segunda-feira, 21 de maio de 2007

OMS assina acordo para combater leishmaniose

Os 193 países da Organização Mundial da Saúde (OMS) assinaram hoje um acordo para tentar controlar e deter o avanço da leishmaniose, doença tropical que infecta 2 milhões de pessoas por ano, grande parte na América Latina.

A doença é causada por um protozoário transmitido aos humanos pela picada de insetos que estiveram em contato com animais infectados. A leishmaniose é uma das doenças tropicais menos estudadas do mundo, apesar de existirem mais de 12 milhões de pessoas infectadas em 88 países - o que é uma carga econômica pesada, disse a OMS. Como alimentos mal-lavados e a desnutrição geralmente representam um grande fator de risco, a leishmaniose tende a atingir a população mais pobre, que tem mais dificuldade de se tratar. Pelos cálculos da entidade, 350 milhões de pessoas se encontram em situação de risco. Além disso, o número de novos contágios continua crescendo, principalmente nas cidades, devido às migrações, à exposição de pessoas não-imunes, à deterioração das condições sociais e econômicas nas regiões urbanas periféricas, à desnutrição e à co-infecção pelo HIV.

Por isso, os membros da organização da ONU aprovaram hoje uma resolução que pede que os países mais afetados instituam programas nacionais de prevenção, detecção e controle, que incluam a criação de sistemas de vigilância, compilação e análise de dados, que permitam avaliar a incidência real da doença. É difícil saber quantas pessoas morrem por causa da leishmaniose. Em muitos países, a notificação não é obrigatória e freqüentemente a doença não é diagnosticada, principalmente onde não há acesso a medicamentos, afirmou a OMS. Além disso, por razões culturais ou por falta de acesso a tratamentos, a taxa de mortalidade entre mulheres é o triplo da dos homens. A resolução também pede que os países mais afetados intensifiquem a troca de experiências e o desenvolvimento de remédios de qualidade e acessíveis, com ciclos terapêuticos menores e menos tóxicos. Da mesma forma, organismos associados devem manter e ampliar o apoio a estes países e aumentar as pesquisas de vacinas.

A regra pede ainda à diretora geral da OMS, Margaret Chan, que promova iniciativas de sensibilização, de acesso eqüitativo a serviços, remédios e vacinas para combater a doença e de colaboração entre os setores público e privado. Em geral, os pacientes enfrentam graves problemas logísticos para ter acesso ao tratamento, como a grande distância que os separa dos centros de atendimento, a falta de meios de transporte e o custo do tratamento. Assim, é freqüente que os pacientes não completem o tratamento e, inclusive, desenvolvam resistência aos remédios. Por isso, pede-se à OMS que interceda junto aos principais laboratórios para que eles reduzam o custo dos medicamentos para os países em desenvolvimento.

A doença tem duas grandes variações: a leishmaniose cutânea, que tende a ser curada espontaneamente mas deixa lesões e marcas de conseqüências estéticas "desastrosas" para o paciente; e a leishmaniose visceral, a forma mais grave, letal em quase todos os casos se não for tratada. A cada ano, são registrados cerca de 500 mil novos casos de leishmaniose visceral (90% no Brasil e mais em Bangladesh, Índia, Nepal e Sudão). Além disso, são contabilizados 1,5 milhão de casos da variação cutânea, 90% no Brasil e em Afeganistão, Arábia Saudita, Argélia, Peru, Irã e Sudão, apesar de se terem informações sobre as infecções em um total de 88 países.

Fonte: EFE

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