Márcia Neri
A Floresta Nacional (Flona) de Carajás, no sudeste do Pará, ainda é abrigo de uma das espécies mais ameaçadas de extinção no Brasil, a arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus). Para estudar a população da ave na região, um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) passou quinze dias em campo e descobriu que o número desse tipo de arara no local é considerável. Somente na borda da floresta foram encontrados mais de 20 ninhos.
A Flona de Carajás abrange terras dos municípios de Paraúpebas, Canaã do Carajás e Água Azul do Norte. O chefe da unidade, analista ambiental Frederico Martins, explica que a expedição delimitou uma zona prioritária para a conservação da arara-azul. “Os biólogos da USP trabalharam até a última terça-feira (4). Eles também colheram dados para estabelecer o grau de vulnerabilidade da população identificada, principalmente aquela que se encontra nos limites do maciço de Serra Sul”, revela Martins, que é biólogo.
Ele acrescenta que o estudo pretende, ainda, determinar a importância da Flona de Carajás para a manutenção e conservação da arara-azul. “Os pesquisadores constataram que a maioria dos ninhos foram construídos nas extremidades de fora da floresta, e não em seu interior. Essa informação é fundamental para lutarmos pela preservação da área do entorno, já que a reprodução está acontecendo justamente nela”, enfatiza Martins.
A Floresta Nacional de Carajás possui uma área de 411.948 hectares. É a primeira Unidade de Conservação do Brasil a abrigar uma reserva de recursos minerais em seu interior – a reserva de Carajás, uma das maiores do mundo. São concentrações gigantescas de ferro e manganês exploradas pela Companhia Vale do Rio Doce. “Nos locais onde os ninhos foram encontrados há projetos para a extração do minério. Essa pesquisa pode oferecer parâmetros para que coordenemos melhor o processo de mapeamento da área a ser minerada”, pondera.
De acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, publicação que acaba de ser lançada pelo Ministério do Meio Ambiente, a Anodorhynchus hyacinthinus é considerada a maior espécie de arara encontrada no País, podendo medir até um metro de comprimento. Segundo o livro, a espécie têm baixas taxas reprodutivas, com postura média de dois ovos, sendo que apenas um filhote sobrevive.
A arara-azul apresentava distribuição ampla e contínua em forma de semicírculo nas regiões amazônicas ao sul do rio Amazonas. Atualmente, ainda segundo o Livro Vermelho, a distribuição da espécie é fragmentada, com apenas três populações principais: uma no Pantanal Matogrossense, outra que engloba parte dos estados do Maranhão, Tocantins e Bahia, e a terceira e menor delas, na região amazônica paraense.
A principal ameaça à arara-azul é a captura para comércio ilegal. Atentos a esse fato, antes de iniciarem o trabalho de campo, os pesquisadores da USP percorreram instituições culturais e de ensino localizadas no entorno da Flona a fim de conscientizar as pessoas sobre o risco de extinção da espécie.
Fonte: Ascom/ICMBio
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