Os moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá deverão assumir, gradativamente, a responsabilidade pela maioria das atividades que hoje desenvolvem com a assessoria do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. As comunidades precisarão demonstrar que podem se sustentar sem degradar o local, informou a diretora de Manejo de Recursos e Desenvolvimento Social do instituto, Isabel Soares de Sousa. "Algumas delas vêm recebendo assessoria para fazer o manejo dos recursos naturais há quase anos. Com a responsabilidade, poderemos ir para outras áreas da reserva", disse.
Desde a criação da reserva, em 1990, explicou, os habitantes de Mamirauá foram informados de que a assessoria do instituto seria temporária: “Nosso trabalho visa à sustentabilidade. As pessoas precisam saber que um dia terão de fazer sozinhas muitas das ações que desenvolvemos”. A proposta, desenvolvida também em Amanã – reserva de 2,313 milhões de hectares contígua a Mamirauá –, é que o instituto possa assessorar outras comunidades. Hoje, das 218 localidades de Mamirauá, 38 se beneficiam das ações do instituto para a pesca, agricultura, extração de madeira, artesanato e turismo sustentável. Em Amanã, são 14 de 79 localidades. “Se não transferirmos responsabilidades para as comunidades, nunca conseguiremos atingir toda área das reservas. Atualmente, temos 52 localidades envolvidas em programas de manejo de recursos naturais. Dez a 15 delas já podem ficar mais independentes”, informou Isabel de Sousa.
Técnicos e pesquisadores farão o acompanhamento apenas nas atividades em que forem imprescindíveis. A diretora exemplificou: "Eles sempre irão depender de um engenheiro florestal para elaborar o plano de manejo florestal e obter a licença dos órgãos responsáveis."Ela citou a pesca do pirarucu, importante atividade econômica da região, como exemplo de capacitação das comunidades. “Para fazer esse manejo é preciso contar os peixes, um a um, em cada lago. A atividade, hoje, é acompanhada por técnicos do instituto, mas trabalhamos para que os próprios pescadores garantam a confiabilidade dos dados e não precisem mais da presença do técnico", disse. Hoje, os pescadores ajudam os técnicos a identificar e contar os peixes, a cada vez que eles sobem à tona para respirar. Só é permitida a pesca de 30% dos pirarucus adultos machos de cada lago. “As próprias comunidades deverão ter, em breve, a capacidade de pesar o peixe, medir, botar o lacre e preencher os relatórios necessários para que o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] aprove o plano de manejo do próximo ano”, informou.
O Instituto Mamirauá ainda não definiu prazo para deixar as comunidades que já assessora. "No começo, não sabíamos de quanto tempo uma comunidade precisaria para desenvolver o trabalho sozinha. Agora, com a experiência, já sabemos que muitas dessas atividades podem ser feitas por elas já a partir do terceiro ano, mas isso varia de acordo com a comunidade", explicou.
Fonte: Agência Brasil
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