quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Indústria do carvão deve se adaptar ao clima

Novas normas estabelecidas para reduzir as emissões forçarão mudanças. Assunto é tema de conferência em Paris

A indústria do carvão precisa se adaptar se quiser sobreviver às novas normas internacionais estabelecidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, advertem os especialistas reunidos nesta terça-feira (30) numa conferência em Cingapura. Os gases de efeito estufa, provenientes da combustão do petróleo, do gás e do carvão, são apontados, cada vez com mais certeza, como os causadores do aumento das temperaturas globais. O tema é objeto de uma conferência, em Paris, do Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que reúne os principais especialistas no assunto, sob a égide das Nações Unidas.

O IPCC informou em 2001 que o dióxido de carbono (CO2), principal gás de efeito estufa, está em sua mais alta concentração em 420.000 anos. Diante da ameaça, "a pressão ambiental vai aumentar" sobre a indústria carbonífera, reconhece Fatih Birol, economista chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), com sede em Paris. Mas "o carvão vai continuar sendo a fonte principal de energia pelo menos nas duas décadas seguintes", ressaltou. Conseqüentemente, a indústria do carvão não terá outra escolha a não ser "enfrentar os desafios e responder às questões ambientais que lhe são colocadas", acrescentou.
"A indústria da hulha (carvão) não pode continuar sendo espectadora do que se passa no mundo", afirmou Jeffrey Mulyono, presidente da Associação Indonésia da Hulha. "Se a indústria não aumentar seu rendimento, bem menor do que o das centrais elétricas, isto terá terríveis repercussões para ela", advertiu. O carvão satisfaz atualmente 40% das necessidades elétricas mundiais. Esta proporção deverá chegar a 45% em 2030, segundo Birol. Ao contrário do petróleo, cujas reservas estão situadas principalmente no Oriente Médio, uma região politicamente instável, o carvão está distribuído de maneira mais equilibrada através do globo, além de ter um custo atrativo. Isto faz dele uma opção de matéria-prima, em particular para países emergentes como a China ou a Índia. Mas não se pode considerar esta situação como algo imutável, advertiu Birol, lembrando o caso do gás natural, cuja demanda recuou em razão da alta dos preços.

A indústria deve aumentar seus investimentos para melhorar os rendimentos, afirmou Mulyono, citando a liqüefação do carbono, um procedimento que requer um investimento de mais de três bilhões de dólares. Mas os investidores estão reticentes em mexer nos bolsos, reconheceu o representante indonésio. "Não existe nenhuma garantia e o investimento é gigantesco", admitiu.

Fonte: Globo.com

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