O Protocolo de Quioto tem de ser reformulado para incluir metas de emissão de gás carbônico para os países emergentes, que também estão poluindo cada vez mais. A avaliação é da professora e pesquisadora Juliana Ramalho, do Laboratório de Climatologia da Universidade de Brasília (UnB).
Em entrevista hoje (24) ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, a pesquisadora afirmou que o protocolo, que estabelece um cronograma de redução no lançamento de gás carbônico para os países desenvolvidos até 2012, corre o risco de se tornar sem função caso não inclua determinados países emergentes. “De alguns anos para cá, vários países em desenvolvimento entraram para a lista dos maiores poluidores”, destacou. “Embora seja válido, o Protocolo de Quioto não está sendo levado a sério e várias metas não estão sendo cumpridas”, advertiu Juliana. Segundo ela, não adianta mais os países emergentes esperarem as nações desenvolvidas tomarem posição e tentarem se enquadrar às metas. “Todo mundo agora precisa agir”, aconselha.
Apesar de ter 45% da matriz energética originada de fontes renováveis, atualmente o Brasil ocupa o quarto posto entre os países emissores de gás carbônico, com 1 bilhão de toneladas lançadas por ano. No caso brasileiro,no entanto, o problema não está nos veículos nem nas indústrias, já que 75% das emissões vêm das queimadas e derrubadas de árvores. O país emergente que mais aumentou o grau de poluição foi a China. Segundo estudo divulgado em abril pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país asiático atualmente lança 4,7 bilhões de toneladas de gás carbônico por ano e está na segunda posição entre os países poluidores, perdendo apenas para os Estados Unidos, com 5,8 bilhões de toneladas.
Em terceiro lugar na lista dos emissores de gás carbônico, está a União Européia, com 3,8 bilhões de toneladas anuais. O bloco econômico, no entanto, conseguiu estabilizar as emissões na última década. Em relação aos países emergentes, a professora da UnB afirma ainda que o problema não é apenas ambiental. Para ela, o combate à poluição nas nações em desenvolvimento também passa por ações sociais. “As pessoas mais desfavorecidas, que não têm água potável e esgoto, e muitas vezes dependem de lixões para se sustentar, não estão preocupadas com o meio ambiente, mas com a sobrevivência”, ressaltou. “Antes de tudo, é necessário melhorar o padrão de vida dessas pessoas.”
Fonte: Agência Brasil
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