sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Raupp defende que questão da Amazônia seja tratada sem radicalismo

"Não podemos dilapidar de maneira irresponsável nossos recursos naturais, mas também não podemos, em nome de um purismo sem sentido, abrir mão das perspectivas do desenvolvimento da Amazônia", opinou o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), ao analisar três matérias publicadas este ano pelo Jornal do Brasil (JB), trazendo a Amazônia como tema. Ele lembrou que a insensibilidade dos que defendem o progresso a qualquer preço, somada à intransigência dos que não admitem uma mínima intervenção no meio ambiente, contribuem para que a falta de uma solução definitiva para a região amazônica.
Na avaliação do senador por Rondônia, a questão deve ser tratada sem radicalismo ou posições maniqueístas. Ele observou que, da mesma forma que existem países, empresas e organizações não-governamentais bem intencionadas com relação à Amazônia, existem países, empresas e ONGs cujos discursos devem merecer desconfiança e redobrada atenção. "Esses discursos recheados de apelos relativos à preservação da natureza, legítimos na essência, servem para camuflagem de atos iníquos de grupos de índole duvidosa. Ao assumir uma posição mais crítica, identificamos a presença de grupos mal intencionados e de outros que, por desconhecimento da realidade, são levados a uma interpretação equivocada dos fatos", afirmou Valdir Raupp.

Matéria publicada pelo Jornal do Brasil no dia 26 de janeiro, atribuindo à Rondônia o título de campeão do desmatamento entre os estados brasileiros, foi considerada pelo senador como um exemplo de uma equivocada interpretação dos fatos. Ele registrou que todas as ocupações de terra em Rondônia têm obedecido o zoneamento sócio-econômico-ecológico aprovado no ano 2000. Já a reportagem intitulada Amazônia em perigo, publicada pelo JB no dia 28 de janeiro, foi considerada por Raupp como um alerta oportuno sobre a cobiça que a região desperta em governos e empresas de diversos países. O texto da matéria lembra que não é de hoje que a soberania do território brasileiro vem sofrendo ameaças. Lembra que, já em 1981, o Conselho Mundial das Igrejas declarou a Amazônia como patrimônio da humanidade, cuja posse por países "é meramente circunstancial".
O Jornal do Brasil recordou ainda que, em 1983, a então primeira-ministra britânica, Margareth Thatcher, sugeriu às nações carentes que vendessem suas fábricas e territórios. Um ano depois, prossegue a reportagem, o então vice-presidente dos Estados Unidos pregou que "a Amazônia não é dos brasileiros, mas de todos nós". Em 1985 foi a vez do então presidente da França, François Mitterrand, defender a tese de que o Brasil deveria aceitar a soberania relativa sobre a Amazônia.

Em aparte, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) opinou que queimar a Amazônia é grave, mas usar arsenais nucleares é mais grave ainda. "Internacionalizemos os arsenais nucleares, então". Da mesma forma, ele registrou que, segundo a lógica dos que defendem a internacionalização da Amazônia, o Louvre e os demais museus do mundo nos quais estão depositados as principais obras primas produzidas pelo ser humano deveriam ser internacionalizados. "Enquanto não se internacionaliza tudo o que deveria ser internacionalizado, a Amazônia deve ser nossa e devemos cuidar dela com responsabilidade", encerrou Cristovam.

Fonte: Agência Senado

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