sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Ibama esclarece porque as cavernas de SP foram interditadas

O Ibama esclarece que a interdição das cavernas nos Parques Estaduais do Jacupiranga, Petar e Intervales, em São Paulo, e a autuação da Fundação Florestal, gestora dos referidos parques, ocorreram por falta de planos de manejo dessas cavidades subterrâneas. A legislação ambiental exige plano de manejo da caverna alvo da exploração turística.

Fauna, flora e espeleotemas (como estalactites e estalagmites) demoram milhares de anos para se formarem e ficam sujeitos à destruição, quando a caverna é aberta à visitação pública. Também a vida humana corre riscos, pois o interior de cavernas sempre apresenta zonas inseguras. A exploração turística das cavernas do Vale do Ribeira ocorre há muitos anos, sem os devidos planos de manejo. Desde 2001, Ibama e Cecav (Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas, antes Ibama e hoje vinculado ao Instituto Chico Mendes) vêm realizando vistorias nas principais cavernas turísticas da região.

Nessas vistorias foram identificados processos de deterioração, falhas na conservação e irregularidades diversas, como barragens de rios subtrerrâneos, construção de passarelas, lixeiras, fiações expostas, iluminação interna inadequada (emitindo luz e calor em excesso e produzindo alteração no ecossistema local, surgem plantas inexistentes em cavernas, como samambaias). Também constataram falta de limite de visitantes por dia; acesso além dos chamados “trechos turísticos” em áreas que deveriam ser restritas a pesquisadores e técnicos pois são pontos sensíveis e oferecem risco de morte.

Os órgãos estaduais responsáveis pela gestão das cavernas (Fundação Florestal - FF e Instituto Florestal - IF), ambos vinculados à Secretaria de Meio Ambiente do Estado, foram comunicados dessas irregularidades e orientados a providenciar as correções. Cientes da importância econômica das cavernas para os municípios do Vale do Ribeira e, ao mesmo tempo preocupados com a deterioração desse patrimônio natural, o Ibama e o Cecav propuseram aos órgãos gestores estaduais formas de compatibilizar a utilização das cavernas enquanto não se finalizassem os planos de manejo necessários. Foi proposta a realização de termos de cooperação com a participação de todos os envolvidos. As propostas foram desconsideradas pelos órgãos gestores.

O Ibama recomendou em 2005, por meio de um ofício, a interdição da exploração turística da Caverna do Diabo. O ofício foi desconsiderado e a visitação continuou ocorrendo. Novas vistorias ocorreram e, salvo correções mínimas (troca de alguns corrimões e de lâmpadas queimadas), os planos de manejo sequer foram delineados. Em agosto de 2007, o Ibama enviou ofício à Fundação Florestal e ao Instituto Florestal ratificando a necessidade de realização dos planos de manejo e se colocando à disposição para resolver quaisquer dúvidas sobre o tema.
Em outubro e dezembro de 2007, dois novos ofícios foram enviados à FF e ao IF. Em ambos documentos o Ibama relembra da necessidade de execução dos planos de manejo. De novo, não houve resposta. No dia de hoje, Ibama e Cecav convidaram a Fundação Florestal - FF e Instituto Florestal - IF para uma reunião na próxima segunda-feira, quando rediscutirão o problema das cavernas sem plano de manejo.

Fonte: Ibama

Japão convidará Lula para cúpula sobre aquecimento

O governo japonês convidará os líderes de 16 países, dentre os quais o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para a cúpula sobre mudança climática que organizará por ocasião da reunião de líderes do Grupo dos Oito Países Mais Industrializadas e a Rússia (G8), em julho, em Hokkaido.

A reunião será realizada nas mesmas datas que a cúpula do G8, e contará com a presença de dirigentes de países responsáveis por 80% das emissões de gases que provocam o efeito estufa.
Além dos líderes dos países do G8 - Japão, Estados Unidos, Rússia, Canadá, Alemanha, Itália, França e o Reino Unido -, o governo japonês vai a convidar para a cúpula, entre outros, os dirigentes de China, Índia, África do Sul, Coréia do Sul, Austrália e Indonésia. Além do presidente Lula, também deve ser convidado para o evento o governante do México, Felipe Calderón. O governo japonês deseja conseguir um acordo entre essas nações sobre o marco que entrará em vigor após a expiração, em 2012, do Protocolo de Kioto, que siga a esteira do acordo alcançado em dezembro em Bali.

O Japão preside este ano o G8, no qual vai tentar impulsionar compromissos concretos na luta contra a mudança climática. A cúpula de líderes do G8 será realizada em um hotel do lago Toya, em Hokkaido (norte do Japão), entre 7 e 9 de julho.

Fonte: EFE

Livro aborda impactos ambientais do lodo de esgoto na agricultura


Desde 1999 a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária conduz experimentos sobre o impacto ambiental do uso agrícola do lodo de esgoto, para fornecer informações sobre esses impactos de forma continuada e em longo prazo.


Para prestar contas à sociedade sobre esses estudos, a Embrapa lançou o livro “Lodo de esgoto – impactos ambientais na agricultura”, que oferece análises sobre os impactos ambientais do uso continuado do lodo de esgoto em solos tropicais cultivados, permitindo definir protocolos que garantam a segurança ambiental em termos tanto de tratamento final do lodo pelas empresas geradoras quanto de uma correta disposição na agricultura.


Os resíduos sólidos no Brasil são estimados em 100 milhões de toneladas/ano, incluindo o lodo de esgoto. Entre os impactos ambientais relacionados estão a poluição química e biológica do solo e água e a poluição do ar, com conseqüências na biodiversidade e na estrutura e funcionamento dos ecossistemas, que afetam a saúde e o bem estar das populações humanas. A decisão de se concentrar as atenções nos aspectos ambientais da aplicação do lodo foi importante porque muitas informações sobre o seu potencial como condicionador de solo e fornecedor de nutrientes estavam disponíveis, não ocorrendo o mesmo com os aspectos ambientais, explica o pesquisador Wagner Bettiol, coordenador do projeto e do livro “Tendo em vista o seu teor de matéria orgânica e elementos químicos, o lodo de esgoto é estudado como fonte de carbono e nutrientes na agricultura, sendo considerado alternativa de baixo custo”, diz Bettiol. “Entretanto, a possibilidade de presença de patógenos e de metais pesados exige cuidados visando a segurança do aplicador e do ambiente”. “O livro apresenta resultados fundamentais para um tema em que a definição de normas para tratamento, transporte, comercialização e disposição final são urgentes”, enfatiza Bettiol.


Participaram do projeto a Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ), o Instituto Agronômico de Campinas, o Instituto Biológico do Estado de São Paulo, a Universidade Estadual Paulista, a Universidade de São Paulo, a Universidade de Taubaté, a Universidade Federal do Paraná, a Universidade Federal de Lavras e a Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo. Cada exemplar custa R$ 35,00 e pode ser adquirido pelo email http://vendas@cnpma.embrapa.br/ Cristina Tordin


Fonte: Embrapa

CMN aprova exigências ambientais para liberação de crédito rural na Amazônia

Gisele Teixeira

O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou ontem (28/02) voto que determina a inclusão de critérios ambientais para contratação de crédito da safra 2008/2009 no bioma Amazônia. Com isso, aumenta o rigor na liberação de financiamentos para produtores que desmatam ilegalmente. A medida vale para instituições financeiras públicas e privadas e faz parte de uma série de ações que estão sendo implementadas para reduzir tendência de aumento do desmatamento na Amazônia, detectada no segundo semestre de 2007.

De acordo com o texto, a partir da próxima safra, a concessão de financiamentos ao amparo dos recursos controlados e não controlados do crédito rural para atividades agropecuárias nos municípios que integram o bioma, ficará condicionada à apresentação, pelos produtores, dos seguintes documentos: Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) vigente e certificado, certidão ou licença ambiental vigente do imóvel onde será implantado o projeto a ser financiado e declaração de que inexistem embargos vigentes de uso econômico de áreas desmatadas ilegalmente no imóvel. As regras valem também para financiamento a parceiros, meeiros e arrendatários. A liberação do crédito deverá observar, ainda, as recomendações e restrições do zoneamento ecológico-econômico (Decreto 4.297/02).

Beneficiários enquadrados no Pronaf e produtores rurais que disponham de área não superior a quatro módulos fiscais, devem apresentar - no lugar do CCIR e da licença ambiental - uma declaração individual atestando a existência física de reserva legal e área de preservação permanente, conforme previsto no Código Florestal. Devem atender, no entanto, às demais exigências da legislação ambiental e não podem estar com áreas incluídas nos embargos. Produtores enquadrados no Grupo B (famílias com renda anual até R$ 4 mil), estão isentos de apresentação desses documentos.

O crédito rural para custeio ou investimento, independentemente do porte do tomador e das atividades a serem desenvolvidas, ficará restrito ao limite do financiamento do respectivo programa ou linha de crédito e ao valor compatível com a área passível de exploração, conforme definido pelo Código Florestal para a respectiva localidade. No caso de imóvel em processo de regularização, o potencial de uso será aquele definido no cronograma do projeto de recuperação de área degradada aprovado pelo órgão estadual de meio ambiente. Excluem-se da restrição de área passível de exploração, para efeitos do valor do financiamento:exploração extrativista ecologicamente sustentável, e plano de manejo florestal sustentável, incluindo-se os custos relativos à implantação e manutenção do empreendimento; e adequação ambiental, mediante recomposição, regeneração e manutenção de áreas de preservação permanente e reserva legal e recuperação de áreas degradadas, para o cumprimento de legislação ambiental.

As medidas não acarretarão impacto adicional nas contas públicas e foram tomadas em função do crescimento acelerado do setor agropecuário brasileiro nos últimos anos, como forma de garantir que o desenvolvimento das atividades no campo ocorra mediante uso sustentável dos recursos naturais. A concessão de crédito mediante critérios ambientais também faz parte de um conjunto de ações para pôr em prática o Decreto nº 6.231, de 21 de dezembro de 2007, que estabeleceu medidas para prevenir, monitorar e controlar o desmatamento no Bioma Amazônia.

Fonte: MMA

Cientistas identificam gene que faz plantas 'resistirem' à seca

Matt McGrath

Cientistas americanos e finlandeses afirmam ter identificado um gene nas plantas que, se modificado, pode torná-las resistentes à seca.Os pesquisadores da Universidade de Helsinque disseram que o gene controla a quantidade de dióxido de carbono absorvida pelos vegetais e a evaporação de água na atmosfera.

No estudo, publicado na revista Nature, os especialistas afirmam que as plantas desempenham um papel crucial da regulação da atmosfera ao absorver o carbono do ar. Ao seqüestrar o gás através de poros minúsculos encontrados nas folhas, chamados estomas, as plantas depois liberam vapor de água. Em climas extremamente secos, uma planta pode perder até 95% de sua água desta forma.

Primeiro passo

Os especialistas dizem que há décadas a ciência vem tentando descobrir o material genético que controla a ação dos estomas. Agora, eles afirmam ter identificado o gene que controla a abertura e o fechamento dos poros. Os pesquisadores avaliam que, com isso, será possível modificar as plantas para que continuem absorvendo o carbono, mas reduzam a eliminação de água, possibilitando sua sobrevivência em condições de seca. O professor Jakko Kangasjarvi, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, disse que o trabalho é apenas "o primeiro passo".
"Isso abre muitas possibilidades", afirmou. "Ainda estamos muito longe de concretizar as intervenções genéticas, mas antes dessa pesquisa não havia qualquer indício de um gene que poderia ser modificado. Agora temos o alvo."

