Marli Moreira
Para isso, eles estão em busca de 12 voluntários. As primeiras aplicações do produto já foram feitas pelos norte-americanos e indicaram “resultado seguro”, segundo Gabriela Calazans, psicóloga e educadora comunitária do Centro de Referência. Ela assegurou não existir nenhum risco de os voluntários contraírem a doença. Os candidatos têm de ser saudáveis, com idade entre 18 e 50 anos e residentes na capital paulista ou em um dos 38 municípios restantes da região metropolitana de São Paulo. A localização da moradia é apenas para facilitar o acompanhamento em torno de eventuais efeitos colaterais das cinco doses a serem aplicadas."Não há qualquer possibilidade de o voluntário se infectar com o vírus HIV”, disse Calazans.
Segundo ela, o material utilizado na vacina é uma cópia sintética (produzida em laboratório) de parte do gene do vírus que “imita um fragmento genético do vírus". Para completar o ciclo da resposta do sistema imunológico, sua aplicação recebe o reforço de substâncias retiradas de moléculas de gordura do próprio corpo humano. O estudo é um dos cinco em andamento no Centro de Referência no sistema de parceria com redes internacionais de cientistas. Nesse caso, trata-se do HVTN 063, desenvolvido pelo laboratório norte-americano Wyeth e patrocinado pela Divisão de Aids do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (Niaid). Nessa pesquisa, são estudados a vacina de DNA gag do HIV-1 e dois tipos de adjuvantes (substâncias combinadas com antígenos para fortalecer a reação imunológica). A vacina de DNA gag do HIV-1 é uma substância natural do organismo com a função de orientar a produção de proteínas.“As proteínas são substâncias naturais que o organismo usa para se construir e se manter, bem como para se proteger de doenças. Na vacina que está sendo testada, o DNA manda o organismo construir com apenas parte de uma proteína chamada gag, encontrada no vírus HIV. O sistema imunológico do corpo pode responder a essa proteína, produzindo células que reconhecem e lutam contra esse tipo de proteína do HIV”, diz o texto de divulgação do Centro de Referência.
No auxílio do combate aos germes, são utilizadas substâncias a partir de um gene humano modificado com a missão de memorizar a necessidade de lutar contra a agressão do vírus e de fazer com que as células imunológicas trabalhem juntas. De acordo com Gabriela Calazans, a expectativa é de que o Centro de Referência consiga o número de voluntários necessários para os testes em curto espaço de tempo. Durante um ano e meio, essas pessoas serão acompanhadas em 15 visitas. Pelas experiências, já realizadas nos Estados Unidos, ela acredita que os efeitos sejam apenas de dor localizada no ponto de aplicação das injeções, nos primeiros dias, e de um aspecto avermelhado. A próxima fase da pesquisa, será a de testar a eficácia do produto, o que deve demorar ainda pelo menos mais sete anos. Os interessados em participar ou tirar dúvidas poderão visitar a página eletrônica do centro ou telefonar para os números (11) 5082-3954 ou 5573-1696. Segundo os dados estatísticos do Ministério da Saúde, estima-se que cerca de 600 mil pessoas já tenham contraído o vírus HIV no país. O número de doentes em tratamento atinge a 180 mil e o total de notificados desde o surgimento da aids, na década de 80, soma a 433 mil. Metade dos casos já diagnósticos refere-se à soropositivos que perderam a vida.
Fonte: Agência Brasil
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