Gabriel Felice
Preocupadas com a imagem perante os investidores internacionais, as empresas ligadas ao ramo petrolífero injetam capital e criam programas voltados para a preservação ambiental. Isso é o que revela a nova Pesquisa Industrial Anual Empresa, a PIA-Empresa, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que traçou um comparativo entre os anos de 1997 e 2002.
O relatório mostra o perfil das ações em meio ambiente das 135 mil indústrias que estão fixadas em solo nacional. Em 2002, 6.691 delas realizaram investimentos na área. Mesmo estando abaixo do esperado, os índices são melhores do que em 1997, quando foram registradas 3.823 empresas. Dentre todos os setores, o rápido incremento das empresas de petróleo em projetos ambientais despertou a atenção dos técnicos envolvidos no estudo. Em cinco anos, os investimentos cresceram 89,3%. As divisões que envolvem o refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool respondem por 42% do total de investimentos em controle ambiental. Através do Projeto Pégaso, implantado pela Petrobras desde 2000, mais de R$ 10 bilhões já foram investidos nos segmentos de segurança, meio ambiente e saúde para que elementos de risco nas operações pudessem ser identificados antecipadamente. Ano a ano, mais capital é destinado para o controle ambiental e somente em 2006, R$ 3,2 bilhões foram empregados. E, em 2007, o gasto pode ser mantido ou até mesmo ampliado.
A abertura no mercado externo, como a entrada da Petrobras no índice Dow Jones – a bolsa de valores norte-americana –, confere à empresa responsabilidades globais. O grupo seleto reúne apenas 10% das 2.500 empresas que mais se destacam em questões socioambientais.
"Tratamos estes três assuntos de forma integrada e queremos atingir excelência na área com um nível de desempenho que seja comparável com as maiores empresas de petróleo e gás do mundo", afirma o gerente de desempenho em Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras, Luiz César Stano.
O rompimento de um duto na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense, que, em janeiro de 2000, ocasionou o derramamento de 1,3 milhão de litros de óleo na Baía de Guanabara, fez a direção da empresa redobrar os cuidados. Uma mancha de 40 quilômetros quadrados atingiu diversas praias, causando a mortandade de peixes até mesmo em praias de São Gonçalo e Paquetá, o que impossibilitou o trabalho de mais de 12 mil pescadores. No final de janeiro, a juíza da 25ª Vara Cível, Simone Chevrand, deu ganho de causa aos pescadores, indenizando as famílias em um total de R$ 1,3 bilhão. Stano explica que foi realizada uma remodelação no sistema mecânico dos dutos. Hoje, qualquer rompimento ou vazamento é automaticamente alertado e o fornecimento cortado. "Em uma empresa do porte da Petrobras é impossível não ter acidentes. Os dutos são a parte mais vulnerável que temos e por isso a necessidade de grandes investimentos. Estamos pensando em criar uma estrutura tecnológica e de controle para que os acidentes não aconteçam e, se acontecerem, sejam contidos para que não tomem proporções grandes".
Cuidado especial com o Comperj
A preocupação ambiental ganhou maiores proporções quando se trata do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). O maior investimento de todos os tempos da empresa está incrustado em Itaboraí, próximo à Área de Proteção Ambiental de Guapimirim e margeado pelos rios Macacu e Caceribu. Orçado em U$ 8,3 bilhões, o Comperj produzirá 150 mil barris de óleo por dia. A utilização da água e o cuidado com a emissão de gases poluentes para a atmosfera são as principais prioridades no projeto.
Na semana passada, o prefeito de Itaboraí, Cosme Sales, e representantes da empresa, se reuniram para iniciar o monitoramento do ar na região. Três unidades móveis, cada uma avaliada em R$ 1 milhão, irão analisar a radiação solar, os índices pluviométricos, temperatura, umidade atmosférica e as condições do vento. Por hora, as amostras do ar serão submetidas a testes químicos e físicos. Rodrigo Pio, coordenador de licenciamento ambiental, informou que o objetivo é criar uma rede de monitoramento na região. As informações serão compartilhadas com órgãos municipais e estaduais, formando um banco de dados unificado. "As unidades fornecerão um parâmetro. Não temos como dizer se a Petrobras manterá ou não a qualidade do ar na região, se antes da construção do Comperj não tivermos esses dados", afirma.
Fonte: O Fluminense
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