Por enquanto, os experimentos foram realizados em alguns tipos de agrião, mas os cientistas dizem acreditar que a estrutura genética é a mesma em várias plantas que produzem comida, como o arroz. Acredita-se que possíveis técnicas de modificações genéticas para controlar a evaporação de água nas plantas poderão ser comercializadas só daqui a 20 anos.

Fonte: BBC Brasil

Dono de carvoaria diz preferir ilegalidade à prática de corrupção

Marco Antônio Soalheiro

Valdinei Palhares, agricultor de 56 anos, faz questão de se apresentar sem rodeios também como dono de uma carvoaria ilegal na zona rural de Tailândia. Na cidade desde 1974, ele diz ter pedido há um ano providências do Ministério Público para que fosse regularizada a situação de trabalho no setor madeireiro local. Segundo Palhares, o município se desenvolveu sem cuidados com o meio ambiente e a culpa da situação atual de degradação deve ser dividida entre os governos das três esferas e a comunidade."O município está em calamidade pública, por causa das irregularidades, do descaso governamental e da corrupção. Temos duas opções: ou somos corruptores ou ilegais. Achei melhor ser ilegal do que roubar", afirmou.

A carvoaria do agricultor funciona, segundo ele, durante três ou quatro meses do ano, na queima de galhos que ele retira de seu pasto: "Quem trabalha o ano inteiro não tem como pagar o direito dos trabalhadores. É um escravizando o outro". Indagado sobre o motivo para se manter na ilegalidade, ele alega que órgãos ambientais só liberam a licença se "correr grana" .
Para Valdinei Palhares, a Operação Arco de Fogo, deflagrada com o objetivo de combater a exploração ilegal de madeira na região, não é suficiente para garantir um futuro melhor à população local. "O governo tem que sentar com os segmentos da sociedade e fazer um programa social, ecológico e econômico. Transformar o município na capital do dendê, do carvão vegetal reflorestado", defendeu.

Fonte: Agência Brasil

Encontro Brasileiro-Britânico sobre Energias Renováveis para uma Vida Sustentável

O Encontro Brasileiro-Britânico sobre Energias Renováveis para uma Vida Sustentável, promovido pelo British Council, será realizado de 4 a 6 de março, em São Paulo.

O evento promoverá um intercâmbio de experiências entre jovens cientistas dos dois países, com o objetivo de identificar potenciais linhas de pesquisa conjunta, fortalecer relações bilaterais e estabelecer uma rede de contatos entre os pesquisadores. Serão três dias de discussões e apresentações de trabalhos com foco em temas como o aproveitamento energético de resíduos, integração de fontes de energia renováveis descentralizadas na matriz energética, energia fotovoltaica, energia eólica e biocombustíveis.

O evento é organizado em parceria com o Governos Locais pela Sustentabilidade na América Latina (Iclei), a Universidade de Strathclyde, na Inglaterra, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Mais informações: www.britishcouncil.org

Fonte: Agência Fapesp

Falta de estrutura prejudica retirada de madeira ilegal no Pará

Roberto Maltchik e Marco Antônio Soalheiro

Em condições precárias, seis homens trabalham em um dos postos estratégicos para a retirada da madeira ilegal apreendida na cidade de Tailândia, no nordeste do Pará. São centenas de toras de árvores, cortadas na floresta e empilhadas às margens do Rio Moju, em um terminal fluvial a 15 quilômetros de Tailândia, por conta da estrutura precária para retirá-las dos caminhões e colocá-las nas balsas que devem levar o material para Belém.“Essa madeira deveria ter embarcado na terça, mas hoje [quinta-feira] nós estamos aqui esperando. Só tem uma máquina com problema e eles não vêm aqui arrumar. Com sorte, a madeira sai daqui amanhã [hoje, sexta-feira]”, lamentou Ceará, capitão da balsa, em entrevista à TV Brasil.

Ceará e os marinheiros passaram o dia aguardando uma mangueira para que a pá, que recolhe os enormes pedaços de madeira, pudesse funcionar. Segundo o capitão, em 30 minutos o problema estaria resolvido caso um representante do governo do estado estivesse no local para auxiliar nos trabalhos. São duas plataformas, uma com capacidade para mil metros cúbicos de madeira e outra para 400 metros cúbicos, que já deveriam ter partido para Belém. O destino final seria um depósito em Marituba, na região metropolitana da capital. Toda a madeira que está no terminal foi apreendida na semana passada, quando os fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) identificaram 13 mil metros cúbicos de árvores retiradas ilegalmente da floresta e armazenadas nas madeireiras da cidade. “Isso não é trabalho para só uma máquina. Era para ter mais uma, e as duas em condições normais. Assim fica muito difícil”, disse o marinheiro Helinho. Com o atraso de três dias no embarque da madeira, os marinheiros temem pela segurança. Na semana passada, uma manifestação população ocorreu na tentativa de evitar que fiscais do Ibama autuassem madeireiras e carvoarias da região. “Nesta madrugada, a Polícia Federal apareceu. Mas, na noite passada, nós ficamos aqui com toda essa madeira sem proteção”, revelou o capitão.

Enquanto isso, os caminhoneiros ficam em fila no meio da mata à espera de uma solução para as dificuldades. “Não faço a menor idéia de que hora vou sair daqui. O pior é que eles [a tripulação] não têm comida para nós. Tenho medo de passar fome”, afirmou o caminhoneiro Jean Silva. A Secretaria do Meio Ambiente (Sema) do Pará reconheceu o problema e informou, por meio da assessoria de imprensa, que já adotou providências visando a minimizar as dificuldades de transporte da mercadoria apreendida. A secretaria informou também que estuda a possibilidade de deslocar outra máquina para auxiliar na remoção do material. A previsão da coordenação da operação é de que serão necessários no mínimo 60 dias para concluir a retirada total da madeira ilegal encontrada em Tailândia.

Nessa quinta-feira (28), foram encontradas centenas de toras abandonadas às margens de uma estrada vicinal nos arredores da cidade. A medição do volume de madeira é lenta e para ser agilizada, dependeria de maior número de técnicos ambientais.

Fonte: Agência Brasil

Poeira refrescante


Análise de amostras de quase 500 mil anos de sedimentos conclui que quantidade de poeira soprada para os oceanos é até 2,5 vezes maior em períodos mais frios. Estudo pode ajudar em estratégias para combater o aquecimento global (Nasa/GSFC)

Novecentos milhões de toneladas. Essa é a quantidade estimada de areia que é transportada por ventos de desertos e outras regiões terrestres para os oceanos do planeta. Os cientistas suspeitam que esse fenômeno esteja relacionado com o clima global, mas exatamente como isso ocorre ninguém sabe.

Agora, boa parte do quebra-cabeça acaba de ser montado, com um estudo que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Science. A pesquisa mostra que a quantidade de poeira que chega ao Oceano Pacífico atinge picos durante as eras do gelo, para declinar durante momentos mais quentes. Segundo os autores do estudo, coordenados por Gisela Winckler, do Observatório Terrestre Lamont-Doherty da Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos, o trabalho confirma a teoria de que a umidade atmosférica e a poeira se movimentam em estreita conformidade com a temperatura, em escala global.

De acordo com os pesquisadores, os resultados podem ajudar no planejamento de estratégias que têm sido discutidas para tentar diminuir os efeitos do aquecimento global, como a de fertilizar os oceanos com poeira rica em ferro – que alguns cientistas apontam que poderia reduzir a concentração de gás carbônico na atmosfera e o efeito estufa. Na última década, cientistas identificaram grande quantidade de poeira em amostras profundas de gelo polar, mas os registros do Pacífico se mostraram contraditórios. O novo estudo destaca a relação “e sugere que todo o ciclo hidrológico mundial varia em uníssono, em uma escala de tempo muito rápida”, afirmou Gisela. “Dessa vez temos informações sobre áreas que realmente importam, nas quais pessoas vivem e onde provavelmente está o mecanismo real do clima”, disse a cientista. Estima-se que mudanças na atmosfera sobre o Pacífico, e nos trópicos em geral, afetem grandes áreas em todo o mundo.

Os cientistas analisaram amostras do interior de sedimentos do fundo do oceano que representam 500 mil anos de depósitos, em diversos pontos por uma extensão de quase 10 mil quilômetros de Papua-Nova Guiné às Ilhas Galápagos, no Equador. Em todas as amostras foi encontrado o mesmo resultado: no auge de cada uma das cinco conhecidas eras do gelo o acúmulo de tório 232, um marcador da poeira terrestre, disparou para até duas vezes e meia os níveis verificados em períodos mais quentes. Os picos ocorreram aproximadamente a cada 100 mil anos, com o último há 20 mil anos, exatamente no auge da mais recente era glacial. O artigo Covariant glacial-interglacial dust fluxes in the equatorial Pacific and Antarctica, de Gisela Winckler e outros, poderá ser lido por assinantes da Science em http://www.sciencemag.org/.

Fonte: Agência Fapesp

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Um banho para vencer a batalha contra o mosquito da dengue

Vilma Homero

O professor Edmilson José Maria mostra a formulação do sabonete e o óleo de cozinha com o qual é feito Nos últimos quatro meses, a equipe do laboratório de Ciências Químicas da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) vem trabalhando intensamente numa alternativa para o combate ao Aedes aegypti. O projeto une a reciclagem de uma matéria-prima bastante usada nos lares brasileiros, o óleo de cozinha, e essências naturais de plantas com reconhecidos poderes repelentes. A idéia é de se chegar a um produto eficaz, mas também simples e barato: um sabonete que mantém por várias horas os mosquitos afastados de quem o usa.

O sabonete repelente, que vem sendo elaborado pelo grupo do professor Edmilson José Maria, da Uenf, surgiu da preocupação com os números crescentes de casos de dengue no estado, em particular na cidade de Campos, e sua disseminação entre as camadas mais pobres da população. “Vimos que a incidência de casos aumenta e que a conscientização para evitar criadouros do mosquito não está sendo levada a sério. Assim, pensamos em criar mais uma alternativa no combate à dengue, repelindo o mosquito no período em que ele mais atua, o diurno”, explica o pesquisador. E por que um repelente em forma de sabão? Para o professor, a resposta é rápida: “Porque é uma forma de disponibilizar para os mais carentes, que não têm acesso a sprays inseticidas ou repelentes, uma alternativa de proteção a baixo custo.”

A equipe faz parte do grupo de trabalho para produção do biodiesel da Uenf, e aproveita a glicerina – subproduto do óleo de cozinha –, e essências de plantas bastante conhecidas, como a citronela, o capim-limão e o cravo-da-Índia. “A coleta de óleo é feita nos diversos segmentos da sociedade, mas queremos reverter parte dessa doação em benefício dos doadores, para o desenvolvimento do município. Nas associações de moradores, por exemplo, queremos criar opções de geração de emprego e renda; nas escolas públicas, queremos mostrar, nas aulas de ciências, através do enriquecimento curricular e da contextualização nas aulas de ciências, como é a formulação para produção de sabão e de biodiesel”, fala. Contemplado anteriormente com bolsas de Iniciação Científica da FAPERJ para estudantes de sua equipe, e apoios como APQ1 e APQ2 para a realização de eventos institucionais, o professor Edmilson aguarda os resultados de seu atual trabalho para submetê-lo ao próximo edital de Inovação Tecnológica, da Fundação.

Uma das essências repelentes usadas no sabão é o capim-limãoAs substâncias usadas na formulação do sabonete já têm comprovada ação repelente não apenas especificamente contra o Aedes aegypti, mas também contra alguns outros mosquitos mais comuns. “Para combatê-los, empregamos o citral, extraído do capim-limão; o citronelal, da citronela; e o eugenol, encontrado tanto no cravo-da-Índia”, fala o pesquisador. Mas para aumentar o tempo de atuação sobre a pele para além de seis horas, o grupo também acrescentou à formulação outras substâncias, mantidas em sigilo. O professor Edmilson se anima com a perspectiva dos testes biológicos, que serão efetuados nas próximas semanas por equipes do setor de bioquímica da universidade. O pesquisador espera que o sabonete desenvolvido pela universidade desperte o interesse da indústria e chegue no mercado até o final do ano. “O produto poderá gerar patente para a Uenf”, anima-se.

