quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Contra dilúvio, só mesmo a Arca de Noé, afirma secretário de obras do Rio

O Túnel Rebouças, principal ligação entre as zonas norte e sul do Rio, sofreu seis grandes deslizamentos de terra nesta quarta-feira. Segundo o secretário municipal de Obras, Eider Dantas, até as 19h, caíram sete mil toneladas de terra.

A causa mais provável para os desmoronamentos, de acordo com o secretário, é uma "surgência" de água, verificada às 20h30 de terça-feira, combinada com a forte chuva desta quarta. O secretário eximiu a prefeitura de responsabilidade pelo deslizamento de terra e afirmou que "contra dilúvio só mesmo a Arca de Noé". Diariamente, 220 mil veículos passam pelo local. A prefeitura estimou que precisará remover pelo menos 700 caminhões lotados de barro para liberar as pistas, mas o trabalho só poderá começar quando a chuva parar. "Se parasse de chover hoje eu liberaria as pistas amanhã à tarde. Mas isso depende fundamentalmente de papai do céu", disse. "Foram 210 milímetros nas últimas 24 horas, o que representa a chuva de 40 dias em condições meteorológicas normais. É água que não acaba mais", declarou. O serviço de meteorologia informou, porém, que o índice de chuvas foi de 117 milímetros. "A prefeitura investiu R$ 200 milhões em 12 anos na contenção de encostas. Antes, era muito pior. Estamos fazendo o melhor. Nós retiramos da encosta 40 construções irregulares anos atrás, e tínhamos reflorestado tudo."

Ele prevê que os trabalhos de recuperação demorem cerca de 48h a partir do momento em que parar de chover e não tenha mais risco de deslizamentos. Com isso, existe a possibilidade que o túnel só seja reaberto na próxima semana. As hipóteses trabalhadas para essa "surgência" são o rompimento de um cano da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) ou de um cano de ligação de água irregular. O presidente da Geo-Rio, Mauro Baptista, também falou sobre a possibilidade de um brotamento natural de águas pluviais acumuladas. A Cedae nega qualquer tipo de rompimento na tubulação que passa próximo ao túnel. Segundo a empresa, os tubos já foram desativados e técnicos enviados ao local não encontraram nenhum vazamento. O secretário, no entanto, insistiu que a hipóstese será averiguada. A Defesa Civil do município do Rio de Janeiro também apontou uma queimada, ocorrida há cerca de um mês, como uma das possíveis causas. De acordo com o presidente da Geo-Rio, os técnicos devem demorar uma semana para terem os resultados sobre os motivos do incidente.

Dantas garantiu que o desmoronamento não comprometerá a estrutura das galerias do Túnel Rebouças. “Depois que a chuva parar, vamos levar os tratores para a parte superior. Remover a terra fofa de cima, recolher a terra que deslizou e estudar que tipo de contenção podemos fazer”, declarou. Uma torre de telefonia localizada logo acima da encosta está ameaçada de cair caso os deslizamentos continuem. Os maiores desmoronamentos ocorerram aproximadamente às 7h, 8h20, 9h, 12h30, 14h30 e 18h desta quarta. A terra que está caindo é exatamente a da parte que o secretário de obras afirmou que seria removida. Segundo os especialistas que estão no local, quando a chuva passar, a terra que sobrar na área será induzida ao desmoronamento. A retirada de toda a terra que caiu deve demorar cerca de 12 horas.

Nó no trânsito

As Avenidas Borges de Medeiros e Epitácio Pessoa, na zona sul do Rio, foram interditadas no sentido Rebouças, para impedir o acesso ao túnel. Em vários pontos da cidade houve focos de alagamento ao longo do dia, provocando congestionamento e fechamento de vias. Por volta das 19h, o trânsito já estava normalizado na cidade.

Queda de energia

Durante todo o dia, houve queda de energia em trechos de vários bairros do Rio. Por volta das 19h, Taquara, na zona oeste, e Rio Comprido e Estácio, na zona norte, estavam sem luz. De acordo com a Light, empresa que fornece energia para a cidade, as equipes já estavam no local.
Ainda segundo a companhia, devido à chuva, o número de equipes nas ruas chegou a 60 durante esta quarta, o que representa um aumento de 22% em relação à média diária.

Fonte: IG

Nenhum comentário: