Cientistas do Peru e do Brasil disseram na última sexta-feira (01/06) que a nascente do Amazonas está a cerca de 5.000 m sobre o nível do mar, nos Andes do sudeste peruano, o que confirmaria que é o rio mais longo do mundo, superando por 91 km o Nilo, no nordeste da África.
A origem exata do Amazonas foi durante anos um dos maiores enigmas da geografia. O rio, que cruza Peru, Colômbia e Brasil, até desembocar no Atlântico, já era considerado o mais caudaloso do planeta. O expedicionário e diretor de Cartografia do Instituto Geográfico Nacional do Peru, Ciro Sierra, disse que, numa expedição de dez dias, cientistas peruanos e brasileiros fizeram medições cartográficas, hidrológicas e geodésicas nas altitudes da província de Chivay, região de Arequipa, mais de 1.000 km a sudeste de Lima. "É um trabalho conjunto para recolher dados de caráter científico que nos permitam apresentar um relatório à comunidade internacional e, posteriormente, obter sua aceitação, no sentido de que a nascente do rio Amazonas se encontra nos degelos do (pico) nevado Mismi e, por conseguinte, se trata do rio mais longo do mundo", disse Sierra.
Ele disse a jornalistas que a intenção é confirmar dados de um estudo peruano de 1989, segundo o qual o Amazonas mediria 6.762 km, contra 6.671 km do Nilo. Na expedição, os cientistas chegaram ao topo do monte Mismi, acima de 5.000 m de altitude, e percorreram as "quebradas" (vales profundos) de Carhuasanta e Apacheta, nas encostas dessa montanha. Ali colocaram quatro marcos geodésicos equipados com receptores GPS que servirão para traçar a cartografia da zona. Também se mediu o nível das águas que sulcam os vales. "Conhecer de forma científica a nascente do Amazonas é vital. Poder monitorar no futuro esta nascente vai nos permitir prever desastres como secas e inundações", disse Sierra.
O especialista peruano afirmou que a comprovação total a respeito da nascente do rio exigirá pelo menos três expedições mais, a próxima delas em setembro, a fim de obter "suficiente fundamento e sustentação técnica, de tal forma que não seja rebatido." Em 1996, uma expedição privada de cientistas italianos, poloneses, russos e peruanos percorreu a sub-bacia hidrográfica de Arequipa (sul do Peru) e disse também ter encontrado a nascente do rio na "quebrada" de Apacheta. Um ano antes, um cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Brasil, estimou a extensão do Amazonas em mais de 7.000 km, com base em imagens de satélite que localizavam a nascente no extinto vulcão Quechicha, no Peru, a 300 km do Pacífico.
Fonte: Reuters
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