quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Europa: extinção ameaça 38% dos peixes de água doce

Cerca de 200 espécies das 552 variedades de peixes de água doce na Europa estão ameaçadas de extinção, e 12 já desapareceram, diz uma pesquisa da União Mundial para a Natureza (UICN) divulgada hoje em Genebra."Com 200 espécies - 38% das que habitam rios e lagos europeus - ameaçadas de extinção na Europa, devemos agir agora para evitar a tragédia", advertiu William Darwal, coordenador do Programa de Espécies da União.

Hoje foi apresentado na cidade suíça de Gland o novo Manual de Peixes de Água Doce na Europa, redigido após sete anos de pesquisas, nas quais foram descobertas 47 novas espécies.
Segundo Darwal, "o nível de perigo é muito maior do que o enfrentado por pássaros e mamíferos". O estudo indica que muitas das espécies em perigo não são consideradas nem "carismáticas" nem têm valor aparente para as pessoas, por isso raramente atraem a verbas necessárias para sua preservação, e só poucos perceberão seu desaparecimento.No entanto, o manual ressalta que essas espécies "são parte importante de nosso patrimônio e essenciais nos ecossistemas de água doce de que dependemos para a purificação de água e para o controle das inundações". Os autores do estudo, Maurice Kottelat e Jörg Freyhof, afirmam que o desenvolvimento e o crescimento da população na Europa nos últimos 100 anos são as principais causadoras da ameaça.

A situação mais crítica é nas áreas secas do Mediterrâneo, o que deixou alguns rios sem água nos meses de verão, fenômeno aguçado pelos impactos da mudança climática. As áreas com maior nível de ameaça incluem os trechos inferiores dos rios Danúbio, Dniester, Dnieper, Volga e Ural, a Península dos Bálcãs e o sudoeste da Espanha. Em risco crítico de desaparecimento está a enguia européia, que se reproduz no Oceano Atlântico em média só uma vez a cada 20 anos.
Outras duas variedades também estão incluídas na lista vermelha de espécies ameaçadas: o gênero Gobio, na Criméia, e o "corégono" do lago de Ammerse, na Alemanha. O manual cita ainda a "bogardilla" espanhola (Squalius palaciosi), que depende em grande medida dos níveis de chuva, e o "jarabugo" (Anaecypris hispanica), que habita o sudoeste da Espanha e de Portugal, com população reduzida em 50%. Segundo Kottelat, presidente da Sociedade Ictiológica Européia e Freyhof, do Instituto de Ecologia de Água Doce, "ainda não é tarde demais e é possível salvar todas os espécies se os governos da Europa e da União Européia começarem a agir agora".

Fonte: EFE

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