Enquanto as pesquisas prosseguem, um laboratório carioca, especialista na área animal, já demonstrou interesse nos estudos da equipe. “O sabão de citronela não chega a ser novidade. Já existe comercialmente na área veterinária, para animais como cachorros, gatos, ou cavalos, já que mosquitos que picam esses animais podem transmitir ao homem doenças, como a filariose ou a leishmaniose, atualmente uma enfermidade que se mostra reincidente”, fala Edmilson. Por sua vez, o próprio grupo também desejaria estabelecer parcerias com outras instituições de pesquisa. "A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) já procedeu a estudos sobre andiroba; talvez haja possibilidade de troca de informações. Projetos como o nosso devem ser interdisciplinares. Seria bom contar com o conhecimento de outras áreas, como a farmacologia por exemplo. A troca de experiências e conhecimento, ou mesmo a realização de trabalhos conjuntos é sempre enriquecedora”, diz o professor. Também faz parte da pesquisa investigar substâncias que possam ser usadas para atrair o mosquito a armadilhas que o eliminem. “Tudo isso sempre a custo baixo para a população”, conclui.

Fonte: Faperj

Cientistas querem dar prótese biônica para tartaruga que perdeu nadadeiras

Allison perdeu três das suas quatro nadadeiras e travou luta pela sobrevivência.Agora, seus tratadores querem que ela seja a primeira tartaruga biônica.

Quando turistas encontraram uma pequena tartaruga marinha toda ensangüentada e sem três de suas quatro nadadeiras no Texas, nos Estados Unidos, os responsáveis pelo hospital para animais ameaçados deram poucas chances de sobrevivência para o bichinho, que provavelmente foi atacado por um tubarão.

Mas a tartaruguinha perseverou, graças a injeções de antibióticos e uma dieta forçada de lulas. De alguma maneira, ela aprendeu a se movimentar com apenas uma nadadeira -- embora só gire em círculos anti-horários e precise empurrar seu corpo, agora com 4,5 kg, com a cabeça para sair da água para respirar. "As feridas cicatrizaram muito bem. O problema é só que ela não nada direito", disse Jeff George, responsável pela Sea Turtle Inc, uma organização sem fins lucrativos para a preservação das tartarugas, que cuida de animais feridos e os devolve ao mar.

Agora, os tratadores da tartaruguinha esperam fazer dela o que acreditam que será a primeira tartaruga marinha com próteses de nadadeiras.Tartarugas com três nadadeiras podem voltar ao mar. Com duas, elas conseguem sobreviver em cativeiro. Mas aquelas que têm apenas uma viram presa fácil de predadores ou de encontros com barcos motorizados.

Allison, batizada em homenagem à filha de um dos turistas que a encontrou, só foi salva porque um estagiário implorou por uma chance de cuidar dela. Desde então, a tartaruguinha se adaptou e cresceu até um tamanho normal para sua idade. "Allison, desde o dia em que chegou, foi uma lutadora", disse Lucia Guillen, a biológa voluntária residente. Apesar dos progressos, as chances de sobrevivência de uma tartaruga marinha -- que pode passar dos 200 quilos e viver mais de cem anos -- com apenas uma nadadeira são pequenas. E foi por isso que os tratadores tiveram a idéia de criar a "tartaruga biônica". Um grupo de profissionais médicos e veterinários se voluntariou para ajudar a colocar uma nadadeira prostética na nadadeira traseira esquerda. Ali, Allison possui um pequeno pedaço de osso, que faciltaria a colocação da prótese, e deixaria difícil para ela tirar com a boca.

A pesquisadora da Universidade do Texas Sudarat Kiat-amnuay pretende desenvolver uma prótese com o mesmo tipo de plástico usado para criar membros artificiais em seres humanos. Por ser especialista na área odontológica, ela está acostumada a lidar com as pequenas ferramentas usadas em implantes dentários que provavelmente serão a melhor opção para ajudar Allison. A técnica usada será a mesma que se utiliza para criar um nariz ou uma orelha artificial em humanos. Ela vai esculpir em cera um modelo de nadadeira e daí adaptá-lo para Allison. O plástico precisa antes ser testado em água do mar para garantir que ele vai agüentar. Kiat-amnuay afirmou que pretende até pintar a prótese a mão para combinar com a nadadeira normal de Allison.

Fonte: Globo.com

Radiohead apóia campanha para reduzir emissões

O vocalista da banda britânica Radiohead, Thom Yorke, apresentou hoje em Bruxelas uma campanha da organização ambientalista Friends of the Earth que pretende incentivar os países da União Européia (UE) a assumir compromissos mais ambiciosos no corte das emissões de gases do efeito estufa."Não poderemos despertar do pesadelo da mudança climática a menos que nossos Governos e a UE ajam (...). Eles são os únicos que podem iniciar as medidas que nos ajudarão a enfrentar esse problema", disse Yorke em uma sala lotada de jornalistas.

O vocalista da banda afirmou que apóia há três anos a Friends of the Earth no Reino Unido, onde a pressão dos ambientalistas contribuiu para a elaboração, por parte do Governo, de uma lei muito ambiciosa para reduzir as emissões de CO2. "Desejamos que aconteça o mesmo na União Européia", ressaltou Yorke, que acrescentou que os 27 países do bloco "têm a responsabilidade moral" de liderar a luta contra a mudança climática. O vocalista do Radiohead destacou que todos os membros da banda são muito conscientes do problema e que "fazem tudo o que podem" contra o aquecimento global, até o ponto de que só viajam de avião "quando não há outro remédio" e inclusive restringem algumas de suas turnês. Além disso, apenas fazem shows em locais acessíveis via transporte público, para evitar que os fãs sejam obrigados a usar seu próprio veículo.

Yorke e membros do Friends of the Earth se reuniram com o comissário europeu de Meio Ambiente, Stavros Dimas, a quem detalharam os objetivos da campanha Big Ask, iniciativa que se desenvolverá simultaneamente em 17 países. Fontes da UE disseram que o comissário se mostrou favorável à campanha. A organização deseja que o bloco implemente um sistema para endurecer os compromissos assumidos em nível da UE no corte das emissões, mediante um acompanhamento anual e a aplicação de duras sanções aos países que os descumpram.
O grupo ambientalista quer que a União Européia se comprometa a reduzir até 2020 as emissões de CO2 em 30%, em vez de 20%. A campanha foi apresentada simultaneamente em 22 cidades da UE, com espetáculos e outras atividades. Os responsáveis da iniciativa incentivaram todos os interessados a enviar uma mensagem a seus Governos para que se somem à mesma, através da Internet (www.thebigask.eu).

Fonte: EFE

Barcos clandestinos pescam camarão na barra da Lagoa do Peixe

Maria Helena Annes

Em ação de fiscalização realizada nesta quarta-feira (27/02) o Ibama/RS flagrou cerca de 30 barcos clandestinos pescando do camarão dentro da faixa proibida das três milhas junto à barra do Parque Nacional da Lagoa do Peixe.

A fiscalização foi realizada a bordo do helicóptero do Ibama pelos chefes do escritório de Tramandaí, Kuriakin Toscan e do Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PARNA), Maria Tereza Queiroz Melo.No sobrevôo foi possível identificar a procedência dos barcos que trazem o nome do porto de origem (vários cobertos por óleo ou redes para dificultar a identificação) e verificar que muitos deles já foram autuados pela mesma prática e na mesma região, em ações de fiscalização realizadas em janeiro deste ano.Todos serão autuados.

Fonte: Ibama

Embrapa é convidada a participar do maior banco genético do mundo

Fernanda Diniz

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa foi uma das instituições brasileiras convidadas a participar do Banco Global de Sementes de Svalbard, na Noruega, enviando amostras de sementes para conservação a longo prazo.

O banco genético da Empresa, localizado em uma de suas unidades de pesquisa, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, DF, é hoje o maior do Brasil com mais de 100 mil amostras de cerca de 400 espécies vegetais de importância sócio-econômica.O convite do governo do Reino da Noruega foi feito em outubro de 2007 e, segundo o Chefe-Geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Manuel Cabral, há interesse da Embrapa em participar da iniciativa européia, especialmente por questões de segurança. “O banco norueguês é o mais seguro em termos físicos e ambientais”, explica Cabral. Além de estar situado dentro de uma montanha na cidade de Longyearbyen, o Banco foi construído com total segurança para resistir a catástrofes climáticas (enchentes terremotos, aquecimento gradual, etc.) e até mesmo a uma explosão nuclear. Por isso, é uma oportunidade muito positiva para a Embrapa manter uma cópia de algumas de suas amostras de sementes. Hoje, as sementes conservadas pela Empresa estão armazenadas em câmaras frias a 20ºC abaixo de zero na Unidade de Brasília. “A possibilidade de duplicá-las e enviá-las ao banco de Svalbard é mais uma garantia de segurança de que as espécies não serão perdidas”, afirma o Chefe-Geral.

Definição para selecionar o material a ser enviado

No momento, a Embrapa está analisando as condições legais do contrato de cooperação com o governo da Noruega, especialmente no que se refere ao acesso ao patrimônio genético brasileiro. Um dos maiores interesses é enviar para o banco sementes de espécies nativas do Brasil embora haja interesse, também, em enviar amostras de espécies que não sejam nativas, mas que foram adaptadas às condições brasileiras e que vêm sendo cultivadas há muito tempo, as chamadas variedades crioulas. “Mas essas são exatamente as que mais requerem cuidado em relação à legislação brasileira. Por isso, a questão precisa ser avaliada com cautela”, explica Cabral.

Espécies de importância para a alimentação do povo brasileiro, como milho, feijão e arroz, entre outras, também serão enviadas ao banco nórdico, mas é preciso respeitar os requisitos exigidos pelo governo norueguês, como por exemplo, o fato de o banco não poder conter amostras repetidas. Por isso, antes de selecionar o material a ser encaminhado, é preciso saber o que os outros países já mandaram. É necessário, também, que as sementes tenham grande viabilidade e estejam livres de doenças e insetos e que tenham a capacidade de manter o nível de germinação por, pelo menos, dez anos.O Chefe-Geral acredita que até o final deste ano, a Embrapa consiga enviar o material para a Noruega. “Temos todo o interesse nessa cooperação, já que representa mais segurança para a conservação da diversidade genética vegetal, mas primeiro temos que analisar com cuidado as condições do contrato, de acordo com o que prevê a legislação brasileira”, explica Cabral. Além disso, as sementes terão que ser replicadas e embaladas, o que também demanda tempo.

O novo banco de sementes

A nova caixa forte norueguesa tem capacidade para quatro milhões e quinhentas mil amostras de sementes. O conjunto arquitetônico tem concepção única e foi feito para garantir a segurança física dos materiais armazenados. O Banco Global de Sementes conta com três câmaras de segurança máxima situadas ao final de um túnel de 125 metros dentro de uma montanha em uma pequena ilha do arquipélago de Svalbard. As sementes serão armazenadas a 18 graus Celsius abaixo de zero em embalagens hermeticamente fechadas, guardadas em caixas armazenadas em prateleiras.

