domingo, 11 de fevereiro de 2007

Inpe: Amazônia pode virar cerrado no século XXII

Marcelo Pedroso

Duas janelas para o futuro abertas por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indicam cenários preocupantes para o País nos próximos 100 anos. O levantamento foi feito a partir de hipóteses que levam em conta a adoção ou não de medidas para impedir a progressão dos impactos contra o meio ambiente em nível global. Indicador ambiental do Brasil e da América do Sul, a Amazônia é um dos ecossistemas mais ameaçados. A floresta exuberante, como a conhecemos hoje, poderá ser representada nos mapas do século XXII na forma de um vasto cerrado. Os documentos sobre o assunto serão entregues no dia 26 de fevereiro em Brasília.

O pesquisador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), José Antonio Marengo Orsini, avalia que a Amazônia poderá sofrer uma "morte súbita" causada pela combinação de desmatamento, poluição causada pela industrialização e demais componentes. "A morte súbita desta floresta tropical para um cerrado pode complicar a sua contribuição para o meio ambiente mundial". O estudo detalha as projeções para as regiões da Amazônia, Bacia do Prata, Pantanal e Nordeste. O trabalho de pesquisa começou há dois anos e deve seguir até 2010 para mostrar com maior precisão como ficará o clima no País nos próximos 100 anos. As primeiras mudanças mais significativas no ecossistema da região pôde ser constatada em outubro de 2005, durante o período de seca, quando imagens de satélite flagaram a formação de praias em regiões anteriormente alagadas.

Catástrofe

Para o pesquisador, a elevação da temperatura na região amazônica durante o próximo século é inevitável e deverá variar entre 5ºC e 8ºC - sinônimo de catástrofe. "Na Amazônia poderá haver uma elevação de temperatura em até 8ºC e redução no volume de chuva em 20%, caso se confirme o cenário mais pessimista. Para evitar esta catástrofe, é preciso interromper o desmatamento desenfreado e controlar a poluição, entre outras medidas. Mesmo assim, no cenário mais otimista, a temperatura pode subir cerca de 5ºC até 2100 na Amazônia", disse Orsini, que é o coordenador do projeto de Mudanças Climáticas. O alerta de Orsini e de outros pesquisadores está embutido em seis relatórios compostos por um sumário executivo e um Atlas de mudança climática anual e sazonal para o Brasil. São considerados os cenários A2 (pessimista) e B2 (otimista).
Segundo Orsini, a escala temporal utilizada na avaliação de cenários para os últimos 30 anos do século XXI não é considerada utópica. "Parece distante, mas não é. Em 5 anos não dá para falar de mudanças climáticas."

Fonte: Redação Terra

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