baldini, o maior problema da Mata Atlântica é a ocupação humana (como especulação imobiliária e a construção de indústrias). Karla que é professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) pesquisou durante cinco anos as relações entre comunidade e biodiversidade no Parque Nacional de Itatiaia, estado do Rio de Janeiro, uma das maiores unidades de conservação do bioma com 30 mil hectares. “Nas unidades de conservação ainda se consegue preservar uma parte da biodiversidade, mas falta estrutura e dinheiro para aprimorar as pesquisas. A criação de novas UC´s pode ajudar a salvar inúmeras espécies. Nesses cinco anos dentro do parque percebemos que alguns animais voltaram a habitar o lugar”, disse.

De acordo com a pesquisadora ações de educação ambiental, revalorização do conhecimento local, limpeza de curso d´ água e projetos de reflorestamento podem ajudar a amenizar o processo de extinção. “O maior problema da fauna é a perda de habitat, pois ali eles vivem, se alimentam e se reproduzem. Quando se destrói essas áreas, é como se lhe tirassem a casa, a comida e o emprego”, disse Baldini.

A Associação Mico Leão Dourado foi criada em 1992 com a intenção de preservar essa espécie de primata brasileiro. Localizada na Reserva Ecológica de Poço das Antas no município de Silva Jardim/RJ, a associação tem como meta para o ano 2025 atingir uma população mínima viável de 2.000 micos-leões-dourados vivendo livremente em 25.000 hectares de florestas protegidas. Denise Rambaldi, é secretária geral da associação e concorda que o principal problema do bioma são as atividades antrópicas. “A Mata Atlântica abriga 80% da população e essa necessidade de infra - estrutura causa a destruição dos habitats”, disse.

De acordo com a secretária há outros problemas a serem solucionados como a invasão biológica e as espécies invasoras. “Não existe uma preocupação do ministério com as espécies invasoras e isso nos preocupa. Sem um controle efetivo elas ameaçam a sobrevivência de outros animais”. Para Denise a divulgação do livro é de fundamental importância, pois mostra a situação real de nossa fauna sendo também um forte instrumento no debate político. “É um guia, que mostra para onde temos que mirar nossos esforços. Existem várias maneiras para tentar se salvar as espécies ameaçadas, como a reprodução em cativeiro, a reintrodução aos habitats, mas com critérios. É importante salientar que a principal política é a preservação, não devemos deixar que o animal entre na lista dos ameaçados para ai sim nos preocuparmos com sua extinção”, falou.

Outro problema enfatizado por Denise Rambaldi foi o econômico, segundo ela um projeto como o Mico Leão é muito dispendioso. “Não adianta acharmos que só criar unidades de conservação vai resolver o problema da fauna, pois sabemos de animais que estão ameaçados mesmo dentro das UC´s, é preciso implementar planos de manejo eficientes e sérios , lembrando a sociedade e principalmente ao poder público que todos temos responsabilidade pelo que acontece aos nossos biomas”, finalizou.

Artigo - Obama e o meio ambiente

Adalberto Marcondes
Jornalista e editor da agência Envolverde

Eu passei os últimos dias conversando com um americano e com muita gente ligada ao meio ambiente e à sustentabilidade não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina. Estava em Manaus participando de um encontro de comunicação, Amazônia e Sustentabilidade, promovido pela revista Imprensa.

Bom, o encontro não tratou da política norte-americana, mas nos bastidores os olhos estavam grudados nas TVs para saber como estava a eleição.
Uma das coisas interessantes que surgiu nas conversas foi: “E se o Al Gore fosse convidado por Obama para trabalhar a questão ambiental de forma global”. Ele teria a legitimidade para conversar com o mundo e negociar metas e estratégias contra os principais problemas ambientais. Mas seria factível? “Factível não sei, mas desejável seria”, me confidenciou Mattheu Shirt, editor da National Geografic no Brasil. Realmente seria um sonho para todos que querem ver uma nova maneira de tratar o mundo.

E qual será a política ambiental de Obama? Por enquanto ainda é uma incógnita, mas algumas coisas a gente já pode começar a inferir. A própria formação do homem, filho de um queniano com uma americana, passou parte da infância na Indonésia e conhece o terceiro mundo em sua forma mais degradada. A aposta é que seja um presidente que volte a colocar os Estados Unidos como um ator global e não mais como um gerdaime do mundo. Aliás, esta é a aposta de muita gente tanto na Europa como na América Latina. Os EUA não podem mais ficar isolados e tomando decisões unilaterais. Isto quer dizer, principalmente, retornar aos foros de negociação, como o Protocolo de Quioto e outros.

