O consumo do camarão de cultivo (carcinicultura) foi multiplicado por cinco no Brasil nos últimos anos. De acordo com o diretor de Comercialização da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República, Guilherme Crispim, apenas 10% dessa espécie de camarão ficavam no país em 2003, e agora de 60% a 70% são comercializados internamente. “Então eu imagino que esse consumo quintuplicou no período de três anos”, disse Crispim. O Rio de Janeiro, segundo a Associação de Pregoeiros de Pescados do Rio de Janeiro (Appaerj), apresenta um dos mais elevados consumos de camarão cinza do país, equivalente a 23 quilos per capita por ano.
Crispim disse que a secretaria vê com bons olhos o direcionamento do produto para o mercado interno. “A gente vê a importância de exportar, de gerar divisas para o país. Mas é muito importante que o consumo de pescado no Brasil aumente, e que a cadeia produtiva se desenvolva equilibrada em dois pilares, o da exportação e o do mercado interno”, afirmou o diretor. Na avaliação de Crispim, o mercado interno se fortaleceu devido às flutuações cambiais e econômicas.
A carcinicultura começou a crescer no Nordeste principalmente, além dos estados do Rio de Janeiro, do Espírito Santo e de Santa Catarina, a partir de 1998, baseado no mercado exportador. E o setor experimentou um aumento exponencial até 2003, quando os Estados Unidos abriram uma ação antidumping (de proteção à indústria nacional) contra os seis maiores exportadores mundiais de camarão, entre eles o Brasil. De acordo com Crispim, essa ação inviabilizou as exportações brasileiras de camarão para os Estados Unidos, que foram direcionadas para o mercado europeu. Com a valorização do real frente ao dólar e ao euro, ainda de acordo com Crispim, a exportação começou a se tornar menos lucrativa. O produtor se tornou então mais eficiente na produção de camarão, concentrando seus esforços no mercado doméstico a partir de 2006. Esse processo foi consolidado ao longo de 2007, quando os camarões estavam sendo vendidos abaixo do preço de custo, e se mantém hoje, explicou Crispim.
O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Itamar de Paiva Rocha, prevê que a tendência é de aumento da produção do camarão de cativeiro no país, por causa da capacidade ociosa. Segundo Itamar, o Brasil já chegou a produzir 90 mil toneladas de camarão cinza em 2003, mas com a crise cambial a produção baseada na exportação sofreu uma redução, sendo direcionada para o mercado interno. “E a gente está descobrindo que tem condições de competitividade nesse mercado em relação às principais carnes vermelhas, em relação ao salmão e ao bacalhau”, afirmou. Hoje o Brasil importa cerca de 30 mil toneladas de salmão e 20 mil toneladas de bacalhau por ano.
Segundo Itamar, em 2003 o setor vendeu 18 mil toneladas de camarão de cultivo no mercado interno. Já no ano passado, esse número subiu para 50 mil toneladas. “Ou seja, 76% da nossa produção ficaram no mercado interno. E nós acreditamos que cada vez mais, com os investimentos que estão sendo feitos em tecnologia, em processamento, nós vamos conquistar uma fatia maior do mercado interno”. Itamar disse que o setor dispõe atualmente da mais moderna tecnologia para exploração e cultivo do camarão, de modo a garantir maior qualidade ao produto. E destacou que o processo é feito com respeito ao meio ambiente, “para produzir um alimento saudável, em condições de competitividade de preço, para ampliar ainda mais sua participação no mercado interno”.
Fonte: Agência Brasil
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