quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Ibama autoriza obras em mais um trecho da BR-163


Por Luana Lourenço, da Agência Brasil


O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu licença ambiental para mais um trecho da BR-163, rodovia que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA).

A licença de instalação autoriza o Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit) a começar as obras de pavimentação do lote Tapajós III, com 83,9 quilômetros de extensão, entre os municípios paraenses de Rurópolis e Santarém.

A previsão é de que o trecho esteja concluído até dezembro de 2011, de acordo com o balanço mais recente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Até o fim de 2010, o investimento do governo em toda a rodovia deve chegar a R$ 1 bilhão.

A região da BR-163 é um dos principais focos de desmatamento na Amazônia, principalmente pelo avanço da pecuária. Após o anúncio do asfaltamento da rodovia, em 2002, o desmatamento na região teve um aumento de 500%, o que levou o governo a elaborar um plano de desenvolvimento sustentável para o empreendimento.

Muito além da COP-15

* Por Reinaldo Canto

Foram duas semanas de trabalho intenso, muitas expectativas e um final decepcionante? Não, não é assim que quero deixar registrada a minha participação na COP-15 em Copenhague. É preciso fazer uma análise se não de Poliana, mas que mantenha uma boa distância da opinião daqueles que acreditam ver nos resultados da conferência o fim da linha na luta contra as mudanças climáticas.

Baixar a guarda e jogar tudo para o alto, talvez seja o caminho mais fácil e natural, se considerarmos todos os prognósticos até chegarmos a fatídica e última semana do encontro.
 
Pois foi um grande banho de água fria. Ainda mais ao lembrar que durante o período que estivemos em contato direto com os participantes das mais variadas matizes, muitos com larga experiência nesse tipo de conferência, eram possíveis de serem encontradas opiniões diversas, mas em praticamente todos os casos havia algum otimismo. Fiz várias entrevistas e elas demonstravam com quase unanimidade que Copenhague teria um acordo, não o acordo dos sonhos, mas algo acima do razoável.

Os experientes negociadores brasileiros, por exemplo, acreditavam nesse bom acordo e, claro, com muitas lacunas em aberto que seriam solucionadas ao longo do próximo ano. Ninguém apostava num acordo “corajoso, ambicioso e com força de lei”, como pregavam os países em desenvolvimento e os manifestantes das ONGs que diariamente pressionavam as lideranças mundiais a assumir compromissos efetivos. Mesmo assim, não havia quem apostasse num acordo tão tímido.

Ao final, o interesse particular prevaleceu de maneira pouco inteligente, pois a ausência de um acordo global de redução das emissões de gases de efeito estufa vai custar mais caro em recursos, em vidas e em riquezas da biodiversidade do planeta.
Mas, como diziam os velhos militantes da esquerda brasileira: - a luta continua, companheiro! Copenhague não era a última trincheira dessa batalha, outras virão. O que precisa ficar bem claro é que a COP-15, mostrou de maneira muito clara, a importância e a urgência que o tema das mudanças climáticas passou a ter na agenda das discussões mundiais.

A participação de 5 mil jornalistas do mundo todo,  mais de uma centena de chefes de estado e milhares de integrantes de delegações nacionais e organizações da sociedade civil comprovaram o sucesso desse encontro. Os semblantes carregados dos líderes mundiais ao falar do aquecimento global não deixam dúvidas: a busca pelo desenvolvimento sustentável, ou melhor, menos insustentável está na ordem do dia e assim irá permanecer ao longo dos próximos anos.

*Jornalista, consultor e palestrante, foi correspondente da Envolverde na COP-15 em Copenhague

Fonte: Agência Envolverde

Gordon Brown justifica fracasso de Copenhague

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, deve pedir nessa terça-feira, 22, a criação de um novo órgão para lidar com o problema da mudança climática. Para ele, as negociações da Organização das Nações Unidas, que dependem do consenso de todos seus 192 membros, precisam ser reformuladas.

O acordo firmado em Copenhague, considerado “decepcionante” por Ed Miliband, secretário de Mudança Climática da Inglaterra, foi uma carta de intenções elaborada por Estados Unidos, China, Índia, Brasil e África do Sul. De acordo com Brown, as negociações se tornaram reféns de poucos países.
Miliband culpou a China por paralisar as negociações e recusar um acordo global que pede a redução de emissões de CO2 em 50% até 2050. O secretário também reagiu a críticas de que os países europeus teriam sido ignorados na hora da montagem da carta de intenções. De acordo com ele, as decisões mais importantes foram tomadas por um grupo de 30 países, entre eles, França, Alemanha e Inglaterra.

Governo federal quer estimular manejo florestal entre comunidades tradicionais e assentados

 Amanda Cieglinski da Agência Brasil

Populações quilombolas, ribeirinhas, indígenas e assentados da reforma agrária que vivem na Amazônia vão receber apoio do governo federal para desenvolver seus planos de manejo florestal. O primeiro Plano Anual de Manejo Florestal Comunitário foi apresentado ontem (22) pelos ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. A previsão é de que 18 mil famílias sejam beneficiadas.

Dar a essas comunidades a oportunidade de realizar o manejo florestal era uma antiga revindicação dos movimentos sociais, segundo Cassel. Um plano de manejo organiza a exploração de madeira em uma área ou propriedade para reduzir os danos à floresta.

“Nunca se fez antes porque é difícil, não basta querer ajudar o desenvolvimento sustentável. Exige técnica e tempo. O Estado nunca foi capaz de criar uma cultura de fazer manejo florestal comunitário”, afirmou Cassel.

Entre as ações previstas no plano para auxiliar as comunidades estão a capacitação técnica e uma linha de financiamento de R$ 17 milhões via Pronaf Florestal para agricultores familiares. A ideia é que as comunidades tenham um primeiro contato com as técnicas de manejo florestal para que possam elaborar seus planos.

A etapa 2010 vai abranger 85 municípios em sete estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Maranhão. Segundo Minc, outros biomas também serão beneficiados nos próximos anos.

“Esse plano significa que a população tenha uma alternativa de sobrevivência sem destruir a floresta. É oferecer madeira legal, explorada de maneira que não destrua o bioma”, explicou.

Outra ação prevista no plano, para garantir a renda dessas populações e a exploração sustentável da madeira, é a construção de 700 quilômetros de estradas e de 4 mil casas para assentados da reforma agrária. O volume total de recursos envolvidos no plano de 2010 é de R$ 40,7 milhões.

Governo dá crédito de IPI a empresa que usar material reciclado

Vagner Magalhães do site Terra

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina nesta quarta-feira uma Medida Provisória que prevê um crédito de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a empresa que adquirir matéria-prima reciclada de cooperativas de catadores.

O incentivo fiscal tem como objetivo estimular a cadeia da reciclagem e evitar grandes variações do preço da matéria-prima, além de ajudar a diminuir a influência do atravessador. Detalhes da medida serão explicados posteriormente.

Em São Paulo, Lula participa hoje da celebração de Natal organizada pelo Movimento Nacional de População em Situação de Rua e pelo Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis. O presidente participa do evento pelo sétimo ano consecutivo, desde que tomou posse em 2003.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Ribeirinhos sofrem com seca na Amazônia

Autoridades buscam meios de ajudar as populações ribeirinhas, principalmente os pescadores que vivem às margens dos rios Negro e Solimões. Os peixes estão morrendo e o escoamento da produção agropecuária já está comprometida no Amazonas. A água potável começa a faltar.



Fonte: Agência Brasil

Proposta de acordo para o clima preserva Protocolo de Quioto

A primeira versão do novo acordo para o clima mantém pontos importantes para países em desenvolvimento. 





Fonte:Agência Brasil

Comissão municipal acompanha compensações ambientais na construção de Angra 3

Por Alana Gandra, da Agência Brasil

Uma comissão criada pela Câmara Municipal de Angra dos Reis (RJ) vai acompanhar o cumprimento do termo de compromisso firmado em maio deste ano pela Eletronuclear e a prefeitura local, no valor de R$ 150 milhões, referente às compensações socioambientais da construção da Usina Nuclear Angra 3.