O depósito está rodeado pelo clima glacial do Ártico, o que assegura que a temperatura permanecerá muito baixa, mesmo no caso de falha no suprimento de energia elétrica. As baixas temperatura e umidade garantem a baixa atividade metabólica, mantendo a viabilidade das sementes por um milênio ou mais. Por exemplo, as de cevada podem durar 2.000 anos; de trigo 1.700 anos e de sorgo cerca de 20 mil anos.Segundo informações oficiais dos responsáveis pelo Banco, no dia da inauguração, já estavam depositadas 676 caixas contendo 268 mil amostras provenientes de vários países da Europa, Ásia, África e América do Sul. Como o Banco não deseja receber amostras repetidas, as amostras depositadas podem ser consideradas “únicas”, e essa característica torna cada amostra importante para da conservação futura da variabilidade das espécies vegetais.

Importância da conservação

Para ilustrar a importância da conservação de sementes a longo prazo, o banco genético da Embrapa já ajudou no enriquecimento alimentar de povos indígenas e pequenos agricultores no Brasil.Das câmaras geladas de conservação saíram, por exemplo, sementes de milho e amendoim que foram devolvidas ao povo indígena Krahô, no Tocantins, em 1995. Eles não tinham mais as sementes primitivas e não estavam se adaptando às variedades comerciais. Essa interação levou a uma parceria que dura até hoje.

Da mesma forma, no início dos anos 2000, pequenos agricultores de Alto Paraíso, em Goiás, procuraram a Embrapa em busca de sementes de uma variedade de trigo altamente produtiva à região e que já havia desaparecido. As sementes de trigo veadeiro foram entregues ao grupo e hoje já são amplamente plantadas por produtores locais.

Fonte: Embrapa

Moradores de Tailândia pedem alternativas de renda para substituir madeira

Marco Antônio Soalheiro

Em cada ação dos fiscais e agentes da Operação Arco de Fogo nas madeireiras do município paraense, forma-se um conjunto de moradores que acompanham com atenção e curiosidade os fatos. Estão sempre abertos a conversas, mas muitos se negam a dar entrevistas formais e revelar nomes. Os que topam reclamam dos efeitos que a fiscalização terá na economia local.“Como vai ficar a população de Tailândia?”, questionou Daniel Monteiro, 48 anos, corretor de vendas de madeira. “Nossa renda está na madeira e não há outros meios para sobreviver. Fico imaginando a cidade daqui a uns 45 dias, todo mundo desempregado. Hoje estou à-toa olhando para o tempo”, acrescentou.

O vendedor de polpa de frutas Arlindo Cassimiro da Silva manifestou solidariedade aos conterrâneos. “Tem muitos pais de família, com vários filhos, que dependem do setor madeireiro. A criança vai pedir comida e vai chorar amargamente. Nosso pão vem da providência de Deus, mas a comunidade precisa trabalhar”, argumentou o morador, que é evangélico. Silva defendeu que a prefeitura e o governo do estado trabalhem pela instalação de indústrias em Tailândia, para gerar empregos permanentes para a população. “Não adianta só tirar madeira. Onde tira e não se coloca, se acaba. Também tem que gerar alguma coisa para o povo. Até agora não vi isso, para o pessoal ficar tranqüilo”, disse.

O governo do Pará já manifestou a intenção de leiloar a madeira apreendida em Tailândia e se comprometeu aplicar no mínimo 50% dos recursos arrecadados em ações sociais voltadas aos trabalhadores que perderem postos de trabalho na cidade. A prefeitura de Tailândia estima que 70% do dinheiro que circula na cidade venha da madeira.

Fonte: Agência Brasil

Operação contra comércio ilegal de animais silvestres prende 60 pessoas no Rio

Fabíola Ortiz

O Batalhão Florestal da Polícia Militar prendeu ontem 60 pessoas durante operação para reprimir o tráfico e o comércio ilegal de animais silvestres e combater os maus tratos a animais. Foram apreendidos 165 pássaros, avaliados entre R$100 e R$30 mil.

A maioria das aves era da espécie coleiro, mas havia também canários da terra e trinca-ferros. A operação, realizada ontem (27), mobilizou 12 policiais.Segundo o comandante da ação, tenente Érico Cardoso, os policiais foram averiguar denúncia anônima de que haveria um campeonato de canto de pássaros, com o objetivo de valorizar as aves. A reunião ocorreu no Clube Vila Lage, em São Gonçalo."São 60 pessoas, a maioria delas está com pássaros legalizados só que em um local onde não é permitido o encontro nem a reunião desses pássaros. O objetivo é justamente reprimir o comércio desse animais que são da fauna silvestre", destacou Cardoso.

De acordo com informações da polícia, apesar de alguns passarinheiros terem permissão para manter os animais, o clube não tinha autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para realizar esse tipo de reunião, o que por si só, já caracterizaria crime.O proprietário do local e o organizador do evento estão entre os detidos. A pena para esse tipo de crime é de até dois anos de prisão. Todos foram autuados e liberados, mas terão que comparecer ao Juizado Especial Criminal de São Gonçalo (Jecrim).O clube vai ser multado, mas o valor ainda não foi divulgado. No local também foram apreendidas munições de revólver calibre 38 e o troféu do campeonato.

Fonte: Agência Brasil

Polímeros verdes

Thiago Romero

Os presidentes da FAPESP, Celso Lafer, e da Braskem, José Carlos Grubisich, assinaram, na manhã de quarta-feira (27/2), na sede da Fundação, um convênio de cooperação para desenvolvimento de pesquisa científica e tecnológica para a obtenção de polímeros, utilizados na produção de plásticos, a partir de matérias-primas renováveis.

O objetivo é substituir os insumos de origem fóssil nos processos de produção da indústria petroquímica por insumos renováveis derivados de etanol, biomassa e outros subprodutos da cadeia produtiva dos biocombustíveis. Na ocasião também foi lançada chamada pública para apresentação de propostas pela comunidade científica paulista. O convênio prevê que, ao longo dos próximos cinco anos, serão desembolsados até R$ 25 milhões pela FAPESP e mais R$ 25 milhões pela Braskem. Nessa primeira chamada estarão disponíveis até R$ 10 milhões para atender aos projetos selecionados. O prazo final para a apresentação das propostas é 22 de abril.

“É uma grande satisfação para a FAPESP firmar com a Braskem esse acordo, por tudo aquilo que ele representa em matéria de convergência e cooperação entre os setores público e privado. Devido a sua vinculação com o avanço do conhecimento, é importante realçar a grande dimensão que essa parceria terá para a matriz energética e para o desenvolvimento sustentável do país”, disse Lafer. Para Grubisich, o convênio marca o compromisso da Braskem com o desenvolvimento científico e tecnológico a partir de capacidades instaladas no Brasil. Segundo ele, uma das principais estratégias de negócio da empresa, em direção a uma posição de destaque no setor petroquímico mundial, está alicerçada na busca de autonomia na área de tecnologia.
“O acordo nos permitirá dar mais um importante passo e criar uma aliança ambiciosa e de longo prazo com o meio acadêmico. Nesse contexto, o conjunto de competências e o volume de infra-estrutura das universidades e dos centros de pesquisa do Estado de São Paulo representa uma plataforma preferencial para a criação de novos conhecimentos nessa área”, disse.

O governador José Serra, também presente na cerimônia, elogiou os objetivos e peculiaridades do acordo, em especial a substituição de insumos de origem fóssil por insumos renováveis na indústria petroquímica. “Estima-se que 46% da energia consumida no Brasil seja renovável. Devemos promover o aumento desse consumo com a descoberta de novas possibilidades que facilitem uma maior utilização de insumos derivados de biomassa”, disse.
“Esse acordo firmado entre as duas instituições, muito bem organizado por sinal, em que a FAPESP se empenha não só na produção de ciência, mas também na obtenção de novas tecnologias, tem o aplauso do governo do Estado”, afirmou Serra.

Duas grandes áreas

Os projetos de pesquisa apoiados, que serão desenvolvidos conjuntamente por pesquisadores de universidades e institutos de pesquisa paulistas, públicos ou privados, e da Braskem, devem se enquadrar em dois grandes temas de interesse propostos na chamada.
O primeiro se caracteriza por processos de síntese de intermediários, monômeros e polímeros a partir de matérias-primas renováveis, enquanto o segundo contemplará pesquisas que atribuam aos “polímeros verdes” propriedades físico-químicas que permitam sua utilização em diferentes aplicações.

Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, fez uma breve apresentação dessas duas áreas. “O primeiro tema trata do estudo de processos pelos quais se poderá sintetizar moléculas importantes para a indústria petroquímica, a partir de insumos como etanol, biodiesel ou açúcares que se originam da fermentação de biomassa”, explicou. O segundo ramo de interesse enfoca as pesquisas sobre os materiais que serão criados pelos polímeros. “Trata-se de ajustar e produzir, a partir desses insumos verdes, propriedades mecânicas, elasticidade, resistência e durabilidade com características que sejam competitivas e atraentes do ponto de vista das aplicações que interessem ao setor”, disse. “O tipo de projeto que estamos buscando deverá ter caráter de pesquisa exploratória, com a criação de tecnologias baseadas em conhecimentos novos e avançados, além de gerar a publicação de artigos científicos, depósito de patentes e contribuir para a formação de mestres e doutores. Os trabalhos deverão ter uma combinação desses fatores”, apontou Brito Cruz.

O diretor científico da FAPESP destacou ainda que os tipos de estudos contemplados se relacionarão a um grande desafio atual da humanidade. “Trata-se de promover o desenvolvimento sustentável com a redução das emissões de carbono e a introdução de materiais e novas energias que não contribuam para o aquecimento global”, afirmou. O secretário do Ensino Superior do Estado de São Paulo, Carlos Vogt, destacou que o convênio entre as duas instituições, firmado por meio do Programa de Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE) da FAPESP, concretiza uma das missões da Fundação no que diz respeito ao incentivo à cooperação entre os setores de produção industrial e de pesquisa.
“Esse acordo não representa o simples repasse de dinheiro público ao setor privado, mas sim o patrocínio de pesquisadores para o desenvolvimento das ciências. Esse tipo de convênio revela a importância institucional da FAPESP para o desenvolvimento acadêmico, científico, tecnológico e econômico do Estado de São Paulo”, analisou. Mais informações: http://www.fapesp.br/convenios/braskem

Fonte: Agência Fapesp

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Itu planta 30.550 árvores em 45 minutos

Roberto do Nascimento

A cidade de Itu, no interior de São Paulo, conhecida por suas ações exageradas (tem o maior telefone publico, faz as maiores pizzas, etc.) agora quer entrar para o livro dos recordes por uma causa nobre. Plantou nesta quarta-feira, em apenas 45 minutos, 30.550 árvores, superando de longe o recorde anterior, reivindicado pela cidade de Barueri, na Grande São Paulo, que em dezembro plantou 18,9 mil mudas em uma hora. A previsão é que a iniciativa reduza em de 1.100 toneladas por ano de gás carbônico na atmosfera, ou cerca de 100 toneladas de CO2 seqüestradas por hectare anualmente.

O projeto Itu Pela Vida.Plante Essa Idéia, faz parte das comemorações dos 398 anos da cidade, não por acaso administrada por um prefeito do Partido Verde, Herculano Passos Jr. Agora, o município quer fazer parte do Guinness Book, com o plantio do maior número de mudas de árvores em até uma hora. As mudas foram plantadas na região central da cidade e em um bairro rural chamado de Pirapitingui, por onde passa um córrego assoreado que vai até o município vizinho de Sorocaba.

A concentração dos 5 mil voluntários começou às 8 horas, sob a coordenação de especialistas em meio ambiente designados pela secretaria local do setor e, segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, não será uma ação isolada, mas apenas uma das etapas para promover a cidadania e a responsabilidade social para com a causa ecológica. As 30,5 mil mudas ocupam cerca de sete hectares na central e quatro às margens do córrego Tapera Grande, em Pirapitingui. Têm cerca de 60 centímetros e são em grande parte exemplares de mata atlântica.

