Um herói nacional que ganhou sem dar um tiro
Os diplomatas brasileiros, contudo, tentaram estabelecer, com os representantes franceses, que a lagosta seria uma riqueza natural da plataforma continental e que, portanto, pertencia ao Brasil, embora os peixes, por se moverem livremente acima da plataforma, não fossem assim necessariamente considerados, respeitados os limites do mar territorial e os tratados internacionais firmados. Mas, mesmo assim, insistiam em que a França tinha o direito de continuar pescando lagosta e parecia que o debate jamais chegaria a uma conclusão.
Durante todos estes longos debates, o Alte. Paulo Moreira mantinha-se atento, mas não fazia nenhuma intervenção, e só repondia laconicamente às perguntas de seus colegas brasileiros na referida comissão, que estavam, àquela altura, um tanto decepcionados com o desempenho do seu colega Almirante. Como havia prazo para encerramento dos debates, chegou a hora das falas dos últimos representantes de cada país. O último francês a falar discursou exaustivamente, defendendo a tese de que a lagosta era apanhada durante seus pulos na água, momento em que, afastando-se da plataforma continental, nestas condições poderia ser considerada um peixe.O último brasileiro a falar foi o Alte. Paulo Moreira, que calmamente subiu ao pódio e, num francês irrepreensivel, declarou apenas o seguinte:"O Brasil está disposto a aceitar a tese da França se os dignos representantes franceses concordarem que: Quando o canguru dá seus saltos, pode ser considerado uma ave." E foi sentar-se. O Brasil ganhou a questão.
2 comentários:
Nossa, adorei seu post... estava a buscar referencia à famosa "Guerra da Lagosta" pra levar pros alunos em sala de aula e não tinha até agora visto nenhum comentário sobre o Alte Paulo Moreira...ainda bem que vc se dispôs a escrever isso pra gente.
Obrigada,
agora sempre lembrarei os alunos do Curso de Especialização em Direito que ele foi um cara genial...
Naquela época a França tentou intimidar o Brasil relatando que tinha armamendo nuclear.
Postar um comentário