sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Programa Biota chega à maioridade

Fábio de Castro

Representantes da FAPESP e das três universidades estaduais paulistas assinaram nesta quinta-feira (2/8), na sede da Fundação, um acordo de cooperação acadêmica para a institucionalização do Instituto Virtual da Biodiversidade. O convênio estabelece que as universidades farão a manutenção dos sistemas de informação ambiental criados pelo Biota-FAPESP, dando ao programa um caráter permanente. Assinaram o documento Carlos Vogt, presidente da FAPESP, e os reitores Suely Vilela, da Universidade de São Paulo (USP), José Tadeu Jorge, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Marcos Macari, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

“A institucionalização é um atestado da maioridade do programa. Trata-se de um paradigma importante como referência e que dará continuidade a todo o esforço de investimento e capacitação feito até agora. Essa nova engenharia dá ao programa a continuidade institucional de que ele precisa”, disse Vogt. “O programa continuará funcionando da mesma forma, com os projetos sendo financiados pela FAPESP. A diferença é que a parte administrativa será incorporada pelas universidades”, disse Ricardo Ribeiro Rodrigues, coordenador do Biota, à Agência FAPESP. De acordo com Rodrigues, o objetivo do acordo é perenizar o programa. “Hoje, a administração do Biota-FAPESP depende de uma comissão de pesquisadores que atua de forma avulsa, sem vínculo institucional. Não há uma estrutura permanente para eventos, publicações ou atualização do banco de dados. Para a manutenção de cada uma dessas atividades é preciso solicitar recursos isoladamente”, explicou.

Desde que foi criado, em 1999, o Biota-FAPESP possibilitou a descrição de mais de 500 espécies de plantas e animais. De acordo com Carlos Alfredo Joly, professor do Departamento de Botânica da Unicamp e ex-coordenador do programa, a FAPESP investiu em média US$ 2,5 milhões por ano no programa, que incluiu o apoio a 75 projetos de pesquisa, 150 mestrados e 40 doutorados e gerou 500 artigos e 170 periódicos, 16 livros e dois atlas. “O Biota reuniu um grande conjunto de ferramentas que é precioso para a comunidade científica, mas que tem uma complexa rotina de manutenção diária. Há dois anos discutimos esse processo de institucionalização e há cerca de três meses definimos o arranjo que será feito”, disse Joly. Segundo ele, com a institucionalização, as universidades darão contrapartida a parte do investimento feito pela FAPESP durante os oito anos de existência do programa. “A avaliação é que a institucionalização exigirá US$ 4 milhões, nos próximos oito anos, para salários de secretaria e analistas de sistemas, reforma de infra-estrutura para armazenar bancos de dados e outras despesas. O valor será dividido proporcionalmente entre as universidades com referência ao que elas receberam nestes oito anos”, disse Joly.

Divisão de tarefas

De acordo com Rodrigues, a Unicamp será responsável pelo banco de dados do Sistema de Informação Ambiental do Biota (SinBiota), desde a estrutura física até o pagamento de pessoal que fará manutenção e atualização dos bancos de dados. “A Unicamp está construindo o prédio para isso e fornecerá um analista de sistema. A USP fornecerá um analista também. A FAPESP entrará com os equipamentos necessários. O SinBiota será articulado com o banco de dados do projeto Genoma Humano”, explicou Rodrigues. A Unesp se responsabilizará pelo banco de dados e de extratos da Rede Biota de Bioprospecção e Ensaios (Bioprospecta), além da construção do prédio em Araraquara (SP) e pessoal responsável. A secretaria do programa e da revista Biota Neotrópica será dividida entre Unicamp e USP. “O secretário do programa será da Unicamp e tocará a parte adminstrativa. A USP fornecerá o editor-técnico – um professor titular que será um facilitador de comunicações dentro do programa. Ele fará uma análise internacional e nacional e indicará para que revistas cada publicação será mais indicada”, disse Rodrigues.

Atuação coletiva

Para Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, a assinatura do convênio representa uma nova etapa do Biota-FAPESP. “Esse programa é uma grande conquista da comunidade científica e o acordo sinaliza um compromisso que sempre houve por parte das universidades e que passa a ser assumido efetivamente”, disse. De acordo com Brito Cruz, a institucionalização permitirá que o programa ande com suas próprias forças. “É um pouco como se o Biota fosse um spin-off da FAPESP. A expectativa é que isso aumente a abrangência do programa e seu impacto nas políticas públicas se torne ainda maior”, afirmou. Brito Cruz lembrou ainda a participação fundamental de Joly para o sucesso do Biota. “É notável a capacidade da comunidade científica de se articular no tema da biodiversidade, mas um empreendimento dessa magnitude, embora seja de construção coletiva, só decola quando há a atuação heróica de alguns indivíduos com espírito de liderança. Por isso, é importante destacar a atuação do professor Joly em toda a trajetória do programa”, destacou.
Mais informações sobre o Biota-FAPESP: www.biota.org.br

Fonte: Agência Fapesp

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