Fonte: DiárioNet

Exportadores de madeira defendem ações para evitar concorrência desleal no Pará

Marco Antônio Soalheiro

A Operação Arco de Fogo, deflagrada ontem em Tailândia (PA) por 300 agentes da Polícia Federal, da Força Nacional de Segurança e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), é vista como necessária e providencial pela Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), sobretudo por combater a ilegalidade. “Começando por lá, o governo demonstra que quer colocar o dedo na ferida. A fiscalização afasta a concorrência desleal de empresas que tem custo X com outras que tem custo 3X. Por isso, vemos a operação com bons olhos e acho que tem que limpar”, afirmou à Agência Brasil o diretor executivo da Aimex, Justiniano Queiroz Neto.

Neto ressalvou, no entanto, que a fiscalização deve ser acompanha de outras medidas que evitem o retorno da atividade ilegal no futuro: “A Força Nacional pode ficar aqui um ano, mas quando sair, se não houver uma outra alternativa, um modelo de produção sustentável, voltam a madeira ilegal, o carvão ilegal e a pecuária que degrada. A Amazõnia tem sido alvo de muito discurso e pouco recurso”. Entre as medidas sugeridas pelo dirigente da Aimex como complementares à fiscalização estão a implantação de projetos de reflorestamento e a liberação de autorizações de manejo pendentes para empresas funcionarem de forma legal em Tailândia. “Caso contrário, teremos um colapso social no município, a tensão tende a se gravar e as conseqüências são imprevisíveis”, alertou. Queiroz Neto também criticou a morosidade de órgãos públicos na concessão de licenças para o empresário que trabalha de forma legal: “Ao mesmo tempo em que repreende o que há de ruim, tem que estimular as boas empresas, que hoje têm extrema dificuldade de regularizar seus empreendimentos.”

Segundo a Aimex, o setor de madeira como um todo representa cerca de 12% do Produto Interno Bruto (PIB) do Pará. As empresas legalizadas faturaram R$ 3,5 bilhões no ano passado. A entidade já denunciou a existência de um movimento na região de Tailândia, conhecido como “os sem tora”, grupo que invade e rouba em áreas de floresta manejadas e certificadas. A esperança é que a Operação Arco de Fogo consiga desbaratar as supostas quadrilhas. “Não pode uma cidade em que 70% a 80% da atividade [madeireira] são ilegais. Isso não é normal em nenhum país do mundo, tampouco na Amazônia”, ressaltou Neto.

Fonte: Agência Brasil

Nova espécie de mariposa é descrita

Amabílio Camargo

Uma nova espécie de mariposa, inseto da ordem Lepidoptera, da família Saturniidae, foi descrita no último número da Revista Brasileira de Zoologia. Nos últimos cinco anos, o entomologista da Embrapa Cerrados Amabílio José Aires de Camargo e colaboradores têm descrito, em média, uma espécie nova de mariposa por ano, demonstrando que a biodiversidade brasileira ainda é pouco conhecida.

A última espécie descrita voa principalmente na região sul e sudeste, mas com ocorrências esporádicas também no Cerrado. É considerada uma espécie nova aquela que nunca foi coletada e identificada antes. A espécie só é considerada descrita quando é publicado o artigo científico contendo a descrição. O grupo estudado por Amabílio Camargo é um dos mais conhecidos entre todas as famílias de mariposas, sendo um pouco mais de 40 somente na região do Cerrado. Mas mesmo assim, a taxa de identificação de novas espécies, principalmente no Cerrado, é bem alta.
“Se em uma família bem conhecida, temos a descrição de cinco espécies novas a cada cinco anos, imagina o restante, o que ainda falta para conhecer. Se fossemos levar em consideração todos os grupos de animais do Cerrado, a taxa de novas espécies seria de pelo menos 15 por ano”, estima Amabílio.

Apesar de esforços recentes, ainda se conhece muito pouco da biodiversidade brasileira, sendo necessário um esforço maior para obter um levantamento mais completo das espécies de mariposa. As regiões brasileiras mais críticas em relação aos poucos estudos são as áreas de Caatinga, grande parte da Amazônia (exceto arredores de grandes cidades e alguns trechos de rios), o Cerrado (áreas do sul do Piauí, oeste da Bahia e sul do Maranhão) e na região sul, os campos sulinos e as serras do sudeste do Rio Grande do Sul.

Fonte: Embrapa

MMA apresenta ações para combate às mudanças climáticas a parlamentares suecos

Gisele Teixeira

Parlamentares das comissões de Meio Ambiente e Agricultura da Suécia estiveram nesta terça-feira (26) no Ministério do Meio Ambiente para conhecer o trabalho do governo brasileiro nas áreas de redução do desmatamento e enfrentamento das mudanças climáticas. A equipe foi recebida pela ministra Marina Silva e pela secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA, Thelma Krug. É a segunda delegação internacional a visitar o MMA em fevereiro (a primeira foi dos Estados Unidos).

O país europeu possui 16 objetivos ligados à área ambiental a serem atingidos até 2020. Entre eles, redução dos impactos das mudanças climáticas, proteção da camada de ozônio, limpeza do ar, e manutenção de florestas sustentáveis. Por isso a curiosidade dos parlamentares em diversos projetos e iniciativas brasileiras. Tanto a ministra quanto a secretária destacaram as diferentes experiências já em andamento no País, como a queda de 59% na taxa de desmatamento da Amazônia nos últimos três anos; o percentual significativo que as fontes renováveis ocupam na matriz energética brasileira e as pesquisas para avaliar o impacto das mudanças climáticas na biodiversidade e na população em diferentes biomas. De acordo com Thelma, há também grande interesse dos suecos na posição do Brasil nas negociações internacionais para o período pós-2012, quando termina o primeiro período de compromissos do Protocolo de Quioto.

No caso das mudanças climáticas, a Suécia precisa cortar as emissões em até 50%, a partir dos níveis atuais, até 2050, ou mantê-las abaixo de 4,5 toneladas de CO2 por pessoa/ por ano. Este valor hoje é de cerca de 8 toneladas/ano. Para atingir essas metas, o país realizou diversas reformas, inclusive no setor tributário, e vem colhendo alguns frutos. Entre 1990 e 2005, as emissões de CO2 caíram mais de 7%, ao mesmo tempo em que o Produto Interno Bruto cresceu 35%. As emissões do setor de transporte, no entanto, cresceram cerca de 10% entre 1990 e 2002. Esse índice justifica o interesse dos suecos nos projetos brasileiros de biocombustíveis. Hoje, um quinto da matriz energética do país é suprida por biocombustíveis e todos os postos misturam 5% de etanol ao petróleo. Por lei, os maiores revendedores são obrigados a vender biocombustíveis desde 2006 e, a partir de 2007, os consumidores recebem descontos na compra de carros mais eficientes (flex).

Fonte: MMA

Primeiras páginas de 'Enciclopédia da Vida' são lançadas

Paul Rincon

Enciclopédia com 1,8 milhões de espécies deve ficar pronta até 2017

Já estão disponíveis na internet as primeiras 30 mil páginas da vasta enciclopédia que pretende catalogar cada uma das 1,8 milhões de espécies conhecidas do planeta. A Enciclopédia da Vida foi idealizada para ajudar no estudo e na compreensão da biodiversidade mundial.

Os criadores do projeto afirmam que o banco de dados pode ter um impacto sobre o conhecimento humano comparável ao que sucedeu a invenção do microscópio, no século 17.
A idéia nasceu de um artigo publicado em 1993 pelo biólogo Edward O. Wilson, da Universidade de Harvard, que, na época, defendeu um esforço conjunto nos moldes da "corrida à Lua" para as ciências biológicas. Em 2003, ele conseguiu os recursos para levar o projeto adiante. A enciclopédia – que pretende ser acessível a todos, de cientistas a leigos – está sendo organizada por um consórcio de museus e outras instituições científicas, como o Smithsonian Institute, em Washington, onde trabalha James Edwards, diretor-executivo do projeto.

Derradeira

A Enciclopédia da Vida – descrita como o "derradeiro guia de campo" – deve incluir todos os seis reinos da vida, incluindo os vírus, que muitos pesquisadores não consideram organismos vivos. Os responsáveis afirmam que ela poderá ajudar cientistas a avaliar o impacto das mudanças climáticas sobre plantas e animais, e ainda ajudar no planejamento de estratégias para diminuir a expansão de espécies invasoras e permitir que a propagação de uma doença seja rastreada. Outro dos objetivos declarados é aumentar a consciência sobre a biodiversidade no momento em que o planeta atravessa o que se chama de sexta extinção em massa. A imensa quantidade de informações da enciclopédia está sendo compilada a partir de outros bancos de dados já disponíveis na internet, como o AmphibiaWeb (de anfíbios) e o FishBase (de peixes), entre outras fontes. "O que torna a enciclopédia possível agora, já que cinco anos atrás não seria possível, é que há muitos recursos online que podemos aproveitar", disse James Edwards à BBC.
"Em segundo lugar, a tecnologia de informação chegou a um ponto em que você pode juntar informações de diferentes fontes e apresentá-las como no Google News", acrescenta. "Estamos usando o mesmo princípio."

Recurso vasto

As fontes fornecem informações para a enciclopédia de graça com o objetivo de atrair leitores para seus sites, com informações mais detalhadas e que necessitam de assinatura para acesso.
"Se alguém fosse sentar e começar a escrever, do nada, uma enciclopédia da vida, levaria pelo menos 100 anos para completá-la", afirma Edwards. "Mas acreditamos que será possível realizar o trabalho em um décimo do tempo." O projeto começou no primeiro semestre do ano passado. A enciclopédia já tem abertos os modelos de 1 milhão de páginas, das quais 30 mil já contam com informações detalhadas. Além disso, há cerca de 12 páginas multimídia extremamente desenvolvidas, que já dão uma idéia do que vem por aí. Todos os 1,8 milhão de verbetes deverão estar completos até 2017. "Em cada página, haverá informação fornecida pela União Mundial para a Conservação sobre o status (de uma espécie), mostrando se está ameaçada, em risco de extinção, ou extinta", conta Edwards.

"Nós achamos importante trazer informações sobre organismos que estão bem, mas também sobre aqueles que foram recentemente extintos." Os criadores da enciclopédia ainda pretendem coletar informações na internet assim que possíveis novas espécies forem identificadas. O projeto vai pedir a ajuda de usuários para que submetam fotos e informações que serão analisadas por uma equipe de autenticação.

Fonte: BBC Brasil

Ativistas violam segurança e protestam no telhado do Parlamento britânico

Cinco ambientalistas superaram hoje as fortes medidas de segurança no Parlamento britânico e chegaram até o telhado do edifício, em protesto contra a expansão do aeroporto londrino de Heathrow. Os cinco ativistas, que fazem parte do grupo Plane Stupid, mostraram dois cartazes, um dizendo "não a uma terceira pista" e outro que diz "instalações da BAA", em referência ao operador aeroportuário de Heathrow, informou a imprensa britânica.

O protesto durou quase três horas e terminou pouco depois de começar a sessão semanal de perguntas ao primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown. Segundo a rede britânica "BBC", os ativistas foram retirados pela Polícia e devem ser detidos. Na segunda-feira passada, quatro ativistas do Greenpeace foram detidos após subir até a parte superior de um avião em Heathrow, também em protesto contra a expansão do aeroporto e em defesa do meio ambiente.
Aparentemente, os manifestantes de hoje entraram no Parlamento com permissões de visitantes, e depois encontraram uma saída de incêndios para subir até o telhado do Palácio de Westminster, o que representa uma séria violação da segurança.

