O mundo está produzindo e consumindo de forma errada. Relatório divulgado pela rede WWF-Brasil afirma que hoje se consome 20% a mais do que a terra é capaz de produzir. Enquanto milhões de pessoas passam fome no Brasil, o país desperdiça praticamente metade dos alimentos que produz.
Mas o tema desperdício não se restringe apenas às questões sócio-ambientais; o assunto envolve economia, desenvolvimento sustentável e qualidade de vida. O Brasil apresenta perdas em todos os níveis de produção. Os números mais absurdos referem-se a alimentos, água tratada, energia elétrica e material de construção. O desperdício de comida é o mais alarmante, diante da estimativa de cinqüenta milhões de pessoas que sofrem com a fome. De acordo com o livro “Brasil – o país dos desperdícios”, do professor José Abrantes, da Faculdade de Engenharia da UERJ, metade da comida produzida no país é jogada no lixo, entre produção, manuseio, armazenagem e transporte.
Segundo o professor, o brasileiro tem uma cultura da fartura e adota o que denomina pedagogia do desperdício. “Nosso país nunca sofreu uma guerra nem passou por grandes privações”. Para Abrantes, apesar de a fome ser uma realidade nacional, a perda de alimentos chega a 50% da produção. Nos países desenvolvidos, os desperdícios ficam entre 20% e 30 % do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto no Brasil temos o equivalente a 150% do PIB. Boa parte das sobras geradas por restaurantes e lanchonetes poderia ser doada, mas a legislação é desmotivadora: a pena prevista para quem entregar matéria-prima ou mercadoria em condições impróprias para o consumo é de dois a cinco anos de detenção.
Recursos perdidos
O professor ressalta ainda o problema no setor de construção civil, cuja perda alcança cerca de 25%. O preço final dos imóveis pode aumentar até 10%, em conseqüência da falta de planejamento e de interação entre o projeto de arquitetura e sua execução, uso de material de baixa qualidade e falta de pessoal qualificado. A conscientização sobre a importância de se evitar perdas ajudaria a melhorar a vida de milhões de pessoas. “Apesar de grandes indústrias terem grande parte na responsabilidade por gastos desnecessários, é preciso que cada cidadão repense seus hábitos de consumo e modo de vida”, alerta Abrantes.
Fonte: Uerj
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