Thiago Romero
Os presidentes da FAPESP, Celso Lafer, e da Braskem, José Carlos Grubisich, assinaram, na manhã de quarta-feira (27/2), na sede da Fundação, um convênio de cooperação para desenvolvimento de pesquisa científica e tecnológica para a obtenção de polímeros, utilizados na produção de plásticos, a partir de matérias-primas renováveis.
O objetivo é substituir os insumos de origem fóssil nos processos de produção da indústria petroquímica por insumos renováveis derivados de etanol, biomassa e outros subprodutos da cadeia produtiva dos biocombustíveis. Na ocasião também foi lançada chamada pública para apresentação de propostas pela comunidade científica paulista. O convênio prevê que, ao longo dos próximos cinco anos, serão desembolsados até R$ 25 milhões pela FAPESP e mais R$ 25 milhões pela Braskem. Nessa primeira chamada estarão disponíveis até R$ 10 milhões para atender aos projetos selecionados. O prazo final para a apresentação das propostas é 22 de abril.
“É uma grande satisfação para a FAPESP firmar com a Braskem esse acordo, por tudo aquilo que ele representa em matéria de convergência e cooperação entre os setores público e privado. Devido a sua vinculação com o avanço do conhecimento, é importante realçar a grande dimensão que essa parceria terá para a matriz energética e para o desenvolvimento sustentável do país”, disse Lafer. Para Grubisich, o convênio marca o compromisso da Braskem com o desenvolvimento científico e tecnológico a partir de capacidades instaladas no Brasil. Segundo ele, uma das principais estratégias de negócio da empresa, em direção a uma posição de destaque no setor petroquímico mundial, está alicerçada na busca de autonomia na área de tecnologia.
“O acordo nos permitirá dar mais um importante passo e criar uma aliança ambiciosa e de longo prazo com o meio acadêmico. Nesse contexto, o conjunto de competências e o volume de infra-estrutura das universidades e dos centros de pesquisa do Estado de São Paulo representa uma plataforma preferencial para a criação de novos conhecimentos nessa área”, disse.
O governador José Serra, também presente na cerimônia, elogiou os objetivos e peculiaridades do acordo, em especial a substituição de insumos de origem fóssil por insumos renováveis na indústria petroquímica. “Estima-se que 46% da energia consumida no Brasil seja renovável. Devemos promover o aumento desse consumo com a descoberta de novas possibilidades que facilitem uma maior utilização de insumos derivados de biomassa”, disse.
“Esse acordo firmado entre as duas instituições, muito bem organizado por sinal, em que a FAPESP se empenha não só na produção de ciência, mas também na obtenção de novas tecnologias, tem o aplauso do governo do Estado”, afirmou Serra.
Duas grandes áreas
Os projetos de pesquisa apoiados, que serão desenvolvidos conjuntamente por pesquisadores de universidades e institutos de pesquisa paulistas, públicos ou privados, e da Braskem, devem se enquadrar em dois grandes temas de interesse propostos na chamada.
O primeiro se caracteriza por processos de síntese de intermediários, monômeros e polímeros a partir de matérias-primas renováveis, enquanto o segundo contemplará pesquisas que atribuam aos “polímeros verdes” propriedades físico-químicas que permitam sua utilização em diferentes aplicações.
Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, fez uma breve apresentação dessas duas áreas. “O primeiro tema trata do estudo de processos pelos quais se poderá sintetizar moléculas importantes para a indústria petroquímica, a partir de insumos como etanol, biodiesel ou açúcares que se originam da fermentação de biomassa”, explicou. O segundo ramo de interesse enfoca as pesquisas sobre os materiais que serão criados pelos polímeros. “Trata-se de ajustar e produzir, a partir desses insumos verdes, propriedades mecânicas, elasticidade, resistência e durabilidade com características que sejam competitivas e atraentes do ponto de vista das aplicações que interessem ao setor”, disse. “O tipo de projeto que estamos buscando deverá ter caráter de pesquisa exploratória, com a criação de tecnologias baseadas em conhecimentos novos e avançados, além de gerar a publicação de artigos científicos, depósito de patentes e contribuir para a formação de mestres e doutores. Os trabalhos deverão ter uma combinação desses fatores”, apontou Brito Cruz.
O diretor científico da FAPESP destacou ainda que os tipos de estudos contemplados se relacionarão a um grande desafio atual da humanidade. “Trata-se de promover o desenvolvimento sustentável com a redução das emissões de carbono e a introdução de materiais e novas energias que não contribuam para o aquecimento global”, afirmou. O secretário do Ensino Superior do Estado de São Paulo, Carlos Vogt, destacou que o convênio entre as duas instituições, firmado por meio do Programa de Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE) da FAPESP, concretiza uma das missões da Fundação no que diz respeito ao incentivo à cooperação entre os setores de produção industrial e de pesquisa.
“Esse acordo não representa o simples repasse de dinheiro público ao setor privado, mas sim o patrocínio de pesquisadores para o desenvolvimento das ciências. Esse tipo de convênio revela a importância institucional da FAPESP para o desenvolvimento acadêmico, científico, tecnológico e econômico do Estado de São Paulo”, analisou. Mais informações: http://www.fapesp.br/convenios/braskem
Fonte: Agência Fapesp
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