A comissão é integrada por cinco vereadores e será instalada na próxima terça-feira (15). Os recursos relativos às compensações de Angra 3 serão investidos até 2014, prazo em que se prevê a entrada em operação da nova unidade da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto.

O presidente da comissão, Ilson Peixoto, diz que o objetivo, além de fiscalizar o cumprimento dos investimentos acordados, é garantir total transparência das ações à população da região. A comissão pretende realizar três seminários em bairros situados no entorno da usina. Saúde e saneamento deverão concentrar os primeiros projetos de compensações ambientais de Angra 3.

“O povo tem muita dificuldade de acompanhar essas falas dos entes públicos, mesmo com toda a vontade da Eletronuclear e da prefeitura de informar. Quais são as condicionantes? Aonde vai ficar o esgoto?  Quais são as obras feitas? Isso vai representar realmente uma mudança nos indicadores de balneabilidade das praias?”, disse.

Sem florestas não tem acordo

Por Andreia Fanzeres  

A possibilidade de pela primeira vez a Convenção do Clima reconhecer a importância das florestas tropicais para reduzir os impactos do aquecimento global foi confirmada nesta sexta-feira, afastando o receio de que novamente este tema ficasse de fora. No texto preliminar resultado da primeira semana de negociações, o mecanismo de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) é citado como uma das maneiras de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, portanto merecedora de fundos promovidos pelos países de desenvolvidos e garantias para entrar em operação.

Para o pesquisador Richard Betts, diretor de impactos climáticos do Centro Hadley de Meteorologia do Reino Unido, isso é o mínimo que se pode esperar de negociadores ainda divididos entre admitir um limite máximo para elevação da temperatura de 1.5ºC ou 2ºC. Ele demonstrou que para que fiquemos abaixo dos 2ºC é imprescindível garantir uma queda expressiva no desmatamento global.

O último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) mostra que a concentração de carbono equivalente (CO2e) – medida padrão para os gases de efeito estufa – precisa ficar estável na atmosfera entre 445 e 490 partes por milhão (ppm) para que a temperatura suba entre 2ºC e 2.4ºC, o que necessitaria uma redução de emissões em 2050 na ordem de 50% a 85% se comparadas aos níveis de 2000.

Segundo o pesquisador, a destruição das florestas tropicais aumenta entre 41 e 134 partes por milhão (ppm) a concentração de gás carbônico na atmosfera todos os anos, em média. Todos os outros gases de efeito estufa acrescentam ao ar 50ppm de CO2e ao ano. Em 2008, essa concentração já estava na casa dos 385ppm. O que Betts fez foi somar todas essas concentrações, chegando à conclusão que 476ppm superam o cenário para que a temperatura suba até os 2ºC.  “Quanto mais gás carbônico emitimos, mais prejudicamos a capacidade de absorção deste gás pelas próprias florestas tropicais. Então, ao destruí-las perdemos duas vezes”, diz o pesquisador. Estima-se que as florestas sejam capazes de absorver cerca de 17% do carbono da atmosfera.

A boa notícia é que no que se refere aos mecanismos de pagamento por desmatamento evitado, o rascunho do acordo já cita o REDD plus, o que inclui a existência de salvaguardas na manutenção de biodiversidade, na área de obtenção de recursos financeiros, além de direitos de populações indígenas e comunidades locais assegurados. O texto sugerido pelo grupo de trabalho de aconselhamento tecnológico e científico (SBSTA) solicita ainda que os países em desenvolvimento identifiquem ações que resultem em redução de emissões e incremento na absorção de carbono pelo setor florestal. Também que desenvolvam sistemas transparentes de monitoramento de suas matas. Esses trechos, no entanto, ainda estão entre colchetes, o que indica que estes itens ainda não ganharam consenso das delegações envolvidas.

Mais cedo nesta semana, o embaixador brasileiro Luiz Figueiredo Machado, deixou claro em Copenhague que se mecanismos de REDD forem incluídos no acordo final da COP15, não haverá nenhum detalhamento sobre o assunto. Isso, para o pesquisador do Imazon Carlos Souza Jr, é suficiente por enquanto. “O que tem que constar no acordo de Copenhague é que os países reconheçam que o REDD pode ser uma das soluções para conter emissões provenientes de desmatamento”, considerou Souza Jr.

Para Laurent Micol, pesquisador do ICV, essa inclusão do REDD já poderá orientar possibilidades de investimentos iniciais. “Um acordo entre países vai ser mais difícil no curto prazo, mas é possível apenas com princípios básicos estimular projetos menores, entre estados por exemplo”, afirma Micol.

O Brasil, apesar de precisar melhorar e muito sua governança, já tem tecnologia para começar. De acordo com Carlos Souza Jr, um nível de incerteza no monitoramento das emissões de carbono na floresta hoje é de ordem de 15%, o que já é aceitável para a implantação das ações de REDD. “Também é possível construir estimativas históricas de desmatamento e degradação para áreas grandes”, ele lembra.

Armadilhas
Segundo membros do WWF, mecanismos de REDD são conhecidos e discutidos há pelo menos quatro anos, portanto já houve tempo suficiente para uma sofisticação nas discussões sobre este tema a fim de que o acordo de Copenhague seja ambicioso. “Não podemos nos contentar com uma mera citação do REDD no acordo, sem garantias de financiamento, à biodiversidade, aos direitos de comunidades indígenas”, diz Louis Leonard, diretor de assuntos climáticos da organização nos Estados Unidos. Como se viu no rascunho desta sexta-feira, essas salvaguardas foram pelo menos lembradas.

O temor é que algumas omissões se tornem verdadeiras armadilhas. Por exemplo, a definição de florestas até agora negociada inclui florestas plantadas para monocultura. “Não podemos olhar essa questão do ponto de vista apenas das emissões de carbono. O texto final deve conter uma menção explícita a garantias de que florestas nativas não poderão ser destruídas para que em seu lugar sejam colocadas outras cujo crescimento seja mais rápido para o seqüestro do carbono”, explica Emily Brickell, representante da área de clima e florestas da WWF Internacional.

Sem a garantia financeira de longo prazo também não há como sequer iniciar o processo de capacitação de instituições nos países em desenvolvimento para as primeiras ações relativas à redução do desmatamento, como monitoramento da floresta e estabelecimento das linhas de base nacionais, que servem como referências para o cálculo de emissões a serem reduzidas. “As organizações não governamentais recomendam pelo menos 42 bilhões de dólares por ano só na área de REDD para os países em desenvolvimento”, diz Brickell.

O diretor executivo da Coalização para Nações de Florestas Tropicais, Kevin Conrad, lembrou que se os mecanismos de remuneração não ficarem claros, corre-se o risco de premiar com recursos financeiros quem na verdade tira lucro de sua destruição. “Se você corta a floresta, se beneficia. Se muda de lugar e deixa de cortar, vai passar a poder receber por isso, e se resolve transformar a área aberta em plantação, ganhará novamente”, falou.

Fonte: O Eco

Tudo parado em Copenhague

O dia começou quente por aqui. As negociações estão paralisadas desde as 10h da manhã, quando os países africanos e alguns outros países em desenvolvimento decidiram não participar de mais nada enquanto não se discutir o Protocolo de Quioto (que define obrigações de reduções de emissão de gases de efeito estufa para os países ricos, com exceção dos EUA).

O medo dos países africanos é que discutir outras coisas antes de acordar a continuidade das obrigações dos países ricos significaria matar o Protocolo de Quioto – que é hoje a única ferramenta formal para reduzir as emissões e combater as mudanças climáticas.

Nesse momento, a presidente da Conferência e os chefes de algumas poucas delegações estão reunidos, tentando resolver o impasse, enquanto a maior parte das pessoas está sentada na plenária, esperando.