O protesto de hoje coincide com o fim do período de consultas concedido pelo Governo sobre os planos para construir uma nova pista no principal aeroporto britânico. Um dos manifestantes, que se identificou como Richard George, disse que decidiu protestar porque a indústria da aviação aproveitou a "fraqueza" do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, para não pedir uma ampliação da consulta. "Nem sequer é considerado o aquecimento global, apesar de tudo, o que Brown falou sobre o meio ambiente e apesar do impacto em massa que a aviação tem no clima", acrescentou George, de 27 anos, em declaração por telefone à imprensa britânica. "O primeiro-ministro nem sequer tem a coragem de perguntar aos londrinos uma pergunta simples: Querem uma terceira pista?", disse.

No protesto do Greenpeace na segunda-feira, os ecologistas também conseguiram burlar as medidas de segurança do terminal 1 de Heathrow para chegar até um avião, no qual colocaram um cartaz com a mensagem "Emergência climática. Não a uma terceira via".

Fonte: EFE

Estudo mapeia estrago feito pelo homem em recifes

Cornelia Dean

Pesquisadores que estudaram uma série de atóis do Oceano Pacífico estão produzindo o primeiro retrato detalhado de recifes de coral intocados e de como as atividades humanas podem prejudicá-los - em especial, afirmam eles, a pesca.

Os pesquisadores, do Instituto Scripps de Oceanografia e outras instituições de pesquisa americanas e internacionais, registraram todas as formas de vida marinha localizadas na parte norte das ilhas Line, uma cadeia ao sul do Havaí, no terceiro trimestre do ano passado. A pesquisa abarcava tudo, de micróbios a tubarões e outros peixes de grande porte que ficam no topo da cadeia alimentícia. Os "recifes sem gente" eram mais saudáveis que os povoados, afirmam os pesquisadores em relatório divulgado hoje na versão online da Public Library Science Biology. Os ecossistemas de Kingman e Palmyra, os atóis mais setentrionais e menos povoados do grupo, são dominados por grandes predadores como tubarões e garoupas, e o coral é robusto, eles disseram, enquanto os atóis de Tabuaeran e Kirimati, ao sul, os mais povoados do grupo, são caracterizados por algas carnudas, pequenos peixes comedores de plâncton e corais degradados.
Em comentário igualmente publicado online, Nancy Knowlton e Jeremy Jackson, especialistas em corais do Scripps e da Smithsonian Institution, disseram que o novo trabalho era notável porque produzia dados sobre locais "em todo o espectro de impacto humano".

Sem dados desse tipo, eles escreveram, estudar os recifes de coral é como tentar discernir a estrutura ecológica da floresta tropical amazônica observando as fazendas de pecuária e as plantações de soja que substituíram boa parte dela. Na verdade, afirmam, seria ainda pior. Os cientistas podem visitar vastas áreas de floresta tropical intacta e dispõem de décadas de dados acumulados por pesquisadores passados. "No caso dos oceanos, a situação é muito diferente", escreveram Knowlton e Jackson, porque a degradação dos ecossistemas oceânicos é tão onipresente e as observações subaquáticas são relativamente recentes. Como resultado, afirmam, os cientistas discordam quanto à importância relativa para o coral de fatores locais como o excesso de pesca e a poluição, comparados a problemas globais como as alterações climáticas e a acidificação dos oceanos que ela vem causando. O trabalho conduzido nas ilhas Line não permitirá eliminar essas discordâncias.

Mas os cientistas apontaram para grandes diferenças entre as comunidades de peixes nos recifes habitados e desabitados, que eles atribuem às pressões que a pesca exerce sobre tubarões, garoupas, vermelhos e outros predadores de grande porte, disse Enric Sala, ecologista que trabalhava para o Scripps e agora faz parte do Conselho Nacional de Pesquisa Científica da Espanha. Kingman é despovoado - de fato, parte alguma de seu território passa o tempo todo acima da água. Palmyra sofreu dragagem extensa nos anos 40, disseram os pesquisadores, e já houve pesca no local, mas hoje os dois atóis estão protegidos pelo Serviço de Pesca e Fauna dos Estados Unidos, como parte do Refúgio Nacional de Fauna do Pacífico. O acampamento instalado em Palmyra, com capacidade para receber 20 pessoas, dispõe de estação própria de tratamento de esgotos.

Tabuaeran, com uma população crescente estimada em 2,5 mil pessoas em 2005, e Kirimati, com 5,1 mil pessoas e registrando expansão ainda mais rápida, são parte da República de Kiribati. As pessoas de Kiribati sobrevivem pela pesca, e não dispõem de estações de tratamento de esgotos. Em Kingman e Palmyra, o ecossistema do oceano é dominado pelos grandes peixes predatórios, espécies "virtualmente ausentes" em Tabuaeran e Kirimati, também conhecida como ilha Christmas. Os pesquisadores afirmam que esse é o padrão típico em outras partes do mundo, excetuadas as ilhas do noroeste do Havaí. Eles atribuem o problema às pressões da pesca, que, segundo eles, "tende a reduzir desproporcionalmente a densidade populacional de animais de vida mais longa e corpos maiores". O padrão nos atóis desabitados, no entanto, "se assemelha ao que vemos no parque de Yellowstone - é o que chamo de a paisagem do medo", diz Sala. "Em Yellowstone, porque existem muitos lobos, os cervos são muito mais atentos". Como resultado, afirmou, os peixes menores passam muito tempo escondidos. "Quando as pessoas vêem as fotos, pensam que não há nada na água", disse ele. "Para mim, é mais bonito porque os corais são saudáveis e limpos, e não vemos algas nos recifes, e se pode ver as garoupas e os grandes tubarões".

Nos recifes degradados, ele afirma, existem muito mais peixes, mas de porte muito inferior. "A porcentagem de cobertura do fundo por corais se reduz, as algas crescem, e os micróbios se tornam bastante abundantes", afirmou. Os pesquisadores disseram que a cobertura de coral, a densidade populacional e a riqueza de espécies era mais alta em Kingman e mais baixa em Kirimati, e as doenças no coral são mais comuns em Kirimati. Sala reconheceu que, sob os padrões do Caribe e de outras áreas altamente exploradas, Tabuaeran e Kirimati estão em boa forma. Mas disse que "existem cinco mil pessoas vivendo na ilha Christmas e pescando lá", e isso bastará para "transformar todo o ecossistema". Sala considera os recifes como "máquinas ecológicas" cujas partes incluem peixes, plantas, corais e micróbios. "O sistema como um todo pode ser atingido por uma perturbação, mas ele se recupera", afirma. Mas caso peças do sistema - como os grandes predadores - sejam removidas, ele argumenta, "a máquina apresentará defeito". Como resultado, disse, o novo trabalho "é um argumento em defesa de reservas marítimas grandes o bastante para incluir populações saudáveis de predadores de grande porte".

Fonte: New York Times

Algas provocam mancha vermelha no rio Yang Tsé

A proliferação de uma alga inócua atribuída às intensas nevascas provocou a mancha vermelha surgida em um afluente do rio Yang Tsé na altura da província de Hubei (centro), o que levou à interrupção do fornecimento de água a 20 mil pessoas, informou hoje a agência estatal Xinhua. As autoridades locais tinham interrompido o fornecimento de água no domingo, diante do temor de que a origem do fenômeno fosse um vazamento tóxico. O fornecimento foi retomado, após ser comprovado que a alga não é prejudicial.

Os testes mostraram que a cor avermelhada das águas do rio Hanjiang e de três de seus afluentes se deve à proliferação de uma alga do gênero Cyclotella provocada pela morte de espécies aquáticas devido à súbita elevação das temperaturas após as intensas nevascas dos últimos meses. Este tipo de alga não está relacionada com a nociva alga esverdeada que nos últimos meses se estendeu por vários lagos e rios chineses e que brota devido à poluição das águas. Segundo a Administração Estatal de Proteção Ambiental, 26% das águas chinesas são "totalmente inúteis", 62% não são apropriadas para a fauna aquática e 90% dos rios que atravessam cidades na China estão poluídos.

Fonte: EFE

Abelhas ajudam no reflorestamento da Amazônia



Abelha sem ferrão do gênero Melipona .Foto: IB/USP (Projeto Vinces/Fapesp)


Monalisa Silva



A importância das abelhas para o ecossistema vai além da produção do mel. Elas são responsáveis por 30 a 90% do processo de polinização que resulta na produção de frutos de plantas floríferas dos diferentes biomas brasileiros. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) realiza pesquisas referentes a esse processo e comprovou o terceiro caso registrado no mundo de dispersão de sementes de plantas por abelhas.

De acordo com Alexandre Coletto da Silva, biólogo que acompanhou a pesquisa, os outros dois casos registrados foram na Austrália e na Amazônia, respectivamente. Coletto explica haver dificuldades para comprovar o fenômeno porque é necessário identificar as sementes dentro das colméias. "No caso do nosso trabalho, conseguimos demonstrar que elas levam para dentro do ninho as sementes e que algumas caem no trajeto. Consegui filmar isso usando técnicas de escalada, para poder ter acesso aos frutos no alto das árvores. Confirmamos a presença das abelhas coletando a resina e as sementes", relatou.

Hoje, o Inpa desenvolve estudo sobre a dispersão de sementes por abelhas sem ferrão para a reprodução do camu-camu (Myrciaria dubia), fruta nativa da Amazônia, encontrada nas áreas de várzea. Um das suas características é a riqueza no teor de vitamina C (ácido ascórbico) em quantidades maiores que as encontradas na acerola, no limão e na laranja, entre outras frutas.
Além da descrição morfológica do camu-camu, a pesquisa visa ao estudo da biologia floral e à exploração de técnicas de polinização nessas culturas com o intuito de aumentar a produção de frutos em plantio de terra-firme utilizando colméias racionais de abelhas sem ferrão da espécie Melipona seminigra merrilae Cockrell.



Os principais polinizadores do camu-camu são abelhas do gênero Melipona e do grupo das Trigonas, embora outros grupos de insetos estejam envolvidos. A bióloga Christinny Giselly Bacelar Lima, que participa do estudo, explica que o trabalho de dispersão de sementes é importante tanto para as plantas quanto para as abelhas. "O benefício é mútuo, para a abelha porque visitando a planta consegue o seu recurso floral e para a planta que por meio deste agente polinizador estará, conseqüentemente, frutificando e perpetuando a sua espécie". Ainda segundo Christinny, a pesquisa contribui para conservar a vegetação nas áreas de várzea, desde que se saiba fazer o manejo dessas plantas. Ela alerta que muitas vezes a própria população ribeirinha retira os frutos ou desmata, promovendo o desequilíbrio ecológico, visto que para coletar os frutos, as colméias são destruídas.

Proteção para as abelhas

O Projeto de Lei 1634/07, do deputado João Dado (PDT-SP), em tramitação no Congresso Nacional, prevê proteção especial às espécies de abelhas polinizadoras. Na sua justificativa o parlamentar diz que entre as ameaças que as abelhas enfrentam estão a monocultura, o uso intensivo de agrotóxicos, o desmatamento e as queimadas. Com a redução das colônias de abelhas podem ocorrer diversos prejuízos para a biodiversidade e também para a agricultura, indústria e comércio de produtos derivados do pólen e do mel, além dos derivados obtidos das plantas que se reproduzem pelo processo de dispersão de sementes realizado pelo inseto.
A bióloga Christinny é a favor do projeto de lei. Ela assegura que os danos para a biodiversidade com a redução das populações de abelhas seriam inestimáveis. "Muito do que temos em nossa mesa como alimento depende exclusivamente dos polinizadores, desse processo natural. Então, se não há abelha, não teremos fruto e muitos outros alimentos".

