quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Minc critica postura dos países ricos em Copenhague

Márcio Leijoto

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, criticou nesta quinta em Goiânia (GO) a postura dos países ricos na 15ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP-15), iniciada na segunda-feira em Copenhague. Para Minc, existe uma pressão para diminuir as metas de redução de emissão de poluentes e gases que provocam o efeito estufa e também os recursos que serão dados aos países pobres para políticas ambientais. O ministro reclama também da tentativa dos países ricos em separar Brasil, Índia e China do grupo dos países considerados pobres. "Nós também queremos recursos", disse o ministro.

Minc diz que a proposta da Europa em reduzir a meta de corte de emissão de gases de 30% para 20% para atrair os Estados Unidos pode ser catastrófica para o clima. "Em vez de a Europa puxar os Estados Unidos para cima em matéria de meta, são os Estados Unidos que estão puxando a Europa para ser menos exigente, menos pretensiosa".

Outro ponto que, segundo o ministro, será combatido pelo Brasil é o recuo em relação ao volume de recursos a serem repassados aos países pobres. "Antes se falava em US$ 100 bilhões por ano, que já era insuficiente para apoiar todos os países pobres para reduzir emissões, preservar florestas, e adaptação para as políticas ambientais. Agora querem diminuir isso".

Mas o que mais preocupa o ministro é a tentativa de afastar o Brasil do grupo dos países pobres e assim deixar o país de fora dos recursos a serem repassados pelos governos mais ricos. "Estão querendo meio que meter uma cunha entre Brasil, Índia e China e os países mais pobres, criando duas categorias, dizendo que países como o Brasil já são emergentes. Nós não aceitamos isso. Nós exigimos recursos também para o Brasil, Índia e China, porque o Protocolo de Kyoto assim o determina", afirmou.

O ministro disse que defende mais recursos para os países mais pobres e garante que o Brasil vai ajudá-los com tecnologia e experiência. "Por exemplo, países pobres só vão receber recursos para preservar florestas se tiverem monitoramento para provar que está caindo o desmatamento, e isso eles não tem. Nós temos, então vamos ajudar os outros países a fazer esse monitoramento", afirmou.

Minc avalia que vai ser uma "queda de braço muito brava e poderosa", mas acredita que o Brasil está o "dever de casa". Ele diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou ontem o projeto de lei que cria um fundo para financiar ações de combate a tudo que provoque mudanças climáticas. A previsão é que sejam arrecadados até R$ 800 milhões por ano para este fundo.

"Para mim é o primeiro país que tem um fundo desses originado dos combustíveis fósseis, é 10% do lucro do petróleo. Fomos o primeiro país em desenvolvimento a apresentar uma meta, uma meta forte, para redução de gases. Nenhum país em desenvolvimento apresentou uma meta de 35% a 39% até 2020. E agora estamos aprovando financiamento para estas medidas", disse.

O ministro participou hoje no começo da tarde do encerramento de uma reunião de planejamento do Ibama de todos os Estados brasileiros, ocorrida durante 10 dias em Goiânia.

Fonte: Terra

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