segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Fábrica de ração estimula a produção de peixes em cativeiro

A entrada em funcionamento de uma fábrica de rações está favorecendo a produção de novas espécies de peixes em cativeiro na Amazônia. A unidade foi instalada no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT). O projeto, que recebeu recursos do Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PIPT) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), também está auxiliando a produção de novas pesquisas. Um dos trabalhos em andamento é coordenado pelo professor Manoel Pereira Filho, que analisou os aspectos da nutrição do pirarucu e do tambaqui.

Com a fábrica foi possível produzir um tipo de ração chamada extrusada, também conhecida como expandida. A tecnologia é mesma usada na fabricação de macarrão instantâneo. Nesse processo, o produto passa em um cilindro de alta pressão e ao sair da máquina expande-se. Dessa forma, a densidade da ração é reduzida e o alimento flutua na água, permitindo ao criador ver se o peixe comeu ou não. O professor, Manoel Pereira explica que a ração utilizada, até então, na criação de peixes era a peletizada, ou seja, produzido com grão denso e granulado. Por ser compacto, o alimento afunda nos tanques de criação e não permite ao criador saber se o peixe se alimentou. Por exemplo, se o tambaqui não comer a ração em duas horas, não se alimenta mais. Além disso, os resíduos acumulados no fundo do tanque, ao fermentar, retiram o oxigênio da água necessário para criação do peixe.

Manoel Pereira afirma que o tambaqui é a espécie mais criada em Manaus e em todo estado do Amazonas. O que gera demanda por novos conhecimentos para aperfeiçoar a criação dessa espécie. Mas, o Inpa também está produzindo ração extrusada para peixe boi. Essa espécie só come se o alimento estiver flutuando, o que torna essa ração uma saída para sua criação, destaca Manoel. O grande problema, de acordo com o pesquisador, é que o Amazonas produz poucos ingredientes para rações. Por conta dessa escassez, Pereira acrescenta que estão sendo estudados ingredientes disponíveis localmente. O maior potencial hoje é a torta de amêndoa do cupuaçu. A polpa do fruto, a semente e óleo são extraídos e tratados e passam por um processo de fermentação. "Esse é um ingrediente que está sendo muito promissor", aponta Pereira Filho.

O coordenador explica que a torta do cupuaçu tem uma boa aceitação entre os peixes, mas não se sabe ainda a quantidade que se pode colocar de torta na ração sem causar problemas. "Outros ingredientes tem sido pesquisados como a torta de maracujá, que é o resíduo da extração do óleo da semente desta fruta, e os resíduos da extração da polpa de camu-camu, araçá-boi, de goiaba e vários outros produtos que antes se gastava dinheiro para serem jogados fora", afirma o pesquisador. Manoel avalia que a tendência atual é a ração ficar mais barata em função de diversos fatores. "Entre outras coisas, a facilidade de importação de ingredientes e a existência de várias fábricas existentes estimulam a queda dos preços. Mas, ainda orientamos alguns criadores para produzirem suas próprias rações com ingredientes locais", explica.

Fonte: Agência Fapeam

Um comentário:

Andréa Freire disse...

Olá Fabrício! Gostei do seu post a respeito da criação de peixe na Amazonia. Sou engenheira de aquicultura e criei um blog para compartilhar informações sobre o assunto: www.engenhariadeaquicultura.blogspot.com
Acredito que possamos trocar conhecimentos a respeito de preservação ambiental e aquicultura.
Um grande abraço!