sábado, 9 de fevereiro de 2008

Pesquisa comprova alta resistência dos couros de peixes

Agora os empresários do setor coureiro têm mais um dado para reafirmar que vale a pena utilizar o couro dos peixes amazônicos na confecção de bolsas, sapatos, carteiras e outros acessórios, e que é viável investir no curtimento na região. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) divulgou no final de 2007 uma pesquisa que comprova a alta resistência dos couros de tambaqui e pirarara ao rasgo, ou seja, foi comprovada a resistência desses couros utilizando as técnicas de medição da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

A pesquisa é o resultado da dissertação de mestrado “Curtimento de peles de tambaqui (Colossoma macropomum) e pirarara (Phractocephalus hemioliopturus), com curtentes sintéticos e com curtentes naturais da Amazônia”, desenvolvida no âmbito da Coordenação de Pesquisas em Tecnologia de Alimentos (CPTA) pela mestranda Maria do Perpétuo Socorro Silva da Rocha, sob a coordenação do pesquisador Rogério Souza de Jesus. Além de comprovar por meio de testes, conforme padrões da ABNT, o projeto também analisou a viabilidade em se utilizar taninos naturais e sintéticos extraídos de vegetais amazônicos em substituição ao cromo, que é prejudicial à saúde e ao meio ambiente. A idéia era verificar a resistência dos couros curtidos com os três tipos de curtentes. “Os taninos contribuem para o sabor adstringente em comidas e bebidas, como aquele sentido ao se consumir vinhos tintos, chás e frutas verdes. Na pele dos animais, serve para transformar as proteínas da pele em produtos resistentes à decomposição”, explica Rocha.

Segundo a pesquisadora, curtir significa conservar. Por isso, para curtir a pele do animal é necessário retirar alguns elementos que a compõem, o que é possível por meio de substâncias orgânicas ou inorgânicas, tornando-a flexível, macia e brilhosa. O curtimento envolve, essencialmente, três fases: ribeira; curtimento; e recurtimento e acabamento. A primeira envolve a preparação do couro para o curtimento por meio de processos químicos e mecânicos. A segunda consiste no curtimento propriamente dito, ou seja, é o momento em que o curtente mineral ou vegetal reage na pele para que a mesma não se decomponha. E, por último, o acabamento por meio de tingimento, engraxe e secagem. Rocha destaca que o trabalho é importante para os empresários do setor porque não existia na literatura nada que comprovasse, tecnologicamente, a resistência dos couros dos peixes da Amazônia em relação a sua utilização em confecções de roupas, por exemplo.

Testes

Os ensaios físico-mecânicos foram feitos no laboratório de processamento de peles de animais de pequeno e médio da Universidade Estadual de Maringá (PR). Para isso, foram enviadas para lá as peças de ambos os couros. As amostras foram submetidas aos testes de carga, tração, elongação, rasgo, força máxima e carga de força para determinar a resistência ao rasgamento progressivo tanto longitudinal quanto transversal. Os resultados demonstraram que a carga de ruptura e a elongação até a ruptura foram significativamente superiores para os couros curtidos com tanino, 55,64%, quando comparado ao couro curtido com cromo, 34,64%, sendo que o couro de tambaqui obteve o melhor resultado quando curtido com taninos. Em relação ao curtimento do couro da pirarara, não houve diferença significativa para carga, tração, rasgo, força máxima e carga de força entre os dois tipos de curtimento (tanino e cromo). Contudo, já para a elasticidade aos testes de resistência, houve uma diferença significativa, 79,85%, para pele curtida com cromo quando comparada ao alongamento, 51,50%, das peles curtidas com tanino. “O couro de pirarara teve um ótimo resultado, o qual foi comparado ao couro de carneiro e tubarão”, comemora Rocha.

Fonte: Agência Fapeam

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