Os pesquisadores do Laboratório de Malária e Dengue do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (LMD/INPA) constataram que, em inspeções feitas em tanques de piscicultura, localizados na zona Leste e Oeste de Manaus, de 141 coletas todas estavam positivas para anofelinos (Anopheles darilingi), o mosquito transmissor da malária.
Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (30), na sala de seminário da biblioteca do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCT). Também estiveram presentes o representante da Fundação de Vigilância Sanitária (FVS), Romeu Fialho, e o pesquisador Toby Barret (Inpa). As coletas foram feitas no início de 2006 e fazem parte do projeto “Controle da Malária e Estudos Entomológicos: Tanques de Piscicultura e a Proliferação de Anopheles darilingi – Mudanças na Ecologia e Monitoramento em Manaus (AM)”. A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), CT-Petro e Piatam.
O alto índice de contaminação foi verificado em tanques de crescimento e engorda, onde os peixes permanecem até um ano e meio antes de serem comercializados. Todavia, em uma segunda coleta, quando foram feitas mais de 325 inspeções, verificou-se que houve uma diminuição de 63% na presença de anofelinos. Segundo Tadei, o índice de positividade representou 75% dos criadouros inspecionados. Ele disse que Manaus possui uma malha de tanques, formada por 1500 unidades, em plena atividade. Além disso, o pesquisador explicou que também existem os tanques de alevinos, onde os animais permanecem de 2 a 4 meses até atingirem o tamanho para serem transportados para os de engorda. Durante a terceira coleta, realizada entre os meses de agosto e setembro, o índice baixou ainda mais. Na época, chegou-se a 61% de positividade dos tanques estudados. “As informações mostraram que existem diferenças marcantes quanto à positividade nas localidades consideradas”, ressaltou.
De acordo com o pesquisador, o mesmo índice de contaminação não foi verificado nos tanques dos peixes que ainda estavam na fase de alevinos. “As inspeções foram negativas, provavelmente, pelo fato de que os peixes, enquanto pequenos, conseguem se alimentar das larvas dos mosquitos em geral”, enfatizou. Tadei disse que os resultados mostraram que os tanques de piscicultura representam um criadouro permanente no entorno de Manaus, pois o Anopheles darlingi encontra condições de reprodução durante o ano todo. Segundo ele, isso acontece porque nos tanques as águas não sofrem a influência do pulso da vazante e os tanques permanecem produtivos durante o ano. “A saída para o problema é instruir os piscicultores para o monitoramento das margens dos tanques, assim será possível diminuir a área produtiva do mosquito. Quando as ações não forem suficientes é recomendado o tratamento periódico com biolarvicida”, informou.
Ele enfatizou que o Amazonas apresenta um potencial pesqueiro elevado, tendo a cidade de Manaus como principal centro de consumo e comercialização, por isso, pesquisar a presença do mosquito da malária nos tanques de piscicultura é fundamental. “Hoje, o manejo dos recursos pesqueiros apresenta implicações sociais, econômicas e políticas, em função da importância destes recursos na vida dos habitantes da região”, finalizou.
Fonte: Assessoria de Comunicação do INPA
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