Produtores brasileiros de álcool preferiam ver o adversário republicano John McCain na Casa Branca. Ele prometeu durante a campanha liberar a importação de álcool produzido no Brasil. Obama não falou sobre isso, mas dificilmente poderá realizar uma política energética coerente com suas idéias em outras áreas sem investir fortemente na substituição de combustíveis e em ficar livre da dependência do petróleo do Oriente Médio. O álcool do Brasil é uma parte pequena nesta equação e sua liberação vai sinalizar ao mundo que os Estados Unidos de Obama não vão manter barreiras protecionistas sem sentido. Os trilhões de dólares que Bush está gastando para salvar bancos são centenas de vezes mais custosos do que os poucos bilhões que serão necessários para destravar as negociações da Rodada de Doha, que pretende um comércio internacional de produtos agrícolas mais livre e não distorcido por subsídios nacionais.
Obama pode ser o presidente que vai ajudar o mundo a fazer uma guinada para a sustentabilidade.

Não vai ser fácil, não vai ser rápido, mas ele tem a credibilidade e a legitimidade para isso. Nos próximos dias vamos ter mais detalhes do que o novo governo pretende em termos ambientais. O importante é que o lobby do combustível fóssil e dos “céticos” perde espaço para um governo que, possivelmente, não estará comprometido com nenhuma corporação energética. Bom, agora precisamos dar um pouco de tempo ao tempo.

Fonte: Envolverde

Petrobras é condenada a indenizar pescador por acidente ambiental

A juíza Luciana de Oliveira Leal, da 20ª Vara Cível do Rio, condenou a Petrobras a pagar indenização de aproximadamente R$ 72 mil ao pescador Carlos Bezerra da Silva, que ficou impossibilitado de trabalhar por um mês devido a um acidente ambiental provocado pelo vazamento de óleo combustível na Baía de Guanabara.

Em 18 de janeiro de 2000, o rompimento de um duto da Petrobras que liga a refinaria Duque de Caxias ao terminal da Ilha d'Água provocou o vazamento de 1,3 milhão de óleo combustível. A mancha se espalhou por 40 quilômetros quadrados. De acordo com um laudo pericial, o acidente prejudicou o ciclo reprodutivo da fauna aquática, gerando danos na atividade pesqueira da região e quedas na pesca de todas as espécies.

Segundo a magistrada, a diminuição da produtividade, ainda que temporária, causou sofrimento ao pescador. “A parte autora se viu privada do seu sustento, sendo que a falta de possibilidade de ganhá-lo, gerando insegurança e intranqüilidade, corresponde a verdadeira ofensa à honra e à dignidade humana” , ressaltou a juíza na decisão. O valor total da indenização é referente a R$ 48 mil de lucros cessantes, R$ 15 mil de danos morais e R$ 9.200 de danos materiais. A Petrobras ainda pode recorrer da sentença.

Fonte: O Dia

Proposta reduz extensão de APPs e de reservas legais

Tramita na Câmara o Projeto de Lei 4006/08, do deputado Max Rosenmann (PMDB-PR), morto neste mês, que reduz a extensão das reservas legais em propriedades rurais e das áreas de preservação permanente (APPs) ao longo de rios. A proposta também faz outras modificações no Código Florestal (Lei 4.771/65), tornando-o menos rigoroso. O objetivo é preservar as florestas brasileiras e, ao mesmo tempo, manter parte das terras produtivas.

Segundo a proposta, as florestas situadas ao longo de rios deverão ter largura mínima de 15 metros para os cursos d'água com menos de 10 metros de largura; e de 30 metros para cursos d'água com largura entre 10 e 60 metros. A lei atual exige a preservação de área com 30 metros de largura no primeiro caso; e com 50 metros para os rios com largura entre 10 e 50 metros.O projeto estabelece ainda largura mínima de 200 metros para a área de preservação nos casos de cursos d'água com mais de 60 metros de largura. Atualmente, a floresta de preservação deve ter largura de 100 metros para rios que tenham entre 50 e 200 metros de largura.