Um grupo de cerca de quinze jovens começou a cantar na plenária uma música que tem uma letra bem apropriada pro momento - fala sobre a esperança por um mundo melhor e da vontade de gritar “o que está acontecendo?”:

And so I wake in the morning

And I step outside

And I take a deep breath and I get real high

And I scream at the top of my lungs

What’s going on?

Os seguranças logo chegaram e mandaram parar. Agora estão colocando todos os observadores pra fora da plenária, inclusive os observadores da ONU (como agências internacionais, outras Convenções, Banco Mundial, FMI, etc).

Fora da plenária, cerca de 50 pessoas fizeram um flashmob de apoio aos países africanos agora há pouco: vestiram capas de chuva azuis e começaram a gritar “Por favor, apóiem a Africa. Metas em Quioto agora!”. Durou pouco, mas significou bastante.

Fonte: Greenpeace

Leilão de energia eólica tem início com oferta de 10 mil MW

O primeiro leilão de projetos de energia eólica teve início pouco depois das 10h30 (de Brasília) desta segunda-feira. A Empresa de Pesquisa Energética habilitou 339 projetos para a licitação.

Os empreendimentos possuem capacidade combinada de 10 mil megawatts, o equivalente a uma vez e meia o complexo hidrelétrico do rio Madeira, com as usinas de Jirau e Santo Antonio.

Os Estados do Ceará e do Rio Grande do Norte são os que concentram a maior quantidade de empreendimentos no leilão. Juntos, os dois Estados correspondem a 6.144 megawatts habilitados para a licitação.

Fonte: Terra

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Metade das emissões de gases-estufa do Brasil vem da pecuária, diz estudo

‘Pegada de carbono’ da carne bovina foi calculada pela 1ª vez. CO2 emitido por kg custa mais que a própria carne, comenta pesquisador.

Ricardo Muniz Do G1, em São Paulo

A pecuária emite metade dos gases causadores do efeito estufa liberados pelo Brasil a cada ano. ( Clique aqui para entender a relação entre os gases-estufa e o aquecimento global.)

Além disso, implantação de novas pastagens abocanha três quartos da área desmatada na Amazônia e 56,5% no Cerrado.

Resultado de cinco meses de trabalho, os números, inéditos, são de estudo coordenado por Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.

Os principais dados da pesquisa, cuja íntegra ainda será publicada em revista científica internacional, foram divulgados nesta quinta-feira (10) e serão apresentados em duas reuniões sábado (12) na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP 15 . Os autores (ao todo, dez especialistas) ressaltam que suas conclusões “não representam necessariamente” a posição das instituições em que atuam.
 levantamento verificou que em 2005 a emissão de gases-estufa (GEE) da pecuária representou 48% do total brasileiro. A atividade emitiu 1,055 bilhão de toneladas de GEE sobre 2,203 bilhões do total nacional, número do tão esperado inventário brasileiro de emissões,  divulgado só recentemente pelo Ministério da Ciência e Tecnologia  .

Clique aqui para baixar o inventário (formato .pdf, 16 páginas).

Ocorre que no inventário oficial as emissões são divididas por grandes grupos, como energia, processos industriais, mudança no uso da terra e florestas etc. “A diferença desse estudo em relação às abordagens estatísticas tradicionais é que elas dividem as emissões por categorias, e nossa abordagem é pela cadeia de um produto específico”, explicou Smeraldi ao G1. “Então ela é transversal, porque envolve uso da terra e fermentação entérica (basicamente, arroto de boi e vaca), por exemplo, processos que estão separados no inventário.”

Assim, é a primeira vez que a chamada “pegada de carbono” de um produto específico, no caso a carne bovina, é calculado. Pegada de carbono é a quantidade de gás-estufa liberada direta ou indiretamente por uma certa atividade. “O interessante desses dados é que eles podem começar a traduzir toda a situação para o consumidor, a dona de casa, o investidor”, comentou Smeraldi, que viaja hoje para Copenhague.

“Essa é a diferença de ter números sobre categorias e números sobre produtos: 1 quilo de carne industrializada significa 300 quilos de gás-estufa emitido, e esses 300 kg custam R$ 10 no mercado de carbono. É mais do que o custo da própria carne por quilo no atacado (o kg do dianteiro custa R$ 3,60; do traseiro, R$ 5,90)”, disse o especialista.

“Como investidor eu posso raciocinar que, se a carne tivesse que pagar o CO2 que emite, ficaria inviável. Por outro lado, se seguir boas práticas, posso reduzir uma barbaridade essa emissão e vender o CO2 poupado no mercado de emissões por um preço superior ao da carne. Frigorífico pode fazer mais dinheiro vendendo redução de carbono do que vendendo a própria carne.”


Minc critica postura dos países ricos em Copenhague

Márcio Leijoto

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, criticou nesta quinta em Goiânia (GO) a postura dos países ricos na 15ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP-15), iniciada na segunda-feira em Copenhague. Para Minc, existe uma pressão para diminuir as metas de redução de emissão de poluentes e gases que provocam o efeito estufa e também os recursos que serão dados aos países pobres para políticas ambientais. O ministro reclama também da tentativa dos países ricos em separar Brasil, Índia e China do grupo dos países considerados pobres. "Nós também queremos recursos", disse o ministro.

Minc diz que a proposta da Europa em reduzir a meta de corte de emissão de gases de 30% para 20% para atrair os Estados Unidos pode ser catastrófica para o clima. "Em vez de a Europa puxar os Estados Unidos para cima em matéria de meta, são os Estados Unidos que estão puxando a Europa para ser menos exigente, menos pretensiosa".

Outro ponto que, segundo o ministro, será combatido pelo Brasil é o recuo em relação ao volume de recursos a serem repassados aos países pobres. "Antes se falava em US$ 100 bilhões por ano, que já era insuficiente para apoiar todos os países pobres para reduzir emissões, preservar florestas, e adaptação para as políticas ambientais. Agora querem diminuir isso".

Mas o que mais preocupa o ministro é a tentativa de afastar o Brasil do grupo dos países pobres e assim deixar o país de fora dos recursos a serem repassados pelos governos mais ricos. "Estão querendo meio que meter uma cunha entre Brasil, Índia e China e os países mais pobres, criando duas categorias, dizendo que países como o Brasil já são emergentes. Nós não aceitamos isso. Nós exigimos recursos também para o Brasil, Índia e China, porque o Protocolo de Kyoto assim o determina", afirmou.

O ministro disse que defende mais recursos para os países mais pobres e garante que o Brasil vai ajudá-los com tecnologia e experiência. "Por exemplo, países pobres só vão receber recursos para preservar florestas se tiverem monitoramento para provar que está caindo o desmatamento, e isso eles não tem. Nós temos, então vamos ajudar os outros países a fazer esse monitoramento", afirmou.

Minc avalia que vai ser uma "queda de braço muito brava e poderosa", mas acredita que o Brasil está o "dever de casa". Ele diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou ontem o projeto de lei que cria um fundo para financiar ações de combate a tudo que provoque mudanças climáticas. A previsão é que sejam arrecadados até R$ 800 milhões por ano para este fundo.

"Para mim é o primeiro país que tem um fundo desses originado dos combustíveis fósseis, é 10% do lucro do petróleo. Fomos o primeiro país em desenvolvimento a apresentar uma meta, uma meta forte, para redução de gases. Nenhum país em desenvolvimento apresentou uma meta de 35% a 39% até 2020. E agora estamos aprovando financiamento para estas medidas", disse.

O ministro participou hoje no começo da tarde do encerramento de uma reunião de planejamento do Ibama de todos os Estados brasileiros, ocorrida durante 10 dias em Goiânia.

Fonte: Terra

Convênio entre FAO e Brasil vai monitar alterações do clima

Parceria entre a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil, Inpe, estabelece as bases para o maior estímulo de controle do impacto das mudanças climáticas nos países em desenvolvimento.

Daniela Traldi, da Rádio ONU em Nova York.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, assinou um acordo nesta quinta-feira com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil, Inpe, para o trabalho conjunto de elaboração de relatórios e medição de emissão de gases de efeito estufa.

