quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

"Climagate": 1.700 cientistas ratificam as provas do aquecimento global

Mais de 1.700 cientistas britânicos assinaram uma declaração ratificando que o aquecimento climático é provocado pelo homem, em resposta ao caso dos e-mails de especialistas suspeitos de manipular dados, informaram nesta quinta-feira fontes oficiais.

"Nós, membros da comunidade científica britânica, temos a maior confiança nas provas sobre o aquecimento climático e as bases científicas que levam a concluir que isto se deve principalmente à atividade humana", escreveram os cientistas, neste texto divulgado pelo Met Office, os serviços de meteorologia britânicos.

A publicação do pedido, revelado pelo jornal The Times e confirmada quinta-feira pelo Met Office, aconteceu no momento em que estão reunidos em Copenhague 193 países para encontrar um acordo contra o aquecimento climático.

O Met Office pediu a 70 cientistas que assinem e divulguem uma petição em reação ao escândalo chamado "Climagate", que levou a ONU a lançar uma investigação.

O caso se refere à publicação na internet mês passado de milhares de e-mails de pesquisadores do prestigioso centro de pesquisas sobre o clima (CRU) da Universidade de East Anglia, no leste da Inglaterra, vítima de hackers ou de um vazamento.

Várias mensagens, entre elas algumas vindas do diretor do CRU Phil Jones, indicariam que a comunidade científica manipula os dados sobre o clima para negar a tese de um aquecimento devido a atividade humana, segundo os opositores a esta teoria. Phil Jones desmente, afirmando que estes e-mails saíram de seu contexto, e a Universidade de East Anglia está fazendo sua própria investigação.

Em um dos e-mails particulares invadidos pelos hackers, Jones menciona um "truque" empregado para maquiar as estatísticas de temperatura a fim de "ocultar uma redução".

Jones disse que as mensagens foram retiradas de contexto para sugerir que os cientistas tentavam suprimir dados que não apoiavam sua teoria de que a mudança do clima é consequência da irresponsabilidade ambiental do homens.

Com este escândalo, os responsáveis do Met Office lançaram uma petição "defendendo nossa profissão contra este ataque sem precedente visando a nos desacreditar, nós e a ciência do aquecimento climático", destacou um porta-voz dos serviços meteorológicos.

O chamado "Climagate" levou o presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) a afirmar, no início da COP15 em Copenhague, que objetivo da ação era desacreditar seu grupo.

"O recente incidente de roubo de e-mails de cientistas da Universidade de East Anglia demonstra que algumas pessoas estão dispostas a recorrer à ilegalidade, talvez para desacreditar IPCC", afirmou o presidente do grupo de especialistas premiados em 2007 com o Nobel da Paz, Rajendra Pachauri.

"Mas nosso painel dispõe de um histórico de avaliações transparentes e objetivas de mais de 21 anos, estabelecidas por dezenas de milhares de cientistas em todos os cantos do mundo", insistiu.

O IPCC está investigando as recentes acusações contra um reconhecido climatologista britânico suspeito de ter manipulado dados de pesquisas para exagerar os efeitos da mudança climática no mundo.

Fonte: AFP

Um comentário:

Danielfo disse...

21 anos de observações sérias, não é muito pouco para tomar decisões sobre o clima global?