terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Software pode ajudar a reflorestar represas em SP

Marcelo Pedroso

Um software para calcular a absorção de CO2 (Dióxido de Carbono) pelas florestas é a aposta de um grupo de pesquisadores para viabilizar o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) como impulsionador de pólos de sustentabilidade ambiental.

Pelo MDL, os países industrializados podem comprar reduções certificadas de emissões de poluentes geradas por projetos nos países em desenvolvimento e utilizá-las no cumprimento de suas metas. Um dos leques desta proposta está focado no mapeamento da área degradada de 10 represas paulistas, cuja metodologia foi aprovada pela AES Tietê junto à UNFCCC (Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas). "Este projeto das represas é uma parte muito pequena de um pólo de sustentabilidade. Ele tem um objetivo muito bem definido: mapear a elegibilidade das terras da AES Tietê em torno das represas. As margens das represas não estavam conservadas e, muitas delas, sem florestas no entorno", disse Maurício Braga Meira, executivo da Geoconsult, de São José dos Campos (SP).A empresa de consultoria é detentora do software que está sendo empregado para mensurar as áreas consideradas elegíveis para o recebimento dos créditos.

Créditos

"Eles (AES Tietê) têm um projeto de replantio e já o fazem há algum tempo. Agora, eles enxergam a possibilidade de receber créditos de carbono e conseguiram aprovar a metodologia junto à UNFCC." Desde 2001, de um total de 10 mil hectares, equivalente a 10 mil campos de futebol, a AES reflorestou cerca de 1,4 mil hectares. No relatório ambiental da empresa de 2006, a estimativa para a seqüência do projeto de reflorestamento era de R$ 72 milhões. "Depois do mapeamento, vamos calcular o seqüestro de carbono pelo plantio de florestas. Nós desenvolvemos um software, o CO2GEO, que calcula a absorção de CO2 pelas florestas. Eu consigo calcular o seqüestro de carbono e identificar as áreas elegíveis via uma plataforma de Internet (Google Earth). Quando você clica na área, ela mostra", disse Meira, que é filho de Luis Gylvan Meira, um dos principais articuladores do texto do acordo internacional de Kyoto e um dos proponentes, na equipe de negociadores brasileiros, do MDL.

A expectativa é que o levantamento fique pronto até o final de março. "São 10 represas. É uma área de 10 mil hectares. Os remanescentes florestais que existem representam muito pouco, em torno de 20%." Nas contas da AES, o crescimento dessas árvores deverá resultar, depois de 20 anos, na formação de matas ciliares semelhantes às florestas nativas existentes às margens dos rios da região. Segundo a AES Tietê, as florestas deverão remover pelo processo de fotossíntese, aproximadamente, 3 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera, comparável ao que a área metropolitana de São Paulo emite por ano.

Pólo

Em paralelo ao reflorestamento das represas segue um projeto mais ambicioso na Geoconsult, o de criar em São Francisco Xavier, distrito de São José, um pólo piloto de sustentabilidade. Para isto, integra a equipe o pesquisador da Unitau (Universidade de Taubaté), Ademir Morelli, que promoveu um estudo sobre as variações ambientais do local em um intervalo de 47 anos (1953/2000). Para se ter uma idéia, durante este período, os 87,53 km2 de mata da região se transformaram em 79,04 km2, enquanto que as capoeiras, trechos de vegetação mais pobre, passaram de 29,07 km2 para 58,93 km2. "O pólo de sustentabilidade não vê só o carbono. Você gera empregos com produtores de mudas, por exemplo. São José dos Campos vai ser um dos primeiros municípios a ter o balanço do quanto tem de estoque de carbono e isso é fundamental", disse Morelli. A Secretaria de Meio Ambiente de São José já manifestou interesse pelo projeto.

Fonte: Redação Terra

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