O proprietário será obrigado a recuperar a vegetação nativa das áreas de preservação permanente desmatadas. Para tanto, contará com mudas fornecidas gratuitamente pelo governo estadual e com financiamento da União. Se for preciso, o proprietário deverá isolar áreas de montanhas, encostas, restingas e chapadas para sua regeneração natural.No caso das encostas, a proposta permite a plantação, nesses locais, de pomar, parreiral, bananal, cafezal ou outra cultura que proteja o solo. O Código Florestal não faz referência a essa possibilidade.

Reserva legal

O projeto de Max Rosenmann também reduz de 35% para 20% o tamanho da reserva legal em propriedade rural situada em área de cerrado na Amazônia Legal. O texto permite a compensação da reserva fora da propriedade, desde que em área localizada no mesmo bioma. Atualmente, é permitida a compensação de 15% da reserva em outra área, desde que localizada na mesma microbacia.Nas demais regiões do País, segundo a proposta, o tamanho da reserva legal variará de acordo com o tamanho da propriedade.

A reserva será de 5% nas propriedades com área de 1 a 3 módulos rurais e de 10% nos imóveis com mais de 3 módulos. Nas propriedades com mais de 800 hectares, será acrescido 1% a cada 100 hectares para formar a reserva, até o limite de 20%. Já em propriedades de até um módulo rural, a constituição de reserva será facultativa. O projeto permite a recomposição da reserva legal com espécies exóticas, além das nativas, e fixa prazo até 2015 para o proprietário complementá-la mediante o plantio parcelado anual.

A lei atual estabelece plantio a cada 3 anos de no mínimo 1/10 da área total necessária à complementação. Também nesse caso será permitida a compensação da reserva em outra área do mesmo bioma, em vez da mesma microbacia, como é hoje. Além disso, se preciso, o proprietário também poderá isolar a reserva para sua regeneração natural.

Tramitação

O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta:- PL-4006/2008

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

MMA lança Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

Daniela Mendes

O Ministério do Meio Ambiente lançará nesta terça-feira (4), às 10h, no auditório do Edifício Marie Prendi Cruz (505 Norte, em Brasília), o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Uma publicação elaborada em parceria com a Fundação Biodiversitas que, pela primeira vez, traz um amplo conjunto de informações das espécies presentes nas Listas Nacionais Oficiais de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção.

São mais de mil e quatrocentas páginas distribuídas em dois volumes, com dados sobre a biologia, distribuição geográfica, presença em unidades de conservação, principais ameaças, estratégias de conservação, indicações de especialistas e de núcleos de pesquisa e conservação envolvidos com as espécies.

A cerimônia de lançamento contará com a presença do ministro Carlos Minc; da secretária- executiva do MMA, Izabella Teixeira; da secretária de Biodiversidade e Florestas, Maria Cecília Wey de Brito; do presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Rômulo Mello; do presidente do Ibama, Roberto Messias, entre outros convidados.
Haverá ainda a assinatura de uma portaria pelo ministro Carlos Minc e pelo presidente do ICMBio, reconhecendo instrumentos da Política Nacional de Biodiversidade voltados para a conservação e recuperação de espécies ameaçadas de extinção.

Além disso, a portaria definirá procedimentos e atribuições do MMA e do ICMBio a serem seguidos quando da atualização de Listas Nacionais Oficiais de Espécies Ameaçadas de Extinção. No evento será efetuado também o lançamento de um plano de ação para as Aves de Rapina, elaborado no âmbito do ICMBio.

O principal papel dos livros vermelhos é alertar os tomadores de decisão, profissionais da área de meio ambiente, conservacionistas, e a opinião pública em geral, sobre o risco crescente de extinção de espécies e suas conseqüências sobre o patrimônio genético do planeta. A elaboração de livros contendo as descrições das espécies consideradas sob ameaça de extinção (livros vermelhos), realizada com base em critérios científicos e consulta a especialistas, constitui uma ferramenta básica para a conservação e recuperação dessas espécies.

A elaboração do Livro Vermelho decorre diretamente das Listas Nacionais Oficiais de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção (INs MMA nº 3/2003 e nº 5/2004), incluindo pela primeira vez em uma única obra todas e somente as espécies que o governo brasileiro efetivamente reconhece como ameaçadas de extinção. Representa, portanto, a continuidade de ações iniciadas a partir da elaboração das Listas de Espécies Ameaçadas, no sentido de um dia poder retirá-las dessa condição.

A lista com as espécies citadas nos livros vermelhos pode orientar o desenho das políticas públicas e privadas de ocupação e uso do solo, a definição e priorização de estratégias de conservação, o estabelecimento de medidas que visem reverter o quadro de ameaça às espécies, além de direcionar a criação de programas de pesquisa e formação de profissionais especializados em biologia da conservação.