Fonte: Assessoria de Comunicação do MCT

Comitê da Lagosta prorroga em 30 dias o período do Defeso

Kézia Macedo e Felipe Bello

Um acordo entre representantes do Ibama, Seap e setor lagosteiro aumentou em um mês este ano o período do defeso das espécies de lagostas verde e vermelha, que só terminará no dia 31 de maio. Eles avaliam que os 45 dias acrescidos ao período em 2007 foram benéficos à conservação do crustáceo e à produtividade da pesca. A decisão foi tomada ontem em reunião do Comitê de Gestão do Uso da Lagosta (CGSL) realizada em Brasília.

Segundo o Coordenador-geral de autorização do uso e gestão de recursos pesqueiros, José Dias Neto, um defeso mais amplo permite uma proteção maior à reprodução da espécie e a renovação dos estoques. Além disso, resulta numa diminuição da pressão sobre o recurso. “Quem ganha com uma gestão eficiente dos recursos pesqueiros são os pescadores, os armadores, os empresários”, observa José Dias. Ao pescador cadastrado e permissionado, a Lei assegura até cinco meses de seguro- defeso. Durante esse período, ele pode pescar outras espécies, desde que não estejam proibidas ou abaixo do tamanho mínimo.

Lagosta contaminada

Na reunião do Comitê foram consideradas ainda outras decisões importantes. O Ibama vai elaborar legislação específica para a proibição do uso da marambaia, espécie de armadilha feita de tambores amarrados e depositados no fundo do mar, cuja utilização se prolifera nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte. José Dias explica que o uso da marambaia é considerado irregular por vários aspectos. Primeiro, por que ocorre perto da costa, dentro dos limites da 4 milhas proibidas para a pesca. Segundo, está associado à pesca de mergulho, que é ilegal. E ainda privatizam uma área de Marinha. De acordo com depoimentos de pescadores, muitas dessas armadilhas são confeccionadas a partir de embalagens de agrotóxicos, o que pode contaminar o produto. A legislação a ser elaborada pelo Ibama deve proibir o transporte e o armazenamento desses equipamentos, o que facilitará o trabalho da fiscalização que não tem como localizar as armadilhas no mar.

DOF do Pescado

Ficou também acordado que será criado no âmbito da CGSL um Grupo Técnico para elaboração e implementação do Documento de Origem do Pescado (DOP), nos mesmos moldes do Documento de Origem Florestal (DOF). De acordo com o coordenador do Plano Nacional de Fiscalização da Pesca da Lagosta, Marcelo Amorim, “com a implantação do DOP, somente as lagostas capturas de forma legal poderão ser comercializadas”. Durante o encontro também foi aprovada proposta para que a Seap estenda o período de renovação das permissões de pesca da lagosta por mais um mês. Assim, o prazo foi ampliado até 30 de março. Quanto à fiscalização da pesca da lagosta, foram apresentadas estratégias para imprimir maior rigor às ações que serão desenvolvidas este ano. Também foi proposta um plano de educação ambiental junto às comunidades pesqueiras nos estados do Ceará, Paraíba, Bahia, Espírito Santo e Pernambuco igual ao realizado pela Superintendência do Ibama no estado do Rio Grande do Norte.

Fonte: Ibama

Empreendedorismo e conservação florestal

Thiago Romero

Mais de duas centenas de municípios paulistas ampliaram suas áreas de Mata Atlântica na década passada, formando verdadeiras manchas de recuperação florestal no mapa do Estado de São Paulo. As constatação foi feita por Eduardo Ehlers, diretor de Graduação do Centro Universitário Senac, em estudo publicado na Revista de Economia e Sociologia Rural.

Segundo o trabalho, de 1990 a 1995, a área de mata perdeu 3,6% de sua extensão no estado, mas, contrariando essa diminuição, em 85 municípios o aumento da cobertura florestal superou as perdas. Esses municípios ampliaram em 13.947 hectares suas áreas totais de Mata Atlântica.
Já na segunda metade da década, entre 1995 e 2000, a tendência se repetiu: a mata encolheu mais 1,7% em todo o estado, enquanto em 131 municípios a cobertura vegetal também aumentou, de acordo com o trabalho, ganhando 23.048 hectares a mais de floresta. Dos 204 municípios paulistas que tiveram área de mata ampliada, 12 deles aparecem nas duas listas, ou seja, tiveram saldo positivo nos dois períodos analisados.

Com base nesses dados sobre a perda de cobertura vegetal no Estado, que foram colhidos nas bases de dados e outros estudos divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Socio-ambiental (ISA), o objetivo do trabalho foi saber os fatores que contribuíram para esse aumento de cobertura florestal. “Partimos da hipótese, que se confirmou no estudo, de que esse inusitado aumento estaria relacionado ao avanço dos empreendimentos que não só valorizam os recursos ambientais mas que também promovem o aproveitamento econômico dessas heranças da natureza”, disse Eduardo Ehlers à Agência FAPESP. Segundo ele, esses empreendimentos, principalmente hotéis e comércios ligados ao turismo, acabaram se tornando importantes parceiros da conservação ambiental. “Empresários de cidades como Brotas, Dourados e Corumbataí, que abrigam um conjunto de empreendimentos turísticos que dependem da natureza conservada, vêm se unindo para a criação de associações de proteção ambiental”, conta. “A valorização do patrimônio natural passou a ser uma vantagem competitiva para a atração de clientes”, disse Ehlers. Os resultados são originários de uma pesquisa de doutorado defendida pelo pesquisador no Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (USP).

Fiscalização eficiente

Para chegar a essas conclusões, além de revisão da produção científica sobre os principais fatores que vêm provocando a degradação da biodiversidade e sua importância ecológica e econômica, o pesquisador dividiu os procedimentos de coleta de dados em três etapas. A primeira consistiu em uma análise da variação da cobertura florestal em municípios que, entre outros quesitos, tiveram maiores variações de população entre 1991 e 2000, possuem unidades de conservação estaduais e contam com pólos de ecoturismo credenciados pela Empresa Brasileira de Turismo (Embratur).

Nessa fase, foram selecionadas ainda as cidades com elevada densidade de microempresas ou empresas de pequeno porte formalmente constituídas para que, na segunda etapa, fossem realizadas entrevistas com gestores municipais para identificar a relação dos empreendimentos com a conservação da natureza. Na terceira etapa da coleta de dados foram entrevistados pessoalmente representantes de 20 municípios que ampliaram a Mata Atlântica, nos dois períodos analisados, com o objetivo de descobrir o que estaria contribuindo para a expansão dos fragmentos florestais. “O estudo conclui que, mais importante que a associação entre os empreendimentos e a recuperação florestal, o principal motivo do ganho de cobertura vegetal nos municípios é a fiscalização cada vez mais intensa decorrente de uma legislação ambiental rigorosa, que vem sendo elaborada pelos órgãos do governo estadual desde o final da década de 1980”, explica Ehlers. “Essa legislação, que é respeitada sobretudo nas grandes fazendas, faz com que a floresta não seja desmatada e também com que regiões como leitos de rios e morros não sejam utilizados para o plantio de culturas agrícolas, permitindo a regeneração natural da vegetação dessas áreas”, acrescenta o pesquisador.

Para ler o artigo Empreendedorismo e conservação ambiental no interior de São Paulo, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.

Fonte: Agência Fapesp

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Produtos e serviços da sociobiodiversidade são tema de seminário na Bahia

A cidade de Juazeiro, na Bahia, sedia, de hoje (26) a quinta-feira (28), no Centro Cultural João Gilberto, o seminário Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade: Agregação de Valor e Consolidação de Mercados Sustentáveis voltados para o Bioma Caatinga.A promoção é dos Ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA), do Meio Ambiente (MMA) e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). O seminário é o último de uma série que começou em 2007 e foi realizado nos estados do Pará, Acre, Goiás, Paraná e Rio de Janeiro.

O encontro é voltado a representantes do setor empresarial, comunidades tradicionais, agricultores familiares, organizações de fomento, apoio e pesquisa (como empresas de assistência técnica e extensão rural), agentes financeiros, universidades e representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) da Região Sul.O MDA será representado pelo coordenador-geral de Agroindústria da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), José Adelmar Batista, que vai falar sobre políticas públicas para as cadeias de produtos da sociobiodiversidade.

Fonte: Agência Brasil

Noruega inaugura "cofre" para preservar sementes

A Noruega inaugurou na terça-feira, sob uma montanha na região ártica, uma instalação destinada a proteger sementes de alimentos, um dos recursos mais preciosos da humanidade, contra possíveis desastres naturais.

Escavada em uma montanha gelada a mil quilômetros do Pólo Norte, essa "arca de Noé" tem câmaras que permaneceriam congeladas por 200 anos mesmo caso o aquecimento global atinja o pior cenário previsto e se houver defeito no sistema artificial de refrigeração, segundo os responsáveis. O primeiro-ministro Jens Stoltenberg disse que a instalação preserva "os tijolos fundamentais da civilização humana", ameaçados por fatores como o aquecimento global, que põe em risco "a diversidade da vida que sustenta nosso planeta". A caverna, numa ilha do arquipélago de Svalbard, no extremo norte norueguês, serve de "backup" para sementes armazenadas em bancos genéticos de todo o mundo.

Inicialmente, 100 milhões de sementes de mais de cem países foram enviadas para serem mantidas no local, que custou 10 milhões de dólares e armazena 268 mil amostras diferentes, cada uma de um campo ou fazenda. Há desde amostras de alimentos importantes da África e Ásia, como arroz, milho, trigo e sorgo, até variedades européias e sul-americanas de berinjela, alface, cevada e batata. "Teremos uma grande coleção de sementes aqui, uma das maiores do mundo, desde o dia da inauguração", disse Cary Fowler, diretor do Fundo Global da Diversidade Agrícola, que financia as operações.

Stoltenberg e a ambientalista queniana Wangari Maathai, Prêmio Nobel da Paz de 2004, colocaram a primeira caixa com sementes de arroz na câmara, durante cerimônia de inauguração da qual participou o presidente da Comissão Européia (Poder Executivo da União Européia), José Manuel Durão Barroso. "As condições aqui embaixo na gruta são perfeitas", disse Fowler dentro do túnel ligeiramente inclinado que leva até as três câmaras, onde podem ser armazenadas até 4,5 milhões de amostras, com um total aproximado de 2 bilhões de sementes. As sementes ali depositadas continuam sendo propriedade dos depositários, entre os quais há grandes bancos genéticos de países em desenvolvimento.

Durante uma visita ao local na segunda-feira, o ruidoso equipamento de refrigeração tornava ainda mais gelada a primeira câmara a ser aberta. As sementes serão mantidas numa faixa de -18C a -20C. Nessas condições, segundo os realizadores, a cevada consegue sobreviver durante 2.000 anos, o trigo sobrevive por 1.700, e o sorgo poderia atravessar quase 20 milênios.

Fonte: Reuters

Energia alternativa já supera a de hidrelétricas

Roberto do Nascimento

A Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima já aprovou 187 projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), que atendem à exigências do Protocolo de Kyoto, acordo mundial para evitar ou reduzir as emissões de gases que causam o aquecimento global. Do total, 62% referem-se a projetos voltados para a geração de energia, que representam 3.045 MW, equivalentes ao será produzido pela usina de Santo Antonio, no Rio Madeira, Amazônia.
A energia a partir de biomassa se destaca com 46% dos projetos limpos, seguida da hidrelétrica (26%), pequenas centrais (18%) eólica (6%) e biogás (4%). Com a rápida evolução no número de unidades produtoras (somente a cogeração a partir da biomassa acrescenta 1.409 MW ao parque energético do País), especialistas defendem a inclusão dessas usinas na matriz energética, especialmente com a extensão de linhas de transmissão.

