Rafael Cavadas
No caso dos preservativos, o sistema indica que mais de 60% da população entre 15 e 54 anos não se protege quando têm parceiros fixos. Esse comportamento se reflete no aumento da incidência de HIV/Aids entre mulheres casadas. No grupo que tem parceiros eventuais, também entre 15 e 54 anos, um em cada três indivíduos não usa preservativo na relação sexual. Outros dados do monitoramento mostram que, em 2004, 96% das gestantes brasileiras fizeram pelo menos uma consulta pré-natal. Porém, o teste de HIV, recomendado pelo SUS, só foi solicitado para 75% das grávidas. Das mães que fizeram o exame, 35% não souberam o resultado antes do parto. Vale lembrar que esse diagnóstico evita a transmissão materno-infantil.
Segundo o Monitoraids, a estimativa da transmissão do vírus de mãe para filho é de 7%, com desigualdade entre as regiões. Enquanto no Sul o numero é de 6%, no Nordeste chega a 15%.
Em relação aos gastos com a doença, o Monitoraids aponta a oscilação dos recursos. Se em 1997 foram investidos R$ 379 milhões, dois anos depois o valor chegou a R$ 1,1 bilhão e, em 2002, a verba destinada ao tratamento e prevenção da Aids foi de R$ 800 milhões. O Monitoraids cruza dados de Sistemas de Informações do Programa Nacional de DST/Aids; de inquéritos, como a Pesquisa de Conhecimento, Atitudes e Práticas na População brasileira (PCAP-BR, 2004); de sistemas do Ministério da Saúde; além de outras fontes oficiais. A partir dele é possível ter informações sobre a trajetória da Aids no Brasil, sendo uma ferramenta valiosa para a gestão e pesquisa em saúde.
O sistema foi desenvolvido pelo Programa Nacional de DST e Aids (PN-DST/Aids), Centro de Informação Científica e Tecnológica (Cict) da Fiocruz e a instituição internacional Centers for Disease Control and Prevention e projeto Global Aids Program Brazil.
A doença no Brasil
A epidemia de Aids estourou mundialmente nos anos 80. Quando o vírus era pouco conhecido e de difícil tratamento, a doença foi atribuída a alguns grupos considerados de risco: homossexuais, bissexuais e receptores de sangue. No Brasil, o perfil dos portadores de HIV era o mesmo e a Aids se concentrava, principalmente, no Rio de Janeiro e São Paulo, além de outras metrópoles do Sul e Sudeste. Na década seguinte a transmissão heterossexual do vírus aumentou, devido ao crescimento do número de usuários de drogas injetáveis (UDI), em sua maioria homens, que contaminavam suas parceiras. A epidemia se alastrou por todos os estados brasileiros, ainda que primordialmente nas cidades de médio porte (200 a 500 mil habitantes), sobretudo, no Sul e no Centro-Oeste. Após a década de 90 a sociedade assiste ao que os especialistas chamam de “heterossexualização” do HIV, resultando num crescimento expressivo de casos entre as mulheres. Esse fato pode ser justificado pelas relações extraconjugais, sejam elas entre homens ou com profissionais do sexo, além dos UDIs.
Fonte: Fiocruz
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