domingo, 28 de outubro de 2007

Educação ambiental é vista como uma moda nos EUA

A cada dia de semana, às 14h30, um fila de sedãs de luxo e utilitários esportivos se forma diante da Scarsdale Middle School, no condado deWestchester. Gases de escapamento poluem a atmosfera, mesmo que haja cartazes pedindo que os motoristas não deixem seus motores funcionando em ponto morto e que os alunos critiquem seus pais por violar a orma.

"Normalmente obedeço", diz Loryn Kass, 41 anos, desligando apressadamente o motor de seu BMW, enquanto esperava a filha sair da escola, em uma tarde recente. "Apoio totalmente a idéia de manter o ar limpo e fresco para nossos filhos". A fila dos pais à espera da saída de alunos se tornou o mais recente campo de batalha em um crescente movimento ecológico escolar que foi bem além dos programas de reciclagem e celebrações do Dia da Terra e começou a desafiar as normas escolares aceitas há muito. Desde 2004, dezenas de escolas privadas e públicas em Westchester, na cidade de Nova York e em Long Island criaram áreas de espera que proíbem que motores funcionem em ponto morto, adotaram produtos de limpeza de origem vegetal em seus edifício e, em menor grau, excluíram o uso de pesticidas em suas áreas ajardinadas e campos de esportes, de acordo com a Grassroots Environmental Education, uma organização sem fins lucrativos que iniciou uma campanha para promover essas três medidas.

Esforços semelhantes estão se espalhando por todo o país. A Associação deEducação Ambiental e para a Natureza de Maryland, um grupo sem finslucrativos, concedeu a 163 escolas de Maryland - dois terços das quais nos últimos dois anos - o selo "escola verde" por iniciativas como preservar terras alagadas, proibir o uso de garrafas de água descartáveis ou pedir aos alunos trabalhos escolares com temas ambientais.Toda forma de esforço é considerada digna de atenção. Em uma campanha de substituição de lâmpadas conduzida no sul da Califórnia, estudantes em 26 escolas dos condados de San Bernardino e Riverside substituíram 15.734 lâmpadas incandescentes em suas casas por lâmpadas fluorescentes, mais eficientes do ponto de vista energético, e o número continua a crescer.

Funcionários públicos e educadores da Califórnia estão planejando a primeira conferência das escolas ecológicas do Estado, a ser realizada em Pasadena,em dezembro, e contam com a presença de mais de dois mil membros deconselhos escolares, administradores e professores. Alguns educadores alegam que o foco no meio ambiente resulta em desperdício de dinheiro dos contribuintes e gera distração nas escolas, em uma era na qual muitos estudantes saem despreparados para os estudos universitários e enfrentam dificuldades para cumprir os padrões mínimos nos testes de leitura e matemática."Os alunos precisam de capacidades muito básicas, e elas são muito mais importantes do que promover a recompensa emocional de saber que supostamente fizeram algo de bom pelo meio ambiente", disse Jane Shaw, vice-presidente executiva do Centro John William Pope de Política de Ensino Superior, umaorganização de política pública em Raleigh, Carolina do Norte. Ela éco-autora de Facts, Not Fear (Fatos, Não Medo),um livro publicado em 1996 para defender o argumento de que os livros escolares exageravam os problemas ambientais. Jerry Cantrell, presidente da Associação dos Contribuintes de Nova Jersey e ex-presidente do conselho escolar de Randolph, classificou os programas ambientais como despesa desnecessária, em especial para as escolas públicas,que vêm enfrentando cortes de orçamento."O 'negócio da educação' é conhecido por suas modas passageiras" , afirma."Eles instauram uma nova filosofia e ela parece bacana e popular. Acho que a onda ecológica é mais um exemplo disso".

Mas funcionários do sistema escolar rebatem alegando que eles têm a responsabilidade de ajudar os alunos a se tornarem melhores cidadãos, e que ensiná-los a proteger o meio ambiente não é diferente de lhes ensinar ética ou normas sociais. "Os estudantes precisam aprender a retribuir pelo que recebem", disse Nicholas Dyno, diretor da Southampton High School, em Long Island, onde os formandos assinaram um compromisso no qual alegam que considerarão as conseqüências ecológicas de suas futuras ações.Muitos parentes e funcionários de governos locais apóiam as medidas ecológicas nas escolas, devido às preocupações crescentes quanto aos efeitos de saúde dos gases de escapamento e produtos químicos tóxicos. Na semana passada, membros do Conselho Municipal de Nova York, mencionando casos de asma entre alunos de escolas de ensino básico, propuseram uma lei que proibiria que as pessoas mantivessem seus carros em ponto morto por mais de um minuto, diante das escolas da cidade.

O movimento das escolas ecológicas, que se desenvolveu com base em esforços anteriores de faculdades e universidades, já promoveu mudanças na maneirapela qual algumas escolas são construídas. Hoje, número bem maior de salas dispõem de sistemas de ventilação, iluminação natural e sensores automáticosde luz e temperatura. Embora o ambientalismo não seja barato, muitos dirigentes de escolas e pais dizem que construir escolas ecológicas ou adotar programas de reciclagem não só beneficia o ambiente mas pode fazer sentido financeiramente.O maior distrito escolar suburbano de Nova Jersey, o de Toms River, investiuUS$ 20 milhões na instalação de painéis solares em sete escolas, nos dois últimos anos, e planeja equipar outras 11 unidades da mesma maneira até2012. Funcionários do distrito afirmam que os custos de energia das escolas,US$ 3 milhões ao ano, caíram em US$ 239 mil no primeiro ano de operação do novo programa.

Fonte: The New York Times

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