Primeira lista

A primeira lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção é de 1968 (Portaria IBDF nº 303) e contava com 44 espécies. A primeira lista publicada no âmbito do Ibama (Portaria nº 1.522) ocorreu em 1989, com 206 espécies animais sob ameaça de desaparecimento, dentre vertebrados e invertebrados, das quais sete espécies consideradas como provavelmente extintas. A lista atual, publicada por intermédio das Instruções Normativas MMA nº 3/2003 e nº 5/2004, conta com 627 espécies ameaçadas de extinção, sendo 130 de invertebrados terrestres, 16 de anfíbios, 20 de répteis, 160 de aves, 69 de mamíferos, 78 de invertebrados aquáticos e 154 de peixes.

Maiores informações sobre o tema podem ser obtidas no Portal sobre Espécies Ameaçadas de Extinção do MMA, no endereço www.mma.gov.br/ameacadas.

Fonte: ASCOM MMA

Construção verde

Thiago Romero

Um grupo formado por quatro pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, desenvolveu um tijolo para a construção civil que utiliza resíduos de espécies frutíferas da maior floresta tropical do mundo como matéria-prima, algo bem diferente dos produtos convencionais feitos de argila.
A novidade, que levou oito meses para ser concluída e está em processo de patenteamento, é confeccionada com o ouriço e com a casca da castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa) e com fragmentos vegetais do tucumã (Astrocaryum aculeatum), palmeira que chega a medir 20 metros de altura.

O projeto de desenvolvimento do tijolo ficou com a segunda colocação na categoria “Econômica – Tecnológica” do prêmio Professor Samuel Benchimol 2008, concedido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior a iniciativas que visam ao desenvolvimento sustentável da Amazônia.

De acordo com o idealizador do produto, Jadir Rocha, pesquisador titular da Coordenação de Pesquisa em Produtos Florestais do Inpa, os componentes vegetais são triturados e aglutinados com resinas fenólicas, obtidas pela reação de condensação e polimerização entre um fenol e um aldeído (compostos químicos orgânicos), para em seguida passar por um processo de prensagem em altas temperaturas. “Além das matérias-primas serem vegetais e, por isso, poderem ser recicladas após o uso em construções, outra novidade é que o tijolo se mostrou excelente isolante térmico. Ele tem um sistema de encaixe tipo macho-fêmea, sem precisar de massa ou cimento, o que facilita e reduz o tempo de construção das paredes e divisórias”, disse Rocha à Agência FAPESP.

“Os resultados dos testes em laboratório foram bastante satisfatórios. As matérias-primas utilizadas na sua confecção são de alta durabilidade, conferindo resistência mecânica semelhante à dos tijolos convencionais”, afirmou. Participaram do trabalho as pesquisadoras Cynthia Pontes, Tereza Bessa e Vânia Lima, do Laboratório de Engenharia da Madeira do Inpa.

Rocha conta que o tijolo, que ainda passará por novos estudos antes de chegar ao mercado, poderá ser utilizado em qualquer tipo de edificação até quatro andares. Segundo ele, é possível construir uma casa popular de cerca de 40 metros quadrados, por exemplo, com aproximadamente 5 mil tijolos. “O desenvolvimento do tijolo foi motivado pela necessidade de pesquisas voltadas para o aproveitamento e a valorização da potencialidade da biodiversidade vegetal da Amazônia. É importante diminuir a pressão sobre os estoques de espécies arbóreas economicamente desejáveis, que vêm sendo reduzidas drasticamente na natureza”, ressaltou.
Uma das justificativas para o desenvolvimento do projeto foi a grande disponibilidade de matéria-prima na região amazônica.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são produzidas anualmente mais de 30 toneladas de castanha-do-brasil no Norte do país. Estima-se que sejam gerados pelo menos duas vezes mais resíduos, que normalmente são jogados no lixo após a colheita do fruto. “Ser agraciado com o prêmio Professor Samuel Benchimol é extremamente gratificante, pois se traduz no reconhecimento dessa proposta para o desenvolvimento sustentável da floresta amazônica”, disse Rocha, ressaltando que a tecnologia do tijolo vai ao encontro dos planos de governo e prioridades de políticas públicas da região por se enquadrar nos objetivos do Plano Amazônia Sustentável (PAS), do Ministério do Meio Ambiente.

