segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Mais 50 espécies

Thiago Romero

Um grupo de alunos e docentes do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em São José do Rio Preto, identificou 30 novas espécies de peixes nos rios da bacia do Alto Paraná. Liderados pelo coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal da universidade, Francisco Langeani, o grupo faz na região, desde 2005, um levantamento da ictiofauna – conjunto de peixes – para produzir uma síntese das espécies existentes. As coletas são feitas principalmente em riachos que desembocam nos rios Grande (MG) e Paranaíba (MG e GO).

Os pesquisadores analisaram os trabalhos publicados em revistas nacionais e internacionais sobre as espécies da bacia, revisaram o material de coleções científicas sobre a região e, por fim, coletaram espécimes. Segundo Langeani, apenas 310 espécies de peixes, de 38 famílias, eram conhecidas na bacia do Alto Paraná. “Todas essas 310 espécies têm nome formal na literatura. Como não havia registros formais das 30 espécies identificadas durante as nossas coletas, estamos criando novos nomes para elas, a fim de buscar reconhecimento junto à comunidade científica”, disse o professor do Departamento de Zoologia e Botânica da Unesp, à Agência FAPESP. “Uma nova espécie biológica só passa a ser reconhecida após sua descrição em revistas da área. Estamos em fases distintas de publicação, alguns trabalhos foram aceitos e publicados, outros ainda estão sendo escritos. Ao todo, serão mais de dez artigos científicos”, explicou.

Um trabalho de síntese será publicado na próxima edição da Biota Neotropica, revista do Programa Biota-FAPESP. A maior parte das 310 novas espécies (65%) é considerada de pequeno porte por ter menos de 21 centímetros de comprimento. “O que ocorre é que muitos leigos acham que são filhotes de espécies grandes já conhecidas nos rios, enquanto se trata de adultos de novas espécies”, disse. Langeani destaca que outros cientistas do Brasil e do exterior também estão em fase de descrição de outras 20 novas espécies coletadas na bacia do Alto Paraná. Com isso, são 50 novas espécies encontradas nos últimos três anos na região. Segundo o professor da Unesp, o Alto Paraná é uma das porções das bacias de águas interiores historicamente mais estudadas no país. “Se mesmo com essa grande quantidade de cientistas coletando material da ictiofauna na região estão sendo apresentadas 50 espécies inéditas, fazendo uma extrapolação para as outras bacias no país, como a do São Francisco e a Amazônica, provavelmente teremos situações proporcionalmente semelhantes”, disse.

Langeani calcula que a bacia Amazônica, a maior em área do país, conta com cerca de 1,5 mil espécies descritas. O trabalho da Unesp tem apoio da FAPESP na modalidade Auxílio a Pesquisa. A bacia do Alto Paraná abrange os rios Paranaíba, Grande, Paraná, Tietê, Paranapanema e São José dos Dourados até chegar ao reservatório de Itaipu.

Fonte: Agência Fapesp

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