A captura de animais silvestres persiste irregularmente em todo o país, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que reintegrou 26 deles à natureza: três jacarés da espécie tinga, sete cobras adultas, sendo seis jibóias e uma sucuri, sete bichos-preguiça, um pássaro da espécie socó-boi, sete quelônios e uma paca mantidos irregularmente no interior do Amazonas. Quelônios são tartarugas, cágados e jabutis.
O órgão afirma que esta prática gera dois problemas imediatos: desequilíbrio ecológico no hábitat natural do animal e crescimento do índice de abandono – quando ele cresce, o dono o larga em algum lugar."No começo, eles são bichinhos pequenos, docéis e frágeis. Depois que crescem e não podem ser domesticados, fazendo bagunça demais, causando doenças ou incomodando a vizinhança, são abandonados de qualquer jeito. O problema é que aí pode ser tarde demais para serem recolocados na natureza. Isso sem falar do desequilíbrio ambiental gerado pela função ecológica que o animal deixa de cumprir no habitat", explica o analista ambiental Marcelo Dutra, do Ibama. Com exceção da paca, os animais estavam sendo utilizados como "atrativos" turísticos.
No último fim de semana, após receber uma denúncia formalizada pelo Ministério Público Federal, os fiscais do Ibama estiveram em um restaurante na região dos lagos Janauary e Salvador, no Amazonas, e descobriram que mais de 50 pessoas, entre elas crianças menores de dez anos, ofereciam os bichos para que os turistas pegassem e fotografassem, cobrando de R$ 5 a R$ 20."Apenas dois adultos foram flagrados durante a operação. A maioria dos animais estava com as crianças ribeirinhas. Nas casas dos 'bicheiros', as preguiças estavam amarradas em banheiros de madeira improvisados, os macacos, amarrados em botijões de gás, e três das jibóias encontradas se apertavam em uma caixa de madeira totalmente inadequada", revela Dutra. No dia da apreensão, segundo relatório do Ibama, estavam no local diversas embarcações com mais de 200 turistas, que eram abordados, na maioria dos casos, pelas crianças. Foram apreendidos 45 animais, incluindo 15 periquitos e duas araras, que foram levados para o Centro de Tratamento de Animais Silvestres do Ibama, em Manaus, para atendimento emergencial.
Segundo Dutra, os animais são avaliados em todos os sentidos, até mesmo como garantia de que vão sobreviver caso sejam recolocados na floresta."Somente 26 animais foram liberados pelos veterinários para retorno à natureza. O restante não está em condições. Os periquitos, por exemplo, tem muito pouco tempo de vida. Ainda não sabemos o que vai acontecer, mas existem casos de animais que jamais retornam ao habitat natural por terem perdido as origens selvagens. Nesse caso, são enviados para zoológicos ou criatórios preservacionistas legalizados", explica o analista. De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (9.605/98), a pena para quem mata, persegue, caça, apanha, mantém em cativeiro ou utiliza espécies da fauna silvestre sem autorização do Ibama é de R$ 500 por animal. O valor pode ficar até R$ 5 mil mais caro se for uma espécie ameaçada de extinção. Em caso de maus tratos, a multa pode chegar a R$ 10 mil, com pena de até 18 meses de prisão.
Agência Brasil
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