Fonte: Agência Fapesp

Livro discute desafios e perspectivas do Jornalismo Ambiental


Publicação do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul traz 32 textos de autores nacionais e internacionais

O Núcleo de Ecojornalistas do RS lança na quarta-feira, 05.11, às 18h30, na Feira do Livro de Porto Alegre, o livro “Jornalismo Ambiental: desafios e reflexões”. A publicação, com 450 páginas, reúne 32 textos sobre peculiaridades, problemas e possibilidades da cobertura sobre meio ambiente.

A obra foi organizada pelos jornalistas e pesquisadores Ilza Girardi e Reges Schwaab, integrantes da diretoria do NEJ/RS e sai pela Editora Dom Quixote, de Porto Alegre.Segundo Ilza Girardi, o livro representa a concretização de um esforço coletivo para colocar à disposição de jornalistas e estudantes da área, um material que contribuirá com a qualificação profissional e o aprofundamento das discussões sobre os problemas ambientais. “O nosso papel, enquanto jornalistas, é o de levantar temas, questionar problemas que afetam a qualidade de vida de todos os seres e também mostrar bons exemplos”, argumenta.

Ao debater a complexidade da abordagem da problemática socioambiental, o conjunto de artigos busca ampliar a compreensão da natureza do Jornalismo Ambiental e do próprio fazer jornalístico: os pressupostos éticos, o caráter público da informação, a cidadania e a necessidade de uma cobertura qualificada, superando uma visão fragmentária da realidade.

Fruto dos debates do II Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, promovido pelo Núcleo em 2007, o livro está dividido em duas partes. Na primeira, estão textos de jornalistas brasileiros e de outros países da América Latina, além de pesquisadores da área, que foram conferencistas no evento: Adalberto Marcondes, André Trigueiro, Beatriz Dornelles Gabriela Michelotti, Vilmar Berna e Wilson da Costa Bueno, do Brasil, além de Adelfa Fiallo (Cuba), Hernán Sorhuet Gelos (Uruguai), Miguel Angel de Alba (México), Sharon Pringle (Panamá) e Victor Bacchetta (Uruguai).Na segunda parte, o livro traz textos de pesquisadores de diferentes etapas de formação acadêmica, além de professores universitários, apresentados nas sessões de trabalhos científicos do Congresso: Ana Paula Lückman; Bianca Costa; Carine Massierer; Clarissa Baumont, Ilza Girardi e Rosa Nívea Pedroso; Carlos Fioravanti; Cláudia de Moraes e Aline Corrêa; Cristiane Pereira; Dinair Teixeira; Edileuson Almeida; Efraim Neto; Eloísa Loose; Fabrício Ângelo e Cacilda Carvalho; Jane Mazzarino; Katarini Miguel; Lara Ely; Laura Martirani e Helena Gomes; Lourdes Silva e Nilzélia Oliveira; Maria Daniela Vianna e Wanda Günther; Maria Morais; Mariana Campos; Patrícia Kolling e Everton Maciel.

Para Ilza Girardi, que também é a atual coordenadora do NEJ/RS, o livro “Jornalismo Ambiental: desafios e reflexões” é uma conquista marcante dentro dos 18 anos da entidade. A contribuição gentil dos autores foi fundamental, segundo ela, para concretizar a proposta. “Esperamos continuar com as nossas diversas frentes de atuação: os debates das Terças Ecológicas, o portal EcoAgência, o programa de rádio Sintonia da Terra, além das publicações, palestras e cursos que temos oferecido. O que move o NEJ/RS é a crença de que através deste trabalho avançamos na construção de uma vida sustentável, que significa um mundo com justição social, paz, solidariedade e respeito a todos os seres”, completa.

Jornalismo Ambiental: desafios e reflexões. Ilza Girardi e Reges Schwaab (orgs.).

Editora Dom Quixote e Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul

Lançamento: 05.11, quarta-feira, 18h30 – Praça Central da 54ª Feira do Livro de Porto Alegre

Páginas: 450 págs

ISBN: 978-85-99988-15-2

Vendas: O livro estará disponível nacionalmente pela Livraria Cultura e nas seguintes livrarias de Porto Alegre: Bamboletras, Palavraria, Zouk, Letras & Cia, Usasul, Livraria do Advogado, Palmarinca, Pereira e Moura (Direito/UFRGS), Ventura e Livraria Ábaco. Nos próximos dias o NEJ/RS iniciará a venda também por meio do site http://www.ecoagencia.com.br/

Fonte: Ecoagencia