Segundo a FAO a parceria estabelece as bases para o maior estímulo ao monitoramento do impacto das mudanças climáticas nos países em desenvolvimento.

Controle
O controle das florestas é parte essencial do Programa da ONU de Redução das Emissões de Carbono em Países em Desenvolvimento, o UN-Redd.

A FAO afirma que muitas dessas nações vão precisar investir em monitoramento antes de se juntarem ao projeto, já que os sistemas atuais não são precisos e não preenchem as normas estabelecidas pelo UN-Redd.

Segundo a agência da ONU o trabalho do Inpe abre caminho para um controle em larga escala quanto ao desmatamento e a degradação das florestas, e fornece dados exatos ao público.

Com o acordo, os resultados e os sistemas de monitoramento brasileiros estarão disponíveis para outros países.
A parceira foi assinada pelo diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, e pelo chefe do Inpe Gilberto Câmara.

"Climagate": 1.700 cientistas ratificam as provas do aquecimento global

Mais de 1.700 cientistas britânicos assinaram uma declaração ratificando que o aquecimento climático é provocado pelo homem, em resposta ao caso dos e-mails de especialistas suspeitos de manipular dados, informaram nesta quinta-feira fontes oficiais.

"Nós, membros da comunidade científica britânica, temos a maior confiança nas provas sobre o aquecimento climático e as bases científicas que levam a concluir que isto se deve principalmente à atividade humana", escreveram os cientistas, neste texto divulgado pelo Met Office, os serviços de meteorologia britânicos.

A publicação do pedido, revelado pelo jornal The Times e confirmada quinta-feira pelo Met Office, aconteceu no momento em que estão reunidos em Copenhague 193 países para encontrar um acordo contra o aquecimento climático.

O Met Office pediu a 70 cientistas que assinem e divulguem uma petição em reação ao escândalo chamado "Climagate", que levou a ONU a lançar uma investigação.

O caso se refere à publicação na internet mês passado de milhares de e-mails de pesquisadores do prestigioso centro de pesquisas sobre o clima (CRU) da Universidade de East Anglia, no leste da Inglaterra, vítima de hackers ou de um vazamento.

Várias mensagens, entre elas algumas vindas do diretor do CRU Phil Jones, indicariam que a comunidade científica manipula os dados sobre o clima para negar a tese de um aquecimento devido a atividade humana, segundo os opositores a esta teoria. Phil Jones desmente, afirmando que estes e-mails saíram de seu contexto, e a Universidade de East Anglia está fazendo sua própria investigação.

Em um dos e-mails particulares invadidos pelos hackers, Jones menciona um "truque" empregado para maquiar as estatísticas de temperatura a fim de "ocultar uma redução".

Jones disse que as mensagens foram retiradas de contexto para sugerir que os cientistas tentavam suprimir dados que não apoiavam sua teoria de que a mudança do clima é consequência da irresponsabilidade ambiental do homens.

Com este escândalo, os responsáveis do Met Office lançaram uma petição "defendendo nossa profissão contra este ataque sem precedente visando a nos desacreditar, nós e a ciência do aquecimento climático", destacou um porta-voz dos serviços meteorológicos.

O chamado "Climagate" levou o presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) a afirmar, no início da COP15 em Copenhague, que objetivo da ação era desacreditar seu grupo.

"O recente incidente de roubo de e-mails de cientistas da Universidade de East Anglia demonstra que algumas pessoas estão dispostas a recorrer à ilegalidade, talvez para desacreditar IPCC", afirmou o presidente do grupo de especialistas premiados em 2007 com o Nobel da Paz, Rajendra Pachauri.

"Mas nosso painel dispõe de um histórico de avaliações transparentes e objetivas de mais de 21 anos, estabelecidas por dezenas de milhares de cientistas em todos os cantos do mundo", insistiu.

O IPCC está investigando as recentes acusações contra um reconhecido climatologista britânico suspeito de ter manipulado dados de pesquisas para exagerar os efeitos da mudança climática no mundo.

Fonte: AFP

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Minc defende zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defendeu há pouco o zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar, argumentando que o etanol brasileiro tem inimigos no exterior por causa de questões ambientais. "O mercado internacional é muito sensível à questão ambiental", alertou.
Ele participa de audiência pública na Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional para discutir o Projeto de Lei 6077/09, do Poder Executivo, que regulamenta o Zoneamento Agroecológico Nacional da Cana-de-açúcar e restringe o plantio no território nacional.
O projeto proíbe a expansão do plantio de cana-de-açúcar na Amazônia, no Pantanal e na bacia do Alto Paraguai. Também proíbe a supressão, em todo o território nacional, de vegetação nativa para expandir esse cultivo.


Mercado exigente
Segundo o ministro, o mercado externo está ficando cada vez mais exigente, criando barreiras por questões ambientais, e quem não se adequar vai ficar fora. No entanto, afirmou o ministro, o Congresso Nacional poderá aperfeiçoar o projeto.

No caso da Amazônia, Carlos Minc disse que o Ministério da Agricultura prevê a produção de dendê, que é mais apropriado, segundo a Embrapa, em termos de solo.

Fonte: Agência Câmara

Países do G77 se dividem por exigências em novo acordo

Pequenos estados insulares e nações pobres da Africa exigiram, nesta quarta feira , que a conferência do clima se direcionasse para um acordo juridicamente vinculativo mais forte do que o Protocolo de Quioto. Os países emergentes se opuseram à proposta.

Após uma divisão bastante incomum dentro do bloco do G77, a pequena ilha de Tuvalu pediu - e obteve - a suspensão das negociações sobre o clima para ganhar tempo e tentar resolver as questões de bastidores.

A divisão surgiu depois de algumas nações exigiram um tratado juridicamente vinculativo que leve a um aquecimento global máximo de 1,5 graus Celsius. Eles também querem a estabilização dos gases efeito estufa em 350 partes por milhão (ppm) em vez do 450ppm sugeridos pelos países desenvolvidos e algumas grandes nações em desenvolvimento.

Esses países alegam que o acordo em vigor, o Protocolo de Quioto, não é forte o suficiente para os países mais vulneráveis às conseqüências das mudanças climáticas. Eles querem um novo protocolo paralelo a Quioto.

A exigência foi rechaçada por representantes de emergentes como China, Índia e África do Sul, afirmando que isso iria retardar seu desenvolvimento econômico. "A tarefa principal desta conferência é adaptar um resultado consensual ao Plano de Ação de Bali [acordado em 2007], e nós devemos nos focar nisso", disse o principal negociador da China, Su Wei. "Nós já temos um sistema válido para combater a mudança climática", acrescentou.

Fonte: Site da COP 15

Modelos do IPCC em escala regional

Por Fábio de Castro

Ao utilizar uma técnica de redes neurais artificiais, um pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desenvolveu uma nova ferramenta de modelagem estatística que permite aplicar os modelos climáticos globais do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) em escalas regionais.
A redução de escala torna possível a construção de um modelo empírico de diagnóstico voltado para o estudo de possíveis mudanças no regime climático sobre a América do Sul.

O estudo, que foi capa da seção de ciências atmosféricas do boletim da União Geofísica Norte-Americana, é resultado da pesquisa de pós-doutorado de David Mendes, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Inpe, que tem apoio da FAPESP na modalidade Bolsa de Pós-Doutorado.

O trabalho também gerou um artigo feito em parceria com o orientador José Antonio Marengo, coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Mudanças Climáticas do Inpe e integrante do IPCC, publicado na revista Theoretical and Applied Climatology.

O novo método permite identificar relacionamentos não-lineares entre o clima local e a circulação em grande escala. “A principal conclusão foi que o processo de redução de escala dos modelos climáticos por meio do uso de RNA se mostrou ótima ferramenta para aprimorar a precisão dos modelos – tanto em análise climática como para previsão do tempo”, disse Mendes à Agência FAPESP.

