A última coleta de dados do projeto de pesquisa desenvolvido pela Embrapa Pantanal dentro do Programa para Controle do Mexilhão Dourado, coordenado pelo IEAPM/Marinha do Brasil e apoiado pelo CTHidro, identificou dois novos pontos com presença de mexilhão dourado na região.Um deles fica na baia Uberaba, conectada ao rio Paraguai, e o outro no rio Cuiabá, próximo à foz no rio Paraguai.
A pesquisadora da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Márcia Divina de Oliveira explica que a densidade de mexilhão dourado (Limnoperna fortunei) encontrada nos dois locais é diferente. “A baía Uberaba apresenta maior densidade com uma população instalada e relevante. A foz do rio Cuiabá, próximo ao Parque Nacional do Pantanal, por sua vez, tem uma densidade mais baixa, com uma população em início de colonização”, acrescenta Márcia.
Reservatório de larvas
Para ela, esses dados comprovam que a presença do mexilhão dourado no rio Paraguai será permanente, pois a baía Uberaba é a maior do Pantanal, constituindo-se num reservatório de larvas da espécie. Além disso, a presença do molusco na foz do rio Cuiabá evidencia que ele está se dispersando nos principais rios afluentes da BAP (Bacia do Alto Paraguai), como vem ocorrendo nos rios Miranda e Apa. A presença desses moluscos nessas localidades ocorre devido à navegação, pois somente as embarcações de maior porte podem levar indivíduos adultos fixos no casco rio acima, a principal forma de dispersão entre rio Paraguai e afluentes. O uso de tintas antiincrustantes nas embarcações tem sido discutido como uma alternativa importante no controle da dispersão. “É preciso que as pessoas envolvidas com as atividades de navegação local, realizadas pelo turismo de pesca, pesca profissional, comércio entre as populações ribeirinhas e transporte de gado se conscientizem da importância de adotar as estratégias de contenção de dispersão e que poderiam contribuir para evitar que o mexilhão chegue nas partes alta dos rios do Pantanal. Porém, é necessário que ações efetivas sejam realizadas, senão será tarde”, afirma Márcia.
Espécie exótica
Segundo Márcia, o mexilhão dourado é uma espécie exótica que ameaça a integridade do ecossistema aquático da região, pois ocupa o espaço físico, além de colonizar as conchas de espécies nativas da região, o que traz perdas para a biodiversidade aquática. Esse molusco também provoca mudanças na estrutura das comunidades aquáticas, desde algas até peixes.
A pesquisadora explica que o mexilhão dourado é responsável por grandes prejuízos econômicos, relacionados à manutenção de equipamentos. Eles inclusive podem fixar-se nas telas de tanques-rede utilizados nas atividades de piscicultura do rio Paraguai. Acredita-se que os mexilhões chegaram ao continente sul-americano, trazidos na "água de lastro" de navios de origem asiática, especialmente dos rios da China. "A água de lastro fica retida no tanque dos navios, e serve para garantir a estabilidade de navegação. No Pantanal, o mexilhão pode ter vindo incrustado no casco das barcaças que navegam na hidrovia Paraguai-Paraná na Bacia do Prata", explica a pesquisadora.
Fonte: Embrapa
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