Carlos Rangel
O Brasil começa a dar forma para uma das mais ambiciosas metas de geração de energia do planeta: substituir por combustíveis renováveis 10% da gasolina consumida em todo o mundo até 2025. O objetivo faz parte de trabalho do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), encarregado de instalar o Centro de Pesquisas em Bioetanol em 2008, na cidade de Campinas, em São Paulo. "O desafio para o Brasil é produzir 10, 20 vezes mais etanol do que produz hoje. Para isso, o País deverá modernizar sua agricultura, organizar a produção e investir na pesquisa em várias frentes para obtenção do etanol celulósico", afirma o físico Cylon Gonçalves da Silva, coordenador do projeto de instalação.
O centro de pesquisas vai planejar a produção de etanol em alta escala no País e definir tecnologias para obtenção de etanol a partir do bagaço e da palha da cana (hidrólise enzimática). Até 31 de dezembro, Cylon vai entregar o projeto ao ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, informa a assessoria do CGEE. A cana é a planta de melhor eficiência energética entre as utilizadas atualmente: o etanol produz 10 ou até 11 unidades de energia para cada uma despendida na produção. "O modelo atual da cultura de cana, baseado na queima da palha e em mão-de-obra quase descartável não serve a uma ambição nacional maior", diz Cylon. Para ele, no projeto de modernização a Embrapa terá papel central a cumprir. Cylon defende a lógica da concentração da produção em clusters, como ocorre em São Paulo, com base em estudo coordenado pelo professor Rogério Cerqueira Leite para o CGEE. "Cada centavo economizado vai contar para a competitividade do etanol brasileiro: os custos de transporte do campo para a refinaria, o custo de armazenamento, de distribuição", diz. A produção concentrada responde à necessidade de redução de custo e máxima produtividade.
Para chegar ao etanol necessário à substituição de 10% da gasolina consumida no mundo, o Brasil deverá produzir 205 bilhões de litros. Hoje, a produção de etanol ocupa 3 milhões de hectares de terras. O estudo do CGEE já identificou outros 53,4 milhões de hectares, com bom potencial de produção, que leva em conta qualidade do solo, chuvas e declividade. Por não apresentar características de produção sustentável, 11 milhões de hectares foram excluídos por restrições ambientais ou por estarem ocupados com outras culturas (que não pastagens). Os 42 milhões de hectares restantes são suficientes para o Brasil produzir os 205 bilhões de litros em 2025.
Fonte: DiárioNet
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