quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Empresa brasileira já prolonga acordo de Kyoto

Antonio Gaspar

A empresa Penha Papéis e Embalagens Ltda., que atua nos Estados de São Paulo, Paraná e Bahia é, certamente, a primeira empresa na Amércia Latina a comercializar crédito de carbono para 2014 no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) previsto no Tratado de Quioto. Paulo Sérgio Silva Ramos, representante da companhia, explicou que o negócio envolve 32 mil toneladas dióxido de carbono (CO2) por ano e engloba o período de 2008 a 2014. Ele se disse impossibilitado de revelar o nome do comprador. Adiantou, porém, que é europeu e não é uma instituição financeira. A idéia dos executivos da Penha começou a ser trabalhada em 2006. O projeto da maior compradora de aparas do Norte e Nordeste está sendo desenvolvido na fábrica de Santo Amaro, na Bahia. Além dos resultados objetivos proporcionados pela sua implantação, a empresa foi impulsionada a estabelecer parcerias produtivas com organizações como Universidade do Estado da Bahia, Caldeiras Bremer, Senar e comunidades locais. O projeto é considerado de pequena escala no âmbito do MDL e não ultrapassa as 60 mil toneladas de CO2/ ano.

Tudo começou quando a Penha resolveu comprar uma fabricante de papel que havia parado a produção na Bahia, disse Silva Ramos durante o seminário "Produção de Créditos de Carbono e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo: a que se ater e o que fazer para ter êxito no uso destes instrumentos de mercado", realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Com a fábrica vieram fazendas de bambu. Os donos anteriores iriam usar o bambu como matéria-prima para papel. Os novos dirigentes resolveram substituir o combustível fóssil por renovável, substituindo o diesel utilizado na caldeira por biomassa de bambu. A inovação tecnológica foi reconhecidapela ONU no âmbito do MDL. Segundo Silva Ramos, não existita solução tecnológica pronta para uso do bambu como energia. A empresa foi procurar ajuda com a fabricante de equipamentos Bremer, que aceitou o desafio, A antiga caldeira, a óleo, foi aposentada. No modelo da empresa, o bambu é colhido por trabalhadores, transportado por meio de caminhões para ser picado e transformado em cavaco, que é usado na caldeira. O que sobra é cinza. Mas até dominar totalmente o processo, o fabricante da caldeira e os dirigentes da Penha tiveram de resolver o problema do silicato (verdadeiras pedras, resultado da queima da matéria-prima, que entupiam as grelhas), uma vez que o bambu é rico em silica. A fábrica tem capacidade para produzir 300 toneladas por dia de papel.

O projeto da Penha ajudou ainda a alterar as relações de trabalho, a qualidade de vida da comunidade local e a proteger o meio ambiente. "Não há mais oferecimento de madeira cortada ilegalmente em áreas de reserva e os trabalhadores têm a carteira assinada", explica Silva Ramos.

Fonte: Diarionet

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