Estudos mostram que a geração de energia por usineiros somada os colocaria no mesmo nível da sétima maior hidrelétrica do Brasil. E a previsão é colocar no mercado até 2012 o equivalente a 10,1 mil MW, superando Itaipu, que gera 9,7 mil MW. A Associação Paulista de Cogeração de Energia (Cogen) informa que a safra 2012/2013 deve alcançar 695 milhões de toneladas de cana. Cada tonelada produz 250 quilos de bagaço e 204 quilos de palha/ponta, capazes de gerar 199,9 quilowatts/hora. O Brasil tem hoje 268 projetos de MDL em alguma fase de aprovação, com prevalência da geração elétrica (168), suinocultura (40 projetos que capturam gás metano) e 28 de aterro sanitário. Os demais estão divididos entre a indústria (14), programas de eficiência energética (9), tratamento de resíduos (3), seqüestro de óxido nitroso (4), indústria química e produção de metal com projeto cada.

Todos esses projetos reunidos prometem evitar a emissão de 274 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) ou seu equivalente em outros gases-estufa. Como cada tonelada evitada tem um preço de mercado, podendo ser vendida para os países que têm meta obrigatória de redução de emissão desses gases, ao preço de hoje esses projetos representam uma receita adicional para as empresas de cerca de R$ 11 bilhões.

Fonte: DiárioNet

Mapa mostra marca da atividade humana nos mares

Andrew C. Revkin

Em 1980, depois de me formar na faculdade, me tornei parte da tripulação de um veleiro que estava na metade de uma viagem de circunavegação do planeta. Em meio a uma calmaria e ao forte calor de uma travessia do Oceano Índico que levou 21 dias, certa tarde diversos de nós mergulharam. Algumas braçadas me levaram a ver o casco do barco que ficava para trás como uma espécie de brinquedo. Por sob meu corpo, minha sombra e a do barco desapareciam nas profundezas de um mar que naquele ponto tem profundidade superior a três quilômetros. A atividade humana me parecia insignificante, diante da grandeza do mar.

Algumas semanas mais tarde, em uma ilha desabitada nos confins do Mar Vermelho, obtive uma prova de que estava errado. A costa da ilha, acima da ilha da maré, estava recoberta de velhas lâmpadas, aparentemente lançadas de uma procissão interminável de navios ao longo dos anos. Agora os cientistas estão montando o primeiro retrato mundial do impacto humano disperso sobre os oceanos, revelando uma mistura planetária de recursos desgastados, ecossistemas degradados e combinações biológicas destrutivas causadas pelo movimento - acidental ou intencional - de espécies ao redor do mundo.

Um estudo publicado em 15 de fevereiro pela revista Science é o primeiro esforço para mapear 17 tipos diferentes de impacto humano sobre o oceano, como poluição orgânica - incluindo resíduos agrícolas e esgotos; danos causados por colisões de barcos pesqueiros contra o fundo do mar e recifes; e pesca convencional intensiva nas regiões de recifes de coral. Cerca de 40% das áreas oceânicas vêm sofrendo efeitos intensos, e apenas 4% dela parecem intocadas, de acordo com o estudo. Os mares polares estão na categoria intocada, mas isso deve mudar. Alguns dos impactos da atividade humana são conhecidos, como os danos a recifes de coral e mangues causados por construção, mas há também tendências mais sutis, como a perda de certos peixes que determinam a forma de ecossistemas.

Outros efeitos causaram surpresa, disse Benjamin Halpern, o diretor do estudo, cientista no Centro Nacional de Análise e Síntese Ecológica, em Santa Barbara, Califórnia. Ele disse que as plataformas continentais e as encostas subaquáticas provaram ser as áreas mais afetadas, especialmente em regiões costeiras densamente povoadas. A marca mais presente da atividade humana é a lenta queda no pH das águas de superfície em todo o mundo, já que uma parcela dos bilhões de toneladas de dióxido de carbono que a queima de combustível e de florestas leva à atmosfera a cada ano termina absorvida pela água, na qual forma ácido carbônico. A mudança progressiva na composição química do oceano poderia levar a perturbações no ciclo de vida dos plânctons, que formam conchas, e das espécies que criam recifes de coral, especialmente em áreas nas quais existam outros impactos, como o aumento das temperaturas causado pelo aquecimento global gerado pela atividade humana, dizem muitos biólogos marinhos.
"Estudo essas coisas o tempo todo e não esperava que o impacto fosse tão presente", disse Halpern. A revisão oferece uma referência necessária ao rastreamento de mudanças posteriores, ele afirma. Também identifica algumas áreas problemáticas despercebidas, semelhantes aos "pontos de crise" de biodiversidade terrestre identificados por grupos ecológicos ao longo dos anos.

Uma análise como essa era necessária há muito tempo, disseram muitos biólogos marinhos em entrevistas. As preocupações das pessoas com a conservação se concentraram fortemente na ecologia terrestre, ainda que os mares cubram dois terços do planeta e sejam fonte vital de comida e prazer. Sylvia Earle, oceanógrafa e "exploradora residente" da National Geographic Society, diz que as pessoas costumam se preocupar apenas com o que conhecem. A questão agora é determinar se as pesquisas conduzidas estão produzindo conhecimento suficiente, e se ainda é tempo de mudar alguma coisa. "Aprendemos mais sobre a natureza dos oceanos na segunda metade do século 20 do que em toda a História humana precedente", disse Earle. "Mas ao mesmo tempo perdemos muito mais". Um esforço separado de mapeamento publicado este mês se concentrava em espécies invasivas introduzidas, e constatou que 84% das águas costeiras do mundo sofrem com esse problema, e que as águas do Oceano Ártico são o próximo alvo, à medida que a navegação na área crescer em função do aquecimento global.

Mais de metade das espécies introduzidas que se fixam em novas áreas estão exercendo efeitos adversos, disse Jennifer Molnar, especialista em conservação da Nature Conservancy, organização que comandou o estudo publicado pela Frontiers in Ecology and the Environment.
Enquanto os esforços de avaliação dos efeitos da atividade humana se intensificam, outros cientistas tentam simplesmente identificar espécies marinhas de todos os portes, uma tarefa enorme dado o conhecimento relativamente escasso sobre os oceanos. O cerne do trabalho de identificação está no projeto Recenseamento da Vida Marinha, um trabalho de 10 anos de duração iniciado sob os auspícios da Alfred P. Sloan Foundation e que deve produzir seu primeiro relatório sintético sobre espécies marinhas em 2010. Mais de dois mil cientistas em 81 países contribuíram, disse Michael Feldman, do Consórcio de Liderança Oceânica, o grupo que coordena o projeto, em Washington. Desde 2003, os cientistas envolvidos nesse trabalho descobriram mais de 5,3 mil espécies, afirmou Feldman, acrescentando que "só conseguimos identificar formalmente algumas centenas delas, até agora. Mas os pesquisadores continuam a descobrir coisas em um ritmo que não nos permite nem mesmo definir o que fazer a respeito".

Fonte: The New York Times

Pantanal é dependente das águas do Cerrado

Liliane Castelões

A exuberância natural, a alta diversidade biológica e a imensa planície de áreas alagáveis do Pantanal Matogrossense podem ser ameaçadas pelos impactos nos recursos hídricos do Cerrado.
Os principais rios do Pantanal nascem nos planaltos e nas chapadas do Cerrado. Estudos realizados por pesquisadores da Embrapa Cerrados (Planaltina-DF) concluíram que o Cerrado contribui com a vazão que flui em oito das 12 regiões hidrográficas brasileiras, sendo fundamental para os rios Paraguai, Parnaíba, São Francisco e Tocantins-Araguaia.

Na porção brasileira da região hidrográfica do rio Paraguai, o Cerrado está presente em cerca de 62% de sua área e responde por quase 136% da vazão nela produzida. Com essa estimativa, fica evidente a dependência do Pantanal em relação aos recursos hídricos gerados no Cerrado. Isso porque a vazão, que cruza os limites do Cerrado em direção ao Pantanal, é aproximadamente 35% maior do que a vazão que deixa o Brasil pelo rio Paraguai.

Déficit hídrico

Os pesquisadores Jorge Furquim Enoch Werneck Lima e Euzebio Medrado da Silva observaram que o balanço hídrico do Pantanal é negativo em relação à geração de vazão. Isso significa que a evapotranspiração (total de água perdida para a atmosfera) em sua área é superior a precipitação, provocando inclusive, o consumo de parte dos recursos hídricos superficiais provenientes do bioma Cerrado. Ou seja, no restante da bacia hidrográfica, não ocupada por Cerrado, a evapotranspiração é muito superior ao total precipitado na forma de chuva, provocando um grande déficit hídrico. É como se toda a precipitação nessa área fosse “consumida” pela evapotranspiração e, ainda, necessitasse de 35% a mais dos recursos hídricos superficiais vindos do Cerrado para suprir essa deficiência. Dessa forma, o Pantanal, que fica na parte mais baixa da região hidrográfica do Paraguai, funciona como um vasto reservatório raso e como grande espelho d’água, contribuindo de maneira significativa com a “perda” de água para a atmosfera por evaporação.

Clima de semi-árido

O déficit hídrico também ocorre na região hidrografia do rio Parnaíba. Nessa região, o Cerrado está presente em aproximadamente 66% de sua área e gera cerca de 106% da vazão média que o rio Parnaíba lança no oceano. O balanço hídrico negativo existe em função do total precipitado, nas áreas não ocupadas pelo Cerrado, ser inferior ao total evapotranspirado. Uma das razões para que isso aconteça é que grande parte do restante dessa região constitui área de clima semi-árido.

Na bacia do rio São Francisco, o Cerrado contribui com 94% da vazão e na região hidrográfica Tocantins-Araguaia com quase 71% da vazão que flui em seus rios. As 12 bacias hidrográficas em que a contribuição hídrica do Cerrado foram analisadas são Amazônica, Tocantins-Araguaia, Atlântico Nordeste Ocidental, Parnaíba, São Francisco, Atlântico Leste, Paraná, Paraguai, Atlântico Nordeste Oriental, Atlântico Sudeste, Uruguai e Atlântico Sul.

Primeiro estudo

Esse é o primeiro estudo que analisa as 12 grandes regiões hidrográficas. Isso porque a última pesquisa sobre contribuição hídrica do Cerrado para as grandes bacias hidrográficas é de 2002, tendo como base a antiga divisão hidrográfica nacional em que o extinto Departamento Nacional de Água e Energia Elétrica (DNAEE) dividia o território nacional em oito grandes bacias hidrográficas. A partir de 2003, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos alterou a divisão hidrográfica até então utilizada e o território brasileiro foi dividido em 12 grandes regiões hidrográficas. Sendo a área do Cerrado uma região com cabeceiras de bacias hidrográficas é fundamental a ampliação dos conhecimentos referentes ao seu comportamento hidrológico e aos impactos sobre seus recursos hídricos.

Além da importância em termos hidrológicos, o Cerrado possui enorme destaque no cenário agrícola. Conta com 61 milhões de hectares de pastagens cultivadas, 14 milhões de hectares de culturas anuais, 3,5 milhões de hectares de culturas perenes e florestais, além de ser responsável por 55% da produção nacional de carne bovina. Os pesquisadores da Embrapa Cerrados – unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento- chamam atenção para a necessidade da ocupação do Cerrado ocorra sob base sustentáveis, gerando o máximo de benefícios com o mínimo de impactos. Para isso é fundamental a existência de dados e informações técnicas sobre a região para subsidiar a tomada de decisão pelas instituições envolvidas no processo de aproveitamento e gestão de seus recursos naturais.

Fonte: Embrapa