quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Alta de 2º C seria incontrolável, diz ONG

Greenpeace afirma que escalada das emissões poluentes precisa ser controlada. Segundo previsões, é muito pouco provável que aquecimento fique abaixo de 1,5 ºC

O Greenpeace advertiu nesta terça-feira (30) que um aumento da temperatura da Terra superior a 2 graus centígrados tornaria as conseqüências da mudança climática "incontroláveis", o que exige a detenção rápida da escalada das emissões poluentes. A organização ecologista lançou o alerta em Paris, onde o Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC) finaliza, até quinta-feira, seu relatório, no qual prevê uma alta nas temperaturas que poderia chegar a 3 graus no final do século.

A minuta do relatório do IPCC, que está sendo submetida "linha por linha" à aprovação das delegações governamentais, e que é fruto do compêndio dos estudos científicos sobre a mudança climática até agora, calcula que o aquecimento poderá variar entre 2 e 4,5 graus, com um cenário central de 3 graus.
Em seu último relatório, de 2001, o IPCC tinha estabelecido uma margem menos precisa, segundo os diferentes cenários, com um aquecimento que ficaria entre 1,4 e 5,8 graus no final do século. De acordo com as previsões atuais, que vazaram à imprensa nas últimas semanas, e levando em conta que a alta foi de 0,74 grau em um século (em 2001 o número era de 0,6), é muito pouco provável que o aquecimento fique abaixo de 1,5 grau, e "os valores significativamente superiores a 4,5 graus não podem ser excluído". Os 3 graus seriam conseqüência de uma concentração de 550 partículas de dióxido de carbono (CO) na atmosfera por milhão, enquanto o nível anterior à Revolução Industrial era de cerca de 170 partículas de CO por milhão.

Atualmente, a concentração já está acima das 380 partículas de CO milhão, e estima-se que um nível de 400 partículas levaria a uma alta de 2 graus na temperatura global. Acima desse aumento, "corre-se o risco de que a escalada seja incontrolável", assim como a "espiral" de efeitos sobre o meio-ambiente e sobre a vida das comunidades humanas, assinalou à Efe Latetitia de Marez, do Greenpeace.

Fonte: Globo.com
O número de 2 graus como teto admissível, que é objeto de um grande consenso entre os cientistas, e que foi usado pela Comissão Européia para fixar os objetivos de redução de emissões nas próximas décadas, deve se transformar em um "padrão internacional" para as futuras negociações sobre a luta contra a mudança climática, ressaltou Marez.

na atmosfera em 400 partículas porPara estabilizar a concentração de CO milhão, seria necessário cortar as emissões em 50% até 2050, o que, segundo o Greenpeace, poderia ser obtido investindo fortemente em fontes energias renováveis, aliadas a medidas de eficiência energética, sem que isso prejudicasse um "progresso regular" do desenvolvimento econômico.

Segundo a minuta do relatório do IPCC, que será apresentada na sexta-feira, uma das conseqüências do aquecimento previsto seria uma alta do nível do mar entre 28 e 43 centímetros no final do século, uma margem muito mais estreita que a apresentada em 2001 (de 9 a 88 centímetros).

O resumo do texto destinado aos responsáveis políticos, de 14 páginas, não sofreu mudanças significativas ontem, no primeiro dia de análises. Porém, amanhã será feita a análise da parte mais sensível, e algumas fontes indicaram que "podem ocorrer tentativas por parte de alguns países" de exercer pressões políticas, como os Estados Unidos fizeram no passado.

Pressões que poderiam buscar modificar as margens das previsões, e particularmente, utilizar margens mais amplas, que dessem a impressão de grande incerteza sobre o aquecimento, para diminuir a ênfase da mensagem política do relatório.

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