Deputados autorizam venda de algodão, reduzem zona de segurança e baixam quórum do CTNBio
Lígia Formenti
A Câmara dos Deputados aprovou ontem a legalização do comércio de algodão transgênico irregularmente plantado no País e a flexibilização das regras para aprovação comercial de organismos geneticamente modificados (OGMs).O resultado representa duas derrotas para o Ministério do Meio Ambiente (MMA) em apenas um projeto. As medidas vieram de 'contrabando' no relatório preparado pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS) sobre uma Medida Provisória que trazia regras para regulamentar a distância mínima entre uma plantação de transgênicos e uma unidade de conservação ambiental - a chamada zona de amortecimento.Na Câmara, porém, o texto sofreu as duas alterações.
Além da liberação do algodão, foi alterado o quórum mínimo para a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovar a liberação comercial de transgênicos, de 18 votos para 14 dos 27 integrantes.O relatório de Pimenta teve uma vitória folgada: 247 votos favoráveis e 103 contrários. O projeto agora será votado no plenário do Senado. Se não houver alterações, segue para sanção presidencial.O secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, João Paulo Capobianco, procurou não demonstrar abatimento. 'Vamos tentar reverter esse resultado no Senado', afirmou.Integrantes do ministério contam ainda com o compromisso firmado por integrantes do governo de que eventuais alterações ao texto seriam vetadas pelo presidente Lula. Capobianco, porém, preferiu não antecipar o encaminhamento. 'A decisão é do presidente', afirmou, cauteloso.A votação da MP durou boa parte da tarde de ontem. O texto do deputado Paulo Pimenta primeiro foi aprovado simbolicamente. Mas, diante do pedido do líder do PT, Henrique Fontana (RS), foi realizada também a votação nominal. Apenas o PT, PSOL, PC do B e PV foram contrários ao texto de Pimenta. O restante dos partidos governistas votaram a favor do projeto.No plenário, circulava a informação de que o governo havia orientado parlamentares a votarem pela manutenção do texto de Pimenta. Esta traição velada não é admitida formalmente por Capobianco. Parlamentares e integrantes de outros ministérios, porém, desde a semana passada afirmam que o governo trabalharia informalmente pela aprovação das mudanças trazidas pelo relator.A estratégia representaria uma forma de a Casa Civil tirar da gaveta seu projeto para redução do quórum da CTNBio - considerado excessivo e injusto pelo setor produtivo e por cientistas.
REAÇÕES
Fonte: Agestado
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