Dos animais estudados, de 35 municípios do Paraná, 25% haviam sido infectados pelo parasito
Fernanda Marques
Um estudo feito com animais abatidos em um matadouro de Palmas (PR) mostrou que mais de um quarto dos porcos já foi infectado por Toxoplasma gondii, parasito causador da toxoplasmose. A pesquisa também analisou o risco de infecção de humanos e constatou que ele é alto, tanto entre os funcionários do matadouro como entre indivíduos com outras ocupações no município. O resultado foi publicado na revista Ciência Rural. O trabalho é fruto da dissertação de mestrado em medicina veterinária de Patricia Riddell Millar, da Universidade Federal Fluminense (UFF), com orientação da parasitologista Regina Amendoeira e da médica veterinária Leila G. Sobreiro, e com a colaboração da equipe de Regina, chefe do Laboratório de Toxoplasmose do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz.
Amostras de soro de suínos e humanos foram analisadas quanto à presença de anticorpos específicos contra T. gondii. Dos cerca de 400 animais estudados, oriundos de 35 municípios do sudoeste do Paraná, 25,5% eram soropositivos, isto é, haviam sido infectados pelo parasito e produzido anticorpos específicos contra ele. O percentual foi elevado, mas isso já era esperado. Estudos em outras regiões do país encontraram proporções até maiores, como em São Paulo (37,8%) e no Rio Grande do Sul (33,7%). Os dados chamam a atenção para a importância de se cozinhar bem a carne suína e de outros rebanhos, de modo que cistos de T. gondii eventualmente presentes na musculatura animal sejam destruídos. A ingestão de carne crua ou mal cozida é uma das formas de se contrair o parasito. Em relação aos humanos, foram analisadas 174 amostras de sangue: 133 de trabalhadores do matadouro e 41 de indivíduos com outras atividades. No primeiro grupo, 58,6% eram soropositivos e, no segundo, 51,2%.
Embora a freqüência de soropositivos em funcionários do matadouro tenha sido maior, a diferença entre os grupos não foi estatisticamente significativa. Isso sugere que a manipulação das carcaças de animais infectados pode representar um risco para a toxoplasmose, mas ela não deve ser o único mecanismo envolvido na transmissão do T. gondii na população estudada. Há que se considerar, por exemplo, o contato com gatos e a exposição a solo, água ou alimentos contaminados por fezes desses animais. Os felídeos são os únicos hospedeiros definitivos de T. gondii, de modo que os gatos domésticos desempenham papel fundamental na transmissão do parasito para humanos, porcos e outros animais.
Fonte: Fiocruz
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