segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Doenças que vêm com a chuva

NITERÓI

Viviane Romero

Além de causar prejuízos materiais e aumentar as chances de acidentes, as chuvas intensas e as enchentes, comuns nesta época do ano, expõem as pessoas a outros perigos, como doenças. Entre as mais comuns estão a leptospirose e a hepatite A.

Ano passado, Niterói registrou 17 casos de leptospirose e 22 de hepatite A. Embora os riscos sejam sempre eminentes, em 2007 ainda não foram registrados casos das doenças. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, muitos outros casos podem ter ocorrido, já que na maioria das vezes o quadro é brando e pode ser confundido com outras doenças. Só os pacientes mais graves são reconhecidos e têm seus casos notificados. As águas das enchentes que invadem as casas podem conter a bactéria leptospira, que é eliminada na urina dos ratos. Estas bactérias podem contaminar, através da pele, os indivíduos que entram em contato com as águas contaminadas.

O rato é considerado o principal transmissor da doença, mas outros animais como bois, porcos e cães também são transmissores, pois também podem eliminar as leptospiras pela urina. Outras fontes de contaminação incluem também esgotos, solo úmido ou vegetação contaminada com urina. A doença só começa a se manifestar 15 dias depois que a pessoa teve contato com a água ou lama contaminadas. Os primeiros sintomas são semelhantes aos da gripe e da dengue: febre, dor de cabeça e dores pelo corpo. Os pacientes também costumam apresentar vômitos, diarréia e tosse. De acordo com o professor de infectologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Antônio Alves de Lima, por apresentar, no início, sintomas simples, a doença muitas vezes só consegue ser diagnosticada quando o paciente já está apresentado sua forma mais grave. "Muitas vezes, só suspeitamos de leptospirose quanto ela já está avançada, com quadros de insuficiência renal, olhos amarelados (icterícia) ou sangramentos. Usualmente, ela é uma enfermidade benigna, mas se não for reconhecida e tratada a tempo pode levar a morte", disse o professor. Luiz Antônio recomenda evitar o contato com a água e a lama das enchentes, protegendo a pele com roupas e calçados impermeáveis, principalmente se a pessoa tiver alguma lesão. Para tentar controlar a doença, a Secretaria de Saúde de Niterói identifica a doença, faz o bloqueio da área, orienta os moradores e capacita os profissionais de saúde para o combate. Para o trabalho, a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covig) conta com o apoio do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) na eliminação dos roedores.

Como evitar a proliferação de ratos

Manter os alimentos armazenados em vasilhames tampados e à prova de roedores;
- Armazenar o lixo em sacos plásticos em locais elevados do solo, colocando-o para coleta pouco antes do lixeiro passar;
- Caso existam animais no domicílio (cães, gatos e outros), retirar e lavar os vasilhames do alimento do animal todos os dias antes do anoitecer, pois eles também podem ser contaminados pela urina do rato;
- Manter limpos e desmatados os terrenos baldios;
- Jamais jogar lixo à beira de córregos, pois além de atrair roedores, o lixo dificulta o escoamento das águas, agravando o problema das enchentes;
- Grama e mato devem ser mantidos roçados, para evitar que sirvam de abrigo para os ratos;
- Fechar buracos de telhas, paredes e rodapés para evitar ratos dentro de casa;
- Manter as caixas d’água, ralos e vasos sanitários fechados com tampas pesadas;
- Lembre-se: uma vez instalados num determinado local, os ratos começam a se reproduzir, multiplicando-se rapidamente, o que dificulta o seu controle e aumenta o risco de transmissão de doenças.
- Cuidados com a preparação dos alimentos

Além da leptospirose, as pessoas que entram em contato com a chuva podem desenvolver a hepatite viral tipo A, uma doença infecciosa que afeta o fígado. Diferentemente de outras modalidades da doença, ela não evolui para a forma crônica, ou seja, é uma infecção que se cura espontaneamente, com o passar do tempo.
A incidência da doença é maior nos locais em que o saneamento básico é deficiente ou não existe. A contaminação é feita por meio da ingestão de líquidos ou alimentos infectados pelas fezes de uma pessoa doente. Assim como a leptospirose, os sintomas da hepatite se confundem com o da gripe, por isso, deve-se ficar atento. Os doentes podem sentir febre, dores de cabeça, cansaço, falta de apetite, náusea e vômitos. É comum o doente ficar com a pele e olhos amarelados (icterícia), mas em alguns casos isso não acontece. Geralmente, a urina fica escura como Coca-Cola. Algumas vezes, a infecção só pode ser detectada em exames clínicos ou laboratoriais.
De acordo com o professor Luiz Antônio Lima, ter bastante cuidado com a qualidade da água e alimentos ingeridos diminui muito a possibilidade de se contrair a doença. "Evitar a ingestão de água de procedência duvidosa, de frutos do mar pescados em locais contaminados ou de alimentos preparados por pessoas com maus hábitos de higiene pessoal, são as formas mais eficientes de se prevenir. Existe também uma vacina, mas ela ainda não está disponível nos postos de saúde", disse Luiz Antonio.

Medidas simples

Água e sabão são armas importantes.

- Lavar bem as mãos antes das refeições, lavar os utensílios de cozinha, não comer alimentos crus sem lavá-los bem, minimizam o risco de contrair hepatite A e outras infecções alimentares. - Caso a água tratada não esteja disponível, deve-se fervê-la por 30 minutos ou acrescentar uma colher de sopa de água sanitária a cada cinco litros de água.
- Caso uma pessoa contraia hepatite ou leptospirose, deve procurar o serviço de saúde mais próximo para o tratamento e para a notificação do caso. O aviso é importante para evitar um possível surto da doença.

Fonte: O Fluminense

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