Paul Rincon
Enciclopédia com 1,8 milhões de espécies deve ficar pronta até 2017
Já estão disponíveis na internet as primeiras 30 mil páginas da vasta enciclopédia que pretende catalogar cada uma das 1,8 milhões de espécies conhecidas do planeta. A Enciclopédia da Vida foi idealizada para ajudar no estudo e na compreensão da biodiversidade mundial.
Os criadores do projeto afirmam que o banco de dados pode ter um impacto sobre o conhecimento humano comparável ao que sucedeu a invenção do microscópio, no século 17.
A idéia nasceu de um artigo publicado em 1993 pelo biólogo Edward O. Wilson, da Universidade de Harvard, que, na época, defendeu um esforço conjunto nos moldes da "corrida à Lua" para as ciências biológicas. Em 2003, ele conseguiu os recursos para levar o projeto adiante. A enciclopédia – que pretende ser acessível a todos, de cientistas a leigos – está sendo organizada por um consórcio de museus e outras instituições científicas, como o Smithsonian Institute, em Washington, onde trabalha James Edwards, diretor-executivo do projeto.
Derradeira
A Enciclopédia da Vida – descrita como o "derradeiro guia de campo" – deve incluir todos os seis reinos da vida, incluindo os vírus, que muitos pesquisadores não consideram organismos vivos. Os responsáveis afirmam que ela poderá ajudar cientistas a avaliar o impacto das mudanças climáticas sobre plantas e animais, e ainda ajudar no planejamento de estratégias para diminuir a expansão de espécies invasoras e permitir que a propagação de uma doença seja rastreada. Outro dos objetivos declarados é aumentar a consciência sobre a biodiversidade no momento em que o planeta atravessa o que se chama de sexta extinção em massa. A imensa quantidade de informações da enciclopédia está sendo compilada a partir de outros bancos de dados já disponíveis na internet, como o AmphibiaWeb (de anfíbios) e o FishBase (de peixes), entre outras fontes. "O que torna a enciclopédia possível agora, já que cinco anos atrás não seria possível, é que há muitos recursos online que podemos aproveitar", disse James Edwards à BBC.
"Em segundo lugar, a tecnologia de informação chegou a um ponto em que você pode juntar informações de diferentes fontes e apresentá-las como no Google News", acrescenta. "Estamos usando o mesmo princípio."
Recurso vasto
As fontes fornecem informações para a enciclopédia de graça com o objetivo de atrair leitores para seus sites, com informações mais detalhadas e que necessitam de assinatura para acesso.
"Se alguém fosse sentar e começar a escrever, do nada, uma enciclopédia da vida, levaria pelo menos 100 anos para completá-la", afirma Edwards. "Mas acreditamos que será possível realizar o trabalho em um décimo do tempo." O projeto começou no primeiro semestre do ano passado. A enciclopédia já tem abertos os modelos de 1 milhão de páginas, das quais 30 mil já contam com informações detalhadas. Além disso, há cerca de 12 páginas multimídia extremamente desenvolvidas, que já dão uma idéia do que vem por aí. Todos os 1,8 milhão de verbetes deverão estar completos até 2017. "Em cada página, haverá informação fornecida pela União Mundial para a Conservação sobre o status (de uma espécie), mostrando se está ameaçada, em risco de extinção, ou extinta", conta Edwards.
"Nós achamos importante trazer informações sobre organismos que estão bem, mas também sobre aqueles que foram recentemente extintos." Os criadores da enciclopédia ainda pretendem coletar informações na internet assim que possíveis novas espécies forem identificadas. O projeto vai pedir a ajuda de usuários para que submetam fotos e informações que serão analisadas por uma equipe de autenticação.
Fonte: BBC Brasil
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