segunda-feira, 14 de maio de 2007

ONG: clima pode ter 1 bilhão de refugiados

Previsão da Christian Aid fala de efeitos até o ano 2050. Organização diz que o mundo desenvolvido deve pagar mais pelos danos.

O aquecimento global vai criar pelo menos 1 bilhão de refugiados até 2050, porque a falta de água e as deficiências de safras expulsarão as pessoas das suas casas, desencadeando guerras pelo acesso a recursos, disse uma importante entidade humanitária nesta segunda-feira (14).

Em um relatório intitulado "Fluxo humano: A verdadeira crise da migração", a Christian Aid disse que, já que o mundo desenvolvido foi responsável pela maior parte da poluição que altera o clima, ele deveria arcar com a maior parte dos gastos com a ajuda aos mais afetados -- os pobres. "Acreditamos que a migração forçada é atualmente a ameaça mais urgente enfrentada por pobres nos países em desenvolvimento", disse John Davison, que coordenou o estudo. Os cientistas prevêem que as temperaturas médias vão subir entre 1,8 e 3 graus neste século por causa das emissões de gases do efeito estufa, principalmente pela queima de combustíveis fósseis, causando inundações e ondas de fome e colocando milhões de vidas em risco.

O Painel Intergovernamental Sobre Mudança Climática diz que até 2080 até 3,2 bilhões de pessoas -- um terço da população do planeta -- enfrentarão escassez de água, até 600 milhões enfrentarão escassez de alimentos, e até 7 milhões vão enfrentar inundações costeiras. "Estimamos que, se não for feita uma forte ação preventiva entre agora e 2050, a mudança climática vai empurrar o número de deslocados globalmente para pelo menos 1 bilhão", disse o relatório da Christian Aid. Especialistas em segurança temem que o fluxo de migrantes forçados alimente não só conflitos já existentes, como crie novos, em algumas das partes mais pobres e desvalidas do mundo, justamente as menos equipadas para lidar com eles, segundo o texto. "Um mundo de muito mais Darfurs é o pesadelo cada vez mais provável", disse o relatório, citando a região do oeste do Sudão onde segundo a ONU pelo menos 200 mil pessoas foram mortas e 2 milhões expulsas de suas casas nos últimos anos. Embora muitos desses refugiados climáticos devam cruzar fronteiras -- tornando-se um problema nacional --, muitos milhões de outros não conseguiriam sair de seus países, e por isso permaneceriam praticamente invisíveis ao resto do mundo, afirmou o relatório. "Esses refugiados internos não têm direitos sob a lei internacional e não têm voz oficial", disse o relatório. "Suas condições de vida devem ser desesperadas, e em muitos casos suas vidas estarão em perigo."

A Christian Aid disse que a Colômbia está atrás apenas do Sudão no número de refugiados internos. Muitos deles foram forçados a fugir pela guerra civil, mas o número agora está sendo aumentado pelos que são expulsos de suas terras devido ao avanço do cultivo da palma, usada na produção de biocombustíveis.

Fonte: Reuters

Nenhum comentário: