A concentração de amônio em Niterói aumentou 70%
Se há 30 anos a chuva ácida –provocada pela emissão de gases poluentes e da queima de combustíveis fósseis – preocupava ambientalistas, hoje um novo "inimigo" está presente nas precipitações atmosféricas: o amônio. Estudos realizados por pesquisadores do Instituto de Bioquímica da Universidade Federal Fluminense (UFF) apontam para os perigos da liberação desta substância, cada vez mais comum nas águas das chuvas. Em contato com o solo, ela provoca contaminação dos recursos hídricos, remoção de nutrientes do solo e liberação de óxido nitroso, gás extremamente nocivo que contribui para o "efeito-estufa".
Segundo levantamento do professor William Zamboni, as concentrações de amônio trazido pelas chuvas em Niterói aumentaram 70% do final dos ano 80 ao final dos anos 90. "São dados preocupantes. Se as emissões de dióxido de enxofre diminuíram, tornando as chuvas menos ácidas, a presença do amônio cada vez em maior escala é uma realidade que pode ter efeitos tão nocivos quantos os da chuva ácida", alerta o pesquisador. Zamboni explica que ainda não são conhecidas todas as fontes emissoras de amônio. No entanto, em um recente trabalho em parceria com a bioquímica Giselle Guimarães, também da UFF, a Baía de Guanabara configura-se como grande fonte desta substância nociva.
A estimativa, revela o estudo, é de que a baía libere de três a quatro toneladas de amônio diariamente: "As águas próximas à Ilha do Governador, no fundo da baía, são ricas em amônio, que é liberados pela atmosfera e cai com a chuva. Embora os índices de sulfato na chuva tenham diminuído e o índice de nitrato tenha se mantido estável, a presença do amônio vem crescendo em várias regiões do Estado do Rio. Como o amônio tende a neutralizar o pH da água, podemos dizer que as chuvas estão menos ácidas. Mas isso não quer dizer que estão menos nocivas ao meio ambiente".
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