Usando o método, o pesquisador avaliou cinco modelos do IPCC que simulavam o clima global entre 1976 e 2000. Segundo ele, a redução de escala dos modelos por meio de redes neurais mostrou resultados realistas – isto é, muito semelhantes aos dados observados empiricamente.
“Conseguimos criar uma ferramenta consistente de previsão climática e de diagnóstico das mudanças no clima sobre a América do Sul. Isso permitirá estudar possíveis alterações no regime climático sobre o continente, especialmente em relação ao regime de precipitação”, apontou.

Mendes conta que modelos climáticos globais têm resoluções que variam de 300 quilômetros a 400 quilômetros e que, por isso, não são capazes de fazer uma boa representação do clima em uma região menor. Por isso, uma solução seria aplicar a rede neural artificial, que é uma técnica de inteligência artificial, para reduzir as escalas.
“Podemos trazer um modelo global para uma escala regional – temos condições de fazer isso no Inpe –, mas esse procedimento requer recursos computacionais imensos. Ao utilizar as redes neurais artificiais, conseguimos fazer essa redução com base em uma análise estatística, o que requer uma carga computacional muito menor”, explicou.

Os modelos globais podem indicar, por exemplo, que a temperatura da Amazônia aumentará 5º C em determinado cenário. Mas essa alteração climática não deverá ocorrer de forma homogênea em toda a imensa região amazônica.

O método proposto por Mendes possibilita refinar esses prognósticos. “Os métodos estatísticos melhoram sensivelmente a validação do modelo e sua acurácia, trazendo informações mais próximas do real”, disse.
As chuvas convectivas, que duram de 40 a 50 minutos, também são efeitos locais que não podem ser captados pelos modelos globais. “O tempo e a escala de ocorrência desses fenômenos são pequenos, por isso os modelos globais não conseguem capta-los. É aí que entra o papel dos modelos regionais”, disse.

Modelos aprimorados
O trabalho publicado na Theoretical and Applied Climatology enfatiza a aplicação da ferramenta para a região amazônica. Mas o pesquisador do Inpe testou a aplicação do método para outras regiões também e o erro foi sempre menor que 5%.
“Fizemos o trabalho com cinco modelos e agora estamos passando para dez. Verificamos que o erro é um pouco maior quando o método é aplicado ao Nordeste do Brasil, em comparação às demais regiões da América do Sul. Achamos que isso pode ter relação com a maior variabilidade de chuvas sobre essa região”, disse.

Ao fim do trabalho, os dez modelos serão submetidos à aplicação da análise estatística a partir de um cenário pessimista e um otimista do IPCC, projetando-os regionalmente sobre toda a América do Sul. A partir dos dois cenários, os pesquisadores do Inpe tentarão entender melhor o mecanismo climático regional e produzir uma linha de diagnóstico para o futuro.
“As redes neurais artificiais são ferramentas indispensáveis para aprimorar os modelos. É possível adquirir pacotes com redes neurais já prontas. Não são caras e não demandam grande capacidade computacional. Esperamos que nos próximos anos a própria rotina dos modelos já contenha uma análise estatística que tente corrigir os erros”, disse Mendes.

O artigo Temporal downscaling: a comparison between artificial neural network and autocorrelation techniques over the Amazon Basin in present and future climate change scenarios, de David Mendes e José Marengo, pode ser lido por assinantes da Theoretical and Applied Climatology em http://www.springerlink.com/content/p663n4576586350w.

Fonte: Agência Fapesp

Embaixador Serra reafirma os compromissos do Brasil com a preservação da Amazônia

Neste momento em que avultam os boatos de enfraquecimento do Código Florestal por meio de Medida Provisória, o Embaixador Sérgio Serra, um dos principais negociadores da delegação Brasileira na COP 15, reafirmou, em entrevista exclusiva à equipe do ISA, a seriedade dos compromissos assumidos pelo Brasil com a redução de 80% do desmatamento da Amazônia até 2020, e diz esperar que nenhuma alteração venha a comprometer nossa capacidade de cumpri-los.

Fonte: ISA


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Reduzir CO2 não impede aquecimento, diz Luiz Carlos Molion

Carolina Oms do Terra Magazine

Para o professor Luiz Carlos Molion, representante da América Latina na Organização Meteorológica Mundial e pós-doutor em meteorologia, as reduções de emissões de carbono propostas pela 15ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-15), não vão produzir efeito no clima mundial, "o gás carbônico não controla o clima global", garante.

"De todas as pessoas que estão aqui no Brasil, talvez eu seja o climatologista mais sênior". Molion estuda o clima desde 1970 e conta que, quando concluiu seu doutorado, há 35 anos, nos Estados Unidos, o "consenso" da época era que o mundo estava em uma Era Glacial. Hoje, ele também leciona na Universidade Federal de Alagoas.

Na sua avaliação Copenhague "é um discurso que não vai adiante", pois, à medida em que a população aumenta, há a necessidade de gerar mais energia elétrica.

- Como incluir essas pessoas sem aumentar o consumo? Não existe como. Somos ainda muito dependentes dos combustíveis fósseis. Acho que vai ter muito discurso em Copenhague, vão fazer muitas promessas, mas são só demagógicas. Não tem como cumprir essas metas. Se você olhar o protocolo de Kyoto, a Europa não reduziu absolutamente nada, ao contrário. Conversa é conversa, na prática não há como fazer isso.

O pós-doutor em meteorologia e membro do Instituto de Estudos Avançados de Berlim garante, baseado em estudos de paleoclimatologia (estudo das variações climáticas), que as mudanças do clima são muito complexas para serem influenciáveis pelo ser humano:

- A quantidade de carbono lançada pelo homem é ínfima, é irrisória, se comparada com os fluxos naturais dos oceanos, solo e vegetação. Para a atmosfera, saem 200 bilhões de toneladas de carbono por ano. O homem só lança seis.

Leia os principais trechos da entrevista:

Qual a opinião do senhor sobre as movimentações em torno da Conferência do Clima?
Essas reduções de emissões de carbono não vão produzir efeito nenhum no clima. O gás carbônico não controla o clima global. Isto já foi demonstrado com pesquisas feitas no que nós chamamos de paleoclimatologia, em que se tenta reconstruir o clima passado, com base nos cilindros de gelo da estação de Vostok, na Antártica. O cilindro de gelo retirado de lá, que reconstitui os últimos 4.020 anos, mostra claramente que já houve períodos em que tivemos temperaturas altas e baixa presença de CO2 na atmosfera.
Ocorreu forte aquecimento entre 1925 e 1946, e nessa época, o homem lançava na atmosfera menos de 10% do carbono do que lança hoje. Então, aquele aquecimento, que é ainda maior do que esse atual, na realidade foi explicado por fenômenos naturais. O sol esteve mais 'ativo' nessa primeira metade do século XX. Além disso, foi um período que praticamente não ocorreram erupções vulcânicas. Assim, a atmosfera ficou mais limpa e entrou mais radiação solar, causando o aquecimento.
Todos os recordes de temperatura nos Estados Unidos, que têm uma série de dados bastante longa, ainda são daquela década de 1930.

Como essas temperaturas são medidas?
Termômetros na superfície. O problema é que eles estão sujeitos aos fenômenos de ilha de calor, muito comuns nas cidades. E a maior parte desses termômetros está em cidades que sofrem esses efeitos da urbanização.

Como seria mais seguro medir as temperaturas mundiais?
Tem um sistema a bordo de satélites que leva a sigla MSU, um sensor de microondas que existe desde 1968. Ele indica que, nesses 30 anos passados, não há um aumento significativo de temperatura. Houve um aquecimento entre 77 e 99, que coincide como aquecimento do Oceano Pacífico Tropical. Os oceanos são grandes controladores do clima, em particular o Pacífico, porque ele sozinho ocupa 35% da superfície terrestre. Então, quando ele se aquece, o clima também fica mais quente: A atmosfera, o ar, é aquecido por baixo, as temperaturas mais elevadas estão próximas da superfície.
Desde 1999, o Oceano Pacífico esfria. Hoje, não só monitoramos os oceanos, mas existem mais de 3.200 boias à deriva e mergulhadoras. Elas mergulham até 2.000 metros de profundidade, se deslocam com a corrente marinha e nove dias depois elas sobem, e passam os dados para o satélite. Esse sistema mostra que os oceanos, de maneira geral, estão esfriando nos últimos seis, sete anos. E, nos últimos 10 anos, a concentração de CO2 continua subindo.

