terça-feira, 13 de novembro de 2007

ONU exige atuação urgente e multilateral em relação à mudança climática

Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas diz que não agir é irresponsabilidade. Segundo órgão, efeitos do aquecimento em todo o planeta já foram comprovados.

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU exigiu nesta segunda-feira (12) das autoridades mundiais que realizem o mais rápido possível ações multilaterais para enfrentar o problema, já que a situação tem base científica e seus efeitos em todo o planeta foram comprovados. A 27ª sessão do IPCC foi aberta ontem (12) no Museu das Ciências de Valência (leste da Espanha) pelo presidente do organismo, Rajendra Pachauri, que encorajou os 450 especialistas participantes do encontro a elaborarem o melhor relatório possível, diante da cúpula mundial do organismo a ser realizada em Bali (Indonésia), no mês de dezembro. Durante essa reunião, a ONU negociará a nova estratégia multilateral a ser seguida nos próximos anos em relação à mudança climática. O acordo irá substituir o Protocolo de Kioto, vigente até 2012.

O secretário-executivo da Convenção da ONU para a Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês), Yvo de Boer, destacou em seu discurso a necessidade de empreender ações "multilaterais" para enfrentar os efeitos do problema climático o mais rápido possível, já que não fazê-lo seria "uma irresponsabilidade criminosa". De Boer ressaltou a evidência científica deste fenômeno, cujos efeitos serão sentidos em todos os países em maior ou menor medida, e em alguns casos representarão "uma ameaça para a sobrevivência". Pachauri disse que esta reunião, que acaba no próximo sábado, será um ponto de partida sobre o que o IPCC deve fazer no futuro, e expressou seu desejo de que a reunião termine com "enorme sucesso" e de que seus debates sejam produtivos. O secretário-geral adjunto da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Yan Hong, defendeu reforçar os serviços nacionais de meteorologia, já que os fenômenos extremos representam mais de 90% das catástrofes naturais.
Segundo Hong, estes fenômenos terão impacto em todos os países, mas principalmente nos menos desenvolvidos, cuja capacidade de se adaptar à mudança climática é "mais limitada", já que dependem dos recursos naturais para sua subsistência.

Os participantes do evento se reuniram em sessões técnicas, todas elas a portas fechadas, e que terão seus resultados apresentados no sábado, em uma entrevista coletiva que terá a presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Antes da abertura do encontro do IPCC, nove membros do Greenpeace escalaram uma construção e instalaram três cartazes de protesto, cada um com cerca de 400 metros quadrados, em frente ao Museu das Ciências, que foram retirados logo em seguida pelas autoridades. O lema escrito nos cartazes era: "Perigo: salvemos o clima já", e mostravam também uma imagem do planeta pegando fogo emoldurado por um sinal de perigo. A responsável do Greenpeace pela campanha sobre a mudança climática, Raquel Montón, explicou que o objetivo do protesto é "apoiar os especialistas da ONU". "Queremos transmitir ao mundo inteiro, por meio de uma foto, que os presentes em Valência nesta semana são os que mais sabem sobre a mudança climática. Quantos mais Governos os escutarem, melhor", disse. Montón ressaltou a importância de os países mais industrializados do mundo reduzirem em mais de 85% suas emissões de dióxido de carbono para evitar que a temperatura média global suba mais de 2ºC, a "linha vermelha" que, segundo ela, implicaria em "danos irrecuperáveis" para a humanidade.

Fonte: Globo.com

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