China, Brasil e Índia tentam exercer influência nas negociações de Bangcoc, onde os delegados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) terão de trabalhar duro para concluir os trabalhos antes de sexta-feira.
Os países em desenvolvimento desejam que se reconheça a responsabilidade histórica dos países industrializados nas emissões mundiais de gases causadores do efeito estufa. Os delegados do IPCC estão reunidos desde segunda-feira para estudar os meios necessários para combater o aquecimento global. "A China está muito presente e está vigilante", declarou Renaud Crassous, delegado francês que participa nos trabalhos do IPCC na Tailândia. "A China desconfia de tudo o que poderia levar a pensar que é fácil reduzir as emissões dos gases de efeito estufa", comentou Crassous. "Pequim quer se desenvolver, tem uma economia baseada na utilização de energias fósseis, tem grandes reservas de carvão e quer continuar seu caminho", acrescentou. "Brasil, Índia e China, os Bric (que inclui também a Rússia), tentam fazer recair sobre os países desenvolvidos a responsabilidade histórica das emissões de gases do efeito estufa, para se livrar de suas próprias emissões e se proteger desta maneira de qualquer discussão", explicou um delegado de outro país ocidental que pediu anonimato. "Os Bric são extremamente ativos", comentou esta fonte, que ao mesmo tempo se declarou otimista sobre o resultado da reunião.
"Chegaremos a um acordo sobre um texto e a mensagem não será modificada profundamente", acrescentou.
Os cientistas estão elaborando um resumo destinado 'aos que decidem', uma síntese de 20 páginas de seus relatórios sobre as medidas para atenuar o aquecimento global em curso, que constitui o terceiro capítulo do quarto informe de avaliação do IPCC. Os delegados esperam poder publicar este texto na sexta-feira. Antes da reunião em Bangcoc, os governos representados no IPCC anteciparam muitos comentários com o objetivo de modificar o projeto de resumo. A China, em particular, apresentou uma emenda na qual destaca que se os países com um índice elevado de emissões por habitante não reduzirem de maneira significativa a poluição, será difícil obter avanços importantes na atenuação dos gases de efeito estufa. "Os comentários apresentados pelos governos não têm como objetivo fazer um obstrucionismo destruidor", comentou um delegado de um país europeu. "Neste tipo de negociação sempre se começa muito lentamente e no final tudo se precipita", disse Jean Rouzel, um veterano das reuniões do IPCC que integra a delegação francesa na Tailândia. Na última reunião do IPCC, em Bruxelas, no começo de abril, os delegados chegaram a um acordo de última hora, depois de uma negociação que entrou pela madrugada do último dia de negociações.
Fonte: AFP
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