Mas há uma sensação de que existem muitas mudanças climáticas ocorrendo no mundo...
Não. O que acontece é que hoje, a população está mais vulnerável aos fenômenos meteorológicos. Na realidade, os fenômenos intensos sempre ocorreram no passado. Por exemplo, a maior seca do nordeste foi em 1877 até 1879. O furacão americano mais mortífero foi no Texas em 1900. Então, temos esses eventos intensos que ocorreram numa época em que o homem não lançava a quantidade que lança hoje. Aliás, a quantidade de carbono lançada pelo homem é ínfima, é irrisória, se comparada com os fluxos naturais dos oceanos, solo e vegetação. Para atmosfera, saem 200 bilhões de toneladas de carbono por ano. O homem só lança seis.
Qual a incerteza que nós temos nesses ciclos naturais? É de 40 bilhões de toneladas para cima e para baixo. Ou seja, existe uma incerteza de 80 bilhões que é oito vezes maior que o que o homem lança na atmosfera. Não tem como se controlar o carbono. E se controlar, se reduzir as emissões, não haverá impacto nenhum no clima. O clima hoje deixou de ser um problema científico, ele é um problema político-econômico.

Como assim?
Hoje a matriz energética mundial, com exceção do Brasil, que é um país privilegiado, está baseada nos combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral, principalmente). Quando se diz, 'vamos reduzir as emissões', o que se quer dizer é: 'Vamos reduzir a geração de energia elétrica'. Os países não crescem. Tudo está baseado na energia elétrica. Isso vai afetar um desenvolvimento social e econômico dos países.

Mas, de acordo com esse raciocínio, os EUA seriam os maiores interessados em um acordo climático e, no momento, eles parecem ser o maior empecilho...
Os Estados Unidos adorariam que a China reduzisse as suas emissões. Os EUA estão "pendurados", a China tem cerca de 700 bilhões de dólares em papéis do tesouro americano. A ida de Obama à China, no mês passado, visou a redução de emissões da potência oriental.

Mas a redução seria mundial, a China não seria a única a reduzir, os EUA também reduziriam...
Uma coisa é você já estar com a sua população em condições humanas adequadas, como é o caso da Europa, dos EUA, do Canadá. Outros países, como é o caso do Brasil, e todos os países latinos e africanos, ainda não têm. Então, precisaria desenvolver, não consumindo como se consome nos EUA, mas com condições adequadas para viver, saúde, educação... Para os países subdesenvolvidos e emergentes, excetuando-se o Brasil, reduzir significa gerar menos energia elétrica. Em muitos países só tem carvão mineral e petróleo para gerar energia. Eu não quero dizer com isso, que nós devemos sair por aí depredando o meio ambiente, tem que haver mudanças de hábito de consumos, mas as emissões de carbono não são o caminho correto.

O senhor levanta questões sobre o clima que parecem, nos jornais e nas reuniões políticas, serem consensos. Quem fabricou esse consenso?
Não existem consensos na ciência, ciência não é política, é experimentação. A ciência progride pelos contras que vão surgindo. Se você tem uma teoria e mostra que ela vale, e se surge um único experimento que diz o contrário, então você tem que repensar toda a teoria. Consensos são políticos, cientificamente eles não existem, cientificamente existem experimentações.

Então porque a impressão do consenso?
Existe uma trama por detrás disso tudo. Países como os do G7. Eles já não dispõem de recursos naturais, recursos energéticos. Por outro lado, eles não querem perder a hegemonia.

Os pesquisadores que vão de encontro a esse "consenso" sofrem algum tipo de represália?
Sim, mas isso é normal. A gente é perseguido, taxado como um indivíduo desatualizado e tem mais dificuldade de conseguir verba para pesquisa. Mas, de todas as pessoas que estão aqui no Brasil, talvez eu seja o climatologista mais sênior. Estudo clima há setenta anos e conclui meu doutorado há 35 anos, nos Estados Unidos. No período que eu fazia meu doutorado, o clima estava tão frio que o "consenso" da época era que nós estávamos entrando numa Era Glacial. O clima é muito complexo e jamais poderia ser dominado pelo CO2. Ao contrário, o CO2 é resultante do aumento da temperatura, quando a temperatura aumenta os oceanos liberam mais CO2.

Mas a vantagem dessa discussão toda em torno das mudanças climáticas é colocar o meio-ambiente em pauta.
É, mas não da maneira correta. Quando você olha para os livros didáticos das crianças, diz lá que o homem está destruindo a camada de ozônio, que a Terra está se aquecendo, que o nível do mar vai subir... Isso está errado! O que nós estamos fazendo? Educação ou lavagem cerebral? Na minha opinião, olhando todos os indicadores climáticos, nós vamos ter um resfriamento climático nos próximos vinte anos. O que vai acontecer com essa criançada quando eles perceberem que, ao invés de aquecer, está esfriando, e que esse esfriamento é muito pior para a humanidade?

Os países parecem dispostos a fazer acordos de redução em Copenhague...
É um discurso que não vai adiante. À medida em que a população aumenta, há a necessidade de mais energia elétrica, se a gente quiser incluir esse pessoal em uma sociedade que viva adequadamente. Como incluir essas pessoas sem aumentar o consumo? Não existe como. Somos ainda muito dependentes dos combustíveis fósseis. Acho que vai ter muito discurso em Copenhague, vão fazer muitas promessas, mas são só demagógicas. Não tem como cumprir essas metas. Se você olhar o protocolo de Kyoto, a Europa não reduziu absolutamente nada, ao contrário. Conversa é conversa, na prática, não há como fazer isso.

Bangladesh tops the Global Climate Risk Index

No developed country is on the top 20 list of countries worst affected by extreme weather events.

Rie Jerichow

600,000 people died as a direct consequence from more than 11,000 extreme weather events from 1990 to 2008, the 2010 Global Climate Risk Index shows.

The report from the climate and development organization Germanwatch was released on Tuesday at the UN climate change conference in Copenhagen, Denmark.

According to the index, Bangladesh is the country most severely affected with natural disasters claiming 8,241 lives and damaging property worth 2.18 billion US dollars a year on average.

Myanmar, Honduras, Vietnam, Nicaragua, Haiti, India, Dominican Republic, Philippines and China are other countries in the top ten of the 2010 index, based on data made available by the world's largest reinsurer, Munich Re.

On the top 20 list of affected countries, there are only four developed countries: Italy, Portugal, Spain and the United States.

"It's really hard to make a climate risk index. Only the number of people killed in natural calamities and losses of properties were counted to make this report... But millions of people, who survived extreme weather events and who are suffering across the globe, were not taken into the account," says Dr Saleemul Haq, chief of the climate change cell of the International Institute of Environment and Development, according to The Daily Star.

He added that some African nations would have been on the list, if the surviving people had been counted.

Fonte: Site Cop 15

Esboço de acordo coloca ONU de lado e abandona Kyoto

Por Miriam Leitão, do Globo

O jornal inglês "The Guardian" publicou hoje um texto que seria o esboço de acordo climático a parte escrito por Dinamarca, EUA e Grã-Bretanha. O documento caiu como uma bomba e só se fala nisso nos corredores da reunião de Copenhague. Ele aumenta o poder dos países ricos, reduz o papel da ONU no futuro das negociações climáticas e prevê o abandono do protocolo de Kyoto.

Desde ontem circulavam rumores de que a Dinamarca tinha apresentado um documento a parte. Quando o jornal "The Guardian" vazou o documento provocou reações imediatas dos países em desenvolvimento e países pobres. O Brasil, que iria dar um briefing agora, suspendeu a conversa para manter contatos com o governo brasileiro.

