quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Pesquisa busca cultivos alternativos no semi-árido

Marcelino Ribeiro

A diversificação de cultivos nas áreas irrigadas do semi-árido é um dos principais desafios à programação de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Semi-Árido nos próximos 4 anos. Em campos experimentais da instituição já são avaliados o desempenho agronômico e produtivo de espécies de frutas e oleaginosas a exemplo do rambotã, caqui (foto), tangerina, laranja, limão, pomelo, pêssego e oliveira, sob condições de irrigação. São culturas com alto valor agregado e potencial para ocuparem plantios comerciais nas áreas irrigadas em expansão no semi-árido.

Nos estados da Bahia e Pernambuco, a Codevasf tem planejado a implantação de 13 novos perímetros irrigados. Serão mais de 100 mil hectares disponíveis para a agricultura irrigada nos próximos anos. Concentrar nestas áreas a exploração agrícola baseada nas frutíferas uva e manga poderá prejudicar bastante o negócio agrícola da região que é um dos mais importan-tes do país, explica o pesquisador Pedro Carlos Gama da Silva.

Estratégias

No Submédio São Francisco, principal região de produção e maior pólo de exportação de manga e uva do país, as áreas cultivadas com estas culturas já alcançam 10 mil ha e 22 mil ha, respectivamente. No caso da Uva, 20% dessa área encontram-se em fase de formação, 25% está em produção crescente, 40% em plena produção, enquanto 15% as colheitas já são decrescentes. Nos pomares manga a realidade difere um pouco: 20% estão em formação, em 40% as colheitas são crescentes, em 38% a produção está no auge e apenas em 2% ela está decaindo.
Segundo Pedro Gama, esta situação produtiva tem levado o negócio das duas culturas apresentar sérios problemas relacionados aos preços das frutas. E isto pode se agravar com a expansão das suas áreas de cultivo para os novos perímetros irrigados. Portanto, a identificação de espécies com potencial econômico é importante para o negócio agrícola da região. A pes-quisa em execução na Embrapa é coordenada pelo pesquisador Paulo Roberto Coelho Lopes e tem o apoio financeiro da Codevasf.

Citros

Uma etapa importante do projeto já está em execução no Campo Experimental de Bebedouro da Embrapa Semi-Árido, onde são avaliados o potencial agronômico e econômico de espécies frutíferas e de uma oleaginosa. Algumas delas, como os citros e a oliveira, os estudos estão mais avançados. No caso dos citros já se faz a definição dos melhores porta-enxertos para laranjas, limões, tangerinas e pomelos.
Segundo o pesquisador José Egídio Flori, também da Embrapa Semi-Árido, uma conjunção de fatores favorece a exploração de citros no Vale do São Francisco. Estudo realizado pelo Instituto Pensa por solicitação da Codevasf concluiu que por meio de análises bastante criteriosas das condições de solo e clima do Pólo Petrolina/Juazeiro, a citricultura na região, além de possível, pode apresentar custos inferiores ao da citricultura tradicional baseada no estado de são Paulo. Um dos fatores que diminuem o custo de produção é a utilização de defensivos em menor quantidade, graças ao clima quente e seco que dificulta a presença de doenças e fun-gos.

A citricultura a ser implantada no Pólo Petrolina/Juazeiro deve ser voltada para o processa-mento industrial com a possibilidade de destinar pequena parte da produção para o comércio de frutas in natura. Os técnicos do Instituto Pensa estimam o custo operacional por hectare para a citricultura irrigada, no estado de São Paulo, em torno de 5% maior em relação à citricultura irrigada no Pólo Petrolina/Juazeiro. Entretanto, quando contemplado o custo total, ou seja, o custo operacional juntamente com os investimentos necessários, o cenário paulista passa a ser menos vantajoso, apresentando um custo de 22% maior do que o Pólo Petroli-na/Juazeiro (dados do relatório do pensa).

Oliveiras

As oliveiras são avaliadas em diversas condições ambientais ao longo do Vale do São Francisco, inclusive em um micro-clima do semi-árido localizado na Chapada Diamantina, na Bahia. Nesta área, com altitude variando entre 900 e 1200 metros acima do nível do mar, as temperaturas nos meses de junho-julho-agosto alcançam 12-16 graus centígrados. É uma condição climática que se aproxima das zonas produção do Mediterrêno e da América do Sul.

Fonte: Embrapa

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