A ONU está consciente de que nem os Estados Unidos nem os países em vias de desenvolvimento como o Brasil estão dispostos a aceitar as metas internacionais para frear suas emissões de gases que provocam o efeito estufa durante a conferência de Bali, que chega ao fim daqui a sete dias. Esta reunião, que reúne quase 190 governos frente ao perigo do aquecimento global, provavelmente será encerrada sem que dois dos países mais poluentes, Estados Unidos e China, aceitem compromissos, nem mesmo verbais, admitiu o representante das Nações Unidas para mudanças climáticas, Yvo de Boer. "Creio que o atual governo Bush está disposto a aceitar um objetivo para a redução das emissões apenas se este objetivo fizer parte de uma legislação nacional", declarou nesta sexta-feira, em uma entrevista. "Os Estados Unidos estão a favor de objetivos vinculantes nacionais, mas são contra os objetivos vinculantes internacionais", insistiu o holandês, secretário executivo da Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança Climática.
Maior economia mundial e principal emissor de gases de efeito estufa, os Estados Unidos enfrentam uma forte pressão internacional para que ratifiquem o Protocolo de Kyoto, único instrumento em escala mundial para interromper a mudança climática. Kyoto impõe aos países industriais que o ratificaram uma série de reduções nas emissões das seis principais substâncias causadoras do aquecimento global, enquanto os demais signatários estão sujeitos a obrigações de inventário. As nações emergentes insistem em seu direito ao desenvolvimento e na responsabilidade histórica dos países ricos em termos de poluição, pois querem ficar como estão, isentos de imposições. "Acho que não há um só país em vias de desenvolvimento disposto a assinar a favor de objetivos vinculantes", comentou Boer. Mesmo assim De Boer está otimista sobre os possíveis resultados da conferência. "A finalidade de Bali é lançar um processo de negociações, não de concluí-las", afirmou. Em outras palavras, a conferência de Bali será, segundo ele, frutífera se os países se colocarem de acordo para empreender negociações com um calendário e uma data limite. "Acho que todas as delegações compreendem a urgência, mas também acho que nenhuma das delegações esquece o interesse nacional", resume ele. "Por exemplo, você não pode esperar que os países produtores de petróleo aceitem com entusiasmo um acordo que, sem mais nem menos, mataria o mercado de seu único produto".
Fonte: AFP
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