O esboço, que vem sendo chamado de "texto dinamarquês", estabelece limites desiguais para redução per capita das emissões de carbono entre países desenvolvidos e emergentes em 2050. O acordo permitiria a países ricos, por exemplo, emitir quase o dobro de carbono per capita frente aos emergentes.

Ainda segundo o texto obtido pelo Guardian, o acordo segue a mesma linha do protocolo de Kyoto: responsabiliza os países ricos pelos riscos da mudança climática e exige o cumprimento de metas. Os países emergentes poderiam adotar metas voluntárias para redução das emissões.

Segundo especialistas, o texto estabelece que o Banco Mundial será o responsável por administrar o financiamento do combate às mudanças climáticas, o que reduziria o papel da ONU. A publicação do esboço deixou países desenvolvidos e emergentes furiosos nesta terça-feira em Copenhague.

Fraude contra a COP?

Por Thays Prado, de Copenhague

No final do mês passado, e-mails do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, desde 1996, vazaram na internet. Hackers invadiram os computadores da Universidade de East Anglia, na Inglaterra, um dos centros de referência em pesquisas sobre o clima. Para os céticos, entre as informações que circularam via web, havia provas de que o grau de certeza dos cientistas em relação ao fato de que o aquecimento global é causado por seres humanos não era assim tão grande.

O assunto é sério, afinal, toda a negociação aqui em Copenhague, na COP-15, é baseada nas informações científicas dos cerca de 2.100 cientistas que compõem o IPCC. O mundo discute quanto cada país deve cortar em termos de emissões justamente porque há a evidência científica de que nós estamos acelerando o aquecimento global e provocando as mudanças climáticas. Se esse pré-requisito não fosse mais verdade, o trabalho de 15 anos de Convenção, especialmente para reduzir as emissões de carbono, iria por água abaixo.

Ontem, o assunto voltou à tona na plenária de abertura da COP e a presidente Connie Hedegaard observou que, ainda que os dados sobre aquecimento global fossem falsos, isso não invalidaria o fato de que seremos cerca de 9 bilhões de pessoas na metade do século e de que precisamos encontrar meios de nos desenvolver de forma sustentável.

Hoje, Rajendra Pachauri, o presidente do IPCC, conversou comigo e outros cinco jornalistas por alguns minutos. Ele disse que os procedimentos do IPCC são tão sérios que uma manipulação de dados jamais poderia acontecer.  Para Pachauri, o episódio é, obviamente, uma tentativa de fraude contra a COP15. “O único problema , na verdade, é descobrir quem roubou esses e-mails, porque isso é, obviamente, parte de um plano para invalidar as negociações sobre o clima”.

Veja o vídeo:



Fonte: Planeta Sustentável

Mudanças no clima afetam saúde mundial

OMS alerta para evidências que mostram o impacto das alterações climáticas na vida das pessoas; eventos catastróficos associados ao aquecimento global trazem riscos para a saúde, por exemplo, porque afetam o abastecimento de água e alimentação.

Daniela Traldi, da Rádio ONU em Nova York.

São cada vez maiores as evidências que revelam que as atividades humanas estão afetando o clima no mundo, com sérias implicações para a saúde pública.

A conclusão é da Organização Mundial da Saúde, OMS, em comunicado emitido nesta segunda-feira, dia da abertura da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, que acontece em Copenhague.

Novos Padrões

A OMS cita que eventos climáticos catastróficos associados ao aquecimento global trazem riscos para a saúde porque afetam o abastecimento de água e alimentação, criam novos padrões de surtos de doenças infecciosas e outros males relacionados às mudanças no ecossistema.

O clima e o tempo, segundo a agência da ONU, já exercem forte influência sobre a saúde, com mortes resultantes de ondas de calor e desastres naturais, e provocam diferenças em doenças transmitidas por vetores, como a malária.

A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, afirma que a continuação nas alterações climáticas irá afetar de maneira profunda e adversa alguns determinantes fundamentais, como a água, o ar e a alimentação.

Capacidade

De acordo com Chan, áreas com fraca infra-estrutura de saúde, a maioria em países em desenvolvimento, serão menos capazes de lidar com o problema se não tiverem ajuda.

A Conferência da ONU sobre Mudança Climática vai até 18 de dezembro na Dinamarca.

COP15: o Fóssil do Dia vai para…

Todos os dias da Conferência do Clima, um grupo de ONGs se reúne para conceder o pior prêmio que uma delegação pode receber: o Fóssil do Dia, um “Oscar” ao contrário para os países que mais atrapalham as negociações.

Pois ontem, primeiro dia da COP15, a disputa foi tão acirrada, com tanta gente emperrando as discussões, que as ONGs resolveram dar o primeiro lugar para TODOS os países industrializados, “por sua inacreditável falta de ambição” e por “parecerem disputar uma corrida até o fundo do poço enquanto o resto do mundo observa com horror”.

O segundo lugar, não menos desonroso, foi dividido entre Áustria, Finlândia e Suécia, por tentarem fazer uma mágica contábil e pedirem dinheiro por terem florestas - algo só pensado para países em desenvolvimento.

O terceiro lugar foi para o já conhecido merecedor do Fóssil, o Canadá, que se coloca como grande entrave às negociações - e sem nem enrubescer. A Arábia Saudita, outro habitué do prêmio, levou uma menção honrosa.

Fonte: Greenpeace



Editora Fiocruz lança doze títulos nesta quarta-feira

A Editora Fiocruz está lançando doze títulos na área de saúde nesta quarta-feira (9/12), a partir das 18h30, na Blooks Livraria, no Arteplex Unibanco de Cinema.  Entre os lançamentos, destaque para a publicação que trata do SUS e outra que resgata a trajetória de Clementino Fraga Filho.

* As Ciências da Vida: de Canguilhem a Foucault
Vera Portocarrero

* Bioética para Profissionais da Saúde
Sergio Rego, Marisa Palácios e Rodrigo Siqueira-Batista | Coleção Temas em Saúde

* Clementino Fraga Filho: depoimento de um médico humanista
Flavio Coelho Edler (Org.)

* Como e Por Que as Desigualdades Sociais Fazem Mal à Saúde
Rita Barradas Barata | Coleção Temas em Saúde

* Corte a Mortalha: o cálculo humano da morte infantil no Ceará
Marilyn Nations | Coleção Antropologia e Saúde

* Do Clima e das Doenças do Brasil – ou estatística médica deste Império
J. F. Xavier Sigaud | Coleção História e Saúde/Clássicos e Fontes | Edição brasileira

* Histórias de Pessoas e Lugares: memórias das comunidades de Manguinhos
Tania Maria Fernandes e Renato Gama-Rosa Costa

* O que é o SUS
Jairnilson Paim | Coleção Temas em Saúde

* Promoção da Saúde: conceitos, reflexões, tendências
Dina Czeresnia e Carlos Machado de Freitas (Orgs.) | 2ª edição revista e ampliada

* Reforma Psiquiátrica: as experiências francesa e italiana
Izabel C. Friche Passos | Coleção Loucura & Civilização

* Uma Ciência da Diferença: sexo e gênero na medicina da mulher
Fabíola Rohden | Coleção Antropologia e Saúde | 2ª edição revista e ampliada

* Vozes de Campos de Jordão: experiências sociais e psíquicas do tuberculoso pulmonar no Estado de São Paulo
Oracy Nogueira | 2ª edição organizada por Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti | Coleção História e Saúde/Clássicos e Fontes

Fonte: Fiocruz

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Expectativas altas: Yvo Boer fala à imprensa

Por Neuza Árbocz


Yvo de Boer, secretário executivo do UNFCC - United Nations Framework Convention on Climate Change, agência da ONU que organiza a COP-15 falou à imprensa antes da abertura do evento.

Ele destacou os inúmeros compromissos de redução de poluentes já anunciados por vários países como "sem precedentes" e conclamou os governos a dar uma resposta forte e de longo termo para o desafio do clima.

