segunda-feira, 19 de junho de 2006

Grave degradação ambiental em Jurujuba

Emanuel Alencar

Barracas, casas irregulares e lixo. O descaso em uma das mais belas áreas turísticas de Niterói evidencia a fragilidade das leis e da fiscalização. Apesar de tombadas há 15 anos, pelo decreto municipal 6.106/91, as prainhas de Adão e Eva, em Jurujuba, continuam tendo seu conjunto ecopaisagístico descaracterizado. Suas águas turvas de coloração esverdeada e temperatura fria há muito são impróprias para o banho. Mas a degradação do entorno vem preocupando especialistas. O ambientalista Gerhard Sardo ressalta que, apesar de muitas construções no local serem antigas, algumas foram construídas após o decreto. O FLUMINENSE constatou que há, de fato, edificações recentes no entorno da Praia de Eva. Para Sardo, a degradação paisagística do trecho de 400 metros, que dá acesso à Fortaleza de Santa Cruz, aumenta com o passar dos anos. "As praias deveriam ser monitoradas com mais rigor. Há um descaso muito grande com aquela área. É preciso ter mais cuidado", defende.

Denúncias – A agressão ambiental no entorno das praias também incomoda os membros do Conselho Comunitário da Orla da Baía (CCRON). O presidente da entidade, José Azevedo, diz que as invasões foram denunciadas ao Ministério Público. No entanto, as irregularidades continuam acontecendo. O niteroiense Roberto Ferreira, freqüentador da Praia de Eva, observa que a falta de consciência ecológica da população torna a praia inacessível durante o verão. E faz uma sugestão: "Os visitantes das praias deveriam zelar pela limpeza dessa área, tão bela e agradável. Acho que cada um deveria cuidar de seu lixo".

Processo lento - A remoção das construções no entorno das praias é um processo lento e esbarra em questões judiciais, adverte o secretário de Urbanismo Adyr Motta Filho. Ele argumenta que a retirada das casas deve ser precedida de denúncias à Secretaria de Meio Ambiente. "Não é uma questão simples. Não basta remover as edificações, é preciso oferecer residências. As supostas irregularidades devem ser levadas à pasta do Meio Ambiente. A partir daí, em ação conjunta, atuaremos para solucionar os problemas", afirma. Em caso de edificações em processo de construção, a Prefeitura pode demolir o imóvel, se constatada irregularidade. No entanto, se as obras já estiverem concluídas, o processo pode se arrastar.


O Fluminense

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