segunda-feira, 21 de maio de 2007

Pesquisa da Embrapa Amapá contribui para lei de manejo do cipó-titica

A fibra do cipó-titica (Heteropsis flexuosa), originária do Estado do Amapá, serve como matéria-prima para refinados móveis e objetos de decoração facilmente encontrados em shoppings de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Conhecida como junco e rattan no sul e sudeste do País, é um dos produtos florestais não-madeireiros com potencial econômico, pesquisados pela Embrapa Amapá (Macapá-AP), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Dados sobre a botânica da planta, crescimento e reprodução, sementes,frutos, e a própria dinâmica de extração e comercialização do cipó-titica, obtidos nos últimos seis anos de pesquisas científicas, agora serão fundamentais para a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Amapá (Sema) elaborar a Instrução Normativa que vai regulamentar as práticas de manejo deste produto florestal no estado do Amapá. O manejo é a condição exigida na Lei Estadual, editada em 2001, para que o cipó-titica extraído no Amapá possa ser exportado. Na época, não se sabia sequer a identificação científica correta da planta e as formas de propagação. No entanto, já era um produto cobiçado pelas indústrias moveleiras do sudeste, que souberam fazer proveito econômico da excelente qualidade desta fibra. Um jogo de cadeira artesanal, combinando metal e cipó-titica, não sai por menos de R$ 15 mil em lojas sofisticadas do Rio de Janeiro.Com a escassez do produto no Pará e no Amazonas, o Amapá passou a ser a bola da vez. Em média, de 40 a 50 toneladas de cipó-titica eram embarcadas no Porto de Santana todo mês.

Devido ao desconhecimento sobre a planta e a crescente extração predatória do produto – uma ameaça de esgotamento em pouco tempo – o Governo do Estado sancionou o projeto de lei do ex-deputado Randolfe Rodrigues, que coíbe a extração, transporte e comercialização do cipó-titica para fora do Estado, que não seja originado de área manejada. “O problema não é a lei que exige a obrigatoriedade de retirada só de áreas manejadas, mas sim a falta de ações governamentais em incentivar a implementação do manejo do cipó-titica por parte dos agroextrativistas do Amapá, para que gere empregos e renda no Estado”,afirmou o pesquisador da Embrapa Amapá, Antônio Cláudio Almeida de Carvalho, coordenador das pesquisas com cipó-titica.Há cerca de seis anos começaram os estudos da Embrapa Amapá com o objetivo de conhecer as características agronômicas da espécie, seu crescimento e produção, a dinâmica econômica da extração e comercialização e os elos desta cadeia, formada por extrativistas, atacadistas e beneficiadores.

Através de projetos financiados pela Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA) e pelo Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais (PPG7), foram realizados estudos ecológicos, consultoria em design, instalação de torres de 25 a 30 metros de altura que servem para avaliar o cipó-titica no topo da planta hospedeira, e consultoria de valoração econômica do cipó-titica no Estado do Amapá.

Fibra resistente e durável

O cipó-titica é da espécie botânica Heteropsis flexuosa, encontrada na Amazônia, em áreas de florestais naturais de terra firme. Na fase adulta, o caule é grosso e lenhoso com fibra altamente resistente e durável, por essas características é utilizado na indústria moveleira e também para artefatos e objetos artesanais. O termo cipó-titica é usado apenas na região Norte, no sul e sudeste as fibras de cipó-titica são chamadas de junco ou rattan. No nordeste chama-se vime para qualquer fibra natural. Mais informações:sac@cpafap.embrapa.br96-3241-1551 ramais 202 e 215

Fonte: Embrapa

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