O Protocolo de Quioto, ele disse, é o único instrumento legal existente para orientar ações pelo clima e a maioria dos países quer que ele continue. Ele também vê um desejo de encontrar-se uma abordagem que envolva os Estados Unidos e que permita levar fundos de curto e longo prazo aos países em desenvolvimento.


Fonte: Agência Envolverde


Futebol se une no combate às mudanças climáticas

Dezessete nações que participam da Copa do Mundo do ano que vem na África do Sul vão compensar emissões de gases geradas pela ida das equipes ao evento; as viagens internacionais de espectadores e dos times devem contribuir com mais de 67% das emissões totais da competição.

Por Daniela Trudi

O Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente, Pnuma, anunciou nesta segunda-feira, dia da abertura oficial da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, um acordo com 17 seleções de futebol mundiais. Os países se comprometeram a compensar as emissões de carbono resultantes das viagens oficiais para a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul.

Equipes
Os times são o Brasil, Camarões, Chile, Côte d´Ivoire, Inglaterra, Grécia, Itália, Japão, Coréia, Holanda, Nova Zelândia, Nigéria, Sérvia, Estados Unidos, Uruguai e a África do Sul.
Segundo o Pnuma o enfoque no transporte é fundamental. As viagens internacionais de espectadores e das equipes devem contribuir com mais de 67% das emissões totais previstas para a Copa.

O diretor-executivo da agência da ONU, Achim Steiner, disse que as nações do futebol representam milhões, talvez bilhões de fãs, e que elas contam como embaixadoras do meio-ambiente num dos maiores eventos do calendário.

Financiamento

O Pnuma anunciou também um outro acordo em parceria com a Organização Global do Meio-Ambiente, GEF, que prevê um pacote de financiamento de U$ 1 milhão, cerca de R$ 1,7 milhão, que será usado para garantir que a Copa do Mundo tenha um impacto sustentável a longo prazo no país.
O projeto irá ajudar seis cidades-sede da África do Sul a reduzirem o consumo de energia com a instalação de lâmpadas de rua, semáforos e outdoors movidos a energia solar e que tenham eficiência energética.
Os recursos serão destinados ainda para o transporte público, aproveitamento de águas pluviais, reciclagem e o plantio de árvores em áreas como Pretoria, Johanesburgo e Cidade do Cabo.

Fonte: Rádio ONU

Pesquisadores da Ensp/Fiocruz vão monitorar hospitais brasileiros

Pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) com a colaboração da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) querem implantar uma metodologia de monitoramento de eventos adversos, em 2010. O modelo deve ser o mesmo aplicado na Espanha que já vem sendo usado em diferentes países da América Latina. Serão investigados os problemas decorrentes do cuidado prestado a pacientes internados em dez hospitais brasileiros.

O estudo Investigação brasileira de eventos adversos em hospitais (Ibeah) conta com a participação dos pesquisadores Walter Mendes e Mônica Martins. De acordo com pesquisador do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde, Walter Mendes, evento adverso é definido por qualquer evento ou complicações indesejadas oriundas do cuidado prestado aos pacientes.

Os hospitais que serão contemplados na pesquisa ainda não estão decididos, mas já se sabe que em cada uma das dez unidades de saúde selecionadas serão treinados dois enfermeiros e dois médicos para a aplicação do instrumento. O estudo, que tem a coordenação da pesquisadora do Icict/Fiocruz Claudia Travassos, conta também com Walter Mendes e Mônica Martins, da ENSP, e a doutoranda em epidemiologia do Instituto de Medicina Social da Uerj e bolsista do Icict Ana Luiza Braz Pavão.

Leia mais no Informe Ensp.

Fonte: Fiocruz

Sob efeito dos aerossóis

Por Alex Sander Alcântara

Como o aumento na emissão de partículas atmosféricas (aerossóis) pode afetar o padrão anual de chuva na região Sudeste, em particular no Estado de São Paulo? Qual é a importância e a influência dos aerossóis na emissão de chuvas?

Essas e outras questões motivaram um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, a estudar a emissão de materiais particulados para a atmosfera e o impacto sobre o clima na região Sudeste.

Ao propor o Projeto Temático “Efeitos das emissões nas mudanças do padrão atual e futuro de chuvas na região Sudeste do Brasil”, inserido no Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), o grupo coordenado pelo professor Arnaldo Alves Cardoso, do Instituto de Química da Unesp de Araraquara, busca melhorar o entendimento e a influência dos aerossóis atmosféricos, relacionando dados e estudando as propriedades físicas e químicas dessas partículas.

O projeto está baseado no Instituto de Química da Unesp. Também participam pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade de São Paulo (USP), além de parceiros internacionais.

Cardoso destaca que as mudanças de atividade econômica produtiva podem afetar a qualidade, quantidade e tipo de partículas na atmosfera. “Podem modificar o processo de formação de nuvens e, com isso, afetar o regime de chuvas de uma região. Podem também afetar a quantidade das descargas elétricas na atmosfera. O efeito na formação de raios também é objeto do nosso projeto”, disse à Agência FAPESP.

Aerossóis são pequenas partículas sólidas ou líquidas dispersas na atmosfera. “A fumaça é formada por partículas visíveis, mas muitas partículas são tão pequenas que não são visíveis ao olho humano”, disse.
“Muitas partículas são formadas no interior da atmosfera como produto de reação química ou de condensação. Por exemplo, o vapor de água evaporado de um lago pode se condensar na forma de pequenas gotas de água, formando um tipo de aerossol atmosférico”, explicou.

As partículas atmosféricas podem ser classificadas em primárias (emitidas diretamente como partículas maiores) e secundárias (menores, formadas na atmosfera). Atividades antrópicas, como queima da cana-de-açúcar e construção civil, por exemplo, aumentam a emissão dessas partículas.
“As partículas que servem de núcleo para a formação de uma nuvem devem ter tamanho e concentração ideais e propriedade de absorver água. Muitas partículas podem, cada uma, absorver só um pouco de água da atmosfera e não crescer o suficiente para formar gotas de chuva”, disse Cardoso.

Oportunidade de pós-doutorado
Para auxiliar no desenvolvimento dos trabalhos, o Projeto Temático tem uma vaga em aberto para pesquisador doutor na área de ciência da atmosfera. O candidato deve comprovar boa formação científica em ciências atmosféricas e, preferencialmente, ter experiência em alguma das áreas relacionadas.
O selecionado receberá bolsa de pós-doutorado no valor de R$ 4.508,10. Mais informações sobre a vaga estão publicadas no site FAPESP – Oportunidades, em www.oportunidades.fapesp.br/pt/97.

Segundo o coordenador do Temático, espera-se que o candidato selecionado saiba trabalhar com desenvoltura na redação de relatórios e artigos científicos. “Precisamos de um pesquisador que consiga trabalhar com informações químicas e correlacioná-las com dados do satélite e do radar”, apontou.

Cardoso destaca que nem todas as partículas atmosféricas são nocivas. “No caso das chuvas ácidas, esses materiais particulados funcionam como ‘esponjas’ e retiram um pouco da acidez da atmosfera”, disse.
“Não adianta proibir a queima da cana-de-açúcar se não temos informações sobre os efeitos anteriores e posteriores. Um exemplo disso é o que ocorreu na Europa, onde se criou uma lei para reduzir a emissão do material particulado na atmosfera e o resultado foi o aumento da chuva ácida. O fato de buscarmos conhecimento faz com que tomemos medidas com uma segurança maior”, advertiu.

O Projeto Temático, que se iniciou em julho, vai até 2013. Outras informações podem ser obtidas por e-mail ao professor Arnaldo Cardoso: acardoso@iq.unesp.br.

Interessados em se candidatar à Bolsa de Pós-Doutorado devem enviar, até 8 de janeiro de 2010, curriculum vitae completo, três cartas de recomendação e carta descrevendo o interesse de trabalhar no projeto para o endereço:
    Prof. Dr. Arnaldo Alves Cardoso Departamento de Química Analítica Instituto de Química – Unesp Rua Francisco Degni s/n – Caixa Postal 355 